quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Pelé, a lenda do seu tempo

Pelé, a lenda do seu tempo

 

Professor Nazareno*

 

            O ano de 2022 se despede dos brasileiros da pior maneira possível, pois uma tristeza avassaladora tomou conta de corações e mentes depois de termos vividos duas grandes alegrias durante o ano que ora se encerra: morreu Pelé, o eterno rei do futebol e figura ímpar no mundo desse esporte. Depois da derrota do Fascismo com Jair Bolsonaro nas últimas eleições e da desclassificação da fraca seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, muita gente esperava terminar o ano “curtindo” esse ar de felicidade que havia precariamente se instalado no país. Mas, mesmo já esperado, veio o revés. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que segundo a revista Veja “sempre foi o eterno camisa 10, o atleta do século XX e também o brasileiro mais conhecido de todos os tempos no mundo inteiro, é a partir de hoje uma lenda”. Ele foi a primeira estrela do futebol que brilhou no mundo.

            O “Rei do futebol” foi reverenciado por todos os cronistas esportivos como o melhor jogador desse esporte em todos os tempos. Exagero! Pelé realmente foi fenomenal com a bola nos pés e os muitos títulos que ganhou mundo afora jogando pelo Santos e pela seleção brasileira não deixam quaisquer dúvidas. Porém é bom informar que ele abriu o caminho para infinitas outras estrelas que também brilharam com suas equipes. Pelé foi bom porque foi o primeiro a fazer o que queria com uma bola e era praticamente a única estrela a brilhar naqueles tempos. Na sua época não havia zagueiros tão bons como existem hoje em dia. Nem laterais combativos. Não havia o futebol inteligente como o jogado hoje e muito menos a dedicação do mundo inteiro para com o esporte das multidões. Altos salários, táticas invejáveis, excelente preparo físico e escolas modernas.

            Dizer que Pelé foi o melhor de todos os tempos é a mesma coisa que dizer que os Beatles, por exemplo, também foram os melhores na música pop. Os rapazes de Liverpool foram bons, é claro, mas depois outros artistas continuaram fazendo até mais sucesso do que eles. Guardadas as devidas proporções, é a mesma coisa falar que Campina Grande e Caruaru têm o melhor São João do mundo e que não há melhor festival de Boi-bumbá do que em Parintins. O “atleta do século XX” foi incrível, mas Garrincha também foi. Eusébio de Portugal e Puskás da Hungria nem merecem comentários. Gerd Muller da Alemanha, Lato da Polônia e o holandês Johan Cruyff também encantaram o mundo com uma bola nos pés. Isso para não falar em Maradona e Lionel Messi da Argentina. E aqui tivemos Zico, Falcão, Sócrates, Ronaldo, Rivaldo, Neymar, Gerson, Rivelino e Romário.

            E outra: Pelé não ganhou três copas do mundo para o Brasil como se fala. Só ganhou uma, embora tenha participado de quatro. Em 1970 no México, o cara foi imbatível e se não fosse ele, não teríamos trazido aquela taça. Em 1958 na Suécia ele participou só de algumas partidas e em 1962 no Chile, contundido, quase não jogou. Em 1966 na Inglaterra, o Brasil com Pelé e tudo, sequer passou da fase de grupos. O incrível e brilhante Eusébio de Portugal mandou a nossa seleção bem mais cedo para casa. Em copas do mundo Pelé fez apenas 12 gols e já na próxima competição deverá ser superado por Mbappé da França que hoje também tem 12. Ronaldo do Brasil, Klose da Alemanha e até o Messi têm mais gols em copas do que o rei daqui. É lamentável sob todos os aspectos a morte do Pelé, mas ele já fazia parte do passado e o futebol jogado hoje é moderno, dinâmico e na raça. Não há mais espaço para as firulas e nem para majestades.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Por que Santo Fole não presta?

Por que Santo Fole não presta?

 

Professor Nazareno*

 

A província de Santo Fole, na região Norte de um certo país, é uma desgraça só se for comparada a outros recantos da nação. Poucas coisas por lá funcionam bem. Com uma população minúscula de menos de dois milhões de habitantes e uma área territorial equivalente à do Reino Unido e quase três vezes maior do que a populosa e desenvolvida Coreia do Sul, essa unidade da federação acumula em seus poucos anos de existência um rosário de adversidades, atrasos, exploração, roubos e obstáculos. Situada entre dois grandes biomas de interesse mundial, a bisonha província tem mais de mil quilômetros só de fronteira internacional. Grande parte de sua população é formada de pessoas que vieram de fora somente para ganhar dinheiro no atrasado rincão. Talvez por isso não haja no lugar qualquer sentimento de pertencimento muito verificado nas províncias vizinhas.

