quarta-feira, 5 de outubro de 2022

O PT pode dar um golpe


O PT pode dar um golpe


Professor Nazareno*

 

Terminadas as apurações de todos os resultados das eleições presidenciais no seu primeiro turno, o atual presidente do país, Jair Bolsonaro da extrema-direita e Lula, representante da esquerda, vão disputar no próximo dia 30 quem será o futuro presidente do Brasil pelos quatro anos seguintes. Na já esperada polarização política, Lula teve 57 milhões e 259 mil votos, ou seja, um percentual de 48,4% enquanto Bolsonaro ficou com 43,2%, isto é, pouco mais de 51 milhões de sufrágios. O que tem chamado a atenção, no entanto, são as possibilidades de Lula, o PT e as esquerdas tentarem “melar o jogo” e darem um golpe na democracia impedindo assim a realização de um segundo turno. Praticamente todas as pesquisas de opinião davam como certa a vitória do petista ainda no turno inicial. Nenhum desses institutos mostrou o bom desempenho de Jair Bolsonaro.

Com medo de perder o pleito “que já estava praticamente ganho” Lula e o PT podem simplesmente se articularem para tramar um golpe e assim assumir o poder. No voto a voto, é praticamente impossível para a esquerda conseguir superar “os patriotas” de Bolsonaro nas urnas. Andando pelas ruas o que se vê são infinidades de carros com as bandeiras verde-amarelas. As pessoas comuns estão usando as cores nacionais como nunca visto antes. Bolsonaro deverá ter uns 90 ou 100 milhões de votos. Lula talvez nem chegue aos 20 milhões. O Nordeste, por exemplo, que deu vitória ao petista deve e vai entender que a extrema-direita é o melhor que pode acontecer para aquela sofrida região. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro já aderiram à vitoriosa campanha bolsonarista. Ao PT, infelizmente, só resta a virada de mesa. Todo o Brasil é conservador e de direita.

Se por acaso o Lula for eleito, ele vai querer trocar a cor da nossa bandeira. Isso seria uma tragédia nacional. Vai querer também introduzir a ideologia de gênero nas escolas e certamente adotará nelas as ideias comunistas de Paulo Freire. A linguagem neutra adotada pelos esquerdistas será um retumbante fracasso. E quase ninguém quer usar banheiros unissex onde homens, mulheres e crianças podem fazer uso coletivo deles. E a mamadeira de piroca nem merece comentários aqui. Com suas visões golpistas, a esquerda pode se juntar a Cuba, Nicarágua, Venezuela ou até mesmo à Bolívia para governar o Brasil. A América Latina é toda de esquerda. Só falta o Brasil. Os Estados Unidos têm um presidente, o Joe Biden, que é da esquerda. Por isso podem dar apoio imediato às pretensões do PT. E a União Europeia, dependente do nosso agro, nada fará.

Tudo está indicando que Lula e o PT vão certamente se articular para a tomada do poder em breve. Basta que alguns setores das Forças Armadas também aceitem a ideia. O STF nada fará para deter os golpistas já que grande parte dos ministros da Suprema Corte foi colocada lá pelos governos Lula e Dilma. Movimentos sociais como o MST e os Sem Teto, por exemplo, serviriam como apoio tático e até militar aos novos usurpadores do poder. A religião católica seria muito importante neste contexto também. Cada igreja funcionaria como um comitê para ajudar os farsantes. O Padre Júlio Lancellotti seria obviamente lançado à condição de futuro ministro do governo golpista do PT. Guilherme Boulos seria chefe da Casa Civil. Já os evangélicos de todo o país seriam uma espécie de “oposição consentida” ao novo governo. Por isso, a partir de agora precisamos estar atentos a qualquer manobra ou fala dos falsos. Golpe por aqui? Jamais!

 


*Foi Professor em Porto Velho.

 


segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Perdoem-me: votei no Lula!

Perdoem-me: votei no Lula!

 

Professor Nazareno*

 

            A última vez que fiz esta desgraça foi nas eleições de 2002 quando Lula e o PT chegaram ao poder pela primeira vez derrotando FHC. O Brasil tem 522 anos de História. A direita e a extrema-direita governaram-no por exatos 508 anos. Essa esquerda, que agora disputará o segundo turno pela força do voto popular, governou por apenas 14 anos quando Michel Temer se juntou aos conservadores e reacionários e deu um golpe na Dilma Rousseff em 2016. E por que votei outra vez na esquerda? Ora, por que o seu candidato era o menos ruim na disputa. A extrema-direita e o seu “testa de ferro” Jair Bolsonaro tinham que ser expulsos do poder pela força do voto e da melhor maneira possível: com democracia. Uma futura derrota dele tirará de cena um governo humilhante e desastrado. Talvez um dos piores que este país já teve. E o “Mito” irá para a lata do lixo.

