domingo, 6 de novembro de 2022

Bolsonaro não perdeu para Lula

Bolsonaro não perdeu para Lula

 

Professor Nazareno*

 

            Passadas as eleições presidenciais no Brasil em 2022, a ideia que se tem é que o atual presidente do país, Jair Messias Bolsonaro, foi severamente derrotado pelas urnas. Ledo engano! Claro que o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva foi o vitorioso, digamos assim, do jogo final. Só isso! Mas convenhamos que o maior cabo eleitoral do petista foi o próprio presidente Bolsonaro. Senão vejamos: dos 27 senadores eleitos, pelo menos 19 deles eram seguidores do atual presidente. Dos 27 governadores dos Estados, 22 eram do mesmo partido ou da mesma coligação que apoiava o “Bozo”. Romeu Zema em Minas Gerais, Tarcísio de Freitas em São Paulo e Cláudio Castro no Rio de Janeiro são exemplos claros de apoiadores de Jair Bolsonaro. Damares Alves, Magno Malta, Tereza Cristina, Marcos Pontes e até o vice-presidente, Hamilton Mourão, foram todos eleitos senadores.

            O polêmico ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi eleito deputado Federal por São Paulo. Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente, se reelegeu fácil deputado federal pelo Rio. Deltan Dallagnol também ganhou no Paraná. Quem estava ao lado do presidente só não foi eleito por que não quis se candidatar. Sérgio Moro se elegeu senador pelo Paraná e até a sua esposa também ganhou uma vaga de deputada federal, só que por São Paulo. A onda bolsonarista ainda está a pleno vapor. A direita e a extrema-direita lideradas pelos conservadores e reacionários “passaram o rodo” nestas eleições. Mesmo a diferença de votos entre Lula e Bolsonaro ao final do segundo turno foi mínima. Pouco mais de 2 milhões de sufrágios num universo de 156 milhões de eleitores. E das 5 regiões do país, Lula só ganhou no Nordeste. Mas por que Jair Bolsonaro não se reelegeu?

            Bolsonaro perdeu para ele mesmo. Perdeu para a sua língua afiada e para as suas declarações desumanas, grosseiras e cruéis. Perdeu quando na pandemia deixou faltar oxigênio em Manaus e depois imitou pessoas morrendo de Covid. Perdeu quando disse que a jornalista Vera Magalhães ia dormir pensando nele. E também quando disse que um filho seu jamais seria homossexual, pois fora bem criado. Perdeu quando no golpe contra a Dilma Rousseff em 2016, homenageou o coronel Brilhante Ustra, um notório torturador da Ditadura Militar. Irritado, o “Bozo” disse que não tinha onde comprar vacinas contra a Covid-19. “Só se for na casa da tua mãe!”, gritou para um pobre cidadão que lhe questionou por que ainda não havia vacinas no país. Ele também afirmou que não era coveiro e por isso não queria saber quantas pessoas a pandemia já havia matado aqui.

            Grosso, acintoso, deselegante e mal educado, Bolsonaro achava que jamais iria ter que disputar uma eleição de novo. Pensou que o seu cargo era eterno. Mas todo mundo, inclusive a mídia, que ele atacava diariamente, estava gravando tudo, guardando tudo. Conheço muita gente que votou nos candidatos dele, mas não nele. Derrotado, o infeliz pode a partir de agora ser abandonado pelos seus ex-seguidores e ter que desistir para sempre da política. Tem que se recolher à sua insignificância para lamber as feridas da derrota humilhante que sofreu. Bolsonaro é tão tosco e fraco que perdeu para “um ladrão”, como os bolsonaristas mais exaltados costumam dizer. No entanto, a direita e a extrema-direita devem continuar no jogo político. Só que têm que encontrar um líder mais educado e mais humano para lhes representar A democracia é isso: a dialética dos extremos para se chegar a um consenso. Raro é o eleitor que prefere agressividade à paz.

 


*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

E que venha o socialismo!

E que venha o socialismo!

 

Professor Nazareno*


            Com a recente vitória de Lula e do PT no Brasil, desencadeando dessa forma a nova “onda rosa” na América Latina, ficou cada vez mais fácil implantar o socialismo ou até mesmo o comunismo de uma vez por todas em terras tupiniquins. Cuidado para não confundir: Venezuela, Cuba, Coreia do Norte e China não são países socialistas muito menos comunistas. Nunca foram! São só ditaduras ferozes de partido único governadas na maioria dos casos por uma elite imoral e abjeta que explora a maioria de seus cidadãos. Falo aqui do “socialismo” dos países escandinavos como Suécia, Noruega e Finlândia. Falo também da Alemanha, da Dinamarca, da Suíça e de muitos outros países da Europa ocidental em cujas sociedades já foi abolida há muito tempo a exploração do homem pelo homem. E o Brasil há mais de 50 anos figura entre as dez maiores economias do mundo.

            E para transformar nosso país em uma nação socialista, Lula e o PT não precisam tomar nada de ninguém. Basta para isso criar políticas macroeconômicas de distribuição de renda e de riquezas. Taxar as grandes fortunas do país, por exemplo, já seria um bom começo. Poderia também, por meio de uma PEC e sempre em parceria com o Legislativo, propor alguns limites de lucros das grandes empresas, holdings, indústrias, bancos e conglomerados aqui instalados. Nada de dar dinheiro “de graça” para ninguém. Insistir também na criação de empregos e trabalhos para toda a população mais carente do país. Aumentar paulatinamente o valor do nosso salário mínimo, que hoje está em torno de apenas 200 dólares mensais. Em Portugal, por exemplo, o menor salário equivale a quase 750 dólares enquanto na Alemanha e na França é muito superior a 1500 dólares por mês.

