terça-feira, 12 de maio de 2015

Cacoal, Cacaual ou Mero Detalhe?



Cacoal, Cacaual ou Mero Detalhe?

Professor Nazareno*

No dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra Cacoal não existe. Ali, grafa-se Cacaual como sendo “uma quantidade mais ou menos considerável de cacaueiros, dispostos aproximadamente entre si”. Mas para todos nós, a simpática cidadezinha do interior de Rondônia não só existe como é um dos lugares mais charmosos e interessantes desse imenso Brasil. O problema é que a cidade, como o Estado de Rondônia inteiro, apresenta nomes com erros inexplicáveis, uma vez que o slogan do município é “A Capital do Café”, nome conhecido por todos e que tem até no seu acanhado aeroporto esta mesma alcunha. Porém, a partir de agora essa confusão de denominação pode ser desfeita: a roubalheira do PT e o desvio de dinheiro público na atual administração do município podem ter contribuído para resolver o problema.
Em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, uma das acusadas pelo desvio de recursos públicos na cidade afirmou que não estava preocupada com uma possível reação popular às falcatruas, pois o povo de Cacoal era um “mero detalhe”. A chefe de gabinete do prefeito petista da cidade não só falou a mais pura verdade como talvez, sem perceber, tenha resumido qual o verdadeiro papel do povo brasileiro diante dos constantes ataques ao Erário: nenhum. Desde que a corrupção e os roubos tomaram conta da coisa pública em nosso país há muitos séculos, e hoje foram oficializados pelo PT, o povo jamais participou de qualquer assunto a não ser servir de bucha de canhão e, bovinamente, votar e acompanhar na mídia os capítulos diários da sangria de verbas que poderiam resolver grande parte dos problemas que afligem o “país da corrupção”.
Quando às vezes afirmo que o povo de Rondônia, e do Brasil, é talvez o maior responsável pela bandalheira que corrói este país, sou criticado. Quem elege essa gente para nos administrar senão nós mesmos? Quem reelegeu a Dilma Rousseff para mais quatro anos? Quem reelegeu Confúcio Moura para governador do Estado? Quem elegeu Mauro Nazif prefeito? Quem elegeu o Padre Franco em Cacoal? E os vereadores de nossas cidades? Quem elegeu os 24 deputados estaduais de Rondônia? Quem, enfim, elege e reelege todos os políticos em todas as eleições? “A sociedade não é vitima, mas autora, pois somos os responsáveis por todos os homens públicos que aí estão”, disse o ministro Marco Aurélio Mello do STF. Só que poucos querem admitir esta triste verdade. Um articulista míope disse que o povo daqui tem ancestralidade. Tem mesmo?
Ter ancestralidade é quando um povo rouba ou quando se deixa covardemente ser roubado? Cacoal, Rondônia, Brasil, América Latina, Terceiro Mundo, são lugares onde a massa de manobra, ignara e sem leitura de mundo, colabora muitas vezes por interesse próprio, com a degeneração social, a violência, a pobreza e a desigualdade social que afetam a todos nós. Reação tardia não adianta. É fechar a porta depois do cadeado arrombado. Mas esses recentes escândalos de corrupção em Cacoal/RO deram ao Brasil a oportunidade de reconhecer a verdadeira importância do seu povo na participação política e nos destinos do país. “MERO DETALHE”! É assim que esta linda e aconchegante cidade do interior de Roubônia devia ser chamada a partir de agora, já que o nome Cacoal não existe e Cacaual não pode ser denominado. Ou será que os corruptos brasileiros estão certos e que tudo isso não passa mesmo de um mero detalhe?




É Professor em Porto Velho.

sábado, 9 de maio de 2015

Dia das Mães para quê?




Dia das Mães para quê?

