quinta-feira, 12 de abril de 2018

Deixem o Confúcio em paz!


Deixem o Confúcio em paz!


Professor Nazareno*

            A PGR, Procuradoria Geral da República, pediu que o ex-governador de Rondônia, o médico Confúcio Aires de Moura seja investigado pela justiça comum, já que o mesmo perdeu o foro privilegiado. Ele e mais outros quatro governadores podem agora ter seus processos analisados por instâncias inferiores da Justiça. Confúcio Moura, nascido em Dianópolis/Goiás, hoje Estado do Tocantins, e que renunciou recentemente ao cargo de governador para concorrer a uma vaga de senador pelo MDB exerceu por dois mandatos consecutivos o maior cargo político de Rondônia. Se isto acontecer estaremos diante de uma das maiores injustiças de que se tem notícia na nossa política. Embora estejamos vivendo dias de civilidade no meio político, a possível condenação de Confúcio se caracterizaria como um dos maiores equívocos do Brasil.
            À frente do governo do Estado durante oito anos, Confúcio foi uma espécie de Winston Churchill para os rondonienses. Para se ter uma ideia, no ocaso do seu “mandato de ouro”, ele mandou construir uma passarela no Espaço Alternativo para os porto-velhenses fazerem “fotinhas” para postar nas redes sociais. Os rondonienses mais eufóricos e bairristas festejam essa obra futurística como uma grande vitória deste povo sofrido. Nenhum outro chefe de Estado em tempo algum teve esta ideia extraordinária. Rondônia só teve dois governadores em toda a sua história: Confúcio e os outros. É o que se ouve das pessoas e dos eleitores mais humildes. Estadista de primeira grandeza e amado pelo seu simplório povo, o ex-governador rondoniense bem que poderia ser indicado para a ONU, para a OEA ou para qualquer outra instituição de nível mundial.
            Confúcio deixou marcas indeléveis no Estado. Na greve da Polícia Militar ainda no início do seu primeiro mandato, por exemplo, ele atuou como um diplomata. Sempre tratou os funcionários públicos do Estado com a maestria de um grande líder. Aumentos salariais sempre foram uma constante em sua “dourada” administração. Governando os rondonienses usando apenas um simples blog, esse humilde médico do Tocantins superou em simpatia até o “Império da Roça” de Ivo Cassol. Na Educação é difícil encontrar um professor que não goste do ex-prefeito de Ariquemes. Até o sisudo Sintero, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação, tece loas em homenagem a ele. Rondônia com Confúcio Moura é uma, sem ele é outra completamente diferente e atrasada. Eleito senador, imagine-se o que ele não fará por Rondônia e seu sofrido povo.
            Claro que Porto Velho é uma capital suja, imunda, fedorenta e podre. Mas o ex-governador tratou de dar um jeito. Mandou fazer esgotos e providenciou água tratada para os mais de 500 mil moradores da cidade. Vejam a situação do “açougue” João Paulo Segundo atualmente. Não é nem a sombra daquele que Confúcio encontrou no início de sua administração. Em Porto Velho pessoas se fazem de doente só para serem internadas ali. Do pobre ao rico não há quem não queira receber os excelentes serviços daquele “Spa médico”. Até escola de tempo integral Rondônia tem hoje. E graças a quem? Confúcio Moura deveria permanecer como governador deste Estado pelo terceiro mandato consecutivo, essa é a vontade do povo daqui. Será que não daria para mudar a Constituição? O Senado só ganhará com ele, que não devia ser julgado nem processado por nenhuma instância de Justiça. Afinal o “nosso senador” nunca fez nada!




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 7 de abril de 2018

Direita: um tiro no pé?



Direita: um tiro no pé?



