sexta-feira, 9 de março de 2018

Rondônia me dá medo



Rondônia me dá medo


Professor Nazareno*
           
Coisas muito estranhas não andam acontecendo em Rondônia como muitos pensam. Essas “coisas estranhas” infelizmente sempre aconteceram por aqui. Atraso, preconceito, xenofobismo, roubo, ambição, descaso, corrupção, pistolagem, censura, intolerância, violência social, violência no campo, violência política. Os males e os vícios desta maldita província atrasada são quase os mesmos dos verificados na “República Federativa do Bandido”. Dessa vez um assessor do prefeito de Porto Velho simplesmente invadiu de forma furiosa a redação de um site de notícias, o newsrondonia.com, e com socos e pontapés agrediu diante das câmaras um jornalista. Raimundinho Bike Som se estivesse armado, certamente teria praticado um assassinato ao vivo. Cenas dantescas que dificilmente seriam vistas em lugares mais civilizados.
Noticiada em alguns poucos órgãos da imprensa local, a selvageria parece que não causou muita repercussão. Alguns internautas acharam normal o tenebroso fato e até aplaudiram o agressor sem levar em conta a liberdade de expressão e a violação do direito de opinar. Estado sem nenhum prestígio, Rondônia já está acostumada ao ronco do trabuco, infelizmente. Aqui, na década de 90 do século passado, um Senador da República foi metralhado no meio da rua sem que providências sérias tivessem sido tomadas até agora para se descobrir os mandantes daquele atentado. Dependendo da profissão, viver em Rondônia é estar sob o risco constante de ser morto a qualquer momento. A pistolagem é uma constante e o Vale do Jamari é uma das regiões mais violentas do país.  Pouco se espera de um lugar que pariu o Massacre de Corumbiara.
As disputas políticas no Estado de Rondônia geralmente são resolvidas no braço mesmo, como no lamentável caso do assessor da prefeitura da capital. A Assembleia Legislativa do Estado, por exemplo, é um antro de coisas erradas e há muito tempo tem se comportado como um ambiente totalmente fora da lei. Ali, alguns deputados roubam, delinquem, estorcem, desviam dinheiro público, mentem, fazem conchavos e tramam golpe. E tudo praticamente tem ficado por isso mesmo. Dos presidentes do Poder Legislativo de Rondônia, quase todos já foram condenados ou estão cumprindo penas. Na política, esta província não tem muita coisa boa a ensinar ao resto do país muito menos ao mundo civilizado. Agora, alguns parlamentares urdiram na calada da noite um golpe contra o governador com direito até a ameaça de morte ao chefe do Executivo.
            As agressões covardes a jornalistas ou a quem tem opiniões diferentes já viraram rotina. Eu mesmo quando publico um texto, sinto que posso levar um tiro a qualquer instante ou até “sofrer um acidente”. O cangaço rondoniano impõe medo e terror. Por isso, apelo outra vez: “TENHAM VERGONHA, NÃO LEIAM OS MEUS TEXTOS SE NÃO QUISEREM SE INCOMODAR. LEIAM O QUE PRESTA. LEIAM MACHADO, FOUCAULT, CLARICE, LIMA BARRETO, NIETZSCHE, DRUMMOND”. O clima de Velho Oeste pode ser sentido em qualquer cidadezinha do interior e até mesmo na capital. O contraditório por aqui é um 38 cheio de balas. Paulo Andreoli, Rubens Coutinho, Carlos Caldeira, Luciana Oliveira e tantos outros comunicadores e jornalistas são testemunhas ainda vivas da dificuldade de se exercer o trabalho de informar algo. E muitos já foram mortos por terem escolhido tal faina. Síria e Afeganistão são fichinhas.




