segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Os Estados Unidos do Brasil


Os Estados Unidos do Brasil

 

Professor Nazareno*

 

            Os países não têm amigos nem inimigos. Os países têm interesses”. Essa frase antológica do ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill dá a dimensão exata do que está acontecendo hoje nas relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos. De um lado, está o polêmico presidente norte-americano, Donald Trump, republicano e expoente maior da extrema-direita mundial e do outro está o presidente do Brasil, o ex-metalúrgico, petista e socialista Luiz Inácio Lula da Silva. O Trump está governando o seu país pela segunda e última vez. Já Lula governa o Brasil pela terceira vez e segundo pesquisas divulgadas recentemente está cotadíssimo para ser reeleito no próximo ano. Muito mais do que a dicotomia entre direita e esquerda, os dois mandatários reúnem-se “para aparar arestas” impostas pelos EUA com relação às tarifas comerciais.

            Os Estados Unidos são hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil perdendo somente para a China. O nosso país, por sua vez, tem hoje um déficit comercial com os norte-americanos, que impuseram tarifas de até cinquenta por cento em muitos produtos brasileiros, inviabilizado dessa forma a normalização comercial entre as duas maiores democracias do mundo ocidental. Donald Trump pode ter imposto essas tarifas levando em consideração “alguns problemas internos” do Brasil, principalmente na área política. O julgamento e a já certa prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro é uma dessas questões internas. Ignorando a soberania brasileira, o presidente dos Estados Unidos tentou reverter algumas decisões do Supremo Tribunal Federal do Brasil em relação a algumas dessas questões. Trump não percebeu, mas pode ter dado um tiro no próprio pé.

            O Brasil é atualmente, ao lado dos Estados Unidos e da China comunista, um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Por isso, algumas tarifas impostas de forma unilateral, fizeram encarecer alguns produtos lá no mercado norte-americano. Há boatos de que a carne bovina, por exemplo, subiu em alguns estados americanos mais de 40% e o café também experimentou uma alta significativa. Muitos produtos exportados pelo Brasil para os EUA não têm mais condições de aguentar uma tarifa tão elevada. A saída foi buscar novos mercados como o Sudeste Asiático. E é exatamente o que o presidente Lula buscou fazer em sua recente visita àquela região. Vietnã, Indonésia, Malásia e a própria China sempre estiveram interessados nos produtos brasileiros. “Exportar sem as tarifas é um presente que nos caiu do céu”, disse um importante embaixador do Brasil.

            E Trump sentiu o baque nas bobagens que fez. Por isso, elogiou o discurso de Lula na ONU, tomou a iniciativa de ligar para o petista e mais recentemente concordou em se reunir com o nosso presidente esquerdista. O antes arrogante e prepotente Donald Trump pode ter entendido a máxima “rei morto, rei posto”. Assim, deve aceitar sem problemas a prisão de Bolsonaro e quem sabe até expulsar dos Estados Unidos os traidores da pátria Eduardo Bolsonaro e Paulo Renato Figueiredo, dentre mais alguns outros “patriotas de mentirinha”. O presidente norte-americano não gosta do Brasil e nem de Lula ou de Bolsonaro. Ele deve gostar dos Estados Unidos e do povo norte-americano. “Mas se sancionar o Brasil está dando problemas para eles, todas as tarifas devem ser retiradas imediatamente”, é o raciocínio mais elementar possível. Com relação a Lula, percebe-se que o maior cabo eleitoral do petista é o próprio filho do Bolsonaro. E o Trump também!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.



segunda-feira, 20 de outubro de 2025

E Porto Velho não alaga mais...

E Porto Velho não alaga mais...

 

Professor Nazareno*

 

            Está fazendo quase um ano que o senhor Leonardo Barreto se elegeu prefeito de Porto Velho depois que “dançou” freneticamente em uma poça de água da chuva lá no encontro das ruas Rio de Janeiro e Guaporé, próximas à zona leste da capital mais suja e imunda do país. Essa dança aconteceu na noite anterior às eleições que colocaram este paranaense de Foz do Iguaçu à frente da administração da cidade. Barreto foi eleito prometendo tirar Porto Velho das últimas colocações em IDH dentre as capitais do país. Um ano já se passou e até agora os habitantes locais continuam “bebendo água de bosta”, como observou uma das candidatas naquela campanha eleitoral. Há um ano, a capital tinha apenas 2,8 por cento de saneamento básico e 34 por cento de água encanada, apesar de ser banhada pelo enorme rio Madeira, um dos maiores rios do mundo de água potável.