            Mas juro que quando apertei a tecla 13 tive nojo e repugnância. De tanto engulho, quase vomitei ali mesmo dentro da seção eleitoral. Porém, ao mesmo tempo lembrei-me das “façanhas” de certo miliciano genocida. Como esquecer os quase 700 mil mortos pela pandemia da Covid-19? Na pior das hipóteses, deveriam ter sido pelo menos umas 200 mil vítimas a menos. Mas por pura arrogância e incompetência, as vacinas não nos chegaram a tempo. E o deboche de um chefe de Estado imitando os doentes sendo mortos asfixiados pela doença? Lula e o PT são uma porcaria, mas não zombaram de mim quando eu estava enterrando familiares vitimados pela pandemia. “Têm de parar de frescura e de mi-mi-mi, pois todo mundo tem que morrer um dia”. “E daí? Eu não sou coveiro”. O fato é que esse atual presidente poderá sair do Planalto direito para o ostracismo ou a cadeia.

            Só que Lula e o PT não são flores que se cheirem. E eu sei disso muito bem. Mas como sou amante da democracia e do politicamente correto apostei conforme as regras disponíveis. É óbvio que se a esquerda ganhar não vai fazer jorrar mel e leite das ruas. Lula pouco ou nada fez pelos pobres que tanto defende. Apenas os apresentou ao consumo e nada mais. Não criou educação de tempo integral nem modernizou o nosso precário sistema de ensino. Nos governos petistas, os banqueiros, por exemplo, ganharam dinheiro como nunca. A atrasada elite do país continuou mandando como sempre e quando pressentiu as primeiras ameaças, golpeou a democracia e dessa forma abriu caminho para o governo fascista e retrógrado desse “Bozo”. E o Bolsonaro fez muito mal ao Brasil e à nossa democracia. Deveria era ser preso por isso e pagar pelas ameaças e crises que criou.

            E tomara que o gado bolsonarista não se suicide de tristeza e decepção por não ter ganho nesse primeiro turno. O país inteiro precisa de cada cidadão para fazer oposição coerente, responsável e séria a quem se eleger. E se o amor dessa gente era mesmo pelo Brasil e não somente pelo tal “Mito” ou pelo PT, qualquer novo mandatário terá oposição ferrenha e governará para todos de forma ordeira, criteriosa e republicana sem roubar o suado dinheiro do povo. Somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo e não podemos ter 30 milhões de famintos. O Brasil precisa voltar a se inserir na comunidade internacional. Precisa respeitar os direitos humanos, a democracia e o meio ambiente. Precisamos debelar a fome, a miséria, a pobreza e principalmente a desigualdade social. Votei e votarei no Lula para salvar a nossa democracia, e se ele ganhar no segundo turno, vou lhe fazer oposição cerrada. E viva o Brasil, que deve estar acima de qualquer governo!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Outro enterro da Província

Outro enterro da província

 

Professor Nazareno*

 

 

            Todo ano de eleições a ladainha se repete e as esperanças sempre se renovam na atrasada província de Cu-do-Mundo. Com menos de 0,8 por cento do total de eleitores do país inteiro, o insólito lugar sequer teve a presença dos dois principais candidatos a presidente do país durante a campanha. O ex-presidiário corrupto e o miliciano genocida não perderam seu precioso tempo para visitar paragens de gente tão atrasada e selvagem como muitas das que habitam o grotão subdesenvolvido. Mas na capital e principais cidades do atípico sertão, a campanha está de vento em popa. Dizem algumas pesquisas que a extrema-direita reacionária tem quase 60 por cento das intenções de voto enquanto os esquerdistas ladrões patinam com menos de metade disto. Ainda assim, nenhum resultado eleitoral saído do insalubre rincão terá qualquer consequência para o pleito final.

       Quase todos os candidatos fizeram suas costumeiras promessas para tirar Cu-do-Mundo do eterno atraso em que sempre se encontrou. A duplicação da principal estrada provincial, por exemplo, constou obviamente nas falas da maioria das futuras autoridades. Mas passado o pleito, todos se esquecem e a criminosa estrada continua com a sua triste sina de matar gente diariamente. Todas essas autoridades, no entanto, falaram entusiasmadas do agronegócio e das riquezas naturais que abundam naquelas bandas. Mas ninguém deu um pio sequer sobre as criminosas queimadas que todos os anos enchem de fumaça e fuligem o outrora “céu azul” cantado em verso e prosa no horroroso hino local. Cu-do-Mundo faz parte do “arco do fogo” e juntamente com outras províncias vizinhas envergonham o país inteiro com tanto fogo na única e última floresta tropical do mundo.

      A capital de Cu-do-Mundo é uma nojeira só. A seboseira sempre foi a marca registrada do imundo lodaçal. Sem água tratada nem rede de esgotos, o lugar é muito pior do que as cidades da África Subsaariana ou de Porto Príncipe no Haiti. Nem mobilidade urbana existe na podre e fedorenta urbe. Porém, a felicidade parece ser uma constante entre os muitos pobres e despolitizados habitantes locais. Uma capital de província que não tem uma rodoviária decente seria algo surreal em qualquer lugar do mundo. Menos no grotão inóspito e inabitável. E claro, há promessas de que em pouco tempo vão ter um lugar “menos ruim” para receber os ônibus do país inteiro. Óbvio que também não existe um só hospital de pronto-socorro na currutela inteira. Há um imprestável e nojento “açougue”, que parece um campo de concentração, e que recebe os pacientes mais pobres.

      Também já há promessas, só as promessas mesmo, de se construir um outro “açougue” mais moderno para os tolos e idiotas eleitores da capital e de toda a província de Cu-do-Mundo. Não se sabe onde nem quando isso acontecerá. E os que fazem esses compromissos sempre saem na frente em todas as eleições e geralmente se reelegem sem maiores problemas devido à estupidez e ao conformismo de seus acomodados cidadãos. Dessa forma, a infeliz província é enterrada a cada dois anos. E em igual período de tempo, sempre renasce para ouvir e ainda acreditar nas promessas vazias que nunca serão cumpridas. Fala-se que a província é um lugar sem futuro, pois os candidatos de lá brigam entre si para apoiar qualquer um. Daqui a poucas horas muitos vão às urnas para sacramentar mais outro enterro. Não só desta região obsoleta e distante, mas do país inteiro. Haverá, claro, os candidatos vitoriosos, mas Cu-do-Mundo sempre será derrotada.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

  

domingo, 25 de setembro de 2022

Uma Esquerda de Direita

Uma Esquerda de Direita

 

Professor Nazareno*

 

            O dia das eleições se aproxima em Bananolândia. O frenesi é total entre os tolos e despolitizados moradores do país espalhados por todas as suas províncias. Muitos creem cegamente na piada de que vai ganhar aquele candidato que mais se dispôs a ajudar os pobres e miseráveis daquela nação sem eira nem beira. Cada grupo de eleitores está convicto de que se ganhar, o seu candidato vai fazer jorrar mel e leite das ruas e que o seu escolhido, seja da Esquerda ou da Direita, é a pessoa certa para trazer felicidade e alegria para os sofridos habitantes. Ninguém percebeu que todas as futuras autoridades estão a serviço de um mesmo senhor do mal e que os ultrapassados conceitos oriundos ainda da Revolução Francesa pouco ou nada influenciarão em suas controladas decisões políticas.

            Na atrasada província de Cu-do-Mundo, por exemplo, quase cem por cento dos candidatos são da Direita, mas estranhamente muitos deles se apresentaram nestas eleições como se fossem da Esquerda. Ricos, abastados e representantes do capital e do agronegócio em sua maioria, usam bordões progressistas para iludir os eleitores mais indecisos. Porém, terminadas as eleições, os “vencedores daqui” logo aderem aos “vencedores de lá” e dessa forma todos continuam alegremente a governar o espoliado povo para tirar-lhe o máximo possível dos poucos recursos que ainda lhe restam. Pior: todos os gargalos continuam a existir normalmente em toda a sociedade. Sabe-se que na capital de Cu-do-Mundo não existe uma boa rodoviária, redes de esgotos ou um hospital de pronto-socorro decente, mas todos fazem vistas grossas e urram de satisfação ao votar.

            Já se falou até que tanto em Bananolândia quanto em Cu-do-Mundo não existem políticos de Esquerda nem de Direita. O que existe na verdade tanto aqui quanto lá “é um bando de salafrários, ladrões e canalhas que se juntam em épocas de eleições para dilapidar o Erário”. A verdade é que sem eleições, os preços disparam nos supermercados e principalmente nos postos de gasolina. Chegada a época de se pedir votos, nem se ouve mais falar em inflação, falta de atendimentos em hospitais públicos ou outros problemas tão comuns. O desemprego diminui com a contratação de “formiguinhas para balançar paus” nas esquinas. E dinheiro tirado do próprio povo é distribuído sem critérios a esse mesmo povo como esmolas ou migalhas e que geralmente serve para turbinar algumas candidaturas. A cegueira política condena Bananolândia a ser uma eterna filial do inferno.

            Discute-se muito nestas eleições se a população quer continuar adorando o fascismo e o deboche verificados nos últimos 4 anos ou se vai optar em permanecer a ser roubada como sempre foi. Sem investimentos em infraestruturas, sem uma educação de qualidade e com uma desigualdade social monstruosa, os muitos candidatos ladrões e desonestos fazem a festa e o sofrimento certamente vai continuar até novas promessas em eleições futuras. Não há saídas possíveis por enquanto. O Establishment está lançado já há muito tempo e pouca coisa vai poder mudá-lo. O povo é massa de manobra e os poderosos continuam ampliando os seus podres poderes. Diante da fome, da miséria e de tantas necessidades, Direita e Esquerda sempre se revezam no poder para manter o “status quo”. Bananolândia, Cu-do-Mundo e as outras províncias terão sempre que “pagar o pato”. Esquerda de Direita ou Direita de Esquerda. E nada mudará no próximo domingo.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Com Lula ou Bozo, Satanás nos guiará!

Com Lula ou Bozo, Satanás nos guiará!