Para se ter uma ideia do atraso local, Santo Fole tem o pior sistema público de saúde de todo o país, segundo estatísticas nacionais divulgadas recentemente. Mesmo assim, grande parte de sua população votou maciçamente no candidato que foi secretário de saúde do governo anterior. Em Santo Fole quase todos os políticos são da direita e da extrema-direita e com raríssimas exceções, todos nasceram fora da província. A capital provincial, por exemplo, jamais fora administrada por um de seus tantos filhos. Fala-se à boca miúda que mesmo a própria unidade da federação jamais tivera um só governador nascido dentro de seus limites. Deve ser por isso que todo final de ano as cidades esvaziam completamente. Políticos, autoridades e o povo mais rico em geral se mandam para as praias e para outras províncias com o objetivo de se divertir e também visitar os parentes.                                                     

  Passar o Natal e o Ano Novo fora da província já virou rotina há muito tempo em Santo Fole. Fazer postagens nas redes sociais é um passatempo predileto de quem tem dinheiro e o privilégio para viajar. Mas não só os forasteiros viajam nos finais de ano. Muitos cidadãos “santofolenses” vão morar fora quando se aposentam. Não se sabe ainda o porquê, mas o ódio que se nutre por Santo Fole já vem de gerações passadas. Muitos acreditam que é por causa da ausência de bons serviços públicos na capital da província e nas principais cidades. Ali não existe sequer uma rodoviária decente, mas em toda campanha política, há promessas de que “em pouco tempo, haverá um novo terminal rodoviário de padrão internacional”, mas que nunca sai do papel. É a mesma coisa do hospital de pronto socorro do lugar. Um velho “açougue” que só serve para matar pobres.

            Poucas capitais de províncias são iguais a de Santo Fole. Nela não há água tratada, saneamento básico e nem arborização. Também não há nenhuma mobilidade urbana ali. Só mesmo as promessas políticas de que “um dia” tudo vai funcionar adequadamente. Os muitos e luxuosos prédios da Justiça, da administração regional, da Assembleia Legislativa e dos Ministérios Públicos, no entanto, contrastam com a pobreza avassaladora daquela insalubre capital. A suntuosidade e o luxo espantam qualquer um. Até as duas hidrelétricas construídas por lá só servem para abastecer as outras regiões do país com energia boa e barata. As terras mais férteis da província servem só para criar gado para os fazendeiros de fora. Por isso, fala-se que Santo Fole é uma fazenda das mais lucrativas do país. Na paupérrima região, cujo povo vota geralmente só em candidatos reacionários, todos já se preparam para mais um ano de submissão e agruras. Feliz 2023!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 



 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

“Me engana que eu gosto”

Me engana que eu gosto

                                                                                

Professor Nazareno*

 

            Como animais irracionais e sem questionar absolutamente nada, muitos dos seres humanos se especializaram em ser enganados e lesados pelos seus próprios semelhantes. No Brasil, essa característica de ludibriar os mais imbecis parece ser uma espécie de passatempo nacional. A lorota começa com a religião. Os mais velhos, sem nenhuma evidência da verdade, geralmente colocam na cabeça dos mais incautos a crença sem provas da existência de um Deus superior a tudo e dependendo do viés político, induzem os mais novos e menos informados a crerem na Bíblia, no Alcorão, na Torá e em “profetas” enviados para salvar e guiar toda a humanidade como Moisés, Jesus Cristo e Maomé dentre tantos outros. Com o passar dos tempos, no entanto, essa mania de enganar os mais otários continuou, e com alguns requintes, em quase todas as áreas da sociedade.

