E viva o Carnaval!
Professor Nazareno*
Não fui à banda-do-vai-quem-quer. Não queria ir mesmo, apesar do trocadilho. Já que todos os anos ela vai estar desfilando pelas ruas de Porto Velho, haverá um ano em que posso querer ir. Mas para participar do Carnaval tenho que me convencer primeiro de que tipo de festa é este tal de Carnaval. Não seria uma festa imoral, que corrompe os já falidos valores morais da família, onde homem se veste de mulher, mulher se veste de homem e todos, para o bem comum, se drogam escancaradamente no meio da rua e bem na frente de todos, e diga-se também, com a conivência das mais altas autoridades?
Pode até parecer exagero, mas quem observa as fotos do desfile da “Banda do Manelão” ou de qualquer outro bloco, troça, banda ou sabe-se lá o quê por este país afora não se sentirá surpreso ao ver um amigo, conhecido ou mesmo um familiar, embriagado ou drogado, feliz da vida, pulando e cantando como se a vida, o mundo, se resumisse apenas àquele momento. Ledo engano: os dias de Carnaval, pelo menos no Brasil, têm servido para anestesiar a dura realidade com a qual somos obrigados a conviver diariamente. A partir da quarta-feira de cinzas, os noticiários serão inundados com cenas de violência e aberração e muitos ainda vão ter coragem de reclamar.
E Carnaval às vezes é bom por isso mesmo: apesar de aumentar consideravelmente a violência, o consumo de drogas, o número de acidentes fatais nas esburacadas rodovias do país ninguém tem tempo para se lembrar disto. E nem poderia mesmo, pois o traficante está também festejando os dias de Momo juntinho ali da platéia. Nada mais democrático: consumidor e fornecedor brincando e ainda tendo as benesses de ter a polícia por perto para dar segurança a todos. Aumento no número de vítimas de acidentes de carro? Bobagem. São os efeitos colaterais da festa, devem pensar os mais otimistas foliões.
Além do mais para quê falar dos efeitos da crise internacional numa hora dessas? Guerra ao terror? Agressão ao meio ambiente? Volta da inflação? Corrupção na política? Educação pública de qualidade? Escândalo da compra de votos? Cassação de governadores? Terceiro mandato para Lula? As obras inacabadas do prefeito Roberto Sobrinho? Tenha-se a santa paciência. Haverá tempo para tudo. Depois dos dias de folia, claro. Parafraseando o personagem Caco Antibes do programa 'Sai de Baixo' da Rede Globo: “...Carnaval é a dança de acasalamento dos pobres...”. No nosso caso, também de muitos ricos (mas pobres de espírito) que estão na folia...
Carnaval é uma festa tão democrática e absurda que a grande maioria dos políticos (os corruptos e os poucos que não são) estão entrosados ali, pulando no meio da gentalha como se esta ação grotesca fosse parte do seu 'honroso trabalho'. Político não devia participar de Carnaval pois na nossa política é Carnaval o ano inteiro. O maior Carnaval do mundo, o maior bloco carnavalesco do Planeta. Claro, Carnaval deste jeito só se tem no Brasil mesmo. Talvez por isso, o mundo se acostumou a ter uma única imagem do nosso país e de quebra não querer copiá-la como fez com o futebol: a imagem de pessoas (mulheres, certamente) semi-nuas, drogadas na maioria das vezes, rebolando pelas ruas como se a vida, o mundo, a realidade se resumissem a esta sacanagem anual.
Texto também publicado no site de notícias www.rondoniaovivo.com.br
Pode até parecer exagero, mas quem observa as fotos do desfile da “Banda do Manelão” ou de qualquer outro bloco, troça, banda ou sabe-se lá o quê por este país afora não se sentirá surpreso ao ver um amigo, conhecido ou mesmo um familiar, embriagado ou drogado, feliz da vida, pulando e cantando como se a vida, o mundo, se resumisse apenas àquele momento. Ledo engano: os dias de Carnaval, pelo menos no Brasil, têm servido para anestesiar a dura realidade com a qual somos obrigados a conviver diariamente. A partir da quarta-feira de cinzas, os noticiários serão inundados com cenas de violência e aberração e muitos ainda vão ter coragem de reclamar.
