quarta-feira, 28 de julho de 2021

O Centrão é bolsonarista

O Centrão é bolsonarista

 

Professor Nazareno*

 

            O governo de Jair Bolsonaro praticamente já acabou. Estamos diante de um dos maiores estelionatos eleitorais do Brasil. O eleitor do Bolsonaro foi enganado, embora hoje disfarce a vergonha. O “Bozo” se elegeu em 2018 prometendo dentre outras coisas acabar com o Centrão, aquele grupo de deputados fisiologistas que só pensam em verbas e estão se lixando para o Brasil e para o eleitor. O presidente, seus filhos e muitos dos seus seguidores prometiam solenemente que o “toma lá, dá cá” seria coisa do passado. “A partir de agora, vamos mudar o jeito de se fazer política neste país”, diziam mentirosamente os candidatos bolsonaristas. “Se gritar pega Centrão (ladrão), não fica um, meu irmão” era a música que o general Augusto Heleno, aliado de primeira hora e integrante graúdo do governo Bolsonaro, gostava de cantar sorrindo há três anos.

            Mas hoje, com medo de perder o apoio na Câmara dos Deputados, o governo de Jair Bolsonaro traiu mais essa promessa de campanha, enganou seus eleitores e não só vendeu a alma ao diabo como também entregou o “coração do poder” aos deputados do Centrão. A Casa Civil foi entregue “de mão beijada” ao PP, Partido Progressista. O deputado federal Ciro Nogueira do Piauí, que antes já havia chamado Bolsonaro de fascista, é agora o novo ministro da pasta. E o “Bozo” estava certo: o Centrão representa tudo de ruim que existe na política do Brasil. Desde a longínqua era de 1930, ainda com Getúlio Vargas, os políticos integrantes dessa ala corrupta e fisiologista, cuja ideologia maior sempre foi o dinheiro público, sempre mandaram nos destinos sociais e políticos do país. Em 1964 golpearam a democracia e continuaram mandando até nos militares.

            O Centrão esteve também ao lado do PT e vários de seus integrantes foram  ministros do Lula, da Dilma e depois do Michel Temer. Quem foi que em 2016, quando ficou de “saco cheio com a Dilma e com o PT”, deu um golpe na então presidenta? Da Ditadura Militar passando pela Nova República, pelo governo de Fernando Collor e também pelo governo neoliberal de FHC quem sempre deu as cartas foi o Centrão e seus integrantes. Apesar de tudo de ruim que ele representa, sempre esteve no centro do poder. Banqueiros, empresários, industriais, latifundiários, donos das redes de comunicação, agropecuaristas são os donos do Brasil. Ingenuamente, ou até mesmo de caso pensado, o “Bozo” durante sua campanha disse que ia quebrar essa hegemonia, mas hoje com os milicos e tudo teve de recuar e, para salvar os dedos, entregou os anéis.

            A nossa política é dominada pela elite, que sempre a usa para manter seus privilégios. Marcos Rocha, governador de Rondônia, Hildon Chaves, prefeito de Porto Velho, os deputados estaduais e federais, os senadores, os vereadores, o STF, todos eles com raríssimas exceções, representam essa casta endinheirada e tudo farão para deixar “os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos”. O agronegócio brasileiro, por exemplo, todo ano bate “recorde em cima de recorde” na produção de alimentos, mas a fome no país aumenta todo dia. Só em 2021 são mais de 19 milhões de famintos. O Centrão e seus políticos permitem que nossas escolas sejam de péssima qualidade, não investem nos serviços públicos básicos, nos esportes e até “doam” ossos para os mais pobres “comerem”. Com medo, o “Bozo” já disse que é do Centrão, emudeceu e se acovardou. E Lula só será o próximo presidente se esse Centrão permitir.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

O Brasil na fila do osso

O Brasil na fila do osso

 

Professor Nazareno*

 

            Para desespero do gado, tanto o que produz a carne quanto aquele que aplaude os políticos e neles vota, o falastrão presidente Jair Bolsonaro outro dia num churrasco comeu picanha japonesa Wagyu, que custa quase dois mil reais o quilo. Enquanto isso, centenas de pobres fizeram enormes filas lá em Cuiabá capital do Mato Grosso para conseguir receber doação de ossos. Isso mesmo, um açougue da capital mato-grossense doa ossos para o povo comer. Uma dupla ironia, pois o Estado, um dos maiores redutos do bolsonarismo no país, é o maior produtor de carne bovina com mais de 35 milhões de cabeças de gado e o Brasil figura entre os maiores produtores de alimentos do mundo. A vergonha suprema, que logo será esquecida, dessa vez foi com o “Bozo”, mas poderia ter sido com qualquer outro presidente ou até mesmo um governador de Estado.