No aspecto da economia, por exemplo, criou-se a bobagem de que o salário mínimo pago pelo estado e pela maioria dos empregadores é uma remuneração justa que vai resolver todos os problemas de quem recebe essa miséria financeira. Em alguns países, receber esse salário até que compensa se compararmos com o que se paga no Brasil, onde essa quantia é o equivalente a pouco mais de 230 euros mensais enquanto em Portugal é superior a 750 euros e na França e Alemanha chega a quase dois mil euros por mês. Por aqui muitos patrões se acham os “donos do pedaço” e muitas vezes até exploram seus empregados por causa dessa mixaria que lhes pagam por mês. A ambição capitalista se mesclou à religião e sem nenhum acanhamento inventou o Papai Noel para impulsionar suas vendas todos os finais de ano. Pior: ensina às crianças que esse velho maldito é bom.

É de partir o coração observar-se anualmente a piada do “bom velhinho” sendo repassada com tanto empenho às futuras gerações do país. Devia ser crime enganar uma infinidade de crianças inocentes. Até a Empresa de Correios no Brasil entra na mentira e na enganação. Induz aos tolos, sem nenhum remorso, que eles escrevam uma cartinha para o “velhinho tarado” lhe pedindo um presente. Quanta mentira! Quanta enganação! Quanta desfaçatez! E todos sabem que Papai Noel nada tem a ver com religião. E o que falar dos “patriotários” que estão na frente dos quartéis pedindo um golpe militar? Porém, o rol de enganações segue normalmente em quase todas as ações humanas. Durante toda Copa do Mundo, enganam-se muitos brasileiros de que a seleção nacional é superior às outras e vencerá. Aí quando perde, a “ficha cai” e a decepção toma conta dos enganados.

E a campanha do hexa já foi adiada para a próxima Copa, quando se inventarão novas mentiras para ludibriar os trouxas da ocasião em 2026. Mas é na política que os brasileiros são engabelados como nunca. Nessa última campanha para presidente dizia-se que só havia praticamente dois candidatos: um era ladrão e o outro fascista. Elegeram o ladrão na esperança de que se fez a coisa mais certa do mundo. Depois, quando tudo começa a desandar, muitos dizem que vão mudar o voto para consertar o país. Ninguém, entretanto, percebe que praticamente todos os candidatos são sempre “farinha do mesmo saco” e estão no poder apenas para representar a elite nacional, a dona do dinheiro, que sempre explora os mais necessitados e perpetua dessa forma a nossa monstruosidade desigualdade social. O Brasil, e também boa parte dos países do mundo, vive só de farsas. Os mais ricos vivem explorando os mais pobres e tudo segue como em um Natal macabro.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.



 

domingo, 18 de dezembro de 2022

Argentina, tricampeã com autoridade


Argentina, tricampeã com autoridade

 

Professor Nazareno*

 

            Terminada a 22ª Copa do Mundo de futebol realizada no Catar, eis que nenhuma surpresa com relação ao vencedor. A poderosa equipe da Argentina se torna tricampeã mundial ganhando da França nos pênaltis. Desde os primeiros jogos, não havia o que se discutir. Os portenhos montaram um time praticamente imbatível para defender o fraco futebol sul-americano. Eles deram uma lição de futebol para o mundo inteiro ver. Uma equipe que tem Lionel Messi, Júlian Álvarez, Di Paul, Ángel Di Maria, Otamendi, Enzo Fernández, Tagliafico, Montiel e Dybala não merecia perder um só jogo. O atual time argentino é talvez melhor do que aquele Brasil de 1970 com Pelé e tudo. Se tivesse pegado o Brasil agora, a Argentina teria dado uma goleada pior do que os 7 X 1. Ufa! Escapamos! Parece até que os argentinos amam o seu país e lutam desesperadamente para defendê-lo.

            Assim como já não tem mais heróis nem sequer representantes na Fórmula 1, o Brasil também não tem mais nenhum time de futebol que encante a mais ninguém. Embora sejamos pentacampeões do mundo na modalidade, ganhamos uma Copa do Mundo pela última vez lá em 2002. E faz mais de dez anos que um time do Brasil ganhou o Mundial de Clubes. O nosso futebol é um dos piores do mundo hoje em dia. O campeonato brasileiro nem de longe pode se comparar a uma Premier League da Inglaterra, por exemplo. Dos 26 jogadores convocados, somente três deles jogam no Brasil, ainda assim todos eles não veem a hora de sair do país. O restante da nossa frágil seleção está nos melhores campeonatos de futebol da atualidade: na Europa. Terminado o baita vexame que deram nesta copa, quase todos eles ficaram por lá mesmo onde vivem.