Professor Nazareno*

            
        Para a alegria de muitos brasileiros conservadores e reacionários, o esquerdista Lula finalmente está preso. Depois de se entregar à Polícia Federal em São Paulo, o ex-presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos vai finalmente a Curitiba a fim de cumprir a pena a que foi condenado por acusações de lavagem de dinheiro e corrupção. Com amplo direito de defesa e praticamente depois de se esgotarem todos os recursos impetrados por seus advogados, o ex-metalúrgico vai, por motivos diferentes, pela segunda vez para a cadeia. Desta vez, Lula foi acusado de ter recebido de empreiteiros vários mimos e presentes, dentre eles, um apartamento tríplex localizado na praia do Guarujá, litoral de São Paulo, motivo pelo qual o ex-mandatário deverá cumprir pelo menos 12 anos de reclusão. Em troca, o ex-chefe da nação beneficiaria várias empresas.
Do ponto de vista legal, não há provas contra o Lula. Nem neste processo nem talvez em outros. Porém, ninguém é tolo a ponto de achar que o ex-presidente é um coroinha de igreja. Mas por que ele não ameaçou denunciar o dono da OAS quando o empresário lhe ofereceu de presente o apartamento do Guarujá? Por que ele, o Lula, não refutou e também ameaçou de cadeia quando lhe ofereceram o sítio de Atibaia? Não há documentos dizendo que estas propriedades são do ex-presidente, é verdade. Mas nos autos e nas investigações há provas mais do que suficientes disso. Como ex-presidente do Brasil e como um dos maiores líderes mundiais, Lula caiu feito um tolo, um patinho, um idiota, nas artimanhas da elite. A OAS e a Odebrecht, afirma-se, ganharam contratos inimagináveis nas administrações do PT. Ou seja, Lula não roubou, mas deixou roubar.
O petista tinha que ser preso mesmo, assim como aconteceu com o Nicolas Sarkozy da França e a ex-presidente da Coreia do Sul. Muitos petistas e esquerdistas reclamam que muitos dos atuais políticos não foram presos. Claro que vamos esperar que o Michel Temer, Aécio Neves, Romero Jucá, Renan, Raupp, dentre muitos outros também, assim que perderem o foro privilegiado, sejam presos pelo que fizeram. A Operação Lava Jato não terminou com a prisão do ex-presidente. “E TODOS OS QUE ERRARAM DEVEM PAGAR PELOS SEUS CRIMES”. Mas só o tempo e a História dirão se toda essa pirotecnia do juiz Sérgio Moro é perseguição ou não contra Lula e o PT. Se o ex-metalúrgico do ABC fez algo de bom ou não pelo povo e pelos governados quando exerceu a Presidência do país, isso não pode ser um álibi para cometer erros.
Porém, a direita pode ter dado um tiro no pé ao acusar, condenar e mandar prender o Lula. "A esquerda se uniu, os movimentos sociais ressurgiram, sindicatos despertaram, artistas e intelectuais reagiram, líderes mundiais protestaram e muitos juristas no Brasil condenaram". Agora que prenderam, sem provas, um político da esquerda, todos os outros políticos, da direita ou não, têm que ser presos também. Claro, se cometeram erros. E pelo que se sabe são poucos os inocentes. Da mala de 500 mil reais do deputado Rocha Loures aos delitos de Aécio Neves e até do helicóptero repleto de cocaína tudo deve passar pelo crivo dos juízes e procuradores da Lava Jato. Muitos políticos agora estão de “orelhas em pé” e para se livrar da cana têm de ser reeleitos nas próximas eleições. A direita está frita e nada pode comemorar: não tem candidato, tem de lutar contra a esquerda e ainda engolir a extrema direita representada pelo Bolsonaro.