 

Professor Nazareno*

 

            As eleições de 2022 no Brasil se aproximam da reta final. Muito polarizadas neste ano, as preferências eleitorais ainda estão meio indecisas, mas a vitória deve mesmo ficar com o ex-presidente Lula do PT, representante da esquerda, que disputa a contenda com o atual presidente Jair Bolsonaro, o “Bozo”, que representa a extrema-direita. Obviamente um dos dois ganhará, mas o grande derrotado mesmo já está decidido: será o eleitorado e o povo como um todo. Bolsonaro e Lula, dois presidentes que pouco ou nada fizeram em benefício dos mais pobres, são representantes do Centrão, que por sua vez representa os donos do dinheiro. Grupo de políticos escroques e escrotos, esse tal Centrão manda nos destinos da nação desde os tempos do Império e continua até hoje ditando todas as regras.

            Apesar de o Brasil figurar há muito tempo entre as maiores economias do mundo, a miséria e a pobreza sempre fizeram parte da rotina de milhões de cidadãos brasileiros. Isso aqui sempre foi como um inferno comandado pelo Diabo e por seus assessores chifrudos. Com Lula e o PT, a fome até que diminuiu um pouquinho, mas os miseráveis continuaram a sua saga de revirar lixo e de passar necessidades. Já com o Bolsonaro, “o que era ruim piorou ainda muito mais” e multidões dessa vez foram parar em humilhantes “filas do osso” como aconteceu lá em Cuiabá no Mato Grosso e também em cenas deprimentes de miseráveis revirando caminhões de lixo como se verificou no bairro do Cocó em Fortaleza, Ceará. A miséria não pode ser divina e por isso, vê-se em todas as situações a possível presença do Satanás, o verdadeiro guia da pobre e humilhada família.

            Não é Lula nem o Bolsonaro que disputam o poder nestas eleições. É o Cramunhão e a mãe dele. Assim, soa como normal para qualquer político ser fotografado comendo pastel numa feira enquanto por trás, seres humanos reviram lixo à procura do que comer. E não é o Brasil africano criado somente para adornar campanhas políticas, é o Brasil real, aquele do dia a dia. Deve ser por isso que depois de toda eleição neste país, os pobres continuam sempre mais pobres e os ricos, eleitos ou não, voltam para os seus condomínios de luxo, para os seus bons empregos e para a sua vida de farturas. A cada dois ou quatro anos a ladainha sempre se repete e depois a triste realidade volta a bater na cara de todos nós. Dessa maneira, direto do Mármore Quente, o Tinhoso tem a certeza de que sempre guiou corretamente toda essa despolitizada gente. E que ainda vai continuar nos guiando.

            E como quase todo político mente, inventou-se na última eleição a mentira de que “Deus estaria acima de todos”. Pura lorota! Pura enganação! Deus não pode ser protetor de um país que tem mais de 30 milhões de pessoas passando fome e necessidades. Não pode proteger um povo sórdido, ignóbil e desprezível que quer levar vantagem em tudo. Um povo que explora seus próprios irmãos para poder ficar mais rico e poderoso. Enfim, um povo cuja elite usa a política para enganar os mais idiotas e trouxas. Este país só pode ser mesmo guiado pelo Belzebu, pelo Demônio, pelo Lúcifer. E se não mudarmos enquanto povo, enquanto sociedade, enquanto nação, o Anjo das Trevas é quem sempre dará as cartas por aqui. Por isso em todas as eleições, o Jurupari coloca seus mensageiros mais astutos para angariar votos e apoio dos mais pobres e humildes. E a alegria toma conta de todos, mesmo sabendo que votaremos no Malvado ou em sua mãe. Pobre Gente!

 

 

 

                       *Foi Professor em Porto Velho.



 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Nossa bandeira será vermelha!

Nossa bandeira será vermelha!

 

Professor Nazareno*

 

            Com a possível e esperada vitória de Lula, do PT e das esquerdas em geral nestas próximas eleições, muitas coisas deveriam mudar no Brasil. Se eu pudesse ser eleito presidente do país, nos próximos quatro anos trocaria uma série de símbolos, protocolos, convenções e outras tolices imprestáveis que adornam não só a presidência da República, mas também o tolo ideário de muita gente que ainda acredita nestas bizarrices. Começaria mudando a cor da nossa bandeira. Além de ser muito feia, disforme e desengonçada, nossa flâmula mudaria de aspecto. Verde e amarelo, convenhamos, não tem mais sentido. A destruição da Amazônia e de todas as nossas florestas e matas para dar lugar ao agronegócio fez extinguir o verde enquanto o garimpo ilegal, desde os tempos da colônia, não pode mais ser representado por aquele amarelo insosso. E esse ouro nunca foi nosso.

            O azul e o branco também não fazem mais sentido. É uma mentira dizer que representam o céu e a paz respectivamente. Com a poluição e os incêndios florestais, o céu do Brasil hoje por quase todo o país é cinza-chumbo e empesteado de fumaça e poluição. No verão, o Cerrado, a Amazônia, a Mata Atlântica e também todos os outros biomas, são incendiados criminosamente para dar lugar às plantações do agronegócio. E é risível dizer que há desejo de paz num país onde quase 60 mil pessoas são assassinadas todos os anos vítimas da violência social, que parece nunca ter fim. A frase “ordem e progresso” é uma estupidez sem limites. Nunca houve ordem neste país. É tudo uma bagunça sem fim. O Brasil não pode cultuar nenhuma espécie de ordem. Nossa sociedade, com suas instituições falidas, é um “cu de mãe Joana” sem eira nem beira. E sempre foi.

