sábado, 16 de abril de 2011

Será que nós somos feios mesmo?


Negrito
Adônis não é rondoniense - Por Ricardo Augusto

Ah o brasil. Adoro esse país, se me permitem o comentário. É um dos poucos lugares onde falar o que pensa pode levar alguém à cadeia. Aparentemente, mentir ou omitir opiniões parece ser regra nesse país, e tais conceitos estão tão enraizados em nossa cultura que até nossos representantes possuem tais qualidades. Essa linha de pensamento é tão presente que afetou até nossas leis.
Nosso ordenamento jurídico, assim como os nossos representantes, é uma graça. A constituição é um exemplo disso, senão vejamos:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
Pra quem não entendeu, o parágrafo 1º do artigo 220 da magna carta nos diz que podemos falar o que pensamos desde que não sejam feridos os princípios constitucionais e que não sejam esquecidas todas as firulas ideológicas que tornam nossa lei maior tão bela no papel. O rol de incisos segue:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Após toda esta aula de direito (me perdoem, detesto a teoria e fico feliz que existam aqueles que toleram o estudo dela, pois se dependesse de mim não haveria progresso na área), eu me pergunto: é a liberdade de expressão em nosso país tão absoluta quanto os entusiastas da constituição de 88 afirmam?
Provavelmente não. O politicamente correto é regra aqui. Não posso falar nada de cunho racista, por exemplo, nem posso encorajar o terrorismo, entre outras coisas. Não que eu tenha pretensões de realizar uma seleção étnica (porque se falar “limpeza” serei sumariamente processado) ou pretenda explodir a assembléia legislativa, mas o que se pretende verificar aqui é que a liberdade de expressão brasileira é relativa.
Compare-se a constituição dos Estados Unidos: a primeira emenda, que é o dispositivo principal que rege o freedom of speech, diz que é permitida ao cidadão americano a livre expressão de todo e qualquer tipo de idéia. Simples assim. In verbis, temos o seguinte:
Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the free exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right of the people peaceably to assemble, and to petition the Government for a redress of grievances.
Adotada em Dezembro de 1791, em tradução livre a emenda diz o seguinte:
“O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, ou proibindo o livre exercício dos cultos; ou cerceando a liberdade de palavra, ou de imprensa, ou o direito do povo de se reunir pacificamente, e de dirigir ao Governo petições para a reparação de seus agravos.”
A liberdade de expressão e da escolha da religião é levada bastante a sério pelos americanos. Nas prisões, por exemplo, é obrigatório ter exemplares de todos os tipos de livros sagrados, desde bíblias cristãs até livros satânicos e manifestos de seitas neonazistas. Cultos e ideologias consideradas moralmente ofensivas também podem ser livremente discutidas, desde que não coloquem ninguém em risco real.
Não sei se o grau de desenvolvimento dos Estados Unidos tem algo a ver com a liberdade que eles têm de expressar o que pensam, mas posso garantir que me acharia retrógrado, quase um Neandertal, e teria vergonha se precisasse dizer a um americano que várias pessoas quiseram processar um artista de stand-up comedy por conta de uma piada. Naquelas terras fazer graça dos outros é absolutamente normal. Chris rock, comediante negro, fez sucesso e fortuna com um esquete de nome “as diferenças entre negros e pretos”. Outro humorista, Jeff Dunham, dedica em todos os shows um ato inteiro a um personagem mexicano, que faz piada do fato de ser um imigrante, e a um islâmico, que é terrorista.
As idiossincrasias que cada região tem é o que nos torna engraçados entre si. Seja o gaúcho homossexual, o nordestino cabeça-chata, os amapaenses que não existem, os cariocas malandros e tantos outros estereótipos, a graça da piada é a diferença. No brasil, esse tipo de humor seria automaticamente banido, moralmente e juridicamente. É bem possível que ainda não tenhamos a maturidade cultural suficiente para entender que uma piada é só uma piada, e não um insulto a toda nossa árvore genealógica.
Assim, graças as nossas mentes fechadas, nós ficamos garoteando com todos que falam mal de nossa gente, a exemplo do caso Rafinha Bastos versus Rondônia. Muito embora ele não tenha insultado uma raça em si, alguns alegam que ele ofendeu a honra dos rondonienses, ou seja, causou um dano moral a quem quer que tenha se ofendido. Detalhes jurídicos a parte, eu indago: Porque não podemos ser os feios? Que mal há nisso? Quantas vezes ouvi piadas de pessoas que estavam em aeroportos e sabiam que estavam na fila que ia para porto velho por conta da ‘beleza’ das pessoas? Sejamos francos, se Euclides da Cunha vivesse nas nossas terras, falaria coisa muito pior, a começar pela nossa mistura racial (eu, por exemplo, tenho sangue indígena, negro e branco).
Dar atenção a esse tipo de evento não é inteligente. É voltar aos tempos de colégio e esquecer que somos adultos. Não sigam o exemplo do nosso querido presidente da ordem dos advogados, não por conta das piadas sobre a sua profissão (que me renderiam processos, certamente), mas por uma questão de maturidade. Neste caso concreto, a constituição federal serve de escudo apenas para os oportunistas de plantão ou os que se ofendem com tudo. Deixemos de lado tudo isso, afinal de contas, todos sabem que o apelido que pega é aquele que nos irrita.
E aos que se sentiram genuinamente ofendidos, um lembrete: Rondônia não é terra de Adônis.

