“Jornalistas” incendiários
Professor Nazareno*
“O
Estado Policial voltou. Agora com camionetas, helicópteros, aviões. Ameaça
pequenos produtores, aplica pesadas multas. As pequenas comunidades rurais
estão em pânico. O desespero toma conta. Com superpoderes, lhes dado por uma
legislação imposta pela esquerdalha, que dominou o país durante década e meia e
com apoio incondicional de entidades internacionais, como as milhares de ONGs
que dominam nossa Amazônia, o Ibama é um Estado a parte, dentro do Estado”.
Essas mal traçadas linhas, por incrível que pareça, foram escritas em 2019 por
um “jornalista” que reside na
Amazônia brasileira, hoje totalmente tomada pela volumosa fumaça das queimadas
que levaram o mundo civilizado a protestar e a nos ameaçar via G7 com pesadas
sanções comerciais. Romper tratados e boicote a nossos produtos também estão na
mira.
Moro
há quarenta anos nesta região e todos os anos a rotina incendiária é a mesma: a
fumaça cobre os céus e os transtornos se repetem. Mas o mundo está mudando.
Chega! Foi a gota d’água agora. Os europeus, por exemplo, que destruíram todas
as suas florestas, hoje são os maiores defensores do meio ambiente. Compram muitos
dos nossos produtos agropecuários e parte do seu dinheiro financia projetos
ambientalistas na Amazônia. Por isso, não vão permitir a destruição que se faz
com a maior floresta tropical do mundo. Defender a extinção da política
ambiental em favor dos que destroem a natureza é um equívoco sem precedentes. E
muitos “jornalistas” lamentavelmente
fazem isso sem perceber que preservar o meio ambiente hoje em dia necessita de
uma legislação até mais rigorosa. Seja ela proposta por quem quer que seja.
Defender um bem que é de todos não
precisa cor partidária nem posição política. A legislação ambiental tem que ser
mais rígida, pois o indivíduo só aprende quando é atacado na sua parte mais
sensível: o bolso. Se o sujeito tocasse fogo e segurasse a fumaça... Incentivar
o crime ambiental e o enfraquecimento da legislação, como também faz o
presidente incendiário, o “Capitão
Motosserra”, só piora as coisas. Crime é defender a fumaceira na Amazônia.
O Brasil não está preparado para um boicote internacional de seus produtos.
Além do mais, uma árvore em pé vale muitas vezes mais do que uma árvore
derrubada e queimada. E os europeus pagam para não derrubar. Só que o “esperto” presidente abriu mão do
dinheiro da Alemanha e da Noruega. Podia ter atraído mais países para ajudar na
preservação da região amazônica. E todos ganhariam.
“Se
o Brasil quer tanto mostrar ao mundo quem manda na floresta amazônica, terá de
assegurar a todos que ela não será derrubada nem queimada como fizeram com as
florestas da Europa e do resto do planeta. De pé, a Amazônia promete ser o
maior instrumento de barganha política e diplomática do Brasil no século XXI.
Mas no chão, transformada em cinzas, seus troncos aprofundarão a cova onde
estará enterrada a reputação do único país com nome de árvore”. Por isso,
todos nós temos o dever de preservar a Amazônia. Ela é nossa e a nossa
soberania sobre ela é algo indiscutível. Pulmão do mundo ou não, é
imprescindível para a vida humana e está em nosso solo. Usar a mídia para
atacar os países que já estão se reflorestando ou mesmo criticar as leis
ambientais nos coloca num triste nível de atraso. Muitos desses países fizeram tudo
isso na Idade Média. Época para onde alguns desses “jornalistas” deviam voltar a escrever.
*É Professor em
Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário