Torci muito pela
Argentina
Professor
Nazareno*
Não gosto de
futebol. Apesar de ser um bom esporte, o seu uso ideológico tira-lhe qualquer
importância social que possa ter. Durante a Copa do Mundo de 1970, quando o
Brasil se sagrou tricampeão mundial, a Ditadura Militar abusou do uso político
desse esporte e sob a alegria tresloucada dos tolos, fanáticos e despolitizados
torcedores nacionais, aumentou a repressão aos oposicionistas do regime.
Durante as sessões de torturas o lema era: “este
é um país que vai pra frente!” O próprio governo argentino também usou e
abusou do futebol para fins políticos: foi na Copa do Mundo de 1978 quando se
sagrou campeã mundial após ter comprado a seleção peruana para desclassificar o
Brasil. O PT e as esquerdas em 2014 também “entraram
no jogo” ao trazerem outra Copa do Mundo para o Brasil. Porém, a Alemanha
foi a água no chope.
Dessa vez foi o Bolsonaro a querer
pegar carona com esse esporte. Em plena pandemia do Coronavírus, que já ceifou
a vida de mais de 532 mil brasileiros e infectou outros 20 milhões, o
desastrado e melancólico governo do “Mito”,
contra tudo e contra todos, trouxe a Copa América de 2021 para o território
brasileiro depois da desistência de Argentina e Colômbia. De início, os
tatuados e fracos jogadores da seleção nacional, até que ensaiaram uma
desistência. Mas o castigo veio a galope. Igual aos 7 X 1 de 2014, o Brasil de
agora não só perdeu a final para a Argentina como também foi humilhado dentro
de campo pelos hermanos. Um golaço de Di Maria ainda no primeiro tempo,
atuações impecáveis de Messi, De Paul, Tagliafico e Otamendi, o domínio total
do jogo, além da tradicional garra portenha deram aos argentinos esse merecido
título.
Se jogar contra
a seleção brasileira, eu torço por qualquer time e sendo a Argentina “tudo fica melhor ainda”. Em Copas do
Mundo, já torci pela Alemanha, França, Holanda e Bélgica e nunca me deu mal. Durante
os 7 X 1, quase tive um troço de tanta alegria. Em 2018 na Copa da Rússia, vi a
Bélgica encantar o mundo e despachar os “vacilantes
canarinhos” por 2 X 1. Vestir a camisa amarela da seleção brasileira hoje
em dia é sinônimo de vergonha absoluta. Vestido de verde e amarelo qualquer
cidadão, por mais politizado que seja, será logo confundido com um bolsonarista
raiz. Sob ameaças constantes, o Brasil e a sua frágil democracia vivem hoje
dias sombrios. Acuados pela CPI do genocídio e em queda livre nas pesquisas,
setores das Forças Armadas e o próprio presidente do país já ameaçam golpear as
instituições.
Torcer pela
Argentina não é nenhum desmerecimento. Pelo contrário! Dentro de campo, Diego
Maradona foi superior e muito melhor do que Pelé em tudo. Ver a seleção
argentina jogar encanta pela garra de seus atletas e pela vontade que eles têm
de vencer. Já muitos jogadores do Brasil estão em campo apenas pelos altos
salários e pela fama. Só isso. Quase todos eles moram na Europa e só voltam ao
país quando já estão em fim de carreira. Alguns falam o Português já com
sotaque. A Argentina tem democracia de verdade e suas Forças Armadas foram punidas
pelo golpe de 1976. O governo portenho é sério e não debocha de seus cidadãos.
O enfrentamento da pandemia no país vizinho é outra coisa. A qualidade de vida
entre os hermanos é superior a nossa. “A
Argentina é melhor do que o Brasil em quase tudo. E eles não têm o complexo de
vira-latas”. Tomara que o Brasil não vá para o Qatar. E se for, torcerei
contra. De novo!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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