*É Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Da passarela ao Jeca Tatu

Da passarela ao Jeca Tatu


Professor Nazareno*

            
           Finalmente as obras do Espaço Alternativo de Porto Velho foram inauguradas após muitos anos de demorada construção, desvios de recursos públicos e da prisão de algumas autoridades responsáveis por aquele inútil elefante branco que é uma daquelas obras eleitoreiras e imprestáveis que não servem para absolutamente nada. O ex-governador do Estado, Confúcio Moura, e agora possivelmente candidato, de novo, a alguma coisa vaticinou que a passarela certamente será a atração da capital da fedentina. Disse que o cenário é adequado para fotografias. “Essa passarela será uma de nossas referências. Porto Velho já é reconhecida pela Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, pelo rio Madeira, e agora pela passarela”, afirmou. Em tempos de campanha eleitoral, a cidade inaugura mais uma obra sem importância para seu sofrido e alienado povo.
Confúcio, no entanto, convenientemente não se lembrou de que a EFMM é hoje um amontoado de ferro velho retorcido apodrecendo vergonhosamente no meio do mato. Muitas locomotivas e peças do acervo histórico desaparecem impiedosamente sob a ferrugem e o olhar complacente e acomodado dos rondonienses mais telúricos e que os galpões da velha ferrovia, a “mãe de Rondônia”, foram invadidos e praticamente destruídos na cheia histórica de 2014 sem que ninguém tivesse sequer a coragem para impedir o avanço lento das águas barrentas do enfurecido rio Madeira. O ex-governador é otimista demais para afirmar que o velho e estuprado Madeira ainda é uma das atrações de Porto Velho. Após as hidrelétricas, as bombas em seu canal e de toda a sorte de agressões e poluição, o rio nem madeiras tem mais em seu assoreado e sujo leito.
A suja e fedorenta capital dos rondonienses não devia ter outro símbolo senão um saco de lixo cheio de tapurus na entrada da cidade devido à total inexistência de rede de esgotos e de água tratada para os seus moradores. Governador nenhum, nem mesmo o Confúcio em seus longos oitos anos de mandato, deu este presente para os porto-velhenses. Até o “açougue” João Paulo Segundo, mote de campanha do ex-prefeito de Ariquemes, não mudou a cara neste período. No início do seu governo, a Globo esteve aqui fazendo matérias sobre o caos na saúde. Mas nada mudou. O único hospital de pronto socorro de Porto Velho em 2011 era uma espécie de campo de concentração onde só se internavam os mais necessitados. Depois, continuou como um campo de extermínio de pobres. Realidade cruel: Quem tem algum dinheiro, quer distância dali.
Em vez dessa absurda “montanha-russa do atraso” que não serve para nada, Confúcio deveria ter melhorado as instalações do João Paulo Segundo, ter construído um verdadeiro Hospital de Pronto Socorro ou mesmo ter investido essa dinheirama toda em escolas de tempo integral. Porém teria um problema: os mais de 500 mil matutos de Porto Velho não veriam a obra e poderiam ficar aborrecidos com o político. Só que sem aquele trambolho ridículo, que não significa coisa alguma, as pessoas continuarão caminhando normalmente. Confúcio sai e ainda nos deixa o velho “açougue” da zona sul de Porto Velho. A sua “Nova Rondônia” foi um fiasco do começo ao fim. E pior que há a terrível possibilidade de se instalar de novo nestas longes terras o “Império da Roça” de Ivo Cassol e sua turma. Enquanto não vem a chuva de merda, tanto um quanto outro deveriam fazer ali no Trevo do Roque uma estátua de cem metros do Jeca Tatu.




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Eu quero ser pastor!



Eu quero ser pastor!



Professor Nazareno*

            
             Professor há exatos 42 anos, decidi agora mudar de profissão, pois acho que já cumpri com o meu dever. Não seria bem mudar, mas seguir outra faina. Quero ser pastor! De qualquer Igreja. Tenho boa verve e sei que nestas mais de quatro décadas de magistério convenci um ou dois alunos. Mas serei um pastor sem Bíblia, pois não consigo entender como “há milhares de anos, as lendas, mentiras, besteiras, mitos e costumes primitivos de uma pequena tribo de nômades semisselvagens foram reunidos e escritos em pergaminhos e que ao longo dos séculos foram modificados, mutilados, truncados, floreados e divididos em pequenos pedaços que foram então embaralhados várias vezes. Depois, este material foi mal traduzido para várias línguas e vários povos o adotaram como a expressão da verdade, a palavra de Deus definitiva e irretocável”.
            Como pregador da palavra de Deus, entrarei também na política. Votos e apoio sei que terei dos meus poucos seguidores, pois as minhas ovelhas não são negras. Se entrar para o Congresso Nacional, não integrarei o grupo de parlamentares do BBB (Boi, Bala e Bíblia). Lá, darei vazão aos meus ensinamentos mais elementares. Pregarei o Deus de Espinosa e aceitarei todas as tendências políticas e religiosas no meu templo. Direi que Cristo não morreu pregado na cruz como todos acreditam, mas na cidade de Srinagar na Índia e já bem velhinho depois de ter se casado com uma ex-escrava egípcia e ter tido com ela vários filhos. Na minha religião não houve as Cruzadas e muito menos os Tribunais da Santa Inquisição durante a Idade Média. Nela, o verdadeiro Cristo nasceu de uma relação sexual e viveu tranquilamente com seus pais José e Maria.
            A democracia será a pedra fundamental do meu templo. Cada integrante terá vez e voz e poderá pregar a sua própria palavra. Direi aos meus fiéis que o Inferno nunca existiu e que o Diabo é apenas mais uma invenção da Igreja para amedrontá-los. Eles saberão, por exemplo, que Cristo nunca foi cristão, Buda nunca foi budista e Maomé nunca foi muçulmano. Devo também lhes dizer que o dízimo é opcional e que eles nunca mais serão obrigados a pagar quantias para ouvir os outros falarem. Barulho de maquininha de cartão de crédito não será mais ouvido nas minhas abadias. Milagres haverá em meu local de culto e muitos: os políticos brasileiros deverão trabalhar em benefício do povo que o elegeu, roubos ao Erário não mais existirão e Sérgio Moro, o juiz endeusado pela direita reacionária, finalmente julgará todos os políticos do PSDB.
            Em Rondônia poderei abrir muitas casas de Deus, pois aqui o terreno sempre foi muito fértil para o messianismo fútil. Pedirei à classe política que adote durante as campanhas políticas os discursos eclesiásticos para melhor orientar os inteligentes eleitores. Transformarei a Assembleia Legislativa do Estado e a Câmara de Vereadores de Porto Velho em filiais da minha cruzada cristã. Lá haverá cultos e celebrações antes de todas as sessões ordinárias. Entrarei em contato com os donos de sites e também com as redes sociais para melhor difundir minhas ideias religiosas. Todos os integrantes da ala LGBT e afins terão espaço em meus templos. Haverá normalmente casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a união estável será aceita tranquilamente. Cantores de Funk e Pagode acompanharão com suas músicas todos os cultos. Venham à minha Igreja, lá ninguém será obrigado a obedecer ao apito longo e breve do poeta Carlos Drummond.