            O quilo da picanha degustada alegremente pelo presidente do Brasil custa quase dois salários mínimos do país e pelo menos 12 vezes mais do que o auxilio emergencial que o governo pagou para os necessitados durante a pandemia do Coronavírus. O Brasil já figurou entre as seis maiores economias do planeta e ainda continua entre os países de maior PIB. É seguramente um dos maiores produtores de alimentos do mundo perdendo somente para os Estados Unidos e a China. Mas com 215 milhões de habitantes, o nosso país não consegue alimentar adequadamente seus cidadãos. Em 2021, somente a produção de grãos chegará à estratosférica marca de quase 300 milhões de toneladas. Fazendo-se uma divisão justa, cada brasileiro teria direito a mais de uma tonelada de grãos só neste ano. Mas o feijão e o arroz, comidas típicas, já sumiram de nossas mesas.

            O preço dos alimentos no Brasil não para de subir. E o número de miseráveis também. A inflação não dá tréguas. Comida se tornou item de luxo no chamado celeiro do mundo. Com a pandemia, já temos hoje pelo menos 19 milhões de cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza, na miséria absoluta. E com a alta diária do dólar praticada pelo atual governo, quase toda a produção agropecuária é destinada às exportações. O caos e a miséria aumentam sem controle todos os dias e já somos concorrentes de muitos países miseráveis da África subsaariana. Porém, nossas “filas do osso” não são muito diferentes daquelas crianças negras, cabeçudas e desnutridas. Só que os pobres daqui são piores, pois não se prestam nem a um espetáculo televisivo. Com a fome e a desigualdade social vêm também a reboque toda a violência e exploração sem controles.

Porém se engana quem pensa que a culpa por esta vergonhosa fila de ossos em Cuiabá seja somente do Bolsonaro. Da extrema esquerda à extrema direita, todos os governantes do Brasil até hoje sempre privilegiaram a elite endinheirada do país. Aqui só se governa para os ricos e poderosos. A síndrome da “Casa Grande & Senzala” de Gilberto Freyre nos acompanha desde os remotos tempos da colônia. Na presidência, o cachaceiro e ex-presidente Lula, por exemplo, só bebia vinho Romanée-Conti de 30 mil reais a garrafa. Já o brasileiro comum só bebe vinho Sangue de Boi de dois reais o litro. O agronegócio representa quase 30 por cento do nosso PIB para produzir milhões de famintos e miseráveis enquanto na Alemanha é de apenas 0,9 por cento só que lá não há fome nem miséria. A pobreza do Brasil dá lucro, basta saber administrá-la. E agora não mande ninguém para Cuba ou Venezuela. Mande para Cuiabá! Lá tem osso. E do bom!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Não morra agora, “Mito”!

Não morra agora, “Mito”!

 

Professor Nazareno*

 

            O presidente Jair Messias Bolsonaro está doente e internado em São Paulo com obstrução intestinal, segundo a equipe médica que o atendeu. Há rumores de que ainda são sequelas da facada que ele “teria levado” durante as eleições presidenciais de 2018. O fato é que todos os brasileiros deveriam rezar para que ele não morresse agora. Neste momento, todos nós, cidadãos de bem ou não, deveríamos torcer pela sua pronta recuperação, pelo restabelecimento de sua saúde e pela sua volta imediata ao cargo que ocupa. Desejar a melhora de uma pessoa doente nada mais é do que educação, bons modos e sentimento de empatia com o próximo e também respeito, principalmente com os familiares do enfermo. Não é de bom tom nem normal desejar o mal aos outros e torcer para que ele “leve fim” o quanto antes. E seu lugar é na cadeia não num hospital.