*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Rondônia volta à realidade




Rondônia volta à realidade


Professor Nazareno*

            O longínquo Estado de Rondônia é, claro, uma das 27 unidades da federação.  Totalmente desconhecida do restante do país, a jovem e subdesenvolvida província luta há tempos para ter alguma visibilidade no grotesco cenário nacional. As raras vezes que isto acontece é quando algo de maior destaque acontece em Roraima, Estado muitas vezes confundido com as “terras de Rondon” apenas por causa da semelhança entre os nomes. Rondônia é um fim de mundo inóspito, atrasado e ridículo que praticamente só vergonhas dá para o resto do país. Não há por estas bandas muita coisa que seja atração para quem tem coragem suficiente de se arriscar a vir para cá. É a terra do improviso e das coisas mal feitas. Se fosse uma nação, perderia feio para aquele que “nunca foi um país sério” e seria tão atrasada que estaria atrás da Bolívia, Haiti ou do Sudão do Sul.
            O Estado todos os anos só faz o seu patético Carnaval depois de todo mundo. Meia dúzia de passistas mal afinados desfila para meia dúzia de pessoas no meio da chuva. Parece uma festa dos horrores. A Banda do Vai Quem Quer, que muitos se gabam de ser algo apoteótico, só consegue produzir toneladas de lixo e imundície por onde passa.  Ali não há arte, não há música de qualidade, muito menos o verdadeiro Carnaval. Futebol nem estádios de verdade existem dentro de toda a província. É um dos únicos Estados do país onde praticamente não se tem o “esporte das multidões”. Na sua capital, os únicos times conhecidos são os do Sul do país e os da Europa.  Pior: nem futebol nem nenhum outro esporte se praticam na cidade. Por isso, a recente e caríssima recuperação do ginásio Cláudio Coutinho causou estranhezas em muitas pessoas.
            A Rede Globo inutilmente até que tem dado uma mãozinha ao Estado, apesar de o Jornal Nacional e outros noticiários da emissora serem exibidos em Porto Velho com uma hora de atraso durante o horário de verão. Vive-se aqui como se a televisão ainda não tivesse sido inventada. As notícias, em pleno século XXI e com o advento da internet, ainda chegam atrasadas. Foi num desses programas da “Vênus Platinada”, por exemplo, que o Brasil conheceu uma tal Banda Versalle de Porto Velho. Sucesso mesmo somente na época dos holofotes globais. Nunca mais se ouviu falar dos rapazes talentosos do Norte do país. Será que os autores da esquecida e feia balada “vinte graus e um cobertor” estão fazendo sucesso pelo Brasil a fora e os rondonienses não estão sabendo? Sem talentos, só “exportamos” energia boa e barata. Rondônia é uma “mãe”.
Como não podia deixar de ser, o Estado participou “entusiasticamente” do dispensável e ridículo programa Big Brother Brasil da Globo, mas até no BBB fracassamos. Com dois participantes que não encantaram muita gente, saímos antes do tempo. Agora, Rondônia está aos poucos voltando à dura realidade que sempre viveu: sem talentos, sem inteligência, sem destaques, sem nada que a projetasse como um Estado sério. Mas é na política que se mostra a verdadeira face podre desta província que nem devia existir: a Assembleia Legislativa local volta às manchetes com sua trupe de políticos ruins e enrolados. Um golpe parlamentar no governador blogueiro, “igual ao que deram na Dilma Rousseff”, foi urdido entre deputados, que dentre outras coisas imprestáveis só servem para enlamear ainda mais o nome do Estado. Rondônia volta ao velho fogão a lenha. Trabalhemos agora o ano inteiro para passar as férias longe daqui!




*É Professor em Porto Velho.

domingo, 4 de março de 2018

Montanha-russa do atraso



Montanha-russa do atraso


Professor Nazareno*

            Porto Velho não tem absolutamente nada para se apreciar em termos de turismo. Na verdade nunca teve algo que lhe desse a impressão de ser pelo menos um núcleo urbano habitado e que justificasse a vontade de algum turista louco em querer visitá-la. A cidade é feia, com ruas tortas, sem planejamento urbano nenhum, suja, cortada por igarapés podres que já viraram esgotos a céu aberto, sem praças, sem recantos de lazer, sem arborização e pontilhada de lixo por todos os lados. Compará-la a um cemitério seria não dar a menor importância à beleza de uns campos santos. É mesmo uma velha e abandonada currutela. E como se não bastasse sua característica feiura, eis que agora a bisonha classe política local inventou de construir um arremedo de “montanha russa do nada” lá pelas bandas da avenida que dá acesso ao precário aeroporto da cidade.
            Carro-chefe dos oito anos da apagada administração estadual, o chamado Espaço Alternativo é uma obra eleitoreira daquelas que parecem nunca ter fim para serem concluídas. E pior: como muitas outras da cidade, o “elefante branco” não tem beleza nenhuma. Para que diabos serve um trambolho ridículo feito de ferro e aço esparramado ao longo de uns 500 metros no meio de uma avenida sem nenhuma importância? Qual o significado daqueles semicírculos horrorosos que imitam uma montanha-russa muito mal feita? Será que estão dizendo que aquilo se trata de mais uma obra de arte? Arte sem ser arte já se têm muitas por aqui, basta a ponte escura do Madeira, as Três Caixas d’Água, o Mercado Cultural e mais um monte de prédios inúteis e feios que só se veem em lugares habitados por gente simplória que desconhece o verdadeiro sentido da arte.
            Antes, o lugar era repleto de árvores frutíferas e o verde abundava. O barulho de um igarapé ainda limpo encantava a todos. Fazia gosto caminhar respirando o pouco de ar puro que ainda havia na cidade. Pássaros não faltavam. Hoje aquele chamado recanto de lazer é lúgubre, feio, cheio de concreto e sem o verde que antes lhe caracterizava. É mais uma obra feita sob medida somente para angariar votos dos mais incautos em tempos de eleição. Aliás, a sua inauguração deve coincidir com alguma data importante durante o pleito. Querem apostar? Fato: aqueles arcos infernais e sinistros, com falta de manutenção característica, podem cair em cima dos transeuntes algum dia. Assim como o próprio símbolo da cidade lá no centro. Mas Deus nos livre disto! Deixei de caminhar ali: fiz o meu protesto silencioso pelas centenas de árvores que foram arrancadas.
            A falta de beleza de Porto Velho, no entanto, é apenas uma consequência do que é a maioria de seus cidadãos. A cidade é suja e desorganizada porque somos também sujos e desorganizados. O atual prefeito, que nada tem a ver com aquela “obra dos infernos”, ainda não disse a que veio. Faz uma administração pífia, insignificante, reles, insossa e ainda não beijou, acariciou ou cuidou da cidade como prometera durante a campanha quando recebeu mais de 150 mil votos dos porto-velhenses. Nem no Estado e muito menos em sua fedorenta e desorganizada capital nada melhorou nos últimos anos. E este ano tem eleições de novo, mas nada adiantará: o povo vai às urnas para reconduzir aos mesmos cargos todos os maus políticos a fim de continuar o caos. Enquanto ganhar de presente “montanhas-russas” imprestáveis e “elefantes brancos” inúteis, o povo continuará com a sua saga de ser seu próprio carrasco. Mas até quando?