*É Professor em Porto Velho.

sábado, 31 de março de 2018

Porto Velho: escolas integrais



Porto Velho: escolas integrais


Professor Nazareno*


O prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves, assinou recentemente um decreto municipal determinando que a partir do próximo ano letivo de 2019 todas as escolas municipais da cidade deverão ter aulas integrais a partir da primeira série do Ensino Fundamental. Todos os alunos matriculados na rede municipal assistirão às aulas pela manhã e à tarde. Eles terão café, almoço e janta bem como transporte gratuito para as escolas. Os melhores professores, isto é, aqueles que são detentores de cursos de especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado serão remanejados para atender a estas turmas. Os docentes receberão gratificações e terão aumento de salários anualmente de acordo com o desempenho de cada escola. O ranking será medido todos os anos por uma equipe da própria Secretaria Municipal de Educação, a Semed.
Já no ano letivo de 2020, as turmas contempladas com o horário integral nas escolas da municipalidade de Porto Velho serão as dos segundos anos, as mesmas que cursaram no ano anterior o turno integral. Juntamente com os “novatos” dos primeiros anos, essas turmas pioneiras estudarão pelo segundo ano consecutivo em turmas integrais e assim sucessivamente até o ano de 2030 quando todos os alunos de Porto Velho sairão das escolas de Ensino Fundamental e de Ensino Médio com educação integral. Assim, não haverá problemas com a estrutura física dos estabelecimentos de ensino para a acolhida dos novos alunos a cada ano. “Os alunos ao entrarem na primeira série em turmas de ensino integral vão aos poucos se adaptando às novas regras sem problemas”, disse um funcionário da Semed. Assim “não haverá impacto”.
O prefeito de Porto Velho, Dr. Hildon Chaves, parabenizou os vereadores da Câmara Municipal que aprovaram este grandioso projeto para o município. “Todos eles e também o Poder Executivo municipal estão empenhadíssimos em pensar no futuro da capital de Rondônia, por isso investimos em educação de qualidade para as nossas crianças e jovens”, disse o administrador do município, que hoje conta com quase 100% de aprovação popular. Esse decreto é como se fosse uma lei com cláusula pétrea, pois todos os novos prefeitos deverão manter a qualidade da educação e promover o ensino integral em todas as escolas ligadas à municipalidade. Técnicos da Seduc, a Secretaria de Estado da Educação do Estado, já entraram em contato com o município para copiar “esta grandiosa ideia”. Delegações de outros Estados também já mostraram interesse.
Os três senadores de Rondônia, deputados federais, deputados estaduais e várias outras autoridades do Estado e do país assim como todos os candidatos às próximas eleições estão empenhadíssimos em melhorar de uma vez por todas o ensino no Brasil e por isso não pouparão esforços para concretizar essa ideia “não só em Porto Velho ou em Rondônia, mas no Brasil inteiro”, como disse um senador do Estado. Alex Palitot, vereador de Porto Velho e um dos autores do projeto assim como Luciana Oliveira, provável candidata a deputada estadual pelo PSB de Rondônia disseram que também não medirão esforços para buscar um futuro melhor para o Estado. Todos os candidatos a governador já declararam que “a partir do próximo ano, Rondônia terá ensino integral em todas as escolas”. Não há mesmo o que se discutir: Aqui todos os políticos só trabalham em benefício do povão que os elegeu. Acordei: era primeiro de abril.





*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Renuncie, Dr. Hildon!



Renuncie, Dr. Hildon!


