segunda-feira, 17 de abril de 2017

Deus, o Diabo e o Brasil


Deus, o Diabo e o Brasil

Professor Nazareno*

            Conta a História que Deus, cansado de tanto ver os políticos brasileiros pedirem votos em Seu nome, teria proposto um pacto com o Satanás. O Todo Poderoso também não estava muito satisfeito com os empresários do país que, segundo Ele, estavam distribuindo propinas para toda a classe dirigente para garantir os destinos da nação. O pacto era simples: Deus, por um bom tempo, saía de cena e não se incomodaria com os brasileiros e o Cramunhão passava a nos comandar e com isso, claro, ficaria depois com a maioria das almas verde-amarelas. Como era tinhoso, o Cão deu poderes a todos. Do PT ao PSDB passando obviamente pelo PMDB. Todos os políticos e dirigentes receberam aval para enganar o povo e lhe subtrair seus caros impostos. Militares, CUT, a mídia e até parte da Justiça, todos teriam poderes para surrupiar os incautos e idiotas.
            Mas Deus tinha que anestesiar os roubados, os humilhados. E assim foi feito, pois o “Senhor dos Senhores” estava cansado dos brasileiros e queria férias. A partir de então ninguém reclamaria de nada mesmo sabendo que seria enganado, vilipendiado. O Onipresente teria colocado na água uma substância que ao ser ingerida transformava inconformados em verdadeiras ovelhinhas. Mas o Pé Rachado quase bota tudo a perder quando permitiu na maior cara de pau aqueles 7 X 1 no futebol. Anestesiada, a população do país trabalharia como camelo para sustentar as classes política e empresarial. Não faltaria Carnaval nem futebol. Deus criou Banda do Vai Quem Quer, blocos carnavalescos, escolas de samba e muitos times de futebol. Os mais populares seriam campeões. A felicidade reinaria e a população alegre se divertiria como nunca.
            Políticos e empresários se danaram a roubar feito rato catita. Roubaram a previdência, os bancos públicos, as instituições, os hospitais e até as escolas. Quebraram Estados e municípios. Levaram dinheiro de hidrelétricas, de construções de estradas, metrô, dos salários dos funcionários. Redes de esgoto e saneamento básico não foram construídas nas grandes cidades só para desviar verbas para as contas dos felizes administradores públicos. A mídia sabia de tudo, claro, mas ficava calada enquanto a felicidade reinava entre o alegre povo, que se divertia adoidado indo aos estádios e pulando carnaval. Com Deus de férias e o Diabo à frente dos negócios protegendo os salafrários, a devassa ao Erário se deu de forma assombrosa. Até a carne consumida nos churrascos ficou podre e imprópria para o consumo humano. Mas ninguém reclamava.
            Em Rondônia, província pobre, distante e atrasada a roubalheira também virou rotina. E qual o problema? Basta dizer ao povo do lugar que ele é honesto, probo e trabalhador. Todos vão acreditar na lorota e, claro, continuar votando e elegendo ladrões como se fosse a coisa mais normal do mundo. O Coisa Ruim não queria, mas foi convencido de que se cidadãos religiosos fossem candidatos, os votos chegariam aos montes e bovinamente se aumentaria o rol da patifaria. “Vote no pastor ou padre e ganhe um terreno no céu”, era o slogan mais conhecido durante o pleito. O Belzebu permitiu até traficantes de drogas bancando eleições. Judeus, muçulmanos, hindus, cristãos e todas as outras denominações também receberam propina. Já há relatos de que Deus quando voltar de suas férias, não quer mais administrar o país. E o capeta também não quer, pois alega que foi corrompido e subornado pelos nossos políticos. E agora?





*É Professor em Porto Velho.

Um comentário:

professorevairnunes disse...

não existe classe política na definição marxista de classe! A classe dirigente do país são os empresários os capitalistas.Os administradores públicos, os políticos(?) não são classe dirigente, eles administram em nome dela, ora com mais ora com menos concessões às classes dirigidas! Também creio que é exagero dizer da CUT como aproveitadora dos impostos, pois é uma entidade que sempre lutou por uma reforma tributária progressiva. Seu texto é uma alegoria interessante, mas eivado de erros sociológicos! #foraBolsonaroESeuBandoDeCriminososECorruptos