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 2 de março de 2018

O Cão mora em Porto Velho



O Cão mora em Porto Velho


Professor Nazareno*

            Agora não resta mais nenhuma dúvida. O Coisa Ruim não só existe como também mora na região Norte do Brasil. Mais precisamente em Porto Velho, a “bela e encantadora” capital de Roraima. Ele pode ser visto todos os dias andando tranquilamente pelas ruas enlameadas da cidade ou então dentro dos ônibus do Consórcio SIM. Trabalha num dos maiores impérios de comunicação do Estado e quando pode anda também montado num belo cavalo preto. Escreve diariamente para vários sites além de fazer bico como carnavalesco lá no Mercado Cultural. Embora, seja corno convicto, o Pé Rachado não tem chifres como muitos costumam achar. Foi visto recentemente assistindo a uma missa numa igreja católica onde se benzeu, se confessou e depois comungou. Poucos dias depois teria sido flagrado em um culto evangélico.
            Fala-se abertamente que ele também vai ao Estádio Aluízio Ferreira ver os jogos do seu time de coração: o Genus. O peste é natural de Porto Velho mesmo e já disse que não troca esta cidade por nenhuma outra do Brasil. Por causa dos muitos apelos, vai entrar na política. Não sabe como bancará sua campanha, mas será candidato a qualquer cargo eletivo “que dê muito dinheiro e possa mudar sua vida de poucos recursos”. Criará o auxílio-moradia para todos os habitantes da cidade, mesmo para os que nasceram e vivem aqui morando em suas próprias residências. Se eleito, mandará construir igrejas e templos suntuosos para difundir as suas boas experiências. Abrirá também uma escola onde ensinará às futuras gerações como ficar rico sem trabalhar, como mentir e como se especializar em roubar o povo eleitor sem dar (muito) na vista.
            Mesmo que não seja eleito, ele facilmente receberá o título de cidadão honorário de Porto Velho ou mesmo de Rondônia e depois poderá até ser patrono do “Açougue João Paulo Segundo”, aquele campo de extermínio de pobres que fica na zona sul da cidade. E já pensou uma escola recebendo o pomposo nome do Bicho Ruim? “Escola do Satanás!”. Quantas criancinhas rondonianas não ficariam felizes em estudar num estabelecimento de ensino com esta alcunha? Lá, a SEDUC e o SINTERO podiam fazer reformas à vontade sem nenhuma previsão para começar o ano letivo. Tudo ficaria por conta do Diabo e de seus assessores. “Projeto Apocalipse” é o que não ia faltar nestas escolas diabólicas. Eleito por aqui, o Capiroto seria também uma espécie de paraninfo da BR-364. Do Espaço Alternativo nem se fala. Ele gerencia aquilo há muito tempo.
            Não se sabe, no entanto, em qual das zonas da cidade ele tem residência fixa. Uns dizem que é na Leste, porém muitos já o viram lá pelas bandas da zona Sul, ali perto da Avenida Jatuarana. Porém muitos juram que ele mora mesmo é dentro do CPA, o pomposo Centro Administrativo do Estado. Por causa dos banzeiros, ele não gosta muito de andar de barco pelo rio Madeira. Talvez seja por isso, não gostar de muita água, que ele já garantiu que não teremos enchente muito grande este ano. Quando pode, participa solenemente das sessões ordinárias da Assembleia Legislativa do Estado e da Câmara de Vereadores de Porto Velho. Mas só das sessões ordinárias mesmo. Outro dia, num programa de rádio ele disse que estava indeciso sobre a próxima eleição para presidente do Brasil. Poderia votar tanto no Lula quanto no Bolsonaro. Aqui, ele já tem todos os candidatos definidos. “Anular o voto é coisa de pessoas religiosas”, disse.