Professor Nazareno*

            
           Eleito em 2016 com mais de 148 mil votos, o atual prefeito de Porto Velho está “mais perdido do que cego em tiroteio” na administração da cidade. Ex-servidor da Justiça e hoje empresário de sucesso no ramo da educação, o Dr. Hildon pegou um dos piores abacaxis de sua vida. Um presente de grego, como eu havia preconizado durante a sua vitória nas urnas. Fui rechaçado veementemente pelos mais fanáticos eleitores do tucano. A mídia do sul do país chegou a compará-lo ao também inexpressivo e messiânico João Dória, eleito prefeito de São Paulo. Na época eu avisei que administrar esta cidade não era tarefa para seres humanos normais. Desde o ano de 1914 que ninguém conseguiu tal façanha. O Dr. Hildon Chaves é um homem trabalhador, empreendedor, de visão focada no futuro, mas infelizmente nada disso adiantou.
         Os longos quinze meses do prefeito à frente da administração não trouxeram absolutamente nada de novo para os sofridos porto-velhenses. O tucano iniciou seus trabalhos dizendo que ia acabar com o quinquênio dos barnabés municipais e pode até ter conseguido, com a ajuda da Câmara de Vereadores, impor alguns prejuízos aos servidores do município, mas concomitante a isso nomeou uma penca de funcionários comissionados para lhe assessorar. O prefeito daqui chegou a ter mais servidores comissionados em seu gabinete do que o prefeito João Dória. Durante a campanha messiânica, o nosso alcaide “tapeou” quase todos os seus eleitores com palavras bonitas e carregadas de emoção chinfrim. “Porto Velho, deixa eu te amar, te acariciar”, disse na época das eleições. E quase metade dos eleitores da cidade acreditou piamente.
            O Dr. Hildon Chaves disse também que reconheceria um bandido com apenas dois minutos de conversa. Mentiu de novo, uma vez que o seu vice, Edgar do Boi, embora não seja bandido, se envolveu em roubalheiras e corrupção nos escândalos da JBS em nosso Estado. A atual administração de Porto Velho é pífia e fracassada, pois todos os problemas verificados na cidade ainda não tiveram nenhuma solução. A lama e as alagações do inverno continuam com toda força. No verão, a poeira nos incomoda como sempre. O transporte coletivo da capital continua sendo um dos piores do país. Caro, obsoleto, com ônibus caindo literalmente aos pedaços e agora com assaltos, como aconteceu na linha que vai para a Unir. A cidade, que nunca foi limpa, continua suja e imunda como sempre. Esgoto a céu aberto ainda é uma cena muito comum por aqui.
            Com apenas seis meses de administração, o prefeito viajou de férias para o Primeiro Mundo com a autorização dos vereadores. Por isso, a melhor coisa que o Dr. Hildon Chaves faria hoje para o bem de Porto Velho e de sua gente era renunciar junto com o seu vice e o presidente da Câmara de Vereadores para que novas eleições fossem convocadas. Dr. Hildon, “o senhor é um homem bom, exemplar, competente e honesto. Não fique administrando um lugar que nem salário lhe paga. Saia de fininho. Renuncie imediatamente e volte aos seus negócios”, o senhor ganhará muito mais e ganhamos todos nós também, os moradores desta antessala do inferno. O seu choque de gestão já virou choque DIGESTÃO, pois a cidade continua fedida como sempre, mesmo sem enchentes do Madeira ou chuva de merda. E ainda faltam mais de 30 meses para findar o seu comando. O senhor hoje já é o Mauro Nazif de antes. Poupe-nos e nos dê alegria!




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Os políticos e os puxa-sacos