Pelé nunca foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Isso é mentira, uma falácia, conversa fiada. Não só Maradona e Messi da Argentina, mas Platini, Zidane Garrincha e Cruijff sempre mostraram muito mais habilidades dentro e principalmente fora de campo. Já faz tempo que nossos melhores jogadores estão apenas preocupados com os milhões de dólares e euros que ganham lá fora. Amor pelo Brasil e pelos brasileiros? Pense numa piada de mau gosto. Neymar mesmo, após a derrota do Brasil para a fraca Croácia, deu uma festa de arromba em São Paulo. E quase nenhum dos nossos atletas está preocupado com a vergonhosa situação social do país como acontece com muitos jogadores estrangeiros como Sadio Mané do Senegal ou até mesmo o inglês Marcus Rashford. Só Neymar, nada modesto, ganha mais de um milhão de reais por dia.

Grande parte dos nossos jogadores pensam como pobres de direita. Se tivessem levantado o troféu seria uma injustiça e certamente iriam tecer muitas loas e homenagear Bolsonaro e o bolsonarismo. Por isso, perder mais esta competição foi uma dádiva dos céus para todos nós. Além do mais, ver a Argentina jogar é um colírio para os nossos olhos. O entrosamento e as belas jogadas dos hermanos nem se comparam ao nosso fraco selecionado. Até o hino nacional dos caras é um alívio para a nossa alma. A Canción Patriótica, por exemplo, é um conforto para os nossos ouvidos e nem se compara com o nosso feio e incompreensível cântico nacional. A Argentina hoje não é apenas um time de futebol. É uma academia e Messi um MITO. É um desses times que ficarão marcados para sempre em nossos corações e mentes. Já no Brasil vive-se do passado no futebol e logo seremos superados pelas verdadeiras potências da atualidade. Parabéns, argentinos!

 

 

                    

            *Foi Professor em Porto Velho.



quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

As muitas lições de Bolsonaro

As muitas lições de Bolsonaro

 

Professor Nazareno*

 

            Jair Messias Bolsonaro foi varrido do cenário político do Brasil. Espera-se que por um bom tempo. Para mais de 60 milhões de eleitores e também para muitos outros milhões de cidadãos, a certeza que se tem é que nunca mais essa assombração maligna volte a atormentar o nosso país, embora o bolsonarismo ainda continue por certo tempo entre nós. Pelos próximos quatro anos, o pensamento ridículo, retrógrado e anacrônico da extrema-direita e dos reacionários, no entanto, permanecerá entre as ações dos muitos políticos eleitos nestas eleições de 2022. Mas se fizerem muitas bobagens na próxima administração, Lula, o PT e as esquerdas permitirão a volta em 2026 do “miliciano genocida” ao poder. Porém se engana quem afirma que o “Mito” não ensinou, com a sua maneira pouco usual de agir, várias lições para o meio político e para a política em geral.

            A melhor lição que Jair Bolsonaro deu ao Brasil e aos políticos é que se pode governar sem roubar muito. E faça-se justiça: nos quatro anos do governo que ora se finda, os casos de corrupção existiram, mas foram muito poucos se comparados a outros governos. Ficou mais do que provado que é possível governar um país, um estado ou uma cidade sem roubar um único centavo dos contribuintes. Falam que se Bolsonaro e seu governo roubaram ou se envolveram em casos escabrosos de corrupção, essa prática foi bem menor do que se pôde verificar em outras administrações anteriores. Outra grande contribuição que o “Mito” deu aos políticos foi com relação ao que um político fala em público. Bolsonaro não poupava ninguém quando abria a boca. Sem filtro, ele insultou mulheres, negros, gays, chefes de estado estrangeiros. Por tudo isso, pagou um preço alto.

            Duvido que nos próximos vinte ou quarenta anos ou até mais tempo, apareça no Brasil um candidato sequer a vereador que seja grosso e mal-educado com os outros e que seja descortês com o seu futuro eleitor. Bolsonaro agia à vontade quando tinha um microfone a sua frente. Muitos falam que ele apenas despertou e “tirou do armário” muitos homofóbicos, racistas, misóginos, preconceituosos, devastadores do meio ambiente e outras pessoas que usam o desrespeito às minorias como forma de vida. Mas a lição ficou. “Quem fala o que quer, ouve o que não quer” e por tabela, numa democracia pode até perder a reeleição. Outra: jamais negue a ciência, mesmo que você não acredite nela. E durante uma pandemia, como a que ainda estamos vivendo, siga as orientações de especialistas. Nada de desdenhar de ninguém nem de prescrever remédio sem ser médico.