E Carnaval às vezes é bom por isso mesmo: apesar de aumentar consideravelmente a violência, o consumo de drogas, o número de acidentes fatais nas esburacadas rodovias do país ninguém tem tempo para se lembrar disto. E nem poderia mesmo, pois o traficante está também festejando os dias de Momo juntinho ali da platéia. Nada mais democrático: consumidor e fornecedor brincando e ainda tendo as benesses de ter a polícia por perto para dar segurança a todos. Aumento no número de vítimas de acidentes de carro? Bobagem. São os efeitos colaterais da festa, devem pensar os mais otimistas foliões.
Além do mais para quê falar dos efeitos da crise internacional numa hora dessas? Guerra ao terror? Agressão ao meio ambiente? Volta da inflação? Corrupção na política? Educação pública de qualidade? Escândalo da compra de votos? Cassação de governadores? Terceiro mandato para Lula? As obras inacabadas do prefeito Roberto Sobrinho? Tenha-se a santa paciência. Haverá tempo para tudo. Depois dos dias de folia, claro. Parafraseando o personagem Caco Antibes do programa 'Sai de Baixo' da Rede Globo: “...Carnaval é a dança de acasalamento dos pobres...”. No nosso caso, também de muitos ricos (mas pobres de espírito) que estão na folia...
Carnaval é uma festa tão democrática e absurda que a grande maioria dos políticos (os corruptos e os poucos que não são) estão entrosados ali, pulando no meio da gentalha como se esta ação grotesca fosse parte do seu 'honroso trabalho'. Político não devia participar de Carnaval pois na nossa política é Carnaval o ano inteiro. O maior Carnaval do mundo, o maior bloco carnavalesco do Planeta. Claro, Carnaval deste jeito só se tem no Brasil mesmo. Talvez por isso, o mundo se acostumou a ter uma única imagem do nosso país e de quebra não querer copiá-la como fez com o futebol: a imagem de pessoas (mulheres, certamente) semi-nuas, drogadas na maioria das vezes, rebolando pelas ruas como se a vida, o mundo, a realidade se resumissem a esta sacanagem anual.
Texto também publicado no site de notícias www.rondoniaovivo.com.br
*É professor em Porto Velho
7 comentários:
hahahah
ah eu adorei o que tu disse, nada mais é que a pura realidade que convivemos sem as vez dizer nada ,
assistindo a vergonha que o nosso país nos mostra.
Pessoas como você professor que eu realmente admiro.
um grande abraço te vejo na escola
“...Carnaval é a dança de acasalamento dos pobres...”.
Muito bom!!! kkkkk¹²³
Professor continue postando seus textos. Sempre os leio.
Até dia 10 de março!!!
Muito bem professor , adorei o texto, mas é uma realidade que acredito ser imutavel, o carnaval ta no sangue do povo...
e lá pra outubro deve nascer tanto brasileirinho sem pai...rsrrsr
Leio sempre o que o senhor posta aqui, mas sem duvida esses de sua autoria são melhores !
....Já que todos os anos ela vai estar desfilando pelas ruas de Porto Velho, haverá um ano em que posso querer ...
Este é um texto seu prof. e já que usa gerundismo posso dizer, pensar, achar que é favorável ao vício tão criticado por outros especialistas da língua portuguesa?
Quanto ao carnaval...bem está na cabeça de cada um e no corpo de muitos. Democracia é ser feliz sem fazer maldade às pessoas, aos animais, à natureza...O livre arbitrio não foi escrito ontem. Tem tantas coisas trágicas neste país de samba,carnaval e futebol...
- É a primeira vez que vejo seu blog, a perfeição com que escreve mostra a incasável competência de um profº. Diversas vezes ouvi falar no profº Nazareno, mas nunca mencionaram tamanha exigência. Estudei na parte da manhã, e são poucos que conhece a realidade gramatical..rsrsr. Rachei de rir do seu texto "Voce gosta de Carnaval"?. É engraçado ver o lado crítico das pessoas que não gostam, por outro é até aceitável porque se divertir cabe a todas as idades desde que haja um auto controle dessas pessoas não rompendo os bons constumes de nossos antepassados. ^ ^
muito bom !!!
perto de ótimo!!!
um abraço.
É o professor tirou as palavras da minha boca tudo oque eu penso sobre o carnaval,esta escrito com detalhes nesse texto. Muito bom professor continue postando
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