*É Professor em Porto Velho.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

O Cabaré e a escola


O Cabaré e a escola


Professor Nazareno*

            
            A República de Brazundônia é um país muito parecido com aquele criado por Lima Barreto. Muitos chegam a dizer que se trata da mesma nação. Porém, muitos anos separam os dois lugares e os costumes já estão hoje um pouco diferentes nos dois territórios. Em Brazundônia o governo local tinha como missão fazer duas grandes construções: uma escola, que aprovasse todos os alunos para os cursos inferiores, e um inferninho, onde todos pudessem ser devassos sem ter que pagar nada às putas. Como se tratava de um puteiro público, todos iriam ali para se divertir e fazer as suas orações. Verbas havia de sobra para as duas construções, mas o bordel estava sendo construído em tempo recorde enquanto a escola sofria com a burocracia, a má vontade e o atraso de recursos.  Os empresários e políticos do lugar só destinavam verbas para o prostíbulo.
            As autoridades brazundonenses colocavam anúncios na televisão e nas redes sociais dizendo que estavam muito preocupadas com a construção da escola e de tudo fariam para que não houvesse nenhum atraso no início do ano letivo. Mas era tudo mentira, uma vez que as empreiteiras contratadas para as obras só davam prioridades para embelezar o lupanar. Na verdade aquela casa da luz vermelha nunca deixou de funcionar. As ações inerentes à orgia eram realizadas ali mesmo, à luz do dia ou na escuridão da noite. A reforma era apenas proforma só para satisfazer os pagadores de impostos mais enjoados. Já na escola, tudo parado, nada andava. Um dia levantavam uma parede e no outro a derrubavam alegando erro de cálculo ou qualquer outra coisa. As desculpas para que aquela obra nunca ficasse pronta a tempo sempre apareciam.      Nem a escola nem a casa de massagens estavam prontas, mas enquanto em uma não havia aulas, reuniões nem debates de conhecimentos na outra as lascívias funcionavam normalmente todos os dias. E parece que esta situação esdrúxula não incomodava muita gente. Os cidadãos de Brazundônia dizem que a educação de qualidade vem em primeiro lugar, mas é no rendez-vous que passam o dia inteiro enquanto na escola apenas meio turno por dia para seus filhos. Sem aulas, muitos alunos estão felizes. Muitos até brincaram o Carnaval sem preocupações com provas, aulas chatas ou testes. A maioria dos professores ri feito criança, pois ganham o salário integral sem precisar dar uma única aula. Os pais nem se preocupam. “Os professores e a Direção sempre darão um jeito para as coisas terminarem bem para todos”, afirmam.
            Em Brazundônia sempre foi assim mesmo: tudo para a zona e pouca coisa ou quase nada para a educação. “Fazer reformas de escolas durante as férias não tem graça, pois ninguém iria perceber que estamos trabalhando”, dizem na maior cara de pau alguns funcionários do governo local. “Investir no baixo meretrício é uma aposta correta nos futuros homens da nossa nação”, dizem outros. No país libidinoso, primeiro o futebol, depois o Carnaval e as bandas, as novelas, a fofoca, o BBB e por fim as escolas. Algumas são particulares, mas mesmo assim colocam poucos alunos para cursar o ensino inferior. Em época de eleições como agora é importante não criar problemas com a comunidade, por isso as aulas poderão começar só depois do meio do ano. Assim, todos ficarão alegres. Na nação inteira muitos entendem que é mais correto as verbas serem destinadas sempre ao alcoice e nunca para as escolas. Para que, né?