            Além das cores preta e vermelha, para simbolizar o luto e o eterno desejo de melhorias, deveria também ser trocada a frase central para “aos trancos e barrancos”. Seria muito mais coerente e representaria de forma correta a luta desse povo sofredor para conseguir colocar todo dia e de qualquer jeito comida na mesa. Com mais de 30 milhões de pessoas passando fome num país que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, essas cores na bandeira nacional representariam também a vergonha perante o mundo civilizado. Verde de esperança e amarelo de riqueza nada têm a ver com a nossa tosca realidade, um país de miseráveis, pobres e famintos. A vitória de Lula pode até trazer alguma esperança de mudanças, mas romper com a síndrome da Casa Grande & Senzala é muito difícil quando todos já se venderam ao Centrão, que representa o capital.

                Vencendo o pleito, o “Sapo Barbudo” e a sua trupe poderiam empreender outras mudanças significativas para todo o país. Acabaria, por exemplo, com esse negócio de orçamento secreto e também com o estranho sigilo de 100 anos. Extinguiria, com apoio do Legislativo, a reeleição para qualquer cargo do Executivo. Assim, ninguém usaria datas cívicas nem funerais de chefes de Estado estrangeiros para fazer política ou palanque eleitoral. Isso sem falar no poder que a caneta tem na mão de um governante de plantão. Em ano eleitoral é aquela farra de baixar o preço de tudo como acontece hoje com a gasolina. Resta saber de onde sairá o dinheiro do ICMS dos Estados depois das eleições. Será que a elite do país está dando os anéis agora para não perder os dedos depois? Com Lula a nossa bandeira será vermelha como é a bandeira dos principais países do mundo. Seremos uma nação socialista, mas com eleições democráticas. Custa sonhar?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 23 de março de 2022

quinta-feira, 17 de março de 2022

Petrobras para presidente

Petrobras para presidente

 

Professor Nazareno*

 

Este ano de 2022 tem eleições para presidente da República. A disputa é grande e está muito polarizada principalmente entre o atual ocupante do cargo, o presidente Jair Bolsonaro da extrema-direita e o ex-presidente Lula da esquerda, que lideram todas as pesquisas até aqui. Porém, uma terceira via vem se organizando a duras penas para também concorrer ao pleito. O ex-juiz Sergio Moro, a senadora Simone Tebet do Mato Grosso do Sul, o governador paulista João Dória e Eduardo Leite governador gaúcho, dentre tantos outros, são candidatos e também alimentam esperanças de ocupar o palácio do Planalto. No entanto, a principal promessa dessa terceira via é a Petrobrás, a poderosa estatal do petróleo que sempre teve muito poder, manda em tudo sem ser incomodada. Durante o governo do Lula roubaram-na, mas esse escândalo castigou os petistas ladrões.

     E o Bolsonaro corre sérios riscos de não se reeleger nas próximas eleições por causa dos constantes aumentos de preços dos combustíveis. O país inteiro entra em polvorosa quando, por conta própria, a estatal anuncia novos reajustes. E quem determina esses aumentos escorchantes contra todo o povo brasileiro é a própria estatal e não o governo. O “Mito” dos brasileiros já disse publicamente que não manda na Petrobras nem na sua política de preços, embora o Estado seja o maior acionista dela. Assim, é o presidente quem nomeia ou demite o chefe maior daquela repartição. Ou seja, diante da estatal do petróleo, o presidente do país é uma espécie de “Zé Ninguém”, pois está de mão atadas e nada pode fazer. O Conselho de Administração é quem de fato manda. É esse conselho que determina a política de preços no país inteiro. Paga quem pode e ponto final.

      Com tanto poder assim, a Petrobras deveria ter um candidato próprio à Presidência da República. De tão importante que é, ninguém ganharia tantos votos. A estatal, no entanto, vive um drama freudiano: não é totalmente pública nem privada. E parece que ela é uma empresa do primeiro mundo e de países ricos, pois nota-se que ela não se preocupa com o drama dos cidadãos brasileiros mais pobres. Aumenta seus preços sem se incomodar com a inflação nem com a miséria e a fome que advêm para o país. As consequências dos reajustes é problema dos consumidores. Por isso, seus acionistas estão nadando em dinheiro. Só no ano de 2021 os lucros foram de quase 107 bilhões de reais. E como raríssimas autoridades desse país pagam do próprio bolso para abastecer os seus carrões, o martírio deve continuar ainda por muito tempo. Estamos é lascados desse jeito.

