Brasil, o país
dos “zeróis”
Professor
Nazareno*
A greve do setor de transportes
mostrou ao mundo a verdadeira vocação do Brasil e dos brasileiros: somos um
país em eterna busca de um herói e salvador da pátria. Enquanto ele não chega,
a procura continua. Os caminhoneiros e não outras infinitas profissões também
importantes são agora o mais novo herói do povo brasileiro. Estudar para quê?
Seja caminhoneiro e ganhe a admiração e o encanto do todos. Antes disso, e num
curto espaço de tempo, já tivemos vários outros “zeróis”. Tancredo Neves em 1985 “derrubou” a Ditadura Militar e caiu nas graças dos brasileiros
sedentos por democracia. Logo após, Fenando Collor arrebatava multidões com o
seu discurso fascista contra os marajás do serviço público. Não deu outra: ajudado
pela Globo, bateu Lula e se elegeu o primeiro presidente do país após longos 21
anos de arbítrio e trevas.
Após o curto e infeliz mandato de
Collor, que culminou com a sua saída do poder e acusado de corrupção, os
brasileiros continuaram a sua incessante busca por um ídolo nacional. FHC, o
criador do Plano Real, ganhou as apostas e se tornou presidente do país por
dois mandatos. Foi um dos “zeróis”
nacionais por quase uma década. Pertencente ao PSDB, Fernando Henrique inaugura
o Neoliberalismo tosco e desmancha o Estado doando praticamente todo o
patrimônio estatal a seus amigos e correligionários. Empresas gigantescas como
a Vale do Rio Doce, as telecomunicações, bancos estaduais, estradas, portos e
aeroportos foram privatizados. Por isso, deixou de ser o adulado do povão e
logo caiu em desgraça. O PSDB sai de cena e entrega o poder a outro dito herói
nacional: Lula, o Lulinha paz e amor, cai nas graças dos desdentados.
O novo mimo do Brasil é agora um
ex-metalúrgico. Primeiro esquerdista a governar o país, ele faz um dos piores
governos da nossa História. Estoura o escândalo do Mensalão em 2005 e mesmo
reeleito, o governo petista se envolve no Petrolão e ainda assim consegue
eleger e reeleger Dilma Rousseff, a primeira mulher a assumir a Presidência do
Brasil. O julgamento do Mensalão, no entanto, cria outro notável das massas: o
ministro Joaquim Barbosa passa agora a ser o queridinho da população. Negro, de
origem humilde e muito duro em suas decisões, o ministro do STF sai de cena
quando acaba o julgamento daquele escândalo nacional. O povo o aplaudia nas
ruas e o cobria de elogios e adulações. “Tem
que ser candidato à Presidência da República”, diziam os mais tolos e
desinformados. “Esse homem é um Deus”,
falavam.
Com Joaquim Barbosa fora de cena, os
olhares incautos e despolitizados se dirigiram imediatamente para outro juiz:
Sérgio Moro com a sua Operação Lava Jato passa a ser o mais novo dos “zeróis” nacionais. Ninguém levou em consideração o fato de que
tal operação pode ser uma farsa da elite nacional para enganar os trouxas, uma
vez que inicialmente só prendeu petistas. Apesar de ser o mais novo Javé do
Brasil, Sérgio Moro, após ser flagrado em fotos “alegres” com o senador mineiro Aécio Neves, foi acusado de não
prender nem investigar partidários do PSDB, os tucanos. Aos poucos o juiz está
perdendo o brilho inicial, já que apareceram agora os caminhoneiros. Até em
Rondônia tivemos os nossos “zeróis”:
um gaúcho, Jorge Teixeira, é considerado o Deus do Estado. Já Chiquilito Erse,
mesmo sem ter feito grandes obras, é em Porto Velho o guru mais amado. Triste
país que precisa ter os seus “zeróis”. Quem será o próximo?
*É
Professor em Porto Velho (nunca foi herói de nada).