Professor Nazareno*

Se não existisse o Dia das Mães, a imbecilidade humana não seria tão perfeita como é. Pior do que os porcos e as amebas, o homem cria estas tolices só para enganar otários e simplórios com o objetivo nada nobre de faturar cada vez mais grana à custa da estupidez alheia. É duro ver não só a cretinice de uma data tão estúpida e sem sentido como esta, mas também observar a adoração aos muitos outros dias criados sob medida para preencher o vazio de ideias da maioria dos incautos cidadãos que parecem viajar num mundo de fantasias e totalmente alheios à dura realidade em que vivem. A celebração de mais uma insensatez, criada com o único fim de turbinar as vendas no comércio demonstra a capacidade única do “bicho homem” em usar descaradamente o sentimento alheio disfarçado de penúria e lamentações apenas para benefício próprio.
Mãe não tem dia nem hora. Todo dia, toda hora, todo instante deviam ser dedicados a ela. O mundo inteiro, durante o ano inteiro, comemora esta excrescência absurda sem o menor acanhamento. Existe dia da mãe em janeiro, em fevereiro, março, abril e até em dezembro. Depende da ocasião e do humor do comércio e dos homens. Usa-se a mãe a bel prazer em qualquer parte do mundo e em quase todas as culturas só para se ganhar dinheiro. Mesmo nas sociedades mais civilizadas e mais organizadas do que a nossa não se dispensa a comemoração deste fatídico dia. A ganância sempre fica acima do amor e da coerência. Se fosse somente o dia das genitoras, tudo bem. Aqui há dia para tudo o que é gosto e em muitos deles, pasmem, é feriado. Dia da sogra, dos pais, dos namorados, do estudante, do evangélico, do trabalhador, do professor.
Um absurdo ter dia do professor num país que não valoriza este profissional. Nem o professor e muito menos a educação, já que estas palavras são desconhecidas para a maioria dos brasileiros. Para ter uma religião também se ganha um dia de descanso como se não bastassem os muitos feriados dedicados à religião católica como a Páscoa, o Natal e o Corpus Christi. E mesmo depois do genocídio sistemático em 500 anos, criou-se no Brasil o dia do índio. Ainda bem que já disseram que “todo dia é dia de índio”. Mas as bizarrices não param por aí. Temos o dia da saudade, da mulher, do sogro, do consumidor, das crianças, do irmão, do frete grátis, da pizza, do futebol, do amigo, da avó, do solteiro, do sexo e, claro, dia do orgasmo. Que presente deve-se dar, por exemplo, no dia do sexo? E no do orgasmo, deve-se ser presenteado com o quê?
Embora o senso comum afirme unanimemente que toda mãe é boa, conheço uma que teve três filhos e os abandonou à própria sorte. Um deles, numa lata de lixo e os outros dois, doou-os a pessoas estranhas e nunca mais os viu. Existem mães que são verdadeiras cobras, com todo o respeito às serpentes, claro. Mães deste tipo têm direito a este dia? Mãe de político, por exemplo, tem também direito de receber presentes? Um ventre que coloca no mundo tais criaturas merece homenagens em um dia especial? Talvez, sim, pois não há castigo maior do que passar nove meses com uma desgraça como um político brasileiro dentro de si. Fora de nós eles fazem o que fazem, imagine-se se estivessem dentro do nosso corpo. A EFMM é a mãe de Rondônia, é o que se diz. Mas por que os rondonienses a abandonaram no meio do matagal? Ela é tão sem importância assim? Já que nem toda mãe merece elogios, esse dia nem deveria existir.



*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Onde foi que nascemos?





Onde foi que nascemos?

Professor Nazareno*

Desde pequenos nos ensinam a gostar inexplicavelmente da terra onde nascemos. Dizem que devemos ser patriotas e amar o torrão natal sob qualquer pretexto. É o tosco sentimento telúrico, uma espécie de imbecilidade muito próxima do Nazismo e do Fascismo, sentimentos que dispensam quaisquer comentários e que levaram o mundo à guerra e à morte sistemática de mais de 60 milhões de pessoas. Eu, por exemplo, nasci na Paraíba, Nordeste do Brasil, e não tenho o menor amor por aquelas terras secas e áridas. E nunca tive nem tenho inveja de quem tem. Até entendo que existam pessoas que possam gostar daquele lugar, mas não me sinto à vontade quando vejo alguns idiotas mal informadas insinuando que eu devia voltar para lá. Sem nenhum orgulho, Deus me livre de tal castigo. Ninguém merece tal desventura. Buscar o quê?
Por que devemos gostar do lugar onde nos deram a luz? Ninguém explica, apenas afirma-se que devíamos gostar e pronto. E quem não seguir esta regra absurda e estúpida é criticado, censurado, pisoteado e massacrado pelo senso comum. Há quase quatro décadas, por exemplo, moro em Rondônia e Porto Velho. E ainda não aprendi a gostar daqui. Para isso acontecer, acho que se deve morar pelo menos uns mil anos num lugar e como não se vive tanto tempo... Dizer por aí que nasceu em Porto Velho e é rondoniense, vai passar vexame na certa. Já pensou o sujeito na rica e desenvolvida Europa ou mesmo na civilizada Serra Gaúcha dizer que é de Rondônia? É melhor esconder o triste fato. Que razões um indivíduo pode justificar para gostar de um lugar tão desprezível, sujo, longe, mal administrado e tão atrasado? Seria o calor infernal?
O povo”, talvez a desculpa esfarrapada para se ter amor a esta terra seja o povo. Talvez não exista em nenhum outro lugar do mundo um povo como o daqui. Que outros cidadãos teriam o perfil dos rondonienses para eleger, por exemplo, os políticos que elegemos? Que outro povo se acostumou a ter tantas desgraças sem reclamar de nada? O povo de Porto Velho se acostumou a ter migalhas e a viver de migalhas. Os viadutos estão pela metade e sem data para serem terminados. O Espaço Alternativo está também inacabado, a ponte está escura, a rodoviária nova nunca será construída, o aeroporto jamais será internacional, água tratada e saneamento básico nunca serão realidade, as ruas estão esburacadas e imundas, não temos hospital de pronto socorro e os nossos políticos, para combinar com o caos, são “meias” autoridades. Alguns deles, nem isso.
E ninguém reclama de nada. Elegemos essa gente e parecemos satisfeitos e acomodados. Aceitamos tudo sem dar um pio. “Mas aqui tem muito emprego e se ganha bastante dinheiro”, podem argumentar os mais otimistas e desinformados. Ora, com competência, honestidade e coragem, trabalha-se e se ganha dinheiro em qualquer lugar do mundo. A terra não dá nada a ninguém, só o trabalho, às vezes, dá. O máximo que ela pode fazer pelo sujeito é devorá-lo depois de morto e nada mais. Nascemos na cama, na rede, no chão, não importa. O conceito de nação, pátria, Estado dentre outras besteiras é pura tolice, é invenção para enganar otários. Eu não gosto de Rondônia porque não gosto da Paraíba nem do Brasil. Mas se morasse num lugar civilizado eu iria gostar de lá? Talvez sim, talvez não. Não somos exclusividade de lugar nenhum. Somos todos cidadãos do mundo. Mas tente dizer isso a um estúpido que adora o hino nacional.