            Como pode o segundo maior produtor de alimentos do mundo ter mais de 33 milhões de pessoas passando fome e vivendo na mais absoluta miséria? Como pode o agronegócio do país “estourar” de tanto ganhar dinheiro sempre às custas dos mais pobres e dos mais necessitados? Lula e o PT precisam também investir dessa vez em um sistema de Educação pública de excelência para todos. Repito: não pode haver nenhum desejo de se tomar nada de ninguém para resolver os nossos seculares problemas. Não há também a menor necessidade de se criar revoluções nem brigas ou conflitos desnecessários. É preciso para isso apenas ter coragem, disposição, negociação política e competência. Em uma sociedade mais igualitária, os conflitos e os problemas sociais poderiam diminuir consideravelmente. Médico ganhando igual a professor e advogado ganhando igual a juiz.

            E, claro, liberdade e democracia para todo e qualquer cidadão que paga seus impostos. Nada de brigas institucionais como as verificadas nos últimos anos por um governo imoral e indecente. Para que armar a população, por exemplo? As Forças Armadas, a PRF, a Polícia Federal, as polícias dos Estados têm que ser instituições de Estado e não de governos. E óbvio que precisam ser muito mais valorizadas e melhor remuneradas. É preciso também melhorar, e muito, a imagem do Brasil no exterior, que foi brutalmente deteriorada nos últimos quatro anos. O novo governo precisará respeitar o meio ambiente e coibir os desmatamentos, o garimpo ilegal e os incêndios na Amazônia se quiser ter respeito na nova ordem mundial. O socialismo ou o comunismo empregados no Brasil com responsabilidade e com seriedade só nos traria alegrias e felicidades. Porém junto ao Centrão, temo que Lula e o PT serão apenas reféns do capital. Como foram todos!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Lula: um alívio planetário

Lula: um alívio planetário

 

Professor Nazareno*

 

            A vitória de Lula e do PT nas eleições presidenciais do Brasil foi comemorada no mundo inteiro. Não foi apenas uma vitória política de um simples partido ou de uma tendência ideológica mais progressista. Guardadas as devidas proporções, o mundo e principalmente o Brasil inteiro respiraram aliviados com a derrota de Jair Messias Bolsonaro e de tudo de ruim que ele e seus fanáticos seguidores sempre representaram. Assim como a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, o planeta todo respirou muito mais tranquilo com a saída de Bolsonaro do Planalto. Mal educado e grosso, o mandatário brasileiro ainda não reconheceu a sua retumbante derrota passadas mais de 40 horas do pleito que o devastou. Já o Biden, presidente dos EUA, confirmou a vitória do Lula uns 40 minutos depois da confirmação pelo TSE do sucesso do petista. Um recorde.

            Avesso aos bons costumes e à boa educação, Bolsonaro demorou quase 40 dias para reconhecer a vitória do atual presidente norte-americano. A demora em entender que perdeu as eleições no Brasil para a esquerda pode estar no fato de ser uma reação dele para “melar o jogo” e não sair facilmente do poder. Aliás, como fez o seu ídolo lá nos Estados Unidos. Por aqui, inconformados com a humilhante derrota que sofreram nas urnas, muitos caminhoneiros bloquearam as estradas do país pedindo um golpe militar e a consequente anulação das eleições. Talvez insuflados pelo presidente e também pelos bolsonaristas mais exaltados, esses trabalhadores mostram ao mundo a sua intolerância e o seu pouco ou nenhum apreço pela democracia. Precisam respeitar as leis e entender as regras do jogo. Por isso, o bolsonarismo sem o Bolsonaro pode desaparecer para sempre.

            O mundo civilizado assim como grande parte dos brasileiros ainda estão com muito medo do Bolsonaro e do bolsonarismo mais radical. Acuado e calado, o infeliz pode usar essa paralisação absurda dos caminhoneiros para ser o “presidente do caos” e dessa maneira dar um golpe na nossa frágil democracia. Engana-se, no entanto, quem pensa que o aprendiz de miliciano e genocida está em silêncio: inconformado com a derrota, faz muito barulho ao não condenar os atos antidemocráticos como esse de alguns caminhoneiros. A verdade é que a partir de agora, dos generais aos soldados rasos, dos marechais e almirantes até os brigadeiros, todos deverão bater continência para o ex-metalúrgico que muitos chamaram de ladrão. Lula, diferente do Bolsonaro, tem o respeito do mundo inteiro. Da China ao Índico. Dos EUA à Europa. Da América Latina à África.

            Agindo assim, Jair Bolsonaro tem que ser varrido da política para sempre. Ele tem sido um terrível mal para o Brasil e também para boa parte do mundo, que o odeia. O seu negacionismo da ciência, o atraso das vacinas contra a Covid-19, a falta de oxigênio em Manaus, a falta de boas maneiras, o descaso, o ódio e também as suas infames, toscas, cruéis e desrespeitosas declarações debochando dos quase 700 mil mortos pela pandemia no Brasil são uma prova cabal de sua malignidade, da falta de humanidade e do seu desumano e insensível caráter. O deputado André Janones, por exemplo, o acusa de ter insuflado a atual greve dos caminhoneiros. Por isso, grande parte dos eleitores que votaram em Lula não o fizeram por apoiar o petista, mas simplesmente para se livrar do Bolsonaro e de sua agressiva forma de agir. O mundo festejou sua derrota. Bolsonaro se vai, mas infelizmente sua marca ainda ficará por um bom tempo entre os seus seguidores.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


domingo, 30 de outubro de 2022

Suicídios de bolsonaristas


Suicídios de bolsonaristas

Professor Nazareno*

 

