Candidatos limpos, eleitores sujos
Professor Nazareno*
O segundo turno das eleições começou em ritmo quente, e baixo, em todo o Brasil. Os futuros governadores dos Estados onde haverá novas eleições e o futuro mandatário da Nação iniciam uma nova rodada de propostas, debates e discursos rumo à vitória nas urnas. É a democracia brasileira que tão bem faz a todos, fortalece as instituições e mostra ao mundo a nossa maturidade na arte de fazer política. O Brasil cresceu, mudou, caminha inexoravelmente para atingir padrões de civilidade. Mas o otimismo esbarra aí, nos candidatos. O perfil de grande parte do nosso eleitorado faz medo e contraria toda esta luta conquistada a muito custo e há pouco tempo. Baixaria nas campanhas parece fazer parte da nossa cultura e está em todas as classes sociais.
Acredita-se que temos um percentual de pouco menos de vinte por cento de eleitores conscientes enquanto os outros 80 são sabidamente alienados e comenta-se que não sabem escolher corretamente seus candidatos. Tivemos quase nove milhões de votos em candidatos ficha-suja. Praticamente em todo Estado do país foram eleitas pessoas que devem alguma coisa à Justiça. Os absurdos, no entanto, parece que estão acontecendo também no lado do eleitorado com mais escolaridade: circulam pela rede mundial várias correntes atacando este ou aquele candidato. Eleitores bem alfabetizados, que lêem jornal e revistas, têm internet e se prestando a fazer esse serviço sujo, nojento. Coisa de gente subdesenvolvida. E às vezes a mídia também colabora.
Todos temos muitas razões para votar na Dilma e no PT. Assim como se percebe coerência em quem declara seu voto ao Serra. Há razões de sobra a qualquer eleitor deste país para votar ou não votar em qualquer dos dois candidatos. Ambos foram credenciados pelas urnas. Têm virtudes e defeitos. Admiro a Dilma e o Serra pelo passado de luta deles contra a Ditadura Militar quando eram militantes de esquerda. Às vezes vejo o PSDB com ressalvas. Quando os tucanos e FHC estavam no poder vi o que fizeram com o funcionalismo público empurrando-o para o PDV. E as absurdas privatizações com o desmanche do Estado? Já os petistas tiveram o Mensalão, e ainda têm o Palocci e o Zé Dirceu. Política não é submundo é desenvolvimento e progresso.
Não tenho nada contra nenhum dos dois candidatos. Só acho que ficar tentando "detonar" a imagem deste ou daquele político é jogo baixo, é jogo sujo e o Brasil não devia aceitar nem comportar mais esse jeito estúpido de se fazer política. É coisa de gentinha. De eleitor brasileiro mesmo: pobre e alienado. A não ser que se ganhe algo com isto. Ainda assim é imoral e indecente. Eleições se fazem com debate de propostas como nos países de Primeiro Mundo. Os próprios candidatos já deixaram clara esta idéia. É brega e de muito mau gosto fazer estas correntes contra Dilma, pró Serra ou vice-versa que circulam na internet. Aceitar ou rejeitar propostas com bons argumentos é o que os brasileiros deveriam fazer. Entendendo isto, o país mudará, e para melhor.
Deixar essas tolices de lado é salutar. É bom elevar o nível da campanha, pois o país precisa de seriedade. Não vamos transformar a oitava economia do planeta num grotão qualquer, num Cuité do Noca. Chega de baixarias. Nós somos formadores de opinião e como tais devíamos tomar vergonha na cara, pois há maneiras bem mais inteligentes de se fazer uma campanha política sem caluniar ninguém. Agindo assim estamos nos aproximando do que devíamos nos afastar: a patifaria política. Enquanto os europeus criaram a figura do "ombudsman" nós criamos o jogo rasteiro e infame para atingir os nossos objetivos. Como um Maquiavel tropical, coloca-se no mesmo balaio temas díspares como o aborto, a religião, o homossexualismo, a eutanásia, a ética e esquecemos do principal: uma política séria para poder ter um Brasil melhor para todos.
É professor em Porto Velho.
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