Derrubem
todas as nossas árvores!
Professor
Nazareno*
Porto Velho é
uma das cidades menos arborizadas do Brasil e isso é muito bom. Dos mais de 5500
municípios do país, segundo a Revista Galileu, ficamos na honrosa colocação de
número 4510 dentre as áreas urbanas mais arborizadas. Mas esta posição pode
ficar melhor ainda: recentemente a Prefeitura da cidade, por meio da SEMA,
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, prometeu arrancar centenas de árvores
que enfeiam, sujam e poluem as ruas e avenidas daqui. Esta medida, considerada
radical por alguns “ecos-xiitas”, é mais uma ‘tacada de mestre’ do atual
prefeito, Dr. Mauro Nazif, uma espécie de Jaime Lerner amazônico, um
administrador nato, de decisões inteligentes, hábeis e corretas. Sua cabeça é uma
usina de ideias urbanas e ecológicas. Com esta ação, finalmente seremos reconhecidos
para sempre no Brasil e no mundo.
A capital de Rondônia tem poucas
árvores, é verdade. Mas para que servem mesmo as árvores a não ser para criar
sujeiras, imundície, danificar a rede de esgotos e abrigar nas suas sombras
pessoas desocupadas, alcoólatras e drogados? Além disso, servem também para
atrair toda espécie de insetos e animais como ratos, morcegos, sapos e cobras.
As árvores são uma desgraça que infestam nossas cidades. Precisamos de mais
asfaltos, cimento, concreto, construções e alvenaria para mostrar o quanto
estamos crescendo e desenvolvendo. Árvores lembram mato, zona rural, lugares
ermos e distantes. Enfim, lembram o subdesenvolvimento e o atraso. E Porto
Velho é uma metrópole que caminha garbosamente para o seu primeiro meio milhão
de habitantes. Antes feia e cheia de mato, agora será lembrada como o “Pulmão
da Amazônia”.
A SEMA de Porto Velho, ligada à
própria prefeitura, é uma instituição de notório saber e abrangência ecológica
e com esta louvável ação de derrubar centenas de árvores na cidade para apenas
substituir por outras, deveria ser indicada para receber prêmios e
condecorações mundiais. Seus inúmeros engenheiros e funcionários, pessoas de ilibada
dedicação ecológica, poderiam ser lembrados para receber um Nobel e afagos da
ONU ou outra instituição qualquer ligada à natureza. De fato, no mundo inteiro,
qual o órgão de defesa do meio ambiente que manda arrancar centenas de árvores
sem a aprovação dos moradores da cidade? Quem será que vendeu esses “Ficus”
para a prefeitura plantá-los? Por que só agora viram que essas árvores são
danosas ao ecossistema urbano? Quem será que vai vender as novas mudas a serem
plantadas?
O Globo Repórter exibiu recentemente
uma matéria falando sobre a relação harmoniosa entre qualidade de vida, verde e
meio ambiente. Tudo mentira. Tudo lorota para enganar trouxas. Dúvidas? É só
perguntar aos homens da SEMA de Porto Velho que eles terão as sábias respostas.
Será que as novas mudas a serem plantadas e os canteiros serão pintados com as
cores do PSB, o partido do nosso prefeito? Como o Dr. Mauro tem feito muitas
obras em benefício da sofrida população desta cidade, as campanhas das redes sociais
exigindo que “não
derrubem nossas árvores” não passam de perda inútil de tempo.
Num país onde roubar dinheiro público e ser corrupto não dá punição alguma, por
que derrubar alguns “pés de pau” inúteis vai dar problemas? Se eu fosse
essa gente, matava essas árvores toscas por envenenamento e ninguém ficaria
sabendo de nada. Parabéns, Dr. Mauro Nazif! Continue com esta ação positiva.
Isso só demonstra que o senhor está antenado com os novos tempos e com os desejos
e anseios populares. Devaste o meio ambiente, arranque e substitua todas as
árvores da cidade. Afinal, elegemos o senhor para quê mesmo? Mostre serviço, trabalhe.
A hora é agora!
*É Professor em Porto Velho.