Estão definitivamente terminadas as atuais eleições para presidente do Brasil só após o segundo turno. O dia 30 de outubro de 2022 entrará para a História deste país como a data em que “a Terra deixará de ser plana e voltará a ser redonda”. O dia em que a democracia volta a respirar em nosso meio sem medos ou desconfianças. O dia em que as ameaças fascistas e retrógradas serão coisas do passado. O ex-presidente Lula do PT e representante maior das esquerdas venceu de maneira triunfante a contenda depois de ter sido humilhado e preso injustamente. A derrota de Jair Bolsonaro, representante e líder da extrema-direita e do retrocesso, pode desencadear pelo país uma onda de suicídios sem precedentes. Deve ser fake news, mas já há relatos de que muitos bolsonaristas estão se suicidando aos montes por todos os recantos. É o desgosto chegando para os reacionários.

Jair Messias Bolsonaro, o ex-Mito dos idiotas e trouxas, não perdeu essas eleições para o ex-metalúrgico de nove dedos. Perdeu para ele próprio. Durante os quatro anos à frente do poder, o “aprendiz de ditador” e genocida pensou que jamais deixaria o cargo e por isso, em plena pandemia do Coronavírus fez declarações debochadas e acintosas contra todos aqueles de que discordava. Atrasou de propósito o início da vacinação e assim pelo menos 200 mil pessoas a mais morreram vítimas da doença. Foi arrogante e desrespeitoso com quem perdeu familiares e se tivesse começado a vacinar ainda em novembro de 2020, teria faturado estas eleições já no primeiro turno com uns 70% das intenções de voto. Mas desdenhou e achou que podia desrespeitar qualquer um. Com mais de 52% de rejeição, ele colheu com juros e correção monetária os frutos do que plantou.

Com Lula e o PT, a nossa bandeira terá que ser vermelha a partir de agora. Paulo Freire voltará a ser respeitado e ensinado em nossas escolas como é mundo afora. Ideologia de gênero voltará às pautas educacionais de todo o país. A democracia será algo rotineiro, a ciência será respeitada, o Estado será laico e a Educação valorizada. As Forças Armadas, bem como outras instituições nacionais como os Bombeiros, a Receita, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as polícias civil e militar dos Estados serão com os novos mandatários, órgãos de Estado e não de governo. E todos os militares terão que bater continência ao senhor Luiz Inácio Lula da Silva e a ele deverão obediência pelo menos enquanto o mesmo for Presidente da República. É isso o que diz a Constituição. Mas todo cidadão nacional deveria ser oposição coerente e séria a Lula e ao novo governo.

E na província de Cu-do-Mundo, também conhecida como Roubônia, o segundo turno foi todo da direita: a sabujice dos dois candidatos locais ao genocida era tanta que eles brigavam entre si para saber quem adulava mais o “Mito”. O Marcos que ganhou aqui poderá nem saber governar sem a presença do candidato derrotado lá em Brasília, por quem nutria uma admiração quase divina. E parte da mídia, como reagirá a esta “calamidade”? Como os falsos jornalistas e puxa-sacos do Bozo ficarão agora? Aceitarão calados a derrota ou continuarão falando as bobagens de sempre e tramando um golpe de Estado na calada da noite? E os bolsomínions mais exaltados, como aceitarão este baque? E o GADO? E os evangélicos? Coitados dos evangélicos! Tomara que ninguém queira se matar de tanta decepção. Mas democracia é assim mesmo. Vamos nos unir agora para fiscalizar Lula e o PT. Assim, daqui a 04 anos volta-se às urnas para mudar tudo. Ou não!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 23 de outubro de 2022

A bizarra briga dos “Marcos”

A bizarra briga dos “Marcos

 

Professor Nazareno*

 

            Em Roubônia, a surreal e obsoleta província e também a bisonha terra dos líderes Lebrão e Lebrinha, existe uma estranha briga política envolvendo dois Marcos. Um é o Marcos Ro... E ou outro também é Marcos Ro... E ambos são aduladores de primeira hora de Jair Bolsonaro, o encrenqueiro, tosco e patético político da extrema-direita que tenta a reeleição para presidente da República nestas eleições de 2022. Apesar desses Marcos serem bolsonaristas, a atual briga eleitoral deles dá a impressão que os mesmos defendem ideologias e partidos políticos totalmente diferentes. Ledo engano, pois ambos defendem apenas o Bolsonaro e só. Um, se diz amigo íntimo do presidente e jura que serviram juntos às Forças Armadas. O outro, que o acusam de já ter sido militante das esquerdas no passado, foi o “Pit Bull” do governo federal durante a última CPI da Covid lá no Senado.

            O número de um é 22. O do outro é o dobro: 44. A briga entre eles parece ser para saber quem mais puxa o saco do capitão-presidente e não para defender Roubônia, a atrasada e subdesenvolvida província do Norte, que não tem sequer 0,8 por cento do total de eleitores do país. A capital provincial, Porto Velho, é uma seboseira só. Merda, esgotos a céu aberto e igarapés imundos cortam a insalubre “metrópole rondoniana”, que é a pior dentre as capitais do Brasil em qualidade de vida. Não tem rodoviária decente, não tem hospital de pronto-socorro, não tem saneamento básico, água tratada, nem mobilidade urbana. Universidade estadual nem pensar e a única universidade pública do lugar sequer tem um hospital universitário. Mas nenhum dos dois Marcos dá um só pio sobre isso. Satisfeitos, os simplórios e tolos eleitores também se fazem de cego e aplaudem os dois.