*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Um candidato diferente



Um candidato diferente


Professor Nazareno*

De início eu não queria. Fazia até jogo duro para não concorrer, tinha medo e muita vergonha, mas depois de muitas insistências, resolvi me candidatar para presidir o Brasil pelos próximos quatro anos e se tudo der certo também pelos próximos oito. Não sou filiado a nenhum partido político por que entendo que não precisa desta burocracia idiota. Sou independente, óbvio, e represento o povo mais sofrido (já ouvi isso). É uma decisão acertada tendo em vista a minha capacidade para resolver problemas. Votem em mim! Vocês jamais se arrependerão deste grande ato cívico. Prometo de cara criar para todos os funcionários públicos deste país o auxílio-moradia, residam eles ou não em seus locais de trabalho. Vou acabar com todos os programas sociais e aposentadorias e colocar o povo para trabalhar, já que dizem que o brasileiro é muito trabalhador.
Acabarei também com o décimo terceiro, um terço de férias e qualquer outro tipo de licença. E justifico: os escravos ergueram com o seu trabalho e o seu suor um país inteiro sem precisar de nenhuma destas regalias. E receber salário sem trabalhar é um absurdo. Mandarei evangelizar todos os índios que ainda restam em território nacional. Teremos índios dizimistas de agora em diante. Claro, como já falei antes, mandarei trocar a Constituição pela Bíblia e o Estado brasileiro não será mais laico. Intervenção Federal haverá em qualquer um dos Estados da federação. Deu prejuízos, prevaricou, roubou ou gastou mais do que arrecadou será motivo para que o governador seja expulso do cargo e o seu respectivo Estado seja extinto. No caso de Rondônia e do Acre, que deviam ter permanecido como territórios, serão os dois devolvidos à Bolívia.
Todo o meu staff será de fora. Até alguns ministros terão que ter nascido em países civilizados e desenvolvidos como Alemanha, Japão, França ou Estados Unidos. O cerimonial do Planalto, dos Estados e dos municípios só terá funcionário concursado e que demonstrem na prática muita competência para o cargo que ocupam. Todos terão que puxar-saco dos seus respectivos chefes, claro. Além de seguir o pensamento de cada um deles. Nas escolas haverá uma revolução: todos os professores esquerdistas serão sumariamente demitidos. Voltarão as disciplinas de Educação Moral e Cívica e de O.S.P.B e o Hino Nacional será entoado umas cinco vezes por dia para evitar que a nossa bandeira seja vermelha. Os livros didáticos só serão distribuídos após uma minuciosa revisão feita por uma esquipe criada para este fim. E nada de turno integral.
Calma, não se estressem! Carnaval, durante a minha administração, haverá sim. Só que os donos de bandas e dos blocos distribuirão com antecedência sacos para a coleta de lixo. Nada de pagar hora extra para se organizar o que nem todos sujaram. Os responsáveis pela imundície pagarão para limpar as ruas. Na verdade, haverá locais específicos para esses desfiles. Nada de usar espaço público com este fim. Comigo na Presidência o futebol será outro. Seleção do Brasil que não ganhar a Copa será punida. E como castigo maior, os jogadores perdedores terão que morar pelo menos um mês em Porto Velho, capital de Roraima. Assim, saberão o que é viver no fim do mundo. Antes da Copa, uma preleção até que ajudaria um pouco: Cuidado, “Porto Velho lhes aguarda em caso de vergonha extrema”! Comigo na Presidência não tem moleza. Saiam todos às ruas e façam campanha para mim. Por que eu mesmo jamais terei coragem de fazer isto.


              
                 *É Professor em Porto Velho.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Um apelo à Luciana Oliveira



Um apelo à Luciana Oliveira


Professor Nazareno*


Com muita tristeza tenho acompanhado pelas redes sociais que a jornalista, ativista social e blogueira de Porto Velho, Luciana Oliveira da Silva, seria candidata a Deputada Estadual por Rondônia. Nada mais me abateu do que esta fatídica e triste notícia, que espero, seja falsa e que a amiga não caia nesta armadilha neste exato momento em que Porto Velho, Rondônia e o Brasil precisam muito de pessoas como ela. O seu trabalho crítico é de extrema importância. Com o recente advento das redes sociais não seria o premeditado fim da Luciana como pessoa crítica, como alguém que propaga a dialética e que abre os olhos da população explorada? Temo que decisões mais poderosas já tenham encontrado um meio “legal” de calhar-lhe a voz e de colocá-la na mesma esparrela que sempre ditou as grotescas decisões da nossa sociedade.
Luciana, assim como qualquer outro brasileiro que goze dos seus plenos direitos e deveres políticos tem todo o direito de ser candidata a qualquer cargo eletivo. Porém, o momento talvez não seja agora. Ela pode até dizer que na Assembleia Legislativa ou em qualquer outro pedestal ou janela sua voz ganhará mais força, mais altivez. Acho que não. Ela só poderá concorrer a qualquer cargo eletivo se for filiada a um partido político, se já não for (tremo na alma só de pensar nisto). Se eleita, perderíamos uma das melhores ativistas políticas dos últimos tempos. E na primeira crítica ou autocrítica mais dura à atuação de seus pares seria sem dó expulsa e até poderia perder o mandato. O trabalho dela hoje nas redes sociais é importante para todos nós enquanto sociedade esquecida e explorada pelo poder. E ela nunca correu risco de perder cargo nenhum.
O vídeo que ela produziu para a campanha fascista da Rede Globo, por exemplo, já atingiu quase três vezes o tamanho da população de Rondônia. Como deputada será que “Sua Excelência” poderia se arriscar com uma publicação destas? Acho que não. Mas sendo a ativista crítica que “desce o cacete” no erro e na estrutura de poder vigente não tem problemas. Acho que ela vai servir a este mesmo poder e talvez com ele compartilhar ou até mesmo compactuar. Alex Palitot, o atuante vereador, perdeu muito do seu encanto como um dos melhores professores de História da região para servir ao mesmo partido dos Capixabas, por exemplo. Hoje ele é sabotado na Câmara de Vereadores e seu trabalho não tem sido fácil. Dizem até que o “caçador de corruptos” mais competente da História de Rondônia será candidato a governador. Uma tristeza.
Eu não faria isto, Luciana! O momento talvez não seja agora. Primeiro tentamos mudar a tradicional estrutura podre e depois entramos. Eu há quase 40 anos ainda resisto às investidas de quem quer me fazer mudar de pensamento por que se incomoda com o meu pensamento. Nunca permitirei que me chamem de excelência, apenas de senhor já me basta. Não entre nessa, amiga! Se eleita você morre como ativista política e blogueira além de ser obrigada talvez a defender canalhas. Se perder, terá um fim mais melancólico ainda. Só na possibilidade de ser candidata a um cargo na política, ela parece que já está se alinhando aos discursos corriqueiros dos políticos tradicionais: “se aceitar ser candidata, vou perseguir a lealdade com pessoas que me enxergam como o senhor, professor. Não serei uma nova cara na política, mas uma forma diferente de atuar na política”, disse. Dessa vez não acreditei na Luciana Oliveira: uma nova cara?




