Cacoal,
Cacaual ou Mero Detalhe?
Professor
Nazareno*
No dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa, a palavra Cacoal não existe. Ali, grafa-se Cacaual como sendo “uma
quantidade mais ou menos considerável de cacaueiros, dispostos aproximadamente
entre si”. Mas para todos nós, a simpática cidadezinha do interior de
Rondônia não só existe como é um dos lugares mais charmosos e interessantes desse
imenso Brasil. O problema é que a cidade, como o Estado de Rondônia inteiro, apresenta
nomes com erros inexplicáveis, uma vez que o slogan do município é “A
Capital do Café”, nome conhecido por todos e que tem até no seu acanhado
aeroporto esta mesma alcunha. Porém, a partir de agora essa confusão de denominação
pode ser desfeita: a roubalheira do PT e o desvio de dinheiro público na atual
administração do município podem ter contribuído para resolver o problema.
Em gravações telefônicas autorizadas
pela Justiça, uma das acusadas pelo desvio de recursos públicos na cidade
afirmou que não estava preocupada com uma possível reação popular às
falcatruas, pois o povo de Cacoal era um “mero detalhe”. A chefe
de gabinete do prefeito petista da cidade não só falou a mais pura verdade como
talvez, sem perceber, tenha resumido qual o verdadeiro papel do povo brasileiro
diante dos constantes ataques ao Erário: nenhum. Desde que a corrupção e os
roubos tomaram conta da coisa pública em nosso país há muitos séculos, e hoje
foram oficializados pelo PT, o povo jamais participou de qualquer assunto a não
ser servir de bucha de canhão e, bovinamente, votar e acompanhar na mídia os
capítulos diários da sangria de verbas que poderiam resolver grande parte dos
problemas que afligem o “país da corrupção”.
Quando às vezes afirmo que o povo
de Rondônia, e do Brasil, é talvez o maior responsável
pela bandalheira que corrói este país, sou criticado. Quem elege essa gente
para nos administrar senão nós mesmos? Quem reelegeu a Dilma Rousseff para mais
quatro anos? Quem reelegeu Confúcio Moura para governador do Estado? Quem
elegeu Mauro Nazif prefeito? Quem elegeu o Padre Franco em Cacoal? E os vereadores
de nossas cidades? Quem elegeu os 24 deputados estaduais de Rondônia? Quem,
enfim, elege e reelege todos os políticos em todas as eleições? “A sociedade
não é vitima, mas autora, pois somos os responsáveis por todos os homens
públicos que aí estão”, disse o ministro Marco Aurélio Mello do STF. Só que
poucos querem admitir esta triste verdade. Um articulista míope disse que o
povo daqui tem ancestralidade. Tem mesmo?
Ter ancestralidade é quando um povo
rouba ou quando se deixa covardemente ser roubado? Cacoal, Rondônia, Brasil,
América Latina, Terceiro Mundo, são lugares onde a massa de manobra, ignara e
sem leitura de mundo, colabora muitas vezes por interesse próprio, com a
degeneração social, a violência, a pobreza e a desigualdade social que afetam a
todos nós. Reação tardia não adianta. É fechar a porta depois do cadeado
arrombado. Mas esses recentes escândalos de corrupção em Cacoal/RO deram ao
Brasil a oportunidade de reconhecer a verdadeira importância do seu povo na
participação política e nos destinos do país. “MERO DETALHE”! É
assim que esta linda e aconchegante cidade do interior de Roubônia
devia ser chamada a partir de agora, já que o nome Cacoal não existe e Cacaual
não pode ser denominado. Ou será que os corruptos brasileiros estão certos e
que tudo isso não passa mesmo de um mero detalhe?
É Professor em
Porto Velho.