sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Porto Velho: continuam as mentiras



Porto Velho: continuam as mentiras

Professor Nazareno*

            A mídia sensacionalista do sul do país não para de publicar falsas notícias contra a cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia. Parece até uma perseguição sem o menor cabimento. Desta vez as mentiras vieram da prestigiada Revista Exame. Mal se inicia o ano de 2015 e a matéria que mais chama a atenção é sobre a divulgação de um ranking das cem melhores cidades do Brasil em IDH e qualidade de vida. A nossa querida capital ficou num sofrível 97º lugar perdendo apenas para Ananindeua no Pará, Duque de Caxias e Belford Roxo na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro. Dentre as 27 capitais pesquisadas, somos inexplicavelmente o pior lugar para se viver. Acredito piamente que dos mais de 500 mil habitantes daqui, nenhum deles deve concordar com estes números absurdos divulgados de forma até irresponsável.
            Porto Velho e Rondônia são lugares maravilhosos para se viver. Tanto é verdade que o atual governador Confúcio Moura, com pena dos habitantes do restante do país que estão sofrendo com a seca e a crise hídrica, já chamou todos os brasileiros para vir morar por aqui. Nosso maior mandatário, de forma inteligente, reedita as sábias palavras do ex-governador Jorge Teixeira: “brasileiros de todos os cantos do país, venham para Rondônia”. Venham e vejam que por aqui a matéria dessa revista é totalmente tendenciosa e falsa. Porto Velho é o melhor lugar para se viver no mundo. Temos água potável de sobra além de números estatísticos que fazem tremer de inveja qualquer cidadão que se aventure a nos visitar. De saneamento básico, água tratada, trânsito organizado a educação, saúde e habitação de qualidade somos exemplos no país inteiro.
            Isso sem falar na limpeza urbana. As ruas dessa capital são e sempre foram higiênicas, limpas e cheirosas. Quase impossível contar quantas praças floridas temos por aqui. Recantos de lazer, arborização e serviços de coleta de lixo muito melhores do que as cidades da Europa já viraram rotina entre os felizes moradores portovelhenses. Pagar impostos em Rondônia é uma das tarefas mais justas que há, pois sempre tivemos o retorno em serviços públicos. O transporte urbano é um dos mais eficientes do país. Pontualidade e conforto são a marca maior. A passagem devia custar pelo menos cinco reais. Nunca entendi por que cobram apenas 2,60. Ruas asfaltadas, bem sinalizadas e sem nenhum buraco é uma realidade muito distante da do resto das cidades brasileiras. Até o clima daqui é bom. Às vezes nos sentimos como se morássemos nos Alpes suíços.
            Temos energia boa, abundante e de excelente qualidade. A gasolina é uma das mais baratas do Brasil. Roupas, eletroeletrônicos, carros e gêneros de todas as necessidades têm preços ínfimos aqui. Segurança pública é uma feliz rotina e até marca registrada de Porto Velho. Dificilmente têm-se problemas nesta delicada área. Nunca ouvi falar de homicídios ou drogas. A educação das pessoas, nem se fala. No comércio, nos serviços públicos, nas ruas. Em todos os lugares somos bem atendidos. As pessoas daqui vivem sorrindo à toa de tanta felicidade. Cuidados com o patrimônio público é uma prática usual. E também gostamos muito dos nossos amados governantes. A alegria é tanta que reelegemos o governador e vamos reeleger o atual prefeito da capital. Os portovelhenses deviam se unir e também boicotar esta tal de Revista Exame como já fizemos com a Veja e a Istoé. Mídia injusta! Pare de mentir sobre a nossa amada cidade.




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Não derrubem os viadutos!



Não derrubem os viadutos!

Professor Nazareno*

            Circulou recentemente na mídia a notícia de que as carcaças dos viadutos que “enfeitam” a entrada, ou a saída, de Porto Velho seriam finalmente implodidas. Quase chorei, pois se isso acontecer a nossa capital não terá mais nenhuma obra de grande porte que a simbolize. Não se pode destruir impunemente o símbolo maior de uma cidade que serve como capital de um Estado. Fala-se que estes viadutos já consumiram mais de 100 milhões de reais do contribuinte. E quem se importa com isso? Dizem que roubaram 57 milhões de reais do Estado de Rondônia, dizem que roubaram bilhões da Petrobras, dizem que desviaram “não sei quantos milhões” no Mensalão. Fico triste, pois não disseram ainda que roubaram alguma coisa da Prefeitura de Porto Velho nesta administração Mauro Nazif. Isto porque hoje mesmo, muito feliz, paguei o meu IPTU.
            Se derrubarem as carcaças destes viadutos, como faremos para derrotar o PT de novo nas próximas eleições? O povo sempre vota nos petistas por que ainda acredita que eles sempre fizeram e ainda vão fazer muito pelo Brasil e também por Porto Velho e por Rondônia. Vendo os viadutos inacabados sentem raiva e descontam nas urnas como já fizemos duas vezes. Assim como no Espaço Alternativo da cidade. Duas mil pessoas sendo bombardeadas diariamente pelo fantasma daquelas obras inacabadas pensarão duas vezes antes de votar, de novo, em quem produziu mais esta desgraça para a capital. Rua da Beira, Espaço Alternativo, Trevo do Roque, Avenida Três e Meio, Trevo da Campos Sales com a BR 364, viadutos da Prudente de Moraes na saída para Guajará-mirim, etc. etc. etc. Não! Por favor, nem tentem concluir estas “grandes” obras.
            Se as autoridades fizerem isto podem até se viciar. Já pensou se iluminam a ponte do rio Madeira? Aí vão querer também iluminar a BR 364 até a Unir e toda a cidade. E se resolvem fazer saneamento básico em Porto Velho? E se começarem a ofertar água tratada para toda a população daqui? Juro que se fizerem isto deixo de pagar impostos. Não pagarei mais o IPTU nem o IPVA só de birra. Como andar de carro numa cidade sem buracos? Eu só pago impostos porque sei que parte do dinheiro destes tributos é desviada e entra no ralo da corrupção. E sem corrupção todos morreríamos de tédio. Não quero viver numa Porto Velho onde a Câmara de Vereadores é composta só de políticos honestos. Meu Deus, quanta monotonia. Tremo só de pensar numa Assembleia Legislativa só com deputados probos. Seríamos todos ridicularizados.
            Senhores políticos e autoridades! Por favor, escutem o povo rondoniense. Não façam nada por esta cidade nem por este Estado. Se teimarem, poderão até ser derrotados nas próximas eleições. Ora, se os senhores nunca fizeram nada e sempre se mantiveram no poder e se deram bem, por que fazer alguma coisa agora? O povo eleitor de Rondônia, apesar de muito inteligente e politizado, nem vai notar nada mesmo. Não sei para quê fazer um novo hospital de pronto-socorro. Não sei para quê urbanizar a “orla” da cidade. Em vez de derrubar as carcaças dos viadutos, TOMBEM-NAS para a posteridade. Destruam as Três Caixas d’Água, desviem o rio Madeira para evitar “suas maldades” anuais, desmanchem a ponte, invertam a Sete de Setembro, proíbam a banda, impeçam a transposição e qualquer aumento para os barnabés. Existem mesmo homens públicos em Rondônia? “Quero morar às margens do Sena achando que é o Madeira”.




*É Professor em Porto Velho. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Homens que fuzilam homens



Homens que fuzilam homens

Professor Nazareno*

            A recente morte na Indonésia do cidadão brasileiro Marco Archer, acusado de tráfico internacional de drogas, reacendeu em nosso país o delicado tema sobre a adoção da pena de morte. Críticos de primeira hora do Governo foram unânimes em condenar as atitudes da Presidente Dilma Rousseff em relação ao caso. “Era um simples traficante de drogas”, argumentaram. A mandatária brasileira ligou pessoalmente para o seu congênere daquele país asiático e implorou clemência, que é prevista nas leis indonésias. “Imploro como mãe e como cristã”, teria dito. Não foi atendida. Archer foi sumariamente fuzilado e outro brasileiro, o surfista paranaense Rodrigo Gularte, de 42 anos, também preso naquele país pela mesma acusação deverá enfrentar a pena capital em breve. País muçulmano, a Indonésia adota a tolerância zero para esse tipo de crime.
            Indiferentes, muitos desses críticos não levaram em consideração o sofrimento da família dos brasileiros condenados. Sequer procuraram entender que se existem traficantes de drogas para um determinado país é porque neste país há consumidores. Como no Brasil e em todos os outros cantos do mundo, muitos indonésios também são chegados a um pó. E não foram Archer nem Gularte quem os jogou no vício. A pena de morte em todas as suas faces é um retrocesso, um absurdo, uma excrescência. País que adota esta punição não participa da União Europeia, por exemplo. O pior é que didaticamente a pena de morte “é quando se mata uma pessoa para ensiná-la que não se deve matar”. A morte dos dois brasileiros e de tantos outros condenados não porá fim ao consumo de drogas nem na Indonésia nem em nenhum outro país do mundo.
            Todas essas mortes são desnecessárias, portanto. São homens matando outros homens. Por questões éticas e morais, NENHUMA lei criada por homens deveria estar acima da lei maior que rege o ser humano: o direito à vida. Principalmente em sociedades que adotam a prisão perpétua e outros castigos. O próprio Jesus Cristo, na parábola da mulher adúltera, teria dito: “aquele que não tiver nenhum pecado, que atire a primeira pedra”. Por isso, os homens que fuzilaram o brasileiro são assassinos frios e seguindo a lógica do “olho por olho, dentre por dente”, deveriam também ser punidos. Mas não serão. Ninguém tem o direito de tirar a vida do outro. O próprio Governo da Indonésia está pedindo clemência à Arábia Saudita, que condenou recentemente à morte Satinah B. Ahmad, acusada de assassinato e roubo. Hipocrisia: ela é cidadã indonésia.     
            Vemos diariamente muitos brasileiros que se dizem cristãos “jogando pedras” e “julgando aleatoriamente” outros seres humanos. “Bandido bom é bandido morto”, dizem muitos comentaristas. “Tinha que matar mesmo”, ou então a clássica quando um policial fuzila um acusado de crime: “no Brasil devia existir a pena de morte para vagabundos”. Detalhe: geralmente quem defende esta excrescência está bem vivo e sabe que dificilmente cairia nas garras da Justiça e também não tem nenhum parente, amigo ou conhecido nesta incômoda situação. O massacre dos prisioneiros na Ásia foi condenado pela Anistia Internacional, por vários países e outras instituições de direitos humanos do mundo. Marco Archer traficava drogas e tinha que ser punido. Assim como quem mata a sangue frio ou comete castigos cruéis e desumanos. Coisas que tanto os traficantes quanto muitos Estados soberanos, como a Indonésia, fazem naturalmente.