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Intervenção em Porto Velho, já!



Intervenção em Porto Velho, já!


Professor Nazareno*

            O Rio de Janeiro é um lugar de muita sorte. Está sob intervenção das tropas federais a partir de agora. Pelo menos a área da segurança pública estadual está sob as ordens militares. Por causa disso, o governo golpista de Michel Temer não poderá, por enquanto, dar andamento às reformas ultrajantes que planejou para liquidar com os direitos dos trabalhadores brasileiros. A violência, segundo diz a mídia golpista, está fora de controle naquele Estado e por isso a necessidade dessa medida extrema. Se fosse por isso, todas as unidades da federação deveriam também ficar sob o controle do governo central. Porém, quem deveria estar mesmo sob intervenção seria a cidade de Porto Velho. Aqui o caos existe desde muito tempo. E não é só na área da segurança pública. Em todos os setores existem desgraças visíveis e total falta de governabilidade.
            O cidadão porto-velhense há mais de três décadas se quiser ver o fundo do poço tem que olhar para cima. E não pensem que os meus textos são repetitivos como erroneamente já falaram as trombetas das boas novas. Repetitiva é a caótica situação em que sempre se encontrou esta cidade. Como escrever algo novo diante de tanta desgraça que se observa no dia a dia? A violência por aqui sempre foi rotina. Não há final de semana em que não se registre bestialidade de todo tipo. A cidade é um verdadeiro Big Brother: quase toda semana cidadãos são eliminados. A zona leste, por exemplo, não se parece com as favelas da “Cidade Maravilhosa”? Na verdade Porto Velho é uma grande favela com quase 500 mil habitantes que desafia as mais elementares regras de civilidade. Devia ter sofrido intervenção desde o garimpo e as chacinas no Urso Branco.
            Além do mais, para a alegria de muita gente, o atual prefeito deveria ter sido defenestrado por Brasília desde que trabalhou apenas seis meses em 2017 e se mandou para o Primeiro Mundo. Coisa absurda que nem o Marcelo Crivella, prefeito do Rio, fez em tempo tão recorde. Hildon Chaves merecia também perder o cargo quando contratou sem concurso público um batalhão de funcionários comissionados de fazer inveja a qualquer mandatário. Porto Velho apresenta tantos problemas para uma cidade de porte médio que deveria viver sob intervenção e ser administrada de fora o tempo todo. Nos dias que chove, a cidade vira uma alagação só. A água podre invade residências e desaloja os pagadores de IPTU. E as autoridades inertes ainda vão às redes sociais dizer o óbvio: que sempre existiu aguaceiro por aqui e que a culpa é do prefeito anterior.
            Não só Porto Velho, mas o Estado de Rondônia como um todo deveria sofrer intervenção federal. A simples existência do “açougue” João Paulo Segundo já seria uma boa desculpa para o Planlato mandar alguém administrar a saúde pública deste Estado. Aquele “campo de extermínio de pobres” é uma violação constante aos direitos humanos e ninguém faz nada. O caos sempre esteve presente em quase todas as áreas na administração de Rondônia e de sua desorganizada e inabitável capital, mas por que só o Rio de Janeiro teve este privilégio de ser administrado por outras forças? A recente construção dos novos “terminais” de ônibus urbanos pela prefeitura de Porto Velho, por exemplo, já justificaria qualquer tipo de intercessão política. Isso sem falar nas toneladas de lixo que uma famosa banda de carnaval produziu e que muita gente aplaudiu como sendo normal. Se tivéssemos os tiroteios do Rio, Brasília nos olharia?