            É bom também não criar crises institucionais sem nenhuma necessidade. Deve-se entender de uma vez por todas que numa democracia como a nossa o poder é sempre dividido entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Enaltecer as Forças Armadas e os militares também é desnecessário. O poder militar em toda democracia é formado sempre por instituições de estado e nunca de governo. Outra lição: é bom investir em Educação de qualidade e não intervir no ensino das escolas. Paulo Freire é estudado no mundo inteiro, menos no Brasil. Por isso, o educador devia ter sido citado como bom exemplo. Fato: nunca diga que a terra é plana. É bom também fazer sempre com todos os países amigos a política da boa vizinhança. Qual a necessidade, por exemplo, de se criticar governos com os quais o Brasil sempre manteve boas relações? As lições que o “Bozo” deixa para os futuros políticos são muitas. Basta não as seguir se quiser ter algum sucesso.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Alegria, alegria! Brasil está fora!

Alegria, alegria! Brasil está fora!

 

Professor Nazareno*

 

O Brasil está fora da Copa do Mundo de futebol de 2022. Graças a Deus! Há exatos 39 dias, depois da derrota do Bolsonaro e do Fascismo na política nacional, eis que outra grande alegria toma conta de todos os brasileiros e do país inteiro. Jogando contra um time apenas mediano na competição, a seleção do Brasil mostrou para o mundo o quanto é fraca, bisonha, mole e indolente: durante a dura partida, apenas empatou de 1 X 1 com a modesta Croácia, mas isto foi uma coisa muito boa para o Brasil, pois a Croácia, apesar de ser vice campeã do mundo em 2018, não está ainda no nível do futebol de uma Argentina, França, Inglaterra, Holanda ou até mesmo de Portugal ou Marrocos. Se tivesse ganhado dos fracos croatas, seria certamente goleado pelas seleções classificadas para a semifinal e para a final deste campeonato. Temos que agradecer pela derrota nos pênaltis.

Hrvatska é um time de segunda linha no futebol mundial e mesmo assim ganhou do Brasil, uma equipe, essa sim, de terceira ou quarta linha e sem a menor condição de ganhar qualquer campeonato que seja, apesar de ser o pentacampeão mundial da modalidade. Uma fraca seleção de futebol que tinha apenas alguns jogadores esnobes, arrogantes, toscos e prepotentes. Isso sem falar em alguns funcionários da própria CBF, que chegaram ao requinte e à maldade de “jogar um gato fora” durante uma entrevista com o jogador Vinícius Jr. Uma arrogância indescritível e estranha num mundo que deseja e quer hoje sempre o respeito não só aos animais, mas também às causas sociais e igualitárias do mundo moderno. O Brasil é um país que tem hoje 33 milhões de famintos e miseráveis. Ainda assim, muitos jogadores da nossa seleção comeram “bifes de ouro”.

Comeram, filmaram e também divulgaram em suas redes sociais as “mantas” de carne folheadas a ouro, parece que só para “esnobar” dos nossos fragilizados, explorados, famintos e lascados cidadãos pobres que sempre torcem por eles. De que adiantava o Brasil ser hexacampeão e ter seus cidadãos na fila do osso e passando fome e agruras? O país ganhar mais outra Copa do Mundo e sua gente ganhar um salário que não chega sequer a um terço do menor salário de Portugal, por exemplo? Melhor não ganhar nada, enquanto a miséria for a nossa parceira. Além do mais, o Brasil esteve durante os últimos quatro anos à beira de uma ditadura feroz com Bolsonaro e sua gente. Aliás, o Neymar, que não deveria nunca mais jogar pela nossa seleção, disse que homenagearia o genocida quando fizesse um gol. Ainda bem que ele fez só dois e não se atreveu a essa humilhação.