Os políticos e os puxa-sacos


Professor Nazareno*

            
              A classe política tem hoje no Brasil talvez a maior repulsa da população. Ódio mesmo. Quase ninguém quer ter seu nome associado a um político. Dificilmente pode-se encontrar um indivíduo que tenha alguma admiração por esta classe de gente. Ladrões em sua grande maioria, geralmente muitos procuram se eleger para se livrar da Justiça. Vários deles tentam nas urnas ganhar as imunidades e os privilégios que praticamente só existem no Brasil mesmo. Mas os canalhas são imprescindíveis em qualquer sociedade, infelizmente. Sem os mesmos para intermediar os recursos públicos e as obras, tudo ficaria mais difícil. O maior problema, no entanto, é que eles em vez de intermediar estes recursos às vezes metem a mão sem dó nem piedade no que seria usado para o bem de todos. Daí o ódio que muita gente honesta nutre por políticos.
            Mas há quem goste deles. São os aduladores de plantão que não veem a hora de seu candidato ser eleito para depois também usufruir das benesses do que é público. Os chaleiras são muito piores do que os titulares. Alguns têm mais contatos com o povão, disseminam mentiras e são mestres em enganar os mais incautos. Hildon Chaves, por exemplo, nomeou um monte deles quando foi eleito prefeito de Porto Velho. Demitem-se os baba-ovos do político que sai e colocam-se os seus. É a regra no serviço público do Brasil. Sem concurso público para nomear os comissionados, a classe política faz a festa na cara da Justiça e da legislação vigente. Nunca ouvi dizer que um desses manteigueiros tenha tido algum problema para assumir, de forma imoral e indecente, qualquer cargo que ganhou só por que foi um bajulador durante a campanha eleitoral.
           A primeira coisa que os lambe-botas dizem na campanha é que o seu candidato foi injustamente acusado de ter feito coisas erradas. “Imputaram-lhe mentiras e injustiças, mas ele vai provar que é inocente”, afirmam convictamente os corta-jacas. Como este ano tem-se campanha eleitoral, muitos deles já estão nas ruas. E junto aos seus “assessores de porra nenhuma”, os famosos aspones. Vão às escolas, dão entrevistas, falam isto e aquilo, fazem protestos contra os que estão no poder, distribuem certificados, menção de aplauso, títulos de cidadãos e outras porcarias aos tolos. E os xeleléus dizem que “se trata de um gestor nato, bem preparado, respondeu aos processos a ele imputados e nenhum deles determinou que ele, o canalha do político, fosse preso, tem pulso firme e será novamente eleito. Voto nele, com certeza”.
            Veja-se o que está acontecendo agora com o Lula, o “anticristo endeusado”. Processado, acusado de receber propinas de empreiteiras, condenado já em segunda instância, ainda tem quem o defenda abertamente. Só não foi preso por que parte da elite e a própria Justiça não têm coragem para isso. Pior: todas as pesquisas indicam que o mesmo será eleito, com sobras, o próximo presidente do país. Os seus defensores e alcoviteiros o têm como um Deus e já o adotaram como político de estimação. Esses candongueiros de plantão deviam responder na Justiça pelos erros de seus chefes. Por isso deve-se ter muito cuidado quando se quer apoiar um político em qualquer eleição. Nunca se deve pedir votos para ninguém sem ter a absoluta certeza da honestidade do seu político de estimação. O fracasso do eleito coloca também em maus lençóis seus capachos. Lula, Renan Calheiros, Romero Jucá, Aécio, Temer, Bolsonaro... É mole?




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 18 de março de 2018

JBC: parem a reforma!



JBC: parem a reforma!


Professor Nazareno*

            Num país onde os prédios públicos de um modo geral estão literalmente caindo aos pedaços soa até irônico dizer que as reformas nos mesmos não são bem-vindas. E às vezes não são: estou falando da Escola Professor João Bento da Costa de Porto Velho. Em relação aos resultados obtidos no ENEM, esta escola pública da zona Sul de Porto Velho dispensa quaisquer comentários. É líder absoluta em aprovações de alunos em várias universidades e faculdades espalhadas pelo país. Isso já há quase duas décadas. Apesar de ser bancada com recursos do Estado, a escola JBC pode ser comparada em alguns aspectos às melhores escolas particulares de Rondônia. Desde 1998 que trabalho lá e junto com outros dois professores, Arimateia de Geografia e Tadeu de História, ajudei a fundar o Projeto Terceirão, que tantos resultados tem dado aos rondonienses.
            Desde o já longínquo ano de 2002 sob a direção do competente professor Suamy Vivecananda que o JBC tem feito propaganda gratuita para os sucessivos governos de Rondônia. Entra ano e sai ano e os alunos desta escola “honram com muita garra e determinação o nome do colégio”. Mas o João Bento da Costa está hoje quase parado, sem aulas mesmo. E o motivo não é a greve da educação que está acontecendo em Rondônia. Desde o final do ano letivo de 2017, a escola foi tomada por serventes, pedreiros, mestres de obras, carpinteiros além de cimento, brita, areia e outros materiais de construção. Incrível e surreal: “a obra para reformar a escola simplesmente parou a escola” e não tem data para terminar. Aulas, por enquanto, só para o Projeto Terceirão. Como se fosse possível ter aulas em meio a barulho de marteladas, serras, areia e poeira.
Os alunos dos primeiros e segundos anos dos três turnos e também do EJA estão sem aula e têm uma vaga esperança de que pelo menos no final de março, com quase dois meses de atraso, finalmente se inicie o ano letivo de 2018. O prejuízo já está desenhado uma vez que aulas de reposição aos sábados são tão produtivas quanto o solo lunar. “Toda reforma é bem vinda, mas sem planejamento e organização, como está acontecendo agora no João Bento, é melhor que a escola nunca seja reformada”, afirmou um professor, que mesmo sem participar da greve dos educadores, está em casa esperando a boa vontade de a firma concluir os trabalhos naquele estabelecimento de ensino. Muitos professores da escola são unânimes em afirmar que concordam, mas não participam de nenhuma greve da categoria, porém “a reforma nos obrigou a parar”.
O diretor Chiquinho esteve recentemente nos EUA representando a escola. E é muito pouco provável que ele não tenha visitado uma escola de verdade naquele país por que o estabelecimento estava em reformas. Aqui infelizmente a educação não é muito levada a sério pelo poder público. Reforma numa escola em pleno andamento do ano letivo é de tamanha incompetência que talvez só se verifique em Rondônia mesmo. Já pensou se o governo resolve reformar o “açougue” João Paulo Segundo com os pacientes lá dentro? Não se duvida de nada, pois até dedetização já houve em meio aos doentes. Os professores do JBC não fazem greve e todos os anos ajudam na aprovação de centenas de alunos para as universidades e por isso não mereciam trabalhar num ambiente completamente insalubre. Pior: a comunidade da zona Sul parece ignorar o lamentável fato. Isso até o dia em que um acidente acontecer com alguém naquele caos.