         Até os caminhoneiros, que se dizem politizados, são reféns da estatal. Pagam o preço que ela cobra pelos combustíveis e não têm coragem de parar o país. Muitos deles vão parar por que não têm como pagar para abastecer seus caminhões. Ou seja, vão mudar de ramo. As reclamações são feitas só nos dois primeiros dias. Depois vem a aceitação pacata sem nenhum pio. E a lorota de que a elevação dos preços dos combustíveis é por causa do mercado internacional não cola, pois quando o preço do barril de petróleo sobe lá fora, rápido aumentam os preços aqui dentro do país, mas quando esse valor cai, como agora, os preços não diminuem. O próprio presidente Bolsonaro, desolado e triste, disse isso esta semana. A Petrobras manda no presidente, manda no mercado, manda no STF, e até no Ministério Público, que quer indagar o presidente por causa das críticas que ele teria feito à política de preços da estatal. E para presidente, vote na Petrobras, a poderosa!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 16 de março de 2022

Os combustíveis estão baratos

Os combustíveis estão baratos

 

Professor Nazareno*

 

Com o último aumento do preço dos combustíveis, a chiadeira no Brasil inteiro foi geral. Até aí, nenhuma novidade, pois sempre que a Petrobras anuncia um novo aumento, todo mundo reclama só nos primeiros dias e depois aceita tranquilamente a realidade e paga sem mais reclamar pelo reajuste. A paulada agora foi de quase 20 por cento para a gasolina, 25% para o diesel e 16% para o botijão de gás de 13 quilos. Muitas autoridades, que geralmente não pagam para abastecer seus carros, fingem ficar muito preocupadas com a majoração. Fazem reuniões, inventam auxílios disso e daquilo, convocam assessores, fazem discursos inflamados e depois tudo volta à normalidade pelo menos até o próximo aumento. O que muita gente não sabe é que o preço atual dos combustíveis está bem abaixo do que em outros anos. Senão vejamos:

            O preço médio de um litro de gasolina hoje, por exemplo, está por 7,80 reais depois desse aumento. Em 2004, época em que o Lula e o PT governavam o país, o preço de um litro de gasolina era em média 1,98 reais. Pois bem, o salário mínimo do Brasil atualmente está 1.212,00 reais. Em 2004 o menor salário era 260,00 reais. Um salário mínimo de hoje dá para comprar quase 156 litros do combustível. Em 2004 só compraria 130 litros, ou seja, bem menos. Para equiparar os preços de hoje aos de 18 anos atrás, o justo seria cobrar agora pelo menos 9,22 reais pelo litro da gasolina. Com a botija de gás de 13 quilos aconteceu a mesma coisa. Em 2004 ela custava 30,47 reais, por isso hoje deveria estar custando pelo menos 150 reais. O brasileiro reclama de tudo. Se a gasolina fosse de graça, todos iriam reclamar que não estão levando até suas casas.

            O maior problema, no entanto, é o salário que não aumenta com essa mesma frequência. Além do mais, as desculpas dadas convencem cada vez mais os fanáticos, que são seguidores desse ou daquele político. Antes, os combustíveis estavam caros por causa da pandemia, agora é por causa da atual guerra na Ucrânia. E o drama só aumenta em um ano de eleições como este que estamos vivendo. Temos um presidente muito fraco, dominado e incompetente. Bolsonaro já disse que não manda na Petrobras e que nada pode fazer pelos brasileiros. Aumenta a gasolina, aumentam automaticamente todos os outros produtos e assim a inflação perde o controle. Parece até que a Petrobras não é do povo brasileiro e sim dos acionistas e dos investidores internacionais. Mas se o salário mínimo do Brasil fosse alto e tivesse um poder aquisitivo maior, ninguém falava.

            Todo governante deveria estar preocupado com o povo que o elegeu e não permitir os abusos de estatal nenhuma. Porém, nem Lula nem Bolsonaro, nem nenhum outro presidente, se preocupou com os mais pobres. Nunca houve um governo no Brasil em que os ricos e poderosos não se beneficiaram e foram privilegiados. Eles geralmente se preocupam somente em se manter no poder. Lula e o PT saquearam a Petrobras. Todo mundo sabe disto. Já o Bolsonaro deu poderes demais a ela. E a situação fica sem comando. Se a Petrobras derrubou Lula e o PT, ela pode “não permitir” a reeleição do “Bozo”. O fato é que não se podem aplaudir os preços exorbitantes dos combustíveis. Muito menos “livrar a cabeça” desses políticos. Isso se chama mau-caratismo, pois raros cidadãos são acionistas da estatal. Cozinhar a lenha, andar a pé e passar fome será a nova realidade de muita gente pobre. O presidente devia abastecer o carro num posto.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 13 de março de 2022

Guerra: a derrota da Rússia

Guerra: a derrota da Rússia

 

Professor Nazareno*

 

            A invasão de tropas russas ao território da Ucrânia não deixa quaisquer dúvidas: a Rússia vencerá esta guerra de qualquer jeito. É apenas uma questão de dias. A Ucrânia não é páreo e não conseguirá mais se defender por muito tempo. Os russos têm o segundo maior exército do mundo e o maior arsenal de armas nucleares do planeta, embora, acredita-se, que não precise usar essas armas de destruição em massa apesar das constantes e perigosas ameaças do governo russo nesse sentido. Mas a Rússia perderá esta guerra: isso pelo menos no campo econômico. Num mundo globalizado, as sanções econômicas funcionam pior do que os mísseis balísticos ou uma infantaria bem treinada. Os russos destruíram a sua imagem no mundo todo e jogaram fora mais de três décadas de reaproximação com os mercados da Europa e de toda a economia capitalista.