*É Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

PSDB não gosta do funcionalismo




PSDB não gosta do funcionalismo

Professor Nazareno*

       Pode até parecer uma generalização, mas o PSDB, partido político que faz oposição ao PT e que já governou o país entre 1995 e 2002, tem demonstrado em alguns acontecimentos que não gosta de servidores públicos. O Neoliberalismo defendido por Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil no período citado, levou à morte e à depressão milhares de funcionários públicos. Com Aécio Neves, nas últimas eleições o partido ficou em segundo lugar na disputa pela Presidência da República. Entre “a cruz e a espada”, sem boas opções e sem nenhuma perspectiva de melhorar a situação do país, os brasileiros decidiram reeleger Dilma Rousseff para um mandato de mais quatro anos. Mas os tucanos conseguiram eleger governadores em Estados importantes da Federação como São Paulo, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Paraná, por exemplo.
            Principal partido de oposição, se é que no Brasil existe oposição, o PSDB tem no senador mineiro Aécio Neves praticamente a sua principal liderança. José Serra, Geraldo Alckmin e o ex-presidente FHC são também importantes figuras desse partido. Desde que foi fundado, no entanto, a “máquina peessedebista” tem se esmerado em perseguir barnabés por onde tem governado. A demissão dos dez mil servidores públicos em Rondônia por José Bianco no ano dois mil aconteceu quando Fernando Henrique era Presidente do país. Dizem as más línguas que a “fatídica diáspora” dos servidores públicos rondonienses teve a mão, e o pensamento, de autoridades tucanas, que aliadas ao PMDB promoveram uma das maiores desgraças de que se tem notícia contra os cidadãos daqui. Quantos trabalhadores e pais de família foram para a rua?
            Nos oito anos de governo FHC, o que mais se ouviam eram as palavras privatização, terceirização, PDV, enfim, demissão de servidores públicos sem dó nem piedade. Funcionários doentes, tensos, deprimidos e na iminência de serem demitidos sem direito, em muitos casos, à indenização eram coisas comuns naquela triste época. Óbvio que com os petistas as coisas também não melhoraram, pois o PT é outra desgraça nacional, mas a certeza  que se tem é que com Aécio Neves e o PSDB a situação estaria bem pior. A repressão e a truculência podem estar no DNA deste partido da elite. As provas mais visíveis disto é o que aconteceu em São Paulo em 2013 quando a polícia tucana de Geraldo Alckmin reprimiu com violência os protestos contra o aumento nas passagens de ônibus, fato que desencadeou as manifestações pelo país.
            Agora em 2015 foi a vez de Beto Richa, governador do Paraná, mostrar a verdadeira alma autoritária e truculenta do PSDB e de seus seguidores. O dia 29 de abril ficará marcado para sempre na História como sendo “o dia do massacre”. A Polícia Militar do Paraná, a serviço da repressão e do autoritarismo, avançou contra professores em greve num dos episódios mais deprimentes da recente história política deste país. “Uma ditadura regional”. Foi assim que jornais da Europa noticiaram o triste episódio, que teve repercussões internacionais. Os caciques tucanos e seus seguidores sempre tão falantes e inquisidores quando se trata de criticar o governo do PT, não se manifestaram para condenar a selvageria de Curitiba. Aécio Neves até agora nada falou. O massacre da PMPR contra os professores ficará impune? Cadê FHC? Cadê Serra? Cadê Alckmin? Cadê a indignação cívica? Cadê a Justiça? Quando o PSDB vai gostar de funcionários?



*É Professor em Porto Velho.