            Bolsonaro não pode morrer agora! Seria uma das maiores injustiças de que se tem notícia. Mas durante a pandemia do Coronavírus, pelo menos 540 mil brasileiros já perderam a vida. Desse total, pelo menos uns 200 mil poderiam ter sobrevivido se o governo do senhor Bolsonaro tivesse, com antecedência, comprado as vacinas que lhe foram oferecidas há quase um ano. Se o Bolsonaro morrer agora sem ter que pagar na Justiça por cada uma dessas mortes, muita gente vai chorar de frustração. Os familiares desses mais de meio milhão de cidadãos ficarão decepcionados por não terem visto a equidade prevalecer. São quase 20 milhões de infectados no país que na maioria das vezes não tiveram nenhuma assistência do Estado e do Poder Público. Horror: em Manaus no Amazonas, homens e mulheres morreram asfixiados pela falta de oxigênio.

            O tal do tratamento precoce contra a Covid-19 incentivado por Bolsonaro e seus assessores também levou à morte muitos brasileiros, principalmente os mais carentes e sem informações. Na CPI da Pandemia, no Supremo Tribunal Federal ou até mesmo no Tribunal Penal Internacional de Haia na Holanda, o senhor Jair Messias Bolsonaro e todos os seus seguidores têm que pagar pelos seus crimes. A incompetência do governo Bolsonaro causou muitas mortes e sofrimento a todos nós. Morrendo agora, ele se livra de todas essas acusações e os seus admiradores continuarão livres e soltos para no futuro, talvez em nome dele, cometerem mais barbaridades e atrocidades contra a nação. Assim como Hitler, Mao Tsé-Tung, Josef Stalin, Fidel Castro e tantos outros ditadores genocidas, “Bozo” também cometeu crimes contra a humanidade e por eles deve pagar.

            Se morresse agora, seria um grande alívio para ele e para todos os bolsonaristas de plantão. Por isso, ele tem que estar bem vivo e com saúde para presenciar a sua derrota acachapante nas eleições do próximo ano. Isso se antes não sofrer um processo de impeachment pelas atrocidades que cometeu e pelas declarações monstruosas contra a democracia e contra as instituições que o mesmo proporcionou ao anedotário político do país. Não devemos torcer pela sua morte, mas pela sua pronta recuperação para, bem disposto e lúcido, ele pagar por todos os seus crimes e ser humilhado perante a nação inteira. Não podemos ser frios, desumanos e insensíveis como ele foi quando debochou publicamente de quem já morreu de Covid-19. Os mortos não sofrem humilhação nem desgosto. E não será uma pequena e simples obstrução intestinal que vai decepcionar os brasileiros que esperam por Justiça. Com ou sem Bolsonaro, bolsonarismo nunca mais!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

A vida depois do golpe

A vida depois do golpe

 

Professor Nazareno*

 

            Finalmente o Garganta Rasa de Juca Kfouri dá um golpe na frágil democracia brasileira. Tanques carcomidos pela ferrugem, soldados, cabos e sargentos com salários atrasados e já corroídos pela inflação galopante e usando armas remanescentes ainda da segunda guerra mundial saem às ruas de todo o país. Aviões, sucatas anacrônicas, dão voos rasantes sobre as cidades. Navios obsoletos atiram a esmo. O “Bozo” vendo que as próximas eleições não seriam do jeito que ele quer, deu a ordem aos quartéis e com apenas “um cabo e um soldado” mandou fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Depois decretou estado de sítio, suspendeu a Constituição e se autoproclamou presidente do país por tempo indeterminado. O povo, feliz, alegre e satisfeito e sem saber o que se passava, saiu também às ruas para festejar e soltar fogos.

De início, o decadente e psicopata capitão do Exército brasileiro decide romper relações diplomáticas com qualquer país que não reconheça o novo governo. Isso inclui os Estados Unidos, a União Europeia e as nações vizinhas com MERCOSUL e tudo. Claro que a censura volta ao convívio diário da população. A internet é imediatamente controlada. Todos os sites contrários às ideias dos novos mandatários são proibidos e ficam sem acesso. Só pode ter internet em casa quem se submeter a rigorosos controles do Estado. O comando das funções governamentais fica bem mais amplo. Estatização em massa de todas as repartições públicas e aumentos de salários são regras básicas para todos os funcionários públicos, que serão demitidos e transformados em comissionados. Concursos públicos suspensos e toda contratação será mediante entrevistas e indicações.

