domingo, 17 de janeiro de 2021

E se fossem pedaladas fiscais?

E se fossem pedaladas fiscais?

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil vive momentos dramáticos com a pandemia da Covid-19. Fala-se em uma segunda onda mais letal e mais transmissível do que a primeira ocorrida no início do ano passado. O aumento assustador de casos e de mortes se verifica em todas as unidades da Federação. Na cidade de Manaus no Amazonas, por exemplo, pacientes estão morrendo às centenas. Cemitérios da cidade já não estão mais dando conta de tantos enterros diários. A falta de oxigênio nos principais hospitais da capital faz com que os amazonenses morram asfixiados como nos campos de concentração nazistas sem que o poder público faça algo para estancar o sofrimento dos manauaras. No interior de Rondônia, as UTI’s das maiores cidades estão lotadas. A capital e outros municípios do Estado decretam Lockdown para tentar conter o vírus. Por todo o país o caos é iminente.

            Não há relatos de um só Estado ou grande cidade do país em que a situação esteja sob controle. Falta de vagas em hospitais particulares e públicos, dor, choro, agonia, sofrimento, falta de esperança da população em dias melhores. Enquanto isso, todas as instâncias do Poder Público parecem estar fazendo “ouvido de mercador”. Com exceção do Amazonas, o ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, foi realizado em quase todos os municípios do país como se não houvesse pandemia. Fala-se também que o aumento dos infectados se deu por conta das festas de fim de ano. E as eleições com dois turnos? Durante o último pleito as aglomerações aconteceram de forma até natural. Além disso, o ajuntamento de pessoas foi uma cruel rotina. Poucos abriram mão de suas férias. Postar fotos nas redes sociais em praias e balneários foi uma constante.

            Lamentavelmente muitos brasileiros, principalmente os mais pobres, estão jogados à própria sorte durante esta terrível pandemia. E muitos ainda vão morrer por causa do já esperado descaso dos governos municipal, estadual e federal. Não há oxigênio, não há vacinas e também não há governo que os ampare. Mais um fiasco do “desgoverno” Bolsonaro: até os dois milhões de doses da vacina de Oxford que seriam entregues pela Índia foram adiados. Parece que os indianos agora só vão entregar no dia “D” e na hora “H”. E nada de procurar desculpas e dizer que o STF proibiu o “Bozo” de agir durante esta crise sanitária. O governo federal é coordenador do sistema federal de Saúde, o SUS, do Plano Nacional de Imunização, o PNI. Tem autoridade para fazer compras centralizadas e procurar sempre os melhores preços. Mas nada fez e nem faz.

Sem nenhum impedimento por parte do STF, Brasília pode fazer pesquisas e consolidar os dados nacionais sobre a doença. Junto com os secretários de saúde, analisar o mapa nacional da doença, seu movimento de difusão, sugerir e tomar providências, fazer campanhas nacionais de esclarecimento e educação sanitária. A única autonomia que o Supremo reconheceu aos Estados e municípios foi somente sobre a decisão de autorizar, abrir ou fechar atividades comerciais e de serviços dentro desses próprios estados e municípios. Estamos em um estado de guerra e não temos Exército nem munição para enfrentar o inimigo. Cadê os políticos? Por que foram tão rápidos para cassar a ex-presidente e calam agora? Ainda bem” que toda essa angústia é “apenas” um genocídio com cidadãos morrendo asfixiados, sem ar. Mas tudo poderia ser bem pior: já pensou se o presidente Bolsonaro tivesse realizado as pedaladas fiscais?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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