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Carnaval: lixo e alienação



Carnaval: lixo e alienação


Professor Nazareno*


Se levarmos ao pé da letra, o Carnaval de Porto Velho simplesmente não existe. E não é por se tratar apenas de uma imitação muito mal feita dos carnavais de verdade lá de fora. Muita gente diz que a Banda do Vai Quem Quer é a expressão máxima da folia local. Ora, em primeiro lugar banda é uma reunião de músicos formada com o intuito de tocar arranjos musicais. Coisa que a “Banda do Manelão” não faz nem nunca fez, pois ali quase ninguém entende de música. Pelo menos a verdadeira música. Depois, a fuzarca com a mundiça se reúne no sábado à tarde quando oficialmente ainda nem começaram as folias de Momo. Carnaval se brinca no domingo, na segunda e na terça-feira. Porém, todos naquele ambiente promíscuo e violento fazem de conta que estão brincando o verdadeiro Carnaval e contribuindo com a cultura da terra de Rondon.
Onde está escrito que cultura é beber cachaça ruim, distribuir preservativos, usar fantasias ridículas e pular feito doido no meio da rua? Fechar o comércio, urinar em frente às residências, arranjar confusão e produzir toneladas de lixo também não são coisas republicanas que possam ser confundidas com cultura muito menos com entretenimento. Porto Velho não tem cultura esta é a verdade. Aqui, sem nenhum sucesso se tentam copiar todas as manifestações, culturais ou não, que acontecem em lugares mais civilizados. Do Boi de Parintins ao São João de Campina Grande, o que se observa é uma tentativa vã e inútil de mostrar que o “Estado Karipuna” é um caldeirão fervilhante de culturas. Uma das únicas coisas que a tal banda produziu, por exemplo, foram toneladas de lixo e imundícies nas ruas por onde a orgia pateticamente desfilou.
Nem Porto Velho nem Rondônia têm nada a ensinar a ninguém em termos de cultura nem de outra atividade qualquer. Durante o Natal e o Ano Novo muitas pessoas que podem saem daqui para gastar seu dinheiro em outras terras. No Carnaval é a mesma coisa. Perder tempo para ver imitação grotesca de folia mal feita decididamente não é programa para ninguém de bom senso. Pior: dizem que mais outra vez o desfile das “escolas de samba” da capital foi adiado. Já não chega de tanta bizarrice e empulhação com os pobres moradores daqui? Isso sem falar num tal de Arraial Flor do Maracujá que deve ser realizado lá pelos meados do ano. Com Copa do Mundo e outras festas bisonhas e terríveis, o cardápio do porto-velhense estará farto em 2018. Às vezes questiono: o que foi que fizemos de tão ruim para merecer tantas desgraças o ano todo?
Decididamente viver em Porto Velho, a eterna capital de Roraima, não é fácil. A desgraça que é a cidade impossibilita qualquer ser humano viver decentemente. Nada por aqui dá tranquilidade aos seus infortunados moradores. Sem porto, sem água tratada, sem esgotos, sem nada. Agora mesmo, para se ter uma ideia, é lama em abundância e alagações na ruas. No verão, a poeira sufocante nos aguarda. Ruas intrafegáveis, lama podre e sujeira por toda parte é a rotina maldita que se vê no dia a dia. Se o Carnaval aqui fosse bem organizado até que abrandava um pouco nosso sofrimento. As autoridades nunca se importaram com o povo daqui, que lhes adora e todo ano de eleição vota nos mesmos candidatos. Mas todos parecem felizes. São como hiena, que come carne podre e não para de rir e muitos ainda dizem estar satisfeitos. Carnaval, Copa do Mundo e depois eleições para eleger os mesmos. Folia de alienação!




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A Banda e o Milagre



A Banda e o Milagre


Professor Nazareno*


Lula é inocente e não será preso, mesmo já tendo sido condenado em segunda instância. Aécio Neves é um bom mocinho e jamais se envolveu em escândalos nacionais. Toda a cúpula do PSDB e de outros partidos políticos está empenhadíssima em trabalhar pelo bem dos mais necessitados. Os juízes que têm residência fixa onde trabalham vão devolver cada centavo do auxílio-moradia. Ex-governadores devolverão também seus salários ao Erário. Nenhum servidor público do Brasil receberá acima do teto e todos serão concursados. Nada de funcionário comissionado. Médicos, juízes, desembargadores, políticos, jornalistas e professores receberão quase a mesma remuneração e todos, dentro de suas especificações, terão o mesmo reconhecimento. A mídia será totalmente imparcial e só noticiará o que for verdade. Nada de golpismo.
LGBT, gays, travestis e os outros setores sociais terão aceitação sem nenhum problema. Livros não mais serão proibidos e as Igrejas receberão todo tipo de fiel independentemente de sua orientação sexual. Pabllo Vittar será indicado ao Grammy Awards dos EUA. Um filme do Brasil finalmente concorrerá ao Oscar com reais chances de ganhar a estatueta. A tola e estéril disputa entre “coxinhas e petralhas”, ou seja, a briga Direita X Esquerda não mais existirá. Todos agora estarão empenhados em lutar pela extinção da desigualdade social. O Brasil de agora em diante não terá mais tantos problemas sociais. A violência deixará de existir. Os morros serão chamados de favelas sem nenhum preconceito. Porto Velho receberá voos de todas as partes do Brasil e as passagens aéreas para esta capital serão as mais baratas e acessíveis do mundo.
Beber cachaça, se drogar e pular feito macaco no meio das ruas de agora em diante será cultura e terá subvenção oficial. Homem se vestir de mulher e mulher se vestir de homem terá amplo apoio popular e aceitação de todos. O antropólogo Claude Lévi-Strauss que se vire. As corporações internacionais reconhecerão o trabalho de seus funcionários e aumentarão seus salários. Porto Velho não será mais uma cidade suja e imunda. Durante a passagem de qualquer agremiação carnavalesca, sacos de plástico serão distribuídos para que não se sujem as ruas. Os brincantes não mais jogarão detritos nas calçadas. Após a passagem dos blocos as ruas continuarão limpas e cheirosas. Brigas não haverá mais. A confraternização entre inimigos será rotina. E para o deleite de todos, mel e leite jorrarão das avenidas durante os festejos de Momo.
Em Porto Velho, até o rio Madeira dará uma trégua e não mais invadirá a cidade com suas águas pútridas. Ônibus para o campus não serão mais assaltados, a Unir finalmente terá um Hospital Universitário, o prefeito da capital não vai mais tirar férias depois de seis meses de trabalho, o João Paulo Segundo atenderá a todos como se fosse um “açougue” do Primeiro Mundo, os desfiles das escolas de samba de Porto Velho não serão mais adiados, a Constituição será trocada pela Bíblia, a Rua Medianeira não ficará mais alagada durante as chuvas, Rondônia não será mais confundida com Roraima e a TV Rondônia finalmente exibirá o Jornal Nacional ao vivo. O Carnaval e a Banda do Vai Quem Quer transformarão a sociedade para melhor. E como disse a minha amiga e jornalista Sandra Santos: “senhores, a crise no Brasil se encerra hoje, sexta-feira, dia 09/02 e só retornará ao meio dia da quarta-feira próxima”. Eu vou pra Banda. Vamos?