            Vladimir Putin e seus ministros, antes de iniciar esta estúpida guerra, podem não ter percebido duas coisas: primeiro foi a feroz resistência ucraniana e segundo, o poder devastador de sanções econômicas do mundo inteiro que foram impulsionadas tanto por governos como por muitas empresas privadas. Isso sem falar na russofobia crescente em todos os continentes. Com a globalização, os mercados dependem uns dos outros para funcionar. Um carro, ou qualquer outro bem, depende de chips e de componentes fabricados em várias nações diferentes. Com o boicote aos russos, a economia para de funcionar e a derrota, pelo menos em termos econômicos, é iminente. Uma ex-aluna minha que mora na Rússia disse que a inflação no país, em uma semana apenas, já explodiu. Não há como sacar dinheiro em caixas eletrônicos e não há cartões de crédito.

            Isso sem falar nos boicotes esportivos impostos ao país para puni-lo por ter invadido sem nenhuma necessidade um país soberano reconhecido internacionalmente. Atletas da Rússia e também de Belarus estão proibidos de participar de Olimpíadas, paraolimpíadas, Olimpíadas de inverno, Copa do Mundo de futebol, campeonatos europeus de futebol e de vários outras modalidades esportivas que acontecem no mundo inteiro. Os russos estão fora de todos os sistemas financeiros internacionais como o Swift e não podem fazer compensações bancárias envolvendo moedas internacionais. Além disso, todos os magnatas e bilionários russos tiveram seus bens bloqueados ou congelados em vários países do exterior. Aviões comerciais da Rússia estão proibidos de sobrevoar o espaço aéreo de muitas nações assim como os navios não podem atracar.

            Fala-se na mídia ocidental que Vladimir Putin estaria com um câncer em estado terminal. Por isso, tem muita pressa para tentar reconstituir, na marra, o antigo império soviético, que fora desfeito no início da década de 90 do século passado. Ou seja, como o previsto, tenta repetir tragicamente a História. Este conflito no coração da Europa trará de volta à cena mundial a guerra fria que dominou o cenário internacional entre 1947 e 1991. Mas o povo russo lucraria muito mais se continuasse com a integração ao bloco europeu em vez de enfrentá-lo nos campos de batalha. O mundo hoje está diferente e a maioria das pessoas abomina as guerras e as mortandades inúteis. Integração entre os povos, contatos com novas culturas e sociedades, consumo de bens, intercâmbios em vez de canhões, tiros, bombardeios e matanças. Lamentavelmente muitas pessoas inocentes ainda vão morrer por causa de poucos que decidem suas vidas.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 11 de março de 2022

Mito, herói dos combustíveis!

Mito, herói dos combustíveis!

 

Professor Nazareno*

 

            O preço dos combustíveis no Brasil não para de aumentar. Nesta segunda semana de 2022, de uma tacada só, a gasolina subiu quase 19 por cento enquanto o diesel subiu 25% e o gás de cozinha 16%. E a alegria explodiu entre muitos brasileiros, principalmente aqueles seguidores do presidente Jair Bolsonaro. É que a cada aumento desses, os números do Mito nas pesquisas eleitorais para presidente também aumentam. No ano passado, por exemplo, quando o gás de cozinha custava uns 90 reais ou até menos, Bolsonaro tinha pouco mais de 21 por cento nas pesquisas. O petista Lula seria eleito no primeiro turno, segundo estas mesmas pesquisas. Hoje com mais este aumento dos combustíveis, Bolsonaro disparou e ultrapassou os 31 por cento nas intenções de votos. Assim, a cada aumento tem-se a certeza da eleição do Mito já no primeiro turno.

            Embora ele tenha dito várias vezes que “não manda em nada” quando o assunto é a Petrobras e a sua política de preços, presume-se que mais este aumento nada tenha a ver com o líder dos brasileiros. E o Mito só ganha aplausos, notoriedade e admiração a cada declaração dada. Seu competente ministro da Economia, Paulo Guedes, deveria ser laureado com o Nobel de Economia. Durante a campanha em 2018, o futuro ministro Guedes prometeu a botija de gás a 35 reais e gasolina a menos de 2,50 o litro se eles ganhassem as eleições. Ganharam! E três anos depois daquelas “sábias palavras” a gasolina está a quase nove reais e o gás foi para 130 reais a botija de 13 quilos e com perspectivas de aumentarem ainda mais. Os eleitores bolsonaristas vibram de euforia e de satisfação com estes preços altos. Afinal, a popularidade de seu líder também sobe.

            A desculpa para o aumento agora é a guerra na Ucrânia. Antes era a pandemia. Deve ter sido por isso que Bolsonaro foi dar solidariedade ao Putin um pouco antes de o presidente russo atacar os ucranianos e iniciar mais um conflito. O raciocínio do Mito é simples: “com uma guerra na Europa, os preços dos combustíveis aumentam no mundo inteiro e como eu não mando na Petrobras nem nessa política de preços, a minha popularidade também aumenta por aqui”.  Os pobres, os caminhoneiros, os motoristas de aplicativos e também algumas outras profissões que poderiam ser prejudicadas, receberão um auxílio do governo para calarem a boca e continuarem apoiando e votando no seu ídolo. E a Petrobras tem que dar lucro para os seus acionistas! E isto já aconteceu no ano passado quando a “divina” estatal lucrou quase 107 bilhões de reais.