            A ambição para governar o selvagem e distante grotão faz com que cada um deles veja muitos defeitos no outro bolsonarista. Coisa rara neste país ainda inebriado pela onda fascista que há mais de quatro anos continua a contaminar muita gente desinformada. Só falta a cada um desses Marcos culpar antecipadamente o outro pela possível derrota do candidato de extrema-direita no próximo dia 30. E nada é impossível num cenário onde segundo as desacreditadas pesquisas eleitorais, Lula ultrapassa o direitista enquanto os dois Marcos, para variar, estão empatados. A decisão mesmo só após as eleições. Roubônia está situada no “arco do fogo” e todo ano durante o verão, a fumaça das queimadas na floresta amazônica mostra ao mundo a devastação que o atrasado rincão padece sem que nenhuma das muitas instituições locais de controle ambiental faça algo.

Como se vê, os dois Marcos são dois políticos totalmente dispensáveis tendo em vista que os problemas mais sérios da província nunca foram resolvidos. O “açougue” João Paulo Segundo de Porto Velho, por exemplo, tem quase quarenta anos e nunca saiu do papel. E apesar dos quatro anos de um desses Marcos à frente do governo, o velho hospital está ali como um campo de concentração que só mata os pobres principalmente. Já a BR-364, uma espécie de corredor da morte, jamais foi duplicada, ainda que o outro Marcos seja morador de Ji-Paraná nessa mesma BR. Porém para a nossa suprema infelicidade, um deles vai nos governar pelos próximos quatro anos. Difícil mesmo é votar no menos ruim já que os dois empatam em incompetência. O bom é que se Lula ganhar, eles não atacaram o petista. Só eles mesmos. E para quem não gosta de confusão, já está decidido: terá que votar em Marcos para governar estes confins. É que não há outro jeito!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Bolsonaro, o novo Jesus Cristo

Bolsonaro, o novo Jesus Cristo 

Professor Nazareno

 

Eu não tenho nenhuma religião. Também não me considero um ateu daqueles de carteirinha, uma vez que não nego a existência de um ser superior. Acredito um pouco no “Deus de Spinoza”, mas mesmo sendo leigo em crenças, posso ver e compreender por que Jair Bolsonaro, o nosso atual presidente e candidato à reeleição, é uma pessoa totalmente diferenciada das demais quando o assunto é religião. Estive recentemente em Israel visitando “todos os caminhos por onde Jesus andou”. Da igreja da Natividade em Belém, passando pela Via Dolorosa e pela igreja do Santo Sepulcro, ambas em Jerusalém, testemunhei grande parte da vida passada de um dos homens mais importantes da história da humanidade e dessa forma posso afirmar sem nenhuma dúvida que o líder político brasileiro pode se assemelhar em muitos aspectos “àquele que morreu para nos salvar”.

Juro que não estou blasfemando, mas o apoio que o governo e o próprio presidente Bolsonaro têm recebido das inúmeras igrejas, principalmente as evangélicas, não deixa nenhuma dúvida da sua quase santidade. Se fosse na Igreja católica, por exemplo, ele já teria sido beatificado pelo Vaticano. “São Bolsonaro de Glicério/SP”, um dos poucos e raros santos do Brasil. Suas ações beneficentes e a sua candura de caráter e personalidade não negam essa sua capacidade quase divina de se dirigir aos mais pobres e necessitados. Bolsonaro colocou todo o seu governo à disposição dos mais desvalidos e durante a pandemia agiu como um verdadeiro homem guiado por Deus. Em Manaus no Amazonas não mediu esforços para salvar vidas. Em todos os hospitais que visitou durante aquela catástrofe, levava seu apoio incondicional e sua bênção aos enfermos. Ele salvou milhões.

Jair Messias Bolsonaro e Jesus de Nazaré podem, sim, em alguns aspectos, ser confundidos como a mesma pessoa devido às suas incontáveis boas ações em prol dos mais carentes. No passado, Jesus venceu todo um império usando apenas o amor, a sabedoria e a compaixão pelo próximo. Hoje no Brasil, Bolsonaro venceu a maldade, a corrupção, a ambição e muitas outras mazelas nacionais usando praticamente as mesmas armas de antigamente. Jesus foi morto e crucificado. Bolsonaro ainda não morreu, mas quase morre quando na campanha passada foi esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais. Seu santo sangue foi derramado por todos nós para nos salvar do Comunismo, das esquerdas e do arbítrio. A sua voz macia e a singeleza em todas as suas decisões, como abrir mais igrejas e fechar universidades pagãs, só nos lembra do “Rei dos Reis”, o Cristo.

Neste segundo turno das eleições do Brasil não há o que comparar: Bolsonaro será reeleito com muitos milhões de votos à frente de seu adversário. Negros, mulheres, homossexuais, quilombolas, intelectuais, artistas, atletas de todos os esportes, indígenas, professores e principalmente os pobres, cristãos ou não, já escolheram seu candidato preferido. Até na Roubônia dos provados líderes Lebrão e Lebrinha, há muitas disputas locais para saber quem mais apoia o “novo Jesus Cristo” dos brasileiros em sua campanha para presidir o país. Tarefa bem difícil para os “Marcos” candidatos daqui. Muitos religiosos, evangélicos em sua maioria, dizem que Bolsonaro é mais um dos enviados de Deus para salvar o mundo do caos e da tirania. E alguns já o confundem com o próprio Criador do Universo. Apoio internacional e também do Brasil é só o que se observa. Em Israel eu juro que o vi sendo açoitado numa igreja por “soldados de toga”. Seria um aviso?