Perseguições políticas haverá sim, mas só para quem ousar discordar do novo governo, óbvio. E torturas só mesmo em último caso. Por isso, em todas as igrejas evangélicas do país terá um puxadinho para instalação das salas do DOI-CODI. Haverá também de imediato o cancelamento de eleições livres em todos os níveis. Prefeitos, vereadores, governadores, deputados estaduais e federas assim como senadores serão nomeados pelo presidente da República e o “Conselho de Ministros”, este criado só para este fim. Partido único de apoio ao governo federal e prisão para todos os políticos que fizerem oposição. Para calar a mídia, prefeitos compram sites de notícias, rádios e emissoras de televisões. Cada prefeito receberá verba extra e enviará aos donos desses sites e de outros meios de comunicação. Porto Velho em Rondônia ficaria de fora, claro!

Bandeira vermelha só mesmo a da conta de energia elétrica. Hino nacional e a reza de um Pai Nosso ou outra oração qualquer daria início a todas as aulas. Na ordem do dia, será lido diariamente um documento enaltecendo as glórias do “Grande Líder”, ou seja, o Garganta Rasa. Tudo isso do primário à universidade. A partir de agora, em todo o país só estudaria “quem não tivesse outra coisa mais importante para fazer”. Muitas escolas e universidades seriam fechadas. Pós-graduação, mestrado, doutorado, PHD só em último caso e tudo custeado pelo próprio estudante. SUS, Butantã, Fiocruz e outras bobagens que só servem para gastos desnecessários seriam extintos. Por decreto, a pandemia da Covid-19 e o Coronavírus seriam expulsos do Brasil. O decreto também determinaria que nenhuma pessoa seria portadora do tal vírus. Senhor Jair Messias Bolsonaro, está esperando o quê? Dê logo o golpe, homem! Toda a sociedade o apoiará!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 11 de julho de 2021

Dê o golpe, Garganta Rasa!

    Dê o golpe, Garganta Rasa!

 

Juca Kfouri*

 

      O genocida ameaça ao dizer que não haverá eleição se não for como ele quiser. O Garganta Rasa volta a ameaçar, acuado, denunciado, em queda vigorosa nas pesquisas, cada vez mais isolado no Brasil, cada vez mais pária no mundo civilizado. Ignorante, orgulhoso de jamais ter lido um livro, desconhece o que Getúlio Vargas chamava de "guampada de boi manso". Garganta Rasa não assusta mais ninguém. Destruiu tanto que o que restou de apoio são escombros, gente desqualificada entre empresários desonestos, fraudadores, comunicadores vendidos, tristemente expostos em atos de bajulação explícita, políticos gananciosos do Centrão e redondezas e fundamentalistas ignorantes, uma redundância.

 Cabos eleitorais de pescoços grossos, bíceps grandes e cérebros raquíticos repetem as bazófias do Garganta Rasa, prontos para a luta. PMs indisciplinados, provocadores infiltrados, imaginam entrar em cena para não deixá-lo só, sem se dar conta que não contam, tão poucos são. Dê o golpe, Garganta Rasa! Chame as Forças Armadas e ordene que fechem o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, calem a imprensa independente, e, não se esqueça, matem os tais 30 mil que há tanto tempo lhe incomodam — se é que alguns deles não estão entre os 530 mil que seu governo genocida e corrupto já matou. Comece por Fernando Henrique Cardoso, é claro!, este perigoso agente do comunismo internacional (desculpe, ex-presidente, ser herói com seu pescoço…).

   Só não deixe o golpe a cargo do general Eduardo Pazuello, porque aí será um convite ao fracasso. Winston Churchill dizia que a guerra é assunto sério demais para deixar nas mãos dos militares, por isso melhor será encomendá-lo ao ministro Paulo Jegues, aquele que tem a fórmula para acabar com a fome no Brasil — assim como o Garganta Rasa sabe que para diminuir a poluição basta ir menos ao banheiro, com o que ameniza-se, também, a crise hídrica. Demorou, Gargantão, mas o país acordou para o maior erro já cometido em mais de 500 anos de existência. E nem mais o bufão de cabelo amarelo está na Casa Branca para deixá-lo brincar de golpe.