            Dizer que Porto Velho já não alaga mais, é uma maneira que parte da mídia encontrou para adular o novo prefeito. Há, sim, ainda muitas áreas sensíveis que alagam com uma chuva mais intensa. Principalmente nas periferias da problemática cidade. O problema não foi resolvido. Hoje, a capital dos rondonienses ainda continua com os mesmos 2,8 de saneamento básico e quem quiser beber água por aqui tem que se valer dos poços cavados ao lado de fossas sépticas. Bosta líquida em fartura. Muito diferente de Foz do Iguaçu, Maringá e algumas outras cidades limpas, asseadas e com um IDH de fazer inveja a cidades do Primeiro Mundo.  Mas não sejamos tão injustos assim: a sujeira da cidade até que diminuiu um pouco. Mas só onde a vista alcança. Limpa-se em cima das ruas, mas a falta de esgotos encobre a sujeira e as estatísticas sobre qualidade de vida.

            Sem saneamento básico, Porto Velho jamais será uma cidade limpa. Além do mais, aqui nós temos ainda o “açougue” João Paulo Segundo, que faz as vezes de hospital de pronto-socorro envergonhando a todos os munícipes, apesar de que fazer um bom hospital não seja uma das atribuições do falante e “influencer” prefeito Barreto. Mas por que não se fala em construir um pronto-socorro municipal? Falemos também da falta de um porto decente no rio Madeira. Ir a Calama e a outros distritos do baixo Madeira é um sacrifício enorme. Não há porto rampeado e por isso tem-se que descer dezenas de degraus inseguros num barranco escorregadio e íngreme. Uma verdadeira via-crúcis. O prefeito não viu isso ainda? Por que o porto rampeado, doado pela Santo Antônio Energia, e que funcionou muito bem durante uns dois anos, tem que ser administrado por Manaus?

            Leonardo Barreto tem só um ano administrando a “currutela fedida”, dizem os seus defensores, mas os problemas são tantos e tão urgentes que precisavam ser atacados de imediato. Trazer Joelma para cantar e divertir seus admiradores e fãs não vai mudar em nada a realidade de ninguém. Nem trazer limpeza nas vias públicas. Porto Velho precisa de trabalhos sérios na sua infraestrutura e não só de “pão e circo”. Uma cidade violenta, sem árvores e com pouca ou nenhuma mobilidade urbana precisa deslanchar o mais rápido possível. Aqui até os voos no acanhado aeroporto local são escassos e também caríssimos. Outra vergonha absurda: pessoas viajam para Rio Branco e para Cuiabá se quiserem voos mais baratos. E os 200 milhões do Novo PAC? Dentre as 100 maiores cidades do Brasil, em 2025 somos a última em IDH, mas subimos uma posição em IPS, Índice de Progresso Social. Só ganhamos de Macapá. Coitados dos amapaenses!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Brasil: governos contra o povo

Brasil: governos contra o povo

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil tem exatos 525 anos de existência. De Pedro Álvares Cabral até Lula-3, jamais teve um governo que realmente governasse para o bem coletivo de todos os habitantes da nação. Nem de direita nem de esquerda. No período colonial, passando pelo Império e desembocando nas Repúblicas de Deodoro, Vargas e até hoje mesmo todos os governantes, sem exceção, só trabalharam para carrear o dinheiro do nosso trabalho e dos nossos impostos para a elite rica e abastada. O dinheiro e também mais privilégios. Desde a longínqua década de 1970 do século passado que o Brasil figura entre as dez maiores potências econômicas da atualidade, mas o IDH, que mede a qualidade de vida do povo, está beirando a 90ª posição. Somos hoje um dos países mais desiguais do mundo. A fome, a miséria e as dificuldades sempre foram aliadas de nossa gente pobre. Mas os ricos riem.

            Na verdade, os ricos brasileiros sempre riram e sempre moraram na Casa Grande, enquanto os pobres ficaram na Senzala e de lá não conseguem sair. Esses poucos ricos não sabem o que é fome, dificuldades e nem falta de dinheiro. A grande maioria da nossa população vive como nos países miseráveis da África Subsaariana. E essa triste realidade se espalha pelas 27 unidades da federação e pelos 5.570 municípios. Todos os poderes da nação sempre só trabalharam e ainda hoje só trabalham para enriquecer ainda mais os ricos e empobrecer quem sempre foi pobre, miserável e desassistido. Tolice achar que a esquerda luta e defende os pobres. Talvez ela faça uma “coisinha” a mais aqui e outra ali e dê mais “esmolas” do que a direita, geralmente rica e abastada. São elas a mesma coisa.