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

O PT pode dar um golpe


O PT pode dar um golpe


Professor Nazareno*

 

Terminadas as apurações de todos os resultados das eleições presidenciais no seu primeiro turno, o atual presidente do país, Jair Bolsonaro da extrema-direita e Lula, representante da esquerda, vão disputar no próximo dia 30 quem será o futuro presidente do Brasil pelos quatro anos seguintes. Na já esperada polarização política, Lula teve 57 milhões e 259 mil votos, ou seja, um percentual de 48,4% enquanto Bolsonaro ficou com 43,2%, isto é, pouco mais de 51 milhões de sufrágios. O que tem chamado a atenção, no entanto, são as possibilidades de Lula, o PT e as esquerdas tentarem “melar o jogo” e darem um golpe na democracia impedindo assim a realização de um segundo turno. Praticamente todas as pesquisas de opinião davam como certa a vitória do petista ainda no turno inicial. Nenhum desses institutos mostrou o bom desempenho de Jair Bolsonaro.

Com medo de perder o pleito “que já estava praticamente ganho” Lula e o PT podem simplesmente se articularem para tramar um golpe e assim assumir o poder. No voto a voto, é praticamente impossível para a esquerda conseguir superar “os patriotas” de Bolsonaro nas urnas. Andando pelas ruas o que se vê são infinidades de carros com as bandeiras verde-amarelas. As pessoas comuns estão usando as cores nacionais como nunca visto antes. Bolsonaro deverá ter uns 90 ou 100 milhões de votos. Lula talvez nem chegue aos 20 milhões. O Nordeste, por exemplo, que deu vitória ao petista deve e vai entender que a extrema-direita é o melhor que pode acontecer para aquela sofrida região. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro já aderiram à vitoriosa campanha bolsonarista. Ao PT, infelizmente, só resta a virada de mesa. Todo o Brasil é conservador e de direita.

Se por acaso o Lula for eleito, ele vai querer trocar a cor da nossa bandeira. Isso seria uma tragédia nacional. Vai querer também introduzir a ideologia de gênero nas escolas e certamente adotará nelas as ideias comunistas de Paulo Freire. A linguagem neutra adotada pelos esquerdistas será um retumbante fracasso. E quase ninguém quer usar banheiros unissex onde homens, mulheres e crianças podem fazer uso coletivo deles. E a mamadeira de piroca nem merece comentários aqui. Com suas visões golpistas, a esquerda pode se juntar a Cuba, Nicarágua, Venezuela ou até mesmo à Bolívia para governar o Brasil. A América Latina é toda de esquerda. Só falta o Brasil. Os Estados Unidos têm um presidente, o Joe Biden, que é da esquerda. Por isso podem dar apoio imediato às pretensões do PT. E a União Europeia, dependente do nosso agro, nada fará.

Tudo está indicando que Lula e o PT vão certamente se articular para a tomada do poder em breve. Basta que alguns setores das Forças Armadas também aceitem a ideia. O STF nada fará para deter os golpistas já que grande parte dos ministros da Suprema Corte foi colocada lá pelos governos Lula e Dilma. Movimentos sociais como o MST e os Sem Teto, por exemplo, serviriam como apoio tático e até militar aos novos usurpadores do poder. A religião católica seria muito importante neste contexto também. Cada igreja funcionaria como um comitê para ajudar os farsantes. O Padre Júlio Lancellotti seria obviamente lançado à condição de futuro ministro do governo golpista do PT. Guilherme Boulos seria chefe da Casa Civil. Já os evangélicos de todo o país seriam uma espécie de “oposição consentida” ao novo governo. Por isso, a partir de agora precisamos estar atentos a qualquer manobra ou fala dos falsos. Golpe por aqui? Jamais!

 


*Foi Professor em Porto Velho.

 


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Perdoem-me: votei no Lula!

Perdoem-me: votei no Lula!

 

Professor Nazareno*

 

            A última vez que fiz esta desgraça foi nas eleições de 2002 quando Lula e o PT chegaram ao poder pela primeira vez derrotando FHC. O Brasil tem 522 anos de História. A direita e a extrema-direita governaram-no por exatos 508 anos. Essa esquerda, que agora disputará o segundo turno pela força do voto popular, governou por apenas 14 anos quando Michel Temer se juntou aos conservadores e reacionários e deu um golpe na Dilma Rousseff em 2016. E por que votei outra vez na esquerda? Ora, por que o seu candidato era o menos ruim na disputa. A extrema-direita e o seu “testa de ferro” Jair Bolsonaro tinham que ser expulsos do poder pela força do voto e da melhor maneira possível: com democracia. Uma futura derrota dele tirará de cena um governo humilhante e desastrado. Talvez um dos piores que este país já teve. E o “Mito” irá para a lata do lixo.

            Mas juro que quando apertei a tecla 13 tive nojo e repugnância. De tanto engulho, quase vomitei ali mesmo dentro da seção eleitoral. Porém, ao mesmo tempo lembrei-me das “façanhas” de certo miliciano genocida. Como esquecer os quase 700 mil mortos pela pandemia da Covid-19? Na pior das hipóteses, deveriam ter sido pelo menos umas 200 mil vítimas a menos. Mas por pura arrogância e incompetência, as vacinas não nos chegaram a tempo. E o deboche de um chefe de Estado imitando os doentes sendo mortos asfixiados pela doença? Lula e o PT são uma porcaria, mas não zombaram de mim quando eu estava enterrando familiares vitimados pela pandemia. “Têm de parar de frescura e de mi-mi-mi, pois todo mundo tem que morrer um dia”. “E daí? Eu não sou coveiro”. O fato é que esse atual presidente poderá sair do Planalto direito para o ostracismo ou a cadeia.