*bacharel, ocasionalmente dá aulas, raramente é técnico, e adepto da filosofia de que a sagacidade vence a inteligência, a exemplo do cantor tom Zé e a capa do disco “todos os olhos”

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quem é o Filho do Madeira? Quem quer me calar?



Será que “calaram” o Professor Nazareno? – Filho do Madeira*

Alinhar ao centro
Não sou do tipo preconceituoso, mas há certo tempo não vejo na mídia eletrônica daqui os textos do referido professor. Não que eu goste deles ou sinta tanta saudade assim. Aliás, odeio a sua escrita. Nunca me identifiquei com qualquer palavra escrita pelo mesmo. Não aprecio suas opiniões. Acho-as retrógradas, provocantes, encrenqueiras e totalmente fora de contexto.
Admito, no entanto, ter lido algumas de suas provocações. Dei-lhe a oportunidade de ver uns três textos seus. Mas do que isso, poderia me viciar. Poderia me “emputecer”, poderia me sentir humilhado e agredido. Mas nunca lhe fiz este favor. Sua verve nunca me convenceu. Ignorei o óbvio. Prá que dar importância a quem não tem? Jair Bolsonaro cresceu a semana passada justamente por isso. Opiniões ridículas crescem na importância indevida que lhes dão.
Conheço o dito cujo: pessoa boa, de idéias ruins. Sou rondoniense e refuto suas idéias não por isto, mas porque a indignação burra e míope dos que aqui nasceram deram-lhe o que ele queria e esperava: fama. Ainda que passageira e sem sentido, já que o diabo também tem fama, mas mora no inferno.
Dar-lhe razão não me dói. Sei que inferno é este em que ele me colocou. Num lugar melhor do que este (e há muitos, brasil e mundo afora), sua opinião seria ignorada, suas palavras ácidas e pestilentas seriam descartadas. Fora do brasil, seria simplesmente ignorado. Não teria vez. Seria um São João Batista pregando no deserto. Uma poeira ao vento, e só.
Nesta rondônia absurda, frágil, contagiada e infestada pela síndrome do vira-latas mais pulguento e sarnento que se conhece, suas idéias prosperaram e incomodaram. Falam da cultura daqui, ele a ataca. Falam dos “zeróis” daqui, ele não os vê. Falam das coisas boas que há aqui. Ele não acredita. O pôr-do-sol que só há aqui, ele nunca viu.
Do progresso das usinas, ele sempre duvidou. Do comodismo beiradeiro, ele riu e se aproveitou. Da ausência de comida típica, ele tripudiou. Com a falta de amor a uma rondônia casta e pura, ele brincou. Numa porto velho limpa, organizada e sem catinga, ele certamente nunca morou. Colecionou fotos de bichos mortos pelas valas e avenidas.
Vi que a minha terra não tem importância nenhuma, pois dar importância a quem não tem nos faz também sem importância. Rebater opiniões simplórias e sem sentido, nos faz também assim: ridículos, óbvios e rondonienses. E foi isso que sempre fizemos ao ler um texto assinado pelo “mestre danado”, o “Mainardi Karipuna”.
Mas matar-lhe fisicamente de nada adiantaria em nosso calvário diário. Tomar-lhe o emprego e nos condenar à dificuldade também de nada adiantará. Ele deve gostar de roberto sobrinho, o prefeito esperto dos viadutos inacabados. Ele deve gostar do confúcio, o governador dos pequenos reajustes. Gosta também da rebelião nas usinas. Calou-se até na chacina de Realengo. O brasil e rondônia estão melhor? Falará nas próximas queimadas por causa da sua assumida rinite alérgica?
As opiniões dele, porto velho e rondônia são o que ele mesmo sempre disse: a excrescência do nada. O que é excrescência? Mas que incomodou cupins, minhocas e toupeiras todos têm certeza. Devia ser-lhe dado espaço na mídia eletrônica mais uma vez. Muitos textos seriam criados para rebater os dele. E todos os leitores ganhariam outro ringue para ver a briga de opiniões. Só mesmo de opiniões. Nunca foi um anjo pornográfico, mas alguém que sente dificuldades de caminhar entre os humanos...
De Basinho a Sílvio Santos, do meu ex-professor Emanoel a Nelson Townes, de Rubens Nascimento a um tal de Jorge Santos, de Danilo Soares a Costa Brazil e de tantos que pregaram a censura contra ele: será que todos agora estão respirando aliviados? E se a opinião burra, tosca e ultrapassada dele voltar? O que faremos? Como calá-lo? Volte a escrever, professor Nazareno. Quero ver o prazer do seu vômito. Só pelo vômito mesmo. Ouvi dizer que o senhor era um “troll” abusado. Prove.