*É Professor em Porto Velho.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O Brasil que eu quero



O Brasil que eu quero


Professor Nazareno*
           

A Rede Globo de Televisão, a Vênus Platinada, lançou recentemente uma espécie de campanha para os brasileiros mandarem um vídeo de apenas 15 segundos que será publicado posteriormente falando sobre o futuro do país. “O Brasil que eu quero” é o mote da esdrúxula campanha global. Eu não vou mandar vídeo nenhum, mas a minha amiga a jornalista Luciana Oliveira fez uma gravação impagável que jamais será publicada. Não sei fazer vídeos, gosto apenas de escrever textos. E escrevendo direi à Globo e a quem tiver coragem de ler meus escritos qual o Brasil que eu quero e desejo para as futuras gerações. Para começo de conversa e plagiando a Luciana, quero também um Brasil sem a Rede Globo com a sua programação ridícula e alienante. Se puder, direi também qual a Rondônia e a Porto Velho que desejo para o futuro próximo.
Quero um Brasil onde juízes não recebam auxílio-moradia se residirem na mesma cidade em que trabalham. Um país onde todos sejam tratados de forma igualitária sem preconceitos e restrições. Nada de privilégios nem de profissionais recebendo fortunas do Estado. Todos devem receber o necessário para servir ao povo sofrido. Que tal um Brasil sem a maldita síndrome da Casa Grande e Senzala onde as operações contra a corrupção e desmandos dos políticos não sejam ideologizadas e que se aplique a lei doa a quem doer? Quero um Brasil sem Lula nem Bolsonaro, pois diz a História que o passado só se repete como farsa. Um país com uma mídia imparcial e menos golpista seria muito bom para todos. Apesar do controle remoto, uma televisão que não tivesse o BBB e as novelas talvez tivesse mais tempo para discutir coisas sérias.
Uma nação sem o futebol alienante e medíocre que temos seria também de muito bom grado. Os onze marmanjos ricos e milionários, que não representam a maioria dos brasileiros pobres e necessitados, jamais seriam endeusados e mimados como o são em um país sério e comprometido com todos seus cidadãos. Não seria nenhuma maluquice desejar uma derrota na próxima Copa do Mundo da Rússia. A repetição dos 7 X 1 me encheria de alegria e emoção e sei que muitos dos brasileiros também gostariam, embora não admitam. Na política, quase todos nós queremos governantes sérios e comprometidos com as necessidades de quem paga impostos. E como beber pinga e se drogar não é cultura, um país sem Carnaval e sem uma Banda sujando as ruas já emporcalhadas de uma cidade como Porto Velho seria algo muito bom para as pessoas.
Quero um Brasil sem Rondônia e sem Porto Velho onde seus políticos às vezes governam usando um blog e tiram férias com apenas seis meses de trabalho. Uma nação sem hospitais como o “campo de extermínio de pobres”, o João Paulo Segundo desta capital. Quero todas as cidades com mobilidade urbana. Uma nação sem mentiras e hipocrisias onde as pessoas pensassem, discutissem e tivessem leitura de mundo e participação nas decisões comuns a todos. Não há nenhum crime em se querer um lugar em que políticos ladrões jamais se reelegeriam para continuar a enganar o povo. Enfim, quem não quer um país com educação de qualidade? Eu quero. E sempre lutei por isso. Já pensou se todas as escolas públicas deste país fossem iguais ao Colégio João Bento de Porto Velho? Educação de tempo integral para todos os cidadãos é o mínimo que se pode desejar para este povo ignorante. Um problema: a Globo não vai ler o meu texto.




*É Professor em Porto Velho.