            Só que Lula e o PT não são flores que se cheirem. E eu sei disso muito bem. Mas como sou amante da democracia e do politicamente correto apostei conforme as regras disponíveis. É óbvio que se a esquerda ganhar não vai fazer jorrar mel e leite das ruas. Lula pouco ou nada fez pelos pobres que tanto defende. Apenas os apresentou ao consumo e nada mais. Não criou educação de tempo integral nem modernizou o nosso precário sistema de ensino. Nos governos petistas, os banqueiros, por exemplo, ganharam dinheiro como nunca. A atrasada elite do país continuou mandando como sempre e quando pressentiu as primeiras ameaças, golpeou a democracia e dessa forma abriu caminho para o governo fascista e retrógrado desse “Bozo”. E o Bolsonaro fez muito mal ao Brasil e à nossa democracia. Deveria era ser preso por isso e pagar pelas ameaças e crises que criou.

            E tomara que o gado bolsonarista não se suicide de tristeza e decepção por não ter ganho nesse primeiro turno. O país inteiro precisa de cada cidadão para fazer oposição coerente, responsável e séria a quem se eleger. E se o amor dessa gente era mesmo pelo Brasil e não somente pelo tal “Mito” ou pelo PT, qualquer novo mandatário terá oposição ferrenha e governará para todos de forma ordeira, criteriosa e republicana sem roubar o suado dinheiro do povo. Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo e não podemos ter 30 milhões de famintos. O Brasil precisa voltar a se inserir na comunidade internacional. Precisa respeitar os direitos humanos, a democracia e o meio ambiente. Precisamos debelar a fome, a miséria, a pobreza e principalmente a desigualdade social. Votei e votarei no Lula para salvar a nossa democracia, e se ele ganhar no segundo turno, vou lhe fazer oposição cerrada. E viva o Brasil, que deve estar acima de qualquer governo!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Outro enterro da Província

Outro enterro da província

 

Professor Nazareno*

 

 

            Todo ano de eleições a ladainha se repete e as esperanças sempre se renovam na atrasada província de Cu-do-Mundo. Com menos de 0,8 por cento do total de eleitores do país inteiro, o insólito lugar sequer teve a presença dos dois principais candidatos a presidente do país durante a campanha. O ex-presidiário corrupto e o miliciano genocida não perderam seu precioso tempo para visitar paragens de gente tão atrasada e selvagem como muitas das que habitam o grotão subdesenvolvido. Mas na capital e principais cidades do atípico sertão, a campanha está de vento em popa. Dizem algumas pesquisas que a extrema-direita reacionária tem quase 60 por cento das intenções de voto enquanto os esquerdistas ladrões patinam com menos de metade disto. Ainda assim, nenhum resultado eleitoral saído do insalubre rincão terá qualquer consequência para o pleito final.

       Quase todos os candidatos fizeram suas costumeiras promessas para tirar Cu-do-Mundo do eterno atraso em que sempre se encontrou. A duplicação da principal estrada provincial, por exemplo, constou obviamente nas falas da maioria das futuras autoridades. Mas passado o pleito, todos se esquecem e a criminosa estrada continua com a sua triste sina de matar gente diariamente. Todas essas autoridades, no entanto, falaram entusiasmadas do agronegócio e das riquezas naturais que abundam naquelas bandas. Mas ninguém deu um pio sequer sobre as criminosas queimadas que todos os anos enchem de fumaça e fuligem o outrora “céu azul” cantado em verso e prosa no horroroso hino local. Cu-do-Mundo faz parte do “arco do fogo” e juntamente com outras províncias vizinhas envergonham o país inteiro com tanto fogo na única e última floresta tropical do mundo.

      A capital de Cu-do-Mundo é uma nojeira só. A seboseira sempre foi a marca registrada do imundo lodaçal. Sem água tratada nem rede de esgotos, o lugar é muito pior do que as cidades da África Subsaariana ou de Porto Príncipe no Haiti. Nem mobilidade urbana existe na podre e fedorenta urbe. Porém, a felicidade parece ser uma constante entre os muitos pobres e despolitizados habitantes locais. Uma capital de província que não tem uma rodoviária decente seria algo surreal em qualquer lugar do mundo. Menos no grotão inóspito e inabitável. E claro, há promessas de que em pouco tempo vão ter um lugar “menos ruim” para receber os ônibus do país inteiro. Óbvio que também não existe um só hospital de pronto-socorro na currutela inteira. Há um imprestável e nojento “açougue”, que parece um campo de concentração, e que recebe os pacientes mais pobres.

      Também já há promessas, só as promessas mesmo, de se construir um outro “açougue” mais moderno para os tolos e idiotas eleitores da capital e de toda a província de Cu-do-Mundo. Não se sabe onde nem quando isso acontecerá. E os que fazem esses compromissos sempre saem na frente em todas as eleições e geralmente se reelegem sem maiores problemas devido à estupidez e ao conformismo de seus acomodados cidadãos. Dessa forma, a infeliz província é enterrada a cada dois anos. E em igual período de tempo, sempre renasce para ouvir e ainda acreditar nas promessas vazias que nunca serão cumpridas. Fala-se que a província é um lugar sem futuro, pois os candidatos de lá brigam entre si para apoiar qualquer um. Daqui a poucas horas muitos vão às urnas para sacramentar mais outro enterro. Não só desta região obsoleta e distante, mas do país inteiro. Haverá, claro, os candidatos vitoriosos, mas Cu-do-Mundo sempre será derrotada.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