*Leitor assíduo de textos da internet, ex-aluno, rondoniense nativo, beiradeiro, troll, e apreciador das boas coisas da vida.

Texto retirado do site www.rondoniainfoco.com.br

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Somos vira-latas?

O Rondoniense e a Síndrome do Vira-latas


Ricardo Augusto*


Os moradores daqui desenvolveram uma variante pior da supracitada síndrome do underground: temos o terrível complexo de vira-latas, já mencionado pelo Anjo Pornográfico.

Certo dia em conversa com um amigo meu, iniciamos uma discussão acerca de determinada banda musical, sobre seus estilos e a sua evolução ao passar dos anos. Ao final do diálogo, concluímos que o grupo havia se tornado ruim, não por conta da música ter se deteriorado, ou dos novos membros não possuírem o talento necessário; ela havia cometido o pecado mortal de se tornar famosinha, e por conta disso seus novos seguidores não mereciam ouvir tal música.

Pra falar a verdade, provavelmente que todo brasileiro possui um pouco do que costuma se chamar de síndrome do underground. Tudo aquilo que se torna relevante pra um número maior de pessoas acaba incomodando os que originalmente tinham aquilo como algo interessante. O curioso é que esse comportamento social não acontece só no âmbito cultural, e porto velho é a prova cabal de que tal pensamento peculiar é comum também regionalmente falando. Rondônia sempre foi considerada (por seus moradores, claro) a jóia da Amazônia, uma cidade extremamente verde e de exuberância comparável somente aos cenários paradisíacos da nova Zelândia. Os moradores desse pedaço do Brasil costumam dizer que “lugar melhor não há” e, em particular os que moram em porto velho, que “quem bebe das águas do madeira não sai mais daqui”.

Pura tolice. Os moradores daqui desenvolveram uma variante pior da supracitada síndrome do underground: temos o terrível complexo de vira-latas, já mencionado pelo Anjo Pornográfico. Rondônia é bom justamente porque é ruim. Com a vinda das verbas do PAC veio a notoriedade que nós não queríamos; todos (inclusive nós mesmos) veriam nossas ruas esburacadas, os viadutos que não levam a lugar nenhum, que servem apenas como monumentos ao fracasso, e a maior concentração de bizarrices dos três poderes, no âmbito municipal, Estadual e Federal. O anonimato e a irrelevância no cenário nacional nos permitiam esquecer, digamos , do índice de desmatamento, que só em fevereiro de 2011, que atingiu quase 56% de toda a região amazônica.