No Brasil, de um modo geral, todos os governos de direita e de extrema-direita não gostam dos pobres, enquanto os governos de esquerda mantêm a pobreza para que ela, a esquerda, possa continuar no poder. Alguém já viu um ministro de Estado ou uma alta autoridade, de qualquer governo nestes 525 anos, que já passou fome e dificuldades, por exemplo? Os três poderes têm autonomia e independência para governar melhor a nação. Mas são elitistas e ricos. No Judiciário, o Código Penal, o Código Civil e até a própria Constituição do país são armadilhas criadas só para punir o pobre. Vejam o 8 de janeiro, em que vândalos pobres depredaram os três poderes da nação. Até agora só os pobres foram julgados e muitos deles já estão presos. Qual o cidadão rico, que participou daquela infâmia, que está atrás das grades? E nem sequer os que incentivaram a baderna.

Já o Poder Legislativo, em todas as suas instâncias e jurisdições, é a caricatura mais debochada e diabólica de perseguição a todos os miseráveis espalhados pelo país. Se o Executivo usa o pobre para chegar ao poder e o Judiciário “se esquece” de punir os ricos e castiga praticamente só a população carente, o Poder Legislativo rouba na maior “cara de pau” tudo que o pobre produz para a nação. Privilégios? Somente para os legisladores do país. São rachadinhas, são desvios de emendas, são salários astronômicos, criação de leis absurdas e imorais, como a “PEC da Bandidagem”, e uma infinidade de outras falcatruas e privilégios que eles criam só para eles. Pior: somos nós, os pobres e miseráveis, que nas eleições colocamos todos os legisladores e todas as autoridades no poder. Vivemos eternamente a Casa Grande e Senzala e humilhados por quem devia nos defender. Por tudo isso “todo cidadão honesto devia se envergonhar do governo que tem”.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Tarcísio “enterra” o bolsonarismo

Tarcísio “enterra” o bolsonarismo

 

Professor Nazareno*

 

            Tarcísio de Freitas é um político carioca, mas no momento governa o Estado de São Paulo. É atualmente um cidadão da extrema-direita reacionária e bolsonarista de carteirinha. Talvez por isso, seus métodos e suas falas parecem ser iguais ao de seu guru, o “Mito” Jair Bolsonaro, ex-presidente que está inelegível e que recentemente foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a mais de 27 anos de cadeia por tentativa de golpe de Estado. Todos os seus asseclas e cúmplices na fracassada empreitada também foram condenados e todos devem, antes do final do ano, serem presos. Durante a pandemia da Covid-19, o ex-presidente debochou dos milhares de mortos pela doença, imitou pessoas com falta de ar e disse a icônica frase: “eu não sou coveiro” quando um seu seguidor falou que os mortos pela doença já estavam superando os números da China.

            Com o seu negacionismo inconsequente e leviano, Bolsonaro pode ter sido o maior responsável pela propagação da doença em nosso país e também pela morte de mais de 700 mil cidadãos brasileiros ao negar a compra da vacina. Até agora, nada pagou por esta tragédia anunciada. E pior: deixou seguidores. Com o problema da intoxicação pelo Metanol no Brasil de 2025, principalmente na cidade de São Paulo, onde mais de 15 mortes já foram registradas, Tarcísio de Freiras, o insensível governador bolsonarista, deu uma entrevista e disse a seguinte monstruosidade: “no dia em que começarem a falsificar a Coca-Cola eu vou me preocupar”. Ou seja, ele não está preocupado com os, até agora, 15 mortos e mais de 200 intoxicados. Tarcísio de Freitas quer se candidatar à Presidência da República usando os mesmos métodos do ex-presidente, já derrotado no voto em 2022.

            Cansados da polarização na política, os eleitores brasileiros, de um modo geral, derrotaram Jair Bolsonaro nas urnas e esperam, a partir disso, que os futuros governantes fiquem longe da maléfica dicotomia ideológica direita X esquerda e governem para o bem de todos. Jair Bolsonaro não perdeu para o Lula em 2022. Ele perdeu para ele mesmo. Perdeu para a sua arrogância e para a insensibilidade que demonstrou com os governados. Condenado, dificilmente será preso e encarcerado. Hoje ele está em prisão domiciliar gozando de todos os privilégios em sua mansão com direito a todo o conforto que um ex-presidente pode usufruir. E ainda se fala que ele estaria sendo torturado. Só que essa “tortura” permite que ele tenha ar-condicionado até nos banheiros, banhos de piscina, segurança armada, comidas no iFood, televisão com mil canais e até colchão ortopédico.