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 14 de março de 2018

A “outra” Revolução dos Bichos


A “outra” Revolução dos Bichos


Professor Nazareno*

            
           Muito diferente da verdadeira crônica de George Orwell, havia uma pequena granja situada no interior de um grande país da América do Sul que no início dos anos oitenta do século passado queria também se separar para tocar seu destino como Estado autônomo, mas dependente. Seria “a nova estrela no azul da União”, como diziam pomposamente as propagandas oficiais da época. O engraçado é que as próprias autoridades federais não só queriam como também incentivavam aquela “secessão branca” com o sórdido objetivo de ganhar no tapetão e sem muito esforço mais três senadores da República e uma penca de deputados federais para dar mais folego ao decadente partido político dos generais. E assim foi feito: despacharam para lá um coronel de pouca expressão que se encarregaria de arrumar o sítio para o incerto futuro.
            Sem nenhum bicho local que tivesse competência suficiente para tocar os destinos da nova fazenda, o militar trouxe uma séquito de fora para ajudar na administração. Este ato criou uma espécie de ritual cultural que é seguido até hoje: não há um governador ou prefeito da capital da granja que não traga o seu staff. Talvez por serem muito incompetentes, os bichos locais são indicados apenas para cargos nos segundos e terceiros escalões ou então se contentam em ser funcionários comissionados. A nova granja não tinha muitos bichos e os nativos além de broncos não formavam uma grande população. Era preciso povoar o lugar e para isso abriram-se as fronteiras e para lá despacharam levas e mais levas de desempregados e excluídos das outras fazendas do país. A mecanização da agricultura no Sul contribuiu para aumentar a diáspora de então.
            Aos trancos e barrancos a nova roça começou a funcionar. Mas ali tudo era precário e funcionava de forma improvisada. Para acomodar tantos bichos, a natureza foi devastada sem dó nem piedade provocando dessa maneira um dos maiores desastres ambientais de toda a região. Mesmo admitindo a dificuldade para administrar o lugar, o coronel-governador conclamava aos quatro cantos para todos os cidadãos do país ir morar na chácara. Progresso nunca teve, apenas “um bicho, sua mulher, cinco ou seis filhos, um cachorro e um saco de panelas”. Esse era o investimento inicial por ali. Nenhum dos governadores, no entanto, conseguiu governar bem. Os senadores nada fizeram também. Os deputados federais se envolveram em escândalos políticos e maracutaias e os estaduais se danaram a roubar e explorar sem tréguas os outros bichos.
            A triste sina da granja continuou, infelizmente. O resto do país a tem hoje como um puteiro de quinta categoria, continua a explorá-la sem tréguas e quase nada dá em troca. Levaram-lhe a energia boa e barata e usam seu meio ambiente para produzir carne bovina e outros produtos agropecuários. Os voos para lá são os mais caros e escassos. Na fazendola não tem indústrias, não tem mão-de-obra de qualidade, não tem serviços nem medicina “razoável” e muito menos IDH. Os políticos locais fazem a festa em cima dos ignorantes bichos, pois desviam na maior cara de pau todo o dinheiro público, mentem, constroem ponte escura sem ter estrada, criam curso de Medicina sem hospital universitário, fazem intermináveis viadutos tortos e íngremes, deixam cidades escuras feito breu, enganam a todos nas campanhas políticas e sempre são reeleitos. A granja descrita por Orwell já teve o seu fim. A nossa insiste em continuar existindo. Para quê?




