domingo, 1 de janeiro de 2023

Não roube (muito), Lula!

Não roube (muito), Lula!

 

Professor Nazareno*

 

            Não há o que se discutir: Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito em 2022, de forma transparente, pela terceira vez presidente do Brasil. Agora com mais de 60 milhões de votos no segundo turno. Ex-metalúrgico de São Paulo, mas com raízes nordestinas, Lula já governou o Brasil por duas vezes consecutivas. O primeiro mandato foi entre 2003 e 2006 e o segundo foi entre 2007 e 2010. E nas duas administrações, os escândalos de corrupção do seu governo se tornaram algo banal entre os brasileiros. O mensalão foi a marca maior do primeiro mandato, enquanto o petrolão “adornou” as manchetes diárias no segundo mandato. Os dois casos, no entanto, não atrapalharam em nada as pretensões políticas do primeiro governo de esquerda que o Brasil teve. Lula não só foi reeleito como também conseguiu eleger tranquilamente Dilma Rousseff em 2010 e reelegê-la em 2014.

            Apesar de não ser um principiante na administração do país, Lula aparece outra vez como uma nova esperança para muitos brasileiros. Ele teve o crédito de, dessa vez, derrotar o Fascismo bolsonarista e livrar o Brasil de uma longa noite que durou quatro anos de ataques à democracia, às instituições e ao bom senso. E mesmo tendo sido eleito com uma diferença muito pequena de votos, menos de dois por cento em relação ao seu adversário, o ex-metalúrgico vai precisar trabalhar de maneira bem diferente do que fez nos seus mandatos anteriores. Isso se não quiser a volta do obscurantismo, da devastação do meio ambiente e de tudo de ruim que o país passou no último governo. Se não fizer as coisas direito, em 2026 o Fascismo voltará com mais força ainda. Em primeiro lugar, Lula não devia roubar e “nem deixar roubar” nesse seu atual governo como já aconteceu antes.

            Depois, não pode falar em herança maldita. Afirmar que o governo anterior deixou o país em frangalhos, não cola mais. No Brasil, de um modo geral todos os governantes assim que assumem o poder, colocam logo culpas no seu antecessor. Ora, quando eram candidatos todos sabiam de cor e salteado como o país estava sendo governado. Portanto, já deviam estar preparados para resolver todos os problemas herdados. Assim, nada de desculpas esfarrapadas. Além do mais, Lula não roubando e nem deixando roubar um só centavo de dinheiro público, pode até sobrar alguns recursos, já que o Brasil é um dos países mais ricos do mundo. Investir em educação de qualidade, combater a desigualdade social, acabar com a fome, taxar as grandes fortunas, implantar o Socialismo e não fazer acordos espúrios com o Centrão nem com parlamentares ladrões já seria um bom começo.

            O novo governo deveria também acabar com o latifúndio improdutivo, o garimpo ilegal, a especulação financeira e as agressões à natureza. O Brasil precisa urgentemente deixar de ser um pária internacional e se inserir na nova ordem mundial. Os “patriotários” precisam também sair imediatamente da frente dos quartéis e começarem a fazer oposição séria e responsável ao novo governo. Aceitar a derrota é uma das principais características de toda democracia. Sendo bem vigiados, Lula, o PT e seus aliados não vão roubar (tanto) como fizeram anteriormente. O pior é que assim como o Bolsonaro, Lula pode ser apenas mais uma marionete nas mãos da elite nacional, que sempre ditou as regras do jogo. E certamente ele já o foi, pois os banqueiros, por exemplo, nunca ganharam tanto dinheiro dos brasileiros como nos governos petistas. E também o agronegócio, as empreiteiras, doleiros, especuladores. Se roubar, Lula devia roubar menos. Roubando muito seria pego.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho*



 

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