  

domingo, 25 de setembro de 2022

Uma Esquerda de Direita

Uma Esquerda de Direita

 

Professor Nazareno*

 

            O dia das eleições se aproxima em Bananolândia. O frenesi é total entre os tolos e despolitizados moradores do país espalhados por todas as suas províncias. Muitos creem cegamente na piada de que vai ganhar aquele candidato que mais se dispôs a ajudar os pobres e miseráveis daquela nação sem eira nem beira. Cada grupo de eleitores está convicto de que se ganhar, o seu candidato vai fazer jorrar mel e leite das ruas e que o seu escolhido, seja da Esquerda ou da Direita, é a pessoa certa para trazer felicidade e alegria para os sofridos habitantes. Ninguém percebeu que todas as futuras autoridades estão a serviço de um mesmo senhor do mal e que os ultrapassados conceitos oriundos ainda da Revolução Francesa pouco ou nada influenciarão em suas controladas decisões políticas.

            Na atrasada província de Cu-do-Mundo, por exemplo, quase cem por cento dos candidatos são da Direita, mas estranhamente muitos deles se apresentaram nestas eleições como se fossem da Esquerda. Ricos, abastados e representantes do capital e do agronegócio em sua maioria, usam bordões progressistas para iludir os eleitores mais indecisos. Porém, terminadas as eleições, os “vencedores daqui” logo aderem aos “vencedores de lá” e dessa forma todos continuam alegremente a governar o espoliado povo para tirar-lhe o máximo possível dos poucos recursos que ainda lhe restam. Pior: todos os gargalos continuam a existir normalmente em toda a sociedade. Sabe-se que na capital de Cu-do-Mundo não existe uma boa rodoviária, redes de esgotos ou um hospital de pronto-socorro decente, mas todos fazem vistas grossas e urram de satisfação ao votar.

            Já se falou até que tanto em Bananolândia quanto em Cu-do-Mundo não existem políticos de Esquerda nem de Direita. O que existe na verdade tanto aqui quanto lá “é um bando de salafrários, ladrões e canalhas que se juntam em épocas de eleições para dilapidar o Erário”. A verdade é que sem eleições, os preços disparam nos supermercados e principalmente nos postos de gasolina. Chegada a época de se pedir votos, nem se ouve mais falar em inflação, falta de atendimentos em hospitais públicos ou outros problemas tão comuns. O desemprego diminui com a contratação de “formiguinhas para balançar paus” nas esquinas. E dinheiro tirado do próprio povo é distribuído sem critérios a esse mesmo povo como esmolas ou migalhas e que geralmente serve para turbinar algumas candidaturas. A cegueira política condena Bananolândia a ser uma eterna filial do inferno.

            Discute-se muito nestas eleições se a população quer continuar adorando o fascismo e o deboche verificados nos últimos 4 anos ou se vai optar em permanecer a ser roubada como sempre foi. Sem investimentos em infraestruturas, sem uma educação de qualidade e com uma desigualdade social monstruosa, os muitos candidatos ladrões e desonestos fazem a festa e o sofrimento certamente vai continuar até novas promessas em eleições futuras. Não há saídas possíveis por enquanto. O Establishment está lançado já há muito tempo e pouca coisa vai poder mudá-lo. O povo é massa de manobra e os poderosos continuam ampliando os seus podres poderes. Diante da fome, da miséria e de tantas necessidades, Direita e Esquerda sempre se revezam no poder para manter o “status quo”. Bananolândia, Cu-do-Mundo e as outras províncias terão sempre que “pagar o pato”. Esquerda de Direita ou Direita de Esquerda. E nada mudará no próximo domingo.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Com Lula ou Bozo, Satanás nos guiará!

Com Lula ou Bozo, Satanás nos guiará!

 

Professor Nazareno*

 

            As eleições de 2022 no Brasil se aproximam da reta final. Muito polarizadas neste ano, as preferências eleitorais ainda estão meio indecisas, mas a vitória deve mesmo ficar com o ex-presidente Lula do PT, representante da esquerda, que disputa a contenda com o atual presidente Jair Bolsonaro, o “Bozo”, que representa a extrema-direita. Obviamente um dos dois ganhará, mas o grande derrotado mesmo já está decidido: será o eleitorado e o povo como um todo. Bolsonaro e Lula, dois presidentes que pouco ou nada fizeram em benefício dos mais pobres, são representantes do Centrão, que por sua vez representa os donos do dinheiro. Grupo de políticos escroques e escrotos, esse tal Centrão manda nos destinos da nação desde os tempos do Império e continua até hoje ditando todas as regras.

            Apesar de o Brasil figurar há muito tempo entre as maiores economias do mundo, a miséria e a pobreza sempre fizeram parte da rotina de milhões de cidadãos brasileiros. Isso aqui sempre foi como um inferno comandado pelo Diabo e por seus assessores chifrudos. Com Lula e o PT, a fome até que diminuiu um pouquinho, mas os miseráveis continuaram a sua saga de revirar lixo e de passar necessidades. Já com o Bolsonaro, “o que era ruim piorou ainda muito mais” e multidões dessa vez foram parar em humilhantes “filas do osso” como aconteceu lá em Cuiabá no Mato Grosso e também em cenas deprimentes de miseráveis revirando caminhões de lixo como se verificou no bairro do Cocó em Fortaleza, Ceará. A miséria não pode ser divina e por isso, vê-se em todas as situações a possível presença do Satanás, o verdadeiro guia da pobre e humilhada família.