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 10 de março de 2018

Rondônia, capital Seul



Rondônia, capital Seul


Professor Nazareno*


Rondônia é um dos 26 estados do Brasil, isto poucos brasileiros sabem. A Coreia do Sul é um país da Ásia e junto com a Coreia do Norte formam a península coreana, próxima à China. Rondônia tem 245 mil quilômetros quadrados de área e uma população de apenas um milhão e setecentos mil habitantes. O país asiático tem uma área de quase cem mil quilômetros quadrados, portanto menos de metade do Estado de Rondônia e uma população superior a 52 milhões de indivíduos, ou seja, mais de 30 vezes o número de habitantes daqui. Os sul-coreanos pertencem ao mundo civilizado e têm um IDH muito elevado. Rondônia é a sexta ou a sétima periferia do capitalismo. Aqui tudo é atrasado, nada presta, quase todos os políticos são ladrões e o povo, acomodado ao extremo, é feito galinha poedeira:  leva no traseiro e canta alegremente.
O rio Han, de águas cristalinas, corta a imponente capital sul-coreana. O rio Madeira, de águas barrentas e cheio de lixo boiando em sua superfície, margeia a capital dos rondonienses. O Estado brasileiro se situa entre dois grandes biomas conhecidos mundialmente: a floresta Amazônica e o Cerrado e, além disso, tem excesso de recursos naturais e está localizado dentro da maior bacia hidrográfica do mundo. Os coreanos têm uma natureza madrasta e não podem se orgulhar de quase nada em termos de abundância natural. Na década de 50 o então Território Federal do Guaporé vivia a euforia da Marcha para o Oeste no Brasil. Já os sul-coreanos viviam o horror da guerra com mais de três milhões de mortos. O novo país vivia o medo da invasão do norte comunista e era uma nação semifeudal. As mulheres cozinhavam ainda com lenha.
Hoje, multinacionais como a Samsung, Ásia Motors, Kia Motors, LG, Hyundai, Dae-woo são marcas sul-coreanas conhecidas e consumidas no mundo inteiro. Os eletrodomésticos fabricados naquele país da Ásia são referências em qualquer parte do planeta. Aqui se produz apenas um refrigerante de nome impronunciável, desconhecido e cujo alcance de consumo mal consegue chegar à divisa. Ban Ki-moon, político nascido na Coreia do Sul foi o todo poderoso Secretário Geral da ONU, a Organização das Nações Unidas. Em Rondônia, como exemplos de políticos, temos apenas Ivo Cassol, Nilton Capixaba, Confúcio Moura, Lindomar Garçon, Expedito Junior, Hildon Chaves e Mauro Nazif. Os três senadores do Estado respondem a processos na Justiça e dois deles já foram condenados à prisão. Deputados federais e estaduais estão enrolados.
Kim Dae-jung foi um ex-presidente  da Coreia do Sul que no ano 2000 ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Por aqui ninguém nunca ganhou prêmio de nada. Ninguém daqui jamais foi indicado para absolutamente nada. Os maiores prêmios por estas bandas apareciam somente nas pífias exposições agropecuárias. Participante do BBB é o símbolo maior do lugar. As maiores expressões locais são pessoas geralmente oriundas de outros Estados da federação. O Marechal Rondon era mato-grossense, Jorge Teixeira era gaúcho, Aluízio Ferreira era carioca e o Major Guapindaia era natural do Estado do Maranhão, embora tenha vivido muito tempo no Amazonas. O atual governador do Estado é do Tocantins e o prefeito da capital é um pernambucano. Rondônia é a terra do nada. Nenhuma das maiores autoridades do Estado jamais nasceu nestas longes terras.
Rondônia e Coréia do Sul têm estas enormes diferenças por que esta investiu maciçamente em educação enquanto aquela insistiu em copiar tudo o que deu errado no Brasil, a “República Federativa do Bandido”. Levando-se em consideração a Guerra da Coreia, que terminou em 1953, e a península coreana fora dividida em dois países, pode-se afirmar que o nosso Estado é dez anos mais velho do que o país asiático. As Olimpíadas de Seul em 1988 e a Copa do Mundo de Futebol em 2002 já são coisas do passado para os irmãos orientais. Enquanto o nosso PIB é algo risível em torno de cinco bilhões de dólares, a produção de riquezas dos sul-coreanos já ultrapassa a cifra de um trilhão de dólares e projeta o país asiático como uma das nações mais prósperas do mundo. Seul tem 10 milhões de habitantes, é uma cidade limpa, moderna, organizada e com excelente mobilidade urbana. Precisa falar algo de Porto Velho? O quê nos falta?





*É Professor em Porto Velho