Agora, com toda a mídia nacional olhando para nossas nucas, temos de agüentar o tempo inteiro os noticiários se horrorizarem com as condições desumanas de trabalho nas Usinas, ouvir especialistas dissertando acerca dos atritos entre os barrageiros e seus empregadores, que causam pesadelos a todo e qualquer analista/assessor de tribunal (que, sejamos francos, que é quem de fato acaba fazendo o trabalho dos juízes, procuradores e conselheiros). O Rondoniense médio se pergunta onde foi parar a beleza do rio madeira, das três caixas d’água e do céu, ‘sempre azul’ como diz nosso hino. Então, olha pra janela e vê que está tudo ali onde sempre esteve.

Natural que a reação de alguns seja “não sabem o que estão falando”, ou “se não gosta daqui vá embora”. Queremos continuar com aquele jeito mambembe de ex-território, sem ninguém falar que o lixo que nos cerca não cheira muito bem. Mal sabemos que quem vem de fora sabe exatamente o que está falando, e só não vai embora porque é mais fácil tirar o dinheiro do rondoniense porque ele se preocupa mais em reclamar. O que importa é que o progresso está chegando às mais longínquas partes do Brasil, e nessa longa estrada esburacada está o nosso estado. Não somos uma metrópole e não podemos pensar que num futuro próximo sejamos. Não sou muito otimista com relação ao progresso da região, por conta do problema que nenhum poder ou investimento pode consertar em curto prazo: o próprio rondoniense.



*bacharel, professor de inglês e matemática, técnico em informática nas horas vagas e adepto da filosofia de que quem faz de tudo um pouco não faz nada direito.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Estão destruindo Porto Velho e não fazemos nada...

Parabéns para nós que não fazemos nada!!

Não podemos aceitar o tratamento desrespeitoso a que está sendo submetida a nossa Capital, Porto Velho.



Hoje, gritamos. Chutamos a inércia. Acordamos para a consciência de que a inércia, às vezes, pode ser um movimento de profunda traição e abandono àquilo que amamos. Então, urge agir. Não podemos aceitar o tratamento desrespeitoso a que está sendo submetida a nossa Capital, Porto Velho.

Nós, comedores de Pimelodus spp, honrosamente chamado de mandi, e farinha, além de tantas outras iguarias portovelhenses, não pactuamos com o estado de coisas que assolam este território do Madeira. Aliás, umas das paisagens mais lindas do Brasil.

Quando visitou Porto Velho, Drummond nos disse que tinha um buraco no meio do caminho e que no meio do caminho tinha um buraco. Na nossa ignorância, não percebemos a mensagem que o Poeta de Itabira havia nos deixado. Só nos lembramos dele quando tivemos o dissabor de arrebentar a junta homocinética nos tantos buracos que estão distribuídos por quase todos as nossas ruas. Assim, vivemos a ironia do homem enganado: pagamos tributos para ter uma rua sem buracos e, por causa de cem buracos na rua, pagamos mais ao consertar nosso transporte.

Mas não vimos para falar apenas dos buracos. Até porque o que é notório não precisa de muitas palavras para ser compreendido: o saudoso Porto do Velho se tornou um manancial de mazelas. Por ora, indagamos por que nossa Capital é forte candidata a ganhar o título de campeã de obras inacabadas.

O trecho entre a Av. Caúla e Av. Guaporé demorou mais de três anos para ser transitável e não vemos nada que possa dizer que algo lá foi feito. Não há placas, não há faixas na rua. O trevo é um monte de terra, mato e um ferro ao centro. A feiúra só não é maior porque Macunaíma já levou essa honraria.