            Não é Lula nem o Bolsonaro que disputam o poder nestas eleições. É o Cramunhão e a mãe dele. Assim, soa como normal para qualquer político ser fotografado comendo pastel numa feira enquanto por trás, seres humanos reviram lixo à procura do que comer. E não é o Brasil africano criado somente para adornar campanhas políticas, é o Brasil real, aquele do dia a dia. Deve ser por isso que depois de toda eleição neste país, os pobres continuam sempre mais pobres e os ricos, eleitos ou não, voltam para os seus condomínios de luxo, para os seus bons empregos e para a sua vida de farturas. A cada dois ou quatro anos a ladainha sempre se repete e depois a triste realidade volta a bater na cara de todos nós. Dessa maneira, direto do Mármore Quente, o Tinhoso tem a certeza de que sempre guiou corretamente toda essa despolitizada gente. E que ainda vai continuar nos guiando.

            E como quase todo político mente, inventou-se na última eleição a mentira de que “Deus estaria acima de todos”. Pura lorota! Pura enganação! Deus não pode ser protetor de um país que tem mais de 30 milhões de pessoas passando fome e necessidades. Não pode proteger um povo sórdido, ignóbil e desprezível que quer levar vantagem em tudo. Um povo que explora seus próprios irmãos para poder ficar mais rico e poderoso. Enfim, um povo cuja elite usa a política para enganar os mais idiotas e trouxas. Este país só pode ser mesmo guiado pelo Belzebu, pelo Demônio, pelo Lúcifer. E se não mudarmos enquanto povo, enquanto sociedade, enquanto nação, o Anjo das Trevas é quem sempre dará as cartas por aqui. Por isso em todas as eleições, o Jurupari coloca seus mensageiros mais astutos para angariar votos e apoio dos mais pobres e humildes. E a alegria toma conta de todos, mesmo sabendo que votaremos no Malvado ou em sua mãe. Pobre Gente!

 

 

 

                       *Foi Professor em Porto Velho.



 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Nossa bandeira será vermelha!

Nossa bandeira será vermelha!

 

Professor Nazareno*

 

            Com a possível e esperada vitória de Lula, do PT e das esquerdas em geral nestas próximas eleições, muitas coisas deveriam mudar no Brasil. Se eu pudesse ser eleito presidente do país, nos próximos quatro anos trocaria uma série de símbolos, protocolos, convenções e outras tolices imprestáveis que adornam não só a presidência da República, mas também o tolo ideário de muita gente que ainda acredita nestas bizarrices. Começaria mudando a cor da nossa bandeira. Além de ser muito feia, disforme e desengonçada, nossa flâmula mudaria de aspecto. Verde e amarelo, convenhamos, não tem mais sentido. A destruição da Amazônia e de todas as nossas florestas e matas para dar lugar ao agronegócio fez extinguir o verde enquanto o garimpo ilegal, desde os tempos da colônia, não pode mais ser representado por aquele amarelo insosso. E esse ouro nunca foi nosso.

            O azul e o branco também não fazem mais sentido. É uma mentira dizer que representam o céu e a paz respectivamente. Com a poluição e os incêndios florestais, o céu do Brasil hoje por quase todo o país é cinza-chumbo e empesteado de fumaça e poluição. No verão, o Cerrado, a Amazônia, a Mata Atlântica e também todos os outros biomas, são incendiados criminosamente para dar lugar às plantações do agronegócio. E é risível dizer que há desejo de paz num país onde quase 60 mil pessoas são assassinadas todos os anos vítimas da violência social, que parece nunca ter fim. A frase “ordem e progresso” é uma estupidez sem limites. Nunca houve ordem neste país. É tudo uma bagunça sem fim. O Brasil não pode cultuar nenhuma espécie de ordem. Nossa sociedade, com suas instituições falidas, é um “cu de mãe Joana” sem eira nem beira. E sempre foi.

            Além das cores preta e vermelha, para simbolizar o luto e o eterno desejo de melhorias, deveria também ser trocada a frase central para “aos trancos e barrancos”. Seria muito mais coerente e representaria de forma correta a luta desse povo sofredor para conseguir colocar todo dia e de qualquer jeito comida na mesa. Com mais de 30 milhões de pessoas passando fome num país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, essas cores na bandeira nacional representariam também a vergonha perante o mundo civilizado. Verde de esperança e amarelo de riqueza nada têm a ver com a nossa tosca realidade, um país de miseráveis, pobres e famintos. A vitória de Lula pode até trazer alguma esperança de mudanças, mas romper com a síndrome da Casa Grande & Senzala é muito difícil quando todos já se venderam ao Centrão, que representa o capital.

                Vencendo o pleito, o “Sapo Barbudo” e a sua trupe poderiam empreender outras mudanças significativas para todo o país. Acabaria, por exemplo, com esse negócio de orçamento secreto e também com o estranho sigilo de 100 anos. Extinguiria, com apoio do Legislativo, a reeleição para qualquer cargo do Executivo. Assim, ninguém usaria datas cívicas nem funerais de chefes de Estado estrangeiros para fazer política ou palanque eleitoral. Isso sem falar no poder que a caneta tem na mão de um governante de plantão. Em ano eleitoral é aquela farra de baixar o preço de tudo como acontece hoje com a gasolina. Resta saber de onde sairá o dinheiro do ICMS dos Estados depois das eleições. Será que a elite do país está dando os anéis agora para não perder os dedos depois? Com Lula a nossa bandeira será vermelha como é a bandeira dos principais países do mundo. Seremos uma nação socialista, mas com eleições democráticas. Custa sonhar?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.