quarta-feira, 14 de julho de 2021

A vida depois do golpe

A vida depois do golpe

 

Professor Nazareno*

 

            Finalmente o Garganta Rasa de Juca Kfouri dá um golpe na frágil democracia brasileira. Tanques carcomidos pela ferrugem, soldados, cabos e sargentos com salários atrasados e já corroídos pela inflação galopante e usando armas remanescentes ainda da segunda guerra mundial saem às ruas de todo o país. Aviões, sucatas anacrônicas, dão voos rasantes sobre as cidades. Navios obsoletos atiram a esmo. O “Bozo” vendo que as próximas eleições não seriam do jeito que ele quer, deu a ordem aos quartéis e com apenas “um cabo e um soldado” mandou fechar o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Depois decretou estado de sítio, suspendeu a Constituição e se autoproclamou presidente do país por tempo indeterminado. O povo, feliz, alegre e satisfeito e sem saber o que se passava, saiu também às ruas para festejar e soltar fogos.

De início, o decadente e psicopata capitão do Exército brasileiro decide romper relações diplomáticas com qualquer país que não reconheça o novo governo. Isso inclui os Estados Unidos, a União Europeia e as nações vizinhas com MERCOSUL e tudo. Claro que a censura volta ao convívio diário da população. A internet é imediatamente controlada. Todos os sites contrários às ideias dos novos mandatários são proibidos e ficam sem acesso. Só pode ter internet em casa quem se submeter a rigorosos controles do Estado. O comando das funções governamentais fica bem mais amplo. Estatização em massa de todas as repartições públicas e aumentos de salários são regras básicas para todos os funcionários públicos, que serão demitidos e transformados em comissionados. Concursos públicos suspensos e toda contratação será mediante entrevistas e indicações.

Perseguições políticas haverá sim, mas só para quem ousar discordar do novo governo, óbvio. E torturas só mesmo em último caso. Por isso, em todas as igrejas evangélicas do país terá um puxadinho para instalação das salas do DOI-CODI. Haverá também de imediato o cancelamento de eleições livres em todos os níveis. Prefeitos, vereadores, governadores, deputados estaduais e federas assim como senadores serão nomeados pelo presidente da República e o “Conselho de Ministros”, este criado só para este fim. Partido único de apoio ao governo federal e prisão para todos os políticos que fizerem oposição. Para calar a mídia, prefeitos compram sites de notícias, rádios e emissoras de televisões. Cada prefeito receberá verba extra e enviará aos donos desses sites e de outros meios de comunicação. Porto Velho em Rondônia ficaria de fora, claro!

Bandeira vermelha só mesmo a da conta de energia elétrica. Hino nacional e a reza de um Pai Nosso ou outra oração qualquer daria início a todas as aulas. Na ordem do dia, será lido diariamente um documento enaltecendo as glórias do “Grande Líder”, ou seja, o Garganta Rasa. Tudo isso do primário à universidade. A partir de agora, em todo o país só estudaria “quem não tivesse outra coisa mais importante para fazer”. Muitas escolas e universidades seriam fechadas. Pós-graduação, mestrado, doutorado, PHD só em último caso e tudo custeado pelo próprio estudante. SUS, Butantã, Fiocruz e outras bobagens que só servem para gastos desnecessários seriam extintos. Por decreto, a pandemia da Covid-19 e o Coronavírus seriam expulsos do Brasil. O decreto também determinaria que nenhuma pessoa seria portadora do tal vírus. Senhor Jair Messias Bolsonaro, está esperando o quê? Dê logo o golpe, homem! Toda a sociedade o apoiará!

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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