Visitamos a “Praça do Baú”, no coração de Porto Velho, a qual passou mais de ano em reforma, e constatamos que não existe de fato uma praça visitável. O chafariz se tornou uma fonte de lodo e podridão. Apenas um peixe suicida ou condenado à pena de morte seria capaz de lá residir. Como podemos levar os filhos para passear num lugar desses? E a reforma? Será que, quando falou em “reforma”, Lutero pensou em outra coisa que não fosse melhoria de uma situação? Será que reforma agora é fazer uma não-forma-do-mesmo? E essa constante se aplica a todas aos outros locais em que se fizeram reforma nesta paragem Karipuna.

Os viadutos que seriam, sem dúvida, o cartão postal de qualquer cidade, no nosso caso, se tornaram uma máquina de tortura kafkiana. E todo mundo, sem sabe o porquê, é diuturnamente constrangido a ficar por horas preso no trânsito contemplando a causa da tortura: uma obra que aparenta já estar concluída. E vamos para o inexorável: uma obra fundamental para tráfego de Porto Velho que vai ser concluída nas calendas gregas (dia de São Nunca), por si só, demonstra o desrespeito com o cidadão.

De outro lado, não podemos concluir, pelos simples fato de as obras de Porto Velho amarem a inconclusão, que amamos o sofrimento. Toda forma de tortura merece repúdio.

No caso específico dos viadutos, talvez digam que a chuva ou as desapropriações estão atravancando o caminho. Mas há de pensar que a engenharia permite a construção de pontes quilométricas sobre o mar e, nesse processo, em momento algum é preciso secá-lo. Parece óbvio. Por isso cremos que alguém está vendo demais ou somos todos cegos. Quanto às desapropriações, não há dúvida de que o interesse público transcende qualquer interesse individual e que as indenizações pelo Poder Público têm a finalidade de compor eventuais prejuízos. Assim, esses viadutos não podem durar uma existência para serem concluídos. Ou pensam que passaremos a ser passarinhos para trafegar naqueles entroncamentos.

E pior. Talvez passaremos pela vergonhosa situação de ver o Japão (país devastado por inúmeros terremotos, inclusive seguidos de tsunami), em pouco mais de um ano, ser totalmente reconstruído, enquanto isso, na Terra banhada pelo Madeira, algumas poucas obras não conseguem chegar ao término.

Não precisamos, se for o caso, ir longe. Basta olharmos um pouco para a Capital vizinha (Rio Branco) que em pouco mais de um ano construiu uma terceira margem para o tráfego daquela localidade. Uma vasta pista com uma pomposa ponte, digna de foto e tudo mais. Já por estes rincões, a foto no viaduto parece que quer aguardar mais.

Contudo, nós não podemos mais aguardar na dor esse porvir torturante. As obras são inacabadas, além de outros motivos, porque nós nos tornamos meros espectadores do inconcluso e do mal trato com nossa cidade. Porto Velho não podemos mais ficar na inércia a pactuar com o trottoir do descaso que paulatinamente está destruindo esta cidade. Um cenário dantesco que, por mais que se mostre grandioso nos efeitos negativos, jamais será maior que o retumbante amor que temos por esta Capital. E o nosso grito não é para que Porto Velho se torne uma Pasárgada ou uma terra com macieiras da Califórnia. A foz é ontologicamente outra: Porto Velho não pode continuar a ser a capital mais feia do Brasil. Acreditamos que a riqueza humana e material que permeiam esta terra deve refletir umbilicalmente no trato da nossa cidade. E isso é uma função de todos.

Também registramos, de forma contundente, que a nossa única bandeira é Porto Velho, sem qualquer titubeação político-partidária. Por isso, não queremos atirar pedra em nenhuma Geni. A responsabilidade por esta cidade não é do Chapolin ou do Policarpo Quaresma: é nossa.


Queremos Porto Velho melhor para nós e para nossos filhos; e, por isso, lutaremos.

Eis a nossa indignação.

Ação Popular: Respeitem Porto Velho!

Matéria copiada dos sites www.tudorondonia.com.br e www.rondoniaovivo.com.br no dia 04 de abril de 2011.

Dizeres da faixa: "O Japão, após os terremotos, ficará pronto em um ano. E os nossos viadutos? Que vergonha!!!"