O Brasil não tem qualidade de vida nenhuma, não tem Prêmio Nobel de nada, não tem reconhecimento internacional em uma área sequer, não tem educação de qualidade, a violência é absurda, a desigualdade social é monstruosa, devasta o meio ambiente, na política praticamente só tem ladrões, é a pátria da corrupção, do jeitinho e da roubalheira e hoje é um pária internacional. Por tudo isso, não devia ganhar nada mesmo. Nem no futebol, em que antes era “o dono do mundo na área”, nem em nada. Fracassado em tudo, tinha que fracassar também no futebol. A não ser que a partir de agora invista em educação de qualidade para o seu povo e mude a sua bruta imagem prante o mundo desenvolvido e civilizado. Jair Bolsonaro e a seleção brasileira de futebol perderam, mas daqui a quaro anos terão novas chances de mostrar ao mundo o que não mostraram em 2022. Tranquilos: dos 26 jogadores da nossa seleção, apenas três deles atuam no Brasil. Deviam ser castigados e forçados a jogar contra o Genus daqui. Ou morar em Porto Velho.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Muito cedo para comemorar

Muito cedo para comemorar

 

Professor Nazareno*

 

            Existe um ditado popular em alguns países da África que diz para não se xingar a mãe do crocodilo antes de se atravessar o rio. Com a seleção do Brasil nesta 22ª Copa do Mundo de futebol no Catar parece estar acontecendo a mesmo coisa. Estamos de um lado de um rio infestado de crocodilos e precisamos chegar à outra margem e não estamos levando em conta o perigo que corremos. Nas oitavas de final do torneio, o Brasil “arrasou” o fraquíssimo time da Coreia do Sul por 4 X 1 e incendiou de euforia e esperança os fanáticos torcedores brasileiros. “Esse é um dos melhores times desta Copa, se não for o melhor”, gritam uns. “O hexa agora é apenas uma questão de tempo”, gritam outros. O que quase ninguém vê é que até agora a nossa seleção só enfrentou “galinhas mortas”. O que representa no futebol times como Coreia do Sul, Suíça e mesmo Sérvia?

            Pior ainda é o time de Camarões, mas que derrotou o escrete canarinho por 1 X 0 jogando pela última rodada da fase de grupos. Por muito pouco não ficamos em segundo lugar no grupo. Aí a coisa se complicaria com os próximos adversários. E não adianta dizer que o Brasil perdeu por que jogou com o time reserva. Isso não existe para a História. Na Copa do Mundo do Catar o Brasil perdeu para Camarões e ponto final. Passadas as oitavas, enfrentaremos a Croácia, uma antiga freguesa do Brasil em copas do mundo. Apesar de ter sido a vice-campeã na Copa da Rússia, o time de Luka Modric e companhia não oferece mais nenhuma resistência. Os croatas passaram de fase ao ganhar do também fraco Japão somente nos pênaltis após um ridículo empate de 1 X 1. Como se vê, só a partir da semifinal é que o Brasil será de fato testado por quem sabe jogar futebol.

            Se passarmos pela Croácia, deveremos enfrentar o vencedor de Holanda e Argentina, dois times muito fortes para testar a nossa frágil capacidade de vencer obstáculos de verdade. E se continuarmos com essa sorte e vencermos, teremos então na final outro time de futebol verdadeiro: França de Mbappé, Inglaterra de Kane, Espanha ou até mesmo Portugal de Cristiano Ronaldo. Isso, claro, se não tiver nenhuma zebra pelo meio do caminho desses fortes adversários. Ou seja, dá-se a entender que a FIFA “organizou” tudo direitinho para que o Brasil avançasse sem problemas até o final do torneio. Mesmo com esta possível ajuda, o time de Neymar e companhia pouco tem brilhado até agora nesta copa. Foram 4 jogos com uma derrota e três vitórias, sendo uma por apenas um gol. O time de Adenor Bachi não convenceu muita gente com este futebol.