*É Professor em Porto Velho. 

sábado, 17 de janeiro de 2015

Patrimônios sem cultura nem história



Patrimônios sem cultura nem história


Professor Nazareno*
        

         Uma tal Associação Cultural Rio Madeira, ACRM, subscreveu recentemente na Justiça local uma petição judicial contra a Igreja Internacional da Graça de Deus, pois os religiosos estariam prejudicando com uma construção a fachada original do antigo Cine Teatro Resky localizado no centro, que dizem ser histórico, da capital. Em tempos de total abandono pelas sucessivas e desastradas administrações públicas dos legados cultural, social, estrutural e urbanístico de Porto Velho, a iniciativa ímpar dessa associação é até louvável, porém extemporânea e, parece, sem muitas chances de gerar resultados práticos uma vez que a dilapidação e a destruição pura e simples dos aspectos patrimoniais e culturais desta cidade já se tornaram uma espécie de política pública rotineira que vem sendo posta em prática ano após ano bem à vista de todos nós.
            Contadas a dedo, havia na “manifestação” dezoito pessoas sem contar aquelas, bem menos entusiasmadas, que de seu conforto em Campo Grande, Recife, Rio de Janeiro além de outras cidades e capitais do país mandaram seu irrestrito apoio ao movimento. Brava manifestação, bravos pioneiros, mas onde estavam estas pessoas quando destruíram o Casarão do Segundo Ciclo da Borracha localizado em Calama no baixo Madeira? Talvez elas nem saibam do crime patrimonial que fora praticado ali onde hoje existe uma feia “praça”. Talvez muitos nem saibam da existência da própria Calama. Onde estavam estas mesmas pessoas quando o Madeira, vagarosamente e num longo período de mais de três meses, invadiu, encharcou, enlameou e destruiu quase que completamente todas as instalações da EFMM durante a última enchente histórica?
            Filhos ilustres de Porto Velho, mas que muitas vezes se associam a políticos desonestos, forâneos, incompetentes e ladrões para ajudar na destruição do que resta desta abandonada e suja capital. Querem preservar a fachada de um solitário prédio escriturado e que talvez já tenha dono definitivo, e não viram que a ponte do Madeira foi construída, parece que de propósito, sem iluminação. Não viram a desastrada administração do PT com as carcaças dos viadutos? Será que não percebem que moramos e pagamos impostos há várias décadas numa das piores cidades do país em termos de infraestrutura, água tratada, trânsito, área de lazer, praças, saneamento básico, arborização e IDH? Nunca vi uma só manifestação por aqui para exigir respeito pelo imposto que pagamos e o devido retorno em obras públicas. O alvo de agora é pequeno.
            Juro que estas manifestações me metem medo. A última delas foi para embargar a construção de um moderno hotel (o Sleep Inn) por causa da “vista” das Três Caixas d’Água. O resultado todos sabem qual foi: o terreno em pleno centro da cidade hoje está abandonado e só serve como privada para desocupados. Se tivessem implodido o lúgubre monumento, que tem pouca serventia, teríamos gerado vários empregos para nossos jovens. Enfim, por que ninguém fala nada sobre o Espaço Alternativo? Havia ali mais de duas mil árvores, algumas frutíferas, e hoje o que resta? Será terminado por este Governo? Até o teatro não tem alvará. Flor do Maracujá, Jerusalém da Amazônia, Expovel, futebol, Carnaval, dentre outros aspectos culturais, quando se terá tudo isto de volta? Algum dia, teremos pessoas nascidas ou não aqui, que lutarão para melhorar nossa qualidade de vida? Parabéns, ACRM, mas há muitas outras lutas para abraçarmos.



*É Professor em Porto Velho.