            O povo do Brasil tem que votar e reeleger o Bolsonaro, mesmo com os preços dos combustíveis nas alturas. Com Lula e o PT a coisa pode não dar certo. Triste: quando esteve no poder, a esquerda roubou a estatal como ninguém. Já pensou se Pedro Barusco, Nestor Cerveró, Jorge Zelada, Paulo Roberto Costa, Alberto Yousseff, Renato Duque e tantos outros voltarem ao comando da estatal? E todos eles sendo comandados pela Dilma Rousseff como ministra das Minas e Energia? Melhor nem pensar na tragédia que seria. Assim, vale a pena pagar qualquer preço pela gasolina, pelo diesel e pelo botijão de gás. “Podemos até pagar caro pelos combustíveis, mas temos o nosso nome limpo” é o raciocínio de muitos brasileiros patriotas que voltaram a andar a pé e cozinhar com lenha. Até as eleições que reelegerão Jair Bolsonaro para mais quatro anos como presidente, a gasolina estará uns 15 reais e o gás uns 200. Mas todos felizes!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 9 de março de 2022

Aliados: Maduro, “Bozo” e Putin

Aliados: Maduro, “Bozo” e Putin

 

Professor Nazareno*

 

            O velho ditado diz que o mundo não dá voltas, ele capota. E é o que estamos vendo agora com relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Poucos dias antes de Vladimir Putin ordenar a invasão do país vizinho, Jair Bolsonaro foi a Moscou prestar solidariedade ao presidente russo. “Parece que ele, o Bolsonaro, está do lado oposto”, discursou a porta-voz do governo dos Estados Unidos. E estava mesmo só que ninguém esperava, muito menos aqueles bolsonaristas mais exaltados, que o seu “querido presidente” estaria também ao lado de Nicolás Maduro o tão criticado mandatário da Venezuela. Neste grupo, junto ao Bolsonaro também se podem incluir os presidentes de Cuba, da Nicarágua, da Coreia do Norte, Eritreia, Belarus e também o ditador da Síria. Quase todos eles são comunistas convictos ou esquerdistas. O “Mito” é a piada pronta!

            Todo ditador, seja ele de direita ou de esquerda, geralmente é um sujeito limitado, boçal, antissocial, sanguinário, desumano, infame, misógino, frio, escroque, genocida, ambicioso, mentiroso, antidemocrático e preconceituoso. A invasão da Ucrânia mostra muito bem muitas destas características no Putin. E se a mídia estiver correta, percebe-se também quase tudo isso nos seus apoiadores e seguidores. E como o Brasil sempre foi um país sem muita importância na geopolítica mundial, o nosso presidente poderia não ter que pagar mais esse mico internacional: apoiar, mesmo que indiretamente, as pretensões imperialistas de um ditador sanguinário que invade outro país soberano. “Países não tem amigos nem inimigos, têm interesses” disse certa vez o Winston Churchill. Então, o que ganha o Brasil ao apoiar o Putin, a reboque do mundo?

            O “Bozo” praticamente se elegeu falando mal do Socialismo, do Comunismo e de todos os regimes políticos de esquerda. Do professor Paulo Freire a Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, o então candidato do PSL não media palavras para esculachar a todos. “O nosso país nunca mais será governado por um presidente de esquerda”, bradava sorrindo. No Brasil, antes de se eleger, ele e os seus seguidores detonavam também o Centrão, o grupo político que segundo eles representa a velha política, representa a corrupção e os desmandos da coisa pública. Hoje não só está aliado a esse bloco político como praticamente entregou o seu fraco e desacreditado governo aos deputados e senadores do referido esquema corrupto. Definitivamente, Bolsonaro ou é muito burro ou nada entende de geopolítica mundial. Ou as duas coisas.

             Não há mocinhos nesta guerra lá na Europa, mas não há como negar que o único responsável é o Vladimir Putin que invadiu e provocou toda esta carnificina. “São os lunáticos comandado os idiotas”. E para isso, ele ainda recebeu a solidariedade do presidente brasileiro. E se não acabarem logo os ataques, em pouco tempo os ucranianos podem não ter mais as suas lindas cidades nem o seu país. Por isso, a “russofobia” avançará cada vez mais num mundo que não aguenta mais ver tanto sofrimento e tantas mortes desnecessárias. E se o eleitor brasileiro não tirar democraticamente o senhor Jair Bolsonaro do poder em outubro próximo, o Brasil poderá infelizmente também enfrentar esta avassaladora aversão internacional e muitos boicotes. Aliás, o Maduro já está “se bandeando” para o lado dos Estados Unidos ao oferecer petróleo para os americanos devido às sanções impostas aos russos. E afinal, de que lado o “Bozo” está?

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.