Mas é capaz que os próximos passos da história lhe deem razão e não aconteça eleição em 2022. Com o seu nome nela, bem entendido, ou fora do segundo turno, porque não o atingirá, ou até mesmo no primeiro, porque o impeachment chegará antes. Nesta segunda hipótese, é provável que possa ver a contagem dos votos colhidos pelas urnas eletrônicas de dentro da cadeia, porque rachadinha é crime, dar guarida a milicianos é crime, ameaçar a democracia é crime, não necessariamente nessa ordem. (Prevaricar é crime). Enfim, fica aqui o desafio, a provocação de alguém desarmado, incapaz de dar um tiro: dê o golpe! O tiro lhe sairá pela culatra como coice na nuca, Cavalão!"

 

 

*Juca Kfouri é jornalista esportivo.

Torci muito pela Argentina

Torci muito pela Argentina

 

Professor Nazareno*

 

            Não gosto de futebol. Apesar de ser um bom esporte, o seu uso ideológico tira-lhe qualquer importância social que possa ter. Durante a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil se sagrou tricampeão mundial, a Ditadura Militar abusou do uso político desse esporte e sob a alegria tresloucada dos tolos, fanáticos e despolitizados torcedores nacionais, aumentou a repressão aos oposicionistas do regime. Durante as sessões de torturas o lema era: “este é um país que vai pra frente!” O próprio governo argentino também usou e abusou do futebol para fins políticos: foi na Copa do Mundo de 1978 quando se sagrou campeã mundial após ter comprado a seleção peruana para desclassificar o Brasil. O PT e as esquerdas em 2014 também “entraram no jogo” ao trazerem outra Copa do Mundo para o Brasil. Porém, a Alemanha foi a água no chope.

            Dessa vez foi o Bolsonaro a querer pegar carona com esse esporte. Em plena pandemia do Coronavírus, que já ceifou a vida de mais de 532 mil brasileiros e infectou outros 20 milhões, o desastrado e melancólico governo do “Mito”, contra tudo e contra todos, trouxe a Copa América de 2021 para o território brasileiro depois da desistência de Argentina e Colômbia. De início, os tatuados e fracos jogadores da seleção nacional, até que ensaiaram uma desistência. Mas o castigo veio a galope. Igual aos 7 X 1 de 2014, o Brasil de agora não só perdeu a final para a Argentina como também foi humilhado dentro de campo pelos hermanos. Um golaço de Di Maria ainda no primeiro tempo, atuações impecáveis de Messi, De Paul, Tagliafico e Otamendi, o domínio total do jogo, além da tradicional garra portenha deram aos argentinos esse merecido título.

Se jogar contra a seleção brasileira, eu torço por qualquer time e sendo a Argentina “tudo fica melhor ainda”. Em Copas do Mundo, já torci pela Alemanha, França, Holanda e Bélgica e nunca me deu mal. Durante os 7 X 1, quase tive um troço de tanta alegria. Em 2018 na Copa da Rússia, vi a Bélgica encantar o mundo e despachar os “vacilantes canarinhos” por 2 X 1. Vestir a camisa amarela da seleção brasileira hoje em dia é sinônimo de vergonha absoluta. Vestido de verde e amarelo qualquer cidadão, por mais politizado que seja, será logo confundido com um bolsonarista raiz. Sob ameaças constantes, o Brasil e a sua frágil democracia vivem hoje dias sombrios. Acuados pela CPI do genocídio e em queda livre nas pesquisas, setores das Forças Armadas e o próprio presidente do país já ameaçam golpear as instituições.