            A monstruosidade da fala do governador de São Paulo sobre os mortos pelo uso do Metanol pode ter dado o tiro de misericórdia no bolsonarismo mau, arrogante e negacionista, assim como a possível aproximação dos presidentes Donald Trump e Lula em recente telefonema entre os dois mandatários. O excelente discurso do presidente do Brasil na última abertura da Assembleia Geral da ONU parece que também jogou um balde de água fria nas pretensões da extrema-direita reacionária em governar o Brasil pelos próximos quatro anos. Isso para não falar na aprovação na Câmara dos Deputados da PEC da Blindagem também jocosamente conhecida como a PEC da Bandidagem, em que a extrema-direita, com a ajuda de 12 votos de parlamentares petistas, votou em massa para aprovar a excrescência política. Meio milhão saíram às ruas e enterraram qualquer manobra. O Brasil não vai para a esquerda como muitos pensam. Só quer ética.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Porto Velho sem parabéns!

Porto Velho sem parabéns!

 

Professor Nazareno*

 

            Hoje, dia 2 de outubro, Porto Velho, a eterna e inabitável “Capital de Roraima”, está incrivelmente completando 111 anos de existência. Apesar das festas programadas, não há absolutamente nada para se comemorar na cidade mais porca, fedida, imunda e sebosa do Brasil. Dentre as 27 capitais do país, a “cidade das hidrelétricas” ostenta o último lugar em saneamento básico e em água tratada. Aqui se convive com menos de três por cento de esgotos sanitários e menos de 40 % de água encanada. Com mais de um século de sujeira e de desorganização, o lugar é uma curva de rio que nem de longe pode ser comparado a algumas cidades localizadas no sul e no sudeste do Brasil. A “capital do descaso” sempre foi mal administrada e por isso apresenta deficiências em quase todos os setores urbanos. Nunca, nenhum prefeito lhe deu ou lhe fez qualquer uma benfeitoria.

Só que além de suja, esquecida, distante, pobre e lodosa, Porto Velho também é muito brega. Seria, afinal de contas, uma cidade do “Brasil do Norte”, como disse Paulo Bilynskyj, deputado federal bolsonarista pelo PL de São Paulo. Ideologicamente é uma cidade estranha, totalmente fora de contexto, pois quase 70 por cento de seus eleitores apesar de serem pobres e miseráveis, são da extrema-direita que só elegem candidatos conservadores e reacionários. Aqui não há festa do padroeiro e as comemorações festivas acontecem geralmente fora de época. Agora mesmo, o dia 2 de outubro terá o feriado adiado para o dia seguinte somente por ser uma sexta-feira. Até as próprias autoridades locais muitas vezes não se interessam muito pela data de criação do município. O 4 de janeiro, por exemplo, que é uma data do Estado, já foi mudado várias vezes. Um absurdo!

O mesmo acontece como o arraial Flor do Maracujá. Uma festa junina sem santo, mal feita, sem nenhum sentido e que nunca teve data certa para acontecer na cidade. A breguice crônica de Porto Velho está também nas festas que a cidade tenta promover. Para esses 111 anos de aniversário estão dizendo que a Maria Fumaça, uma locomotiva velha, obsoleta, cheia de ferrugem, imprestável e ultrapassada vai dar o ar da graça. A festa matuta terá também um bolo com 111 metros de tamanho. Quanta criatividade, meu Deus! Quanta inovação na “cidade sebenta!. A breguice porto-velhense só não é maior do que a apresentação de uma cantora que foi escolhida a dedo para divertir a todos com suas músicas igualmente bregas e cafonas. Teremos festa na roça de novo. Deve ser a festa de aniversário mais bizarra já vista. Roberto, Caetano, Gil, Chico nunca viriam aqui.

Fala-se que o governo Lula, por meio do PAC 2, estará mandando mais de 200 milhões de reais para arrumar a cidade. Tomara que o prefeito “influencer” Léo Moraes faça alguma coisa com toda essa grana. Espera-se que ele construa pelo menos alguns centímetros a mais de saneamento básico e aumente um pouco o número de pessoas beneficiadas com água tratada. Em Porto Velho quase ninguém bebe água da torneira, coisa até normal em muitas outras cidades do país. Mauro Nazif fez um inesquecível Natal com pneus velhos envergonhando a todos os munícipes. Hildon Chaves disse que ia beijar, abraçar e acariciar a cidade. Não teve coragem. Já o atual prefeito, praticamente se elegeu por que “dançou” numa poça de lama lá na rua Guaporé com a Rio de Janeiro antes das eleições. Porto Velho é uma prostituta velha e abandonada, uma capital sem eira nem beira, uma currutela fedida. Parabéns, nada! Meus pêsames! Pena de seus moradores!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.