Muitos dos jogadores da seleção nacional não têm dado bons exemplos. Alguns deles, na companhia de Ronaldo, o Fenômeno, não se acanharam e foram a uma churrascaria em Doha para saborear “bifes de ouro, que custou nove mil reais. Alegres e felizes, filmaram tudo e publicaram nas redes sociais, que foram vistas também por grande parte dos mais de 33 milhões de famintos que o Brasil tem hoje. O dinheiro é deles, foi ganho honestamente e eles fazem o que quiser, gastam com o que quiser e onde quiser, mas definitivamente a ostentação, a prepotência e o deboche de alguns desses atletas não combinam com a triste e dura realidade da maioria dos brasileiros, que acompanham e dão ibope a seus ídolos. Até agora, o Brasil e a sua seleção não ganharam nada nesta Copa. Deviam treinar mais, vencer todos os adversários que têm pela frente, serem mais humildes, ostentar menos e nos trazer o hexa. Ainda é cedo para tanta euforia.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Camarões castiga a arrogância

Camarões castiga a arrogância

 

Professor Nazareno*

 

             O Brasil perdeu por 1 X 0 para a fraca seleção de Camarões pela terceira rodada do grupo G da Copa do Mundo do Catar. Mesmo assim, conseguiu se classificar para as oitavas de final do torneio quando jogará contra a Coreia do Sul, que venceu Portugal pelo placar de 2 X 1. Com duas vitórias magras contra a Sérvia e a Suíça nas primeiras duas rodadas do grupo, os pentacampeões somaram apenas os 6 pontos e ficaram à frente dos suíços só no saldo de gols. Foi a segunda maior alegria dos brasileiros em pouco mais de um mês, quando no dia 30 de outubro passado, Jair Bolsonaro foi solenemente derrotado no segundo turno das eleições presidenciais do Brasil. O jogo foi muito ruim de se ver do começo ao fim e se não fosse o total domínio da frágil seleção africana sobre os arrogantes pentacampeões do mundo, poucas pessoas aguentariam ver os dois tempos.

             O placar mais justo da partida deveria ter sido uns três ou quatro a zero para os africanos. O valente e destemido time de Camarões perdeu um gol atrás do outro enquanto os arrogantes jogadores do Brasil apenas observavam seus adversários criarem jogadas. Porém, alguns fanáticos e tolos torcedores brasileiros podem argumentar que o seu time jogou apenas com os reservas. Tolice, pois todos os jogadores presentes àquela partida são titulares absolutos em seus times. Mesmo assim, a opção de escalar qualquer jogador é de estrita responsabilidade do técnico. Ademais, com exceção dos três jogadores lesionados nas partidas anteriores, o banco de reservas do Brasil estava repleto dos atletas que atuaram como titulares contra a Sérvia e a Suíça. Parece até que o senhor Adenor Bachi, que diz ser técnico de futebol, queria era mesmo perder a partida para os Camarões.

            O Brasil pode até ganhar esta Copa do Mundo, mas a rigor nada jogou até agora que convencesse o mais fanático dos torcedores de que vai trazer a taça. O time é ruim demais. E nesta partida deu o atestado de sua ruindade extrema. Não tem esquema tático definido, não tem entrosamento, não ataca com habilidade, não tem domínio, não toca a bola e nem se defende. Comparar esses “pipoqueiros” com a seleção de 1970, por exemplo, seria um acinte, um deboche mesmo. Pior: são raros os torcedores que sabem pronunciar o nome de qualquer um desses jogadores ao ver a imagem dele na televisão. “É cada sujeito desconhecido que sequer se sabe o time ou o país em que ele está jogando”, afirmam muitos brasileiros quando há uma substituição. E quando o time de Camarões ia para o ataque, era um desespero total. Aí o sofrimento tomava conta de todos.

                Porém, é bom que se diga: apesar de ser ruim e muito fraco, o time do Brasil tem muita sorte também. Só está pegando até agora “galinha morta” nesta Copa. Jogará contra a Coreia do Sul nas oitavas de final e se conseguir o milagre de vencer, pegará nas quartas o vencedor do jogo Croácia e Japão. Jogo duro só mesmo na semifinal, Argentina ou talvez a Holanda, e na partida final. Isso se chegar até lá jogando esse futebolzinho de quinta. Assim como na política não é mais o país da extrema-direita reacionária e do fascismo, o Brasil há muito tempo deixou de ser também o país do futebol. Só se for agora o país do futebol ruim, do futebol do vexame, da vergonha, da falta de criação e com jogadores arrogantes. Só falta os torcedores mais fanáticos se juntarem aos evangélicos, aos caminhoneiros, ao “gado”, aos militares da reserva e todos irem para as ruas, bloquear as estradas e exigir que a FIFA anule a vitória de Camarões. A empáfia perdeu. De novo.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.