Torcer pela Argentina não é nenhum desmerecimento. Pelo contrário! Dentro de campo, Diego Maradona foi superior e muito melhor do que Pelé em tudo. Ver a seleção argentina jogar encanta pela garra de seus atletas e pela vontade que eles têm de vencer. Já muitos jogadores do Brasil estão em campo apenas pelos altos salários e pela fama. Só isso. Quase todos eles moram na Europa e só voltam ao país quando já estão em fim de carreira. Alguns falam o Português já com sotaque. A Argentina tem democracia de verdade e suas Forças Armadas foram punidas pelo golpe de 1976. O governo portenho é sério e não debocha de seus cidadãos. O enfrentamento da pandemia no país vizinho é outra coisa. A qualidade de vida entre os hermanos é superior a nossa. “A Argentina é melhor do que o Brasil em quase tudo. E eles não têm o complexo de vira-latas”. Tomara que o Brasil não vá para o Qatar. E se for, torcerei contra. De novo!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 3 de julho de 2021

Os gays entrarão no céu

Os gays entrarão no céu

 

Professor Nazareno*

 

            O professor Leandro Karnal disse que quase todo ataque homofóbico parte de um homossexual contra outro homossexual. O primeiro é aquele que não aceita a sua homossexualidade e a vítima geralmente é o que não tem medo jamais de esconder a sua orientação sexual. Os homossexuais, principalmente dentro da sociedade brasileira, sempre foram vítimas do preconceito, do bullying, das piadas infames, das perseguições e da morte certa apenas por seguirem a sua maneira de ser quando se refere a sexo. E não há como negar que o governo do presidente Jair Bolsonaro, tido por muitos como um homofóbico de carteirinha, sempre procurou desfazer dos homossexuais mostrando o retrocesso e a intolerância. Esta importante minoria nacional conquistou direitos a duras penas com o passar dos tempos. E na legislação brasileira, a homofobia é crime.

            Difícil mesmo é entender como muitos homossexuais do Brasil, mesmo tendo conhecimento das várias declarações homofóbicas do presidente, apoiaram a eleição do mesmo. Foi falta de visão política ou a Síndrome de Estocolmo? O atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite do PSDB, por exemplo, que deu apoio à eleição do Bolsonaro em 2018, declarou-se esta semana como sendo gay. Nas suas palavras “um governador gay e não um gay governador”. Houve uma comoção nacional e até gritos de espanto e reprovação como se a competência do político gaúcho estivesse na sua orientação sexual e não na sua capacidade de gestão. Muitos homossexuais como Mazzaropi, Marco Nanini, Miguel Falabella, Cazuza, Lulu Santos dentre tantos outros deram e dão muitas contribuições à cultura e à música brasileiras. Gênios fora de série!

Qual o problema em se seguir esta ou aquela orientação sexual? Desde quando o que os outros fazem entre quatro paredes nos diz respeito? A primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic, é uma homossexual assumida e casada com uma deputada daquele país. Xavier Bettel primeiro-ministro de Luxemburgo e casado com Gauthier Destenay, também é homossexual. Mas é na desenvolvida e civilizada Europa onde tudo isso é absolutamente normal. Menos no Brasil. Por aqui, o bolsonarista e apresentador Siqueira Jr. da Rede TV fez declarações extremamente homofóbicas. O “jornalista” do Alerta Nacional chamou ao vivo os homossexuais de “raça desgraçada”. Por isso, está pagando o preço pela sua homofobia: mais de 60 por cento dos patrocinadores do seu programa estão caindo fora e ele pode ser demitido a qualquer momento da Rede TV.

Há dois anos, a produtora de vídeos Porta dos Fundos fez um Especial de Natal em que mostrava um Jesus Cristo homossexual. A gritaria foi geral. Muitas Igrejas entraram na Justiça, mas perderam a causa. Porém, se Cristo era homossexual, qual o problema? A importância dele para o mundo moderno está contida na sua filosofia e nas suas pregações e não na sua homossexualidade. Se a Bíblia é contra a liberdade sexual e de gênero, então o livro dito sagrado é preconceituoso. Está provado: em todas as espécies animais, incluindo a humana, entre 8 e 12 por cento dos indivíduos praticam alguma forma de homossexualidade. E não se sabe o porquê disso. Simone de Beauvoir já tinha falado que a mulher não nasce mulher, torna-se. Ou seja, não se nasce homem ou mulher. É o tempo que determina o nosso gênero. Por isso, toda a admiração aos LGBTQIA+. E se São Pedro não quiser ser taxado de homofóbico, eles entrarão no céu.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.