quarta-feira, 29 de abril de 2020

Cinco mil mortos! E daí?


Cinco mil mortos! E daí?

Professor Nazareno*


            A pandemia do Coronavírus avança de forma muito agressiva sobre o atrasado curral. Estamos no dia 29 de abril de 2020 e o número de mortos pela doença já bateu a triste marca de 5.104 óbitos com mais de 71 mil infectados. E a agonia do gado nacional não está nem perto de terminar, pois ainda não atingimos o pico da tragédia. Fala-se que seremos em breve o novo epicentro da pandemia mundial com os mortos contados aos milhares. Superamos a China, estamos quase empatados com a Europa e em breve bateremos os Estados Unidos se nada for feito de concreto. Pior: as autoridades estão sem saber o que fazer diante do caos. E o jumento-mor que comanda o gado não tem dado boas notícias ao seu fiel rebanho. E como se não bastasse a boiada estar dividida entre o marreco e o jumento, o que se nota todo dia é um festival de desgraças sem fim.
            Porém, para a alegria de muitos dos seus fiéis seguidores, o jumento-mor não para de dar coices. E cada um pior do que o outro. Informado recentemente sobre o número de mortos pela Covid-19 no curral, ele respondeu secamente. E daí? Lamento. Você quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”, afirmou às gargalhadas. Foi aplaudido na hora por alguns. E o gado que lhe segue cria desculpas pontuais para cada disparate dito pelo chefe. Parece que estas respostas absurdas lhe alimentam o ódio que tem por muitos de seus comandados. Talvez isso faça com que não perca o apoio que tem de seus fãs incondicionais. E como não é punido, continua com sua metralhadora giratória sem demonstrar nenhuma solidariedade pelo próximo. Hoje, a irracionalidade comanda a política neste curral de alienados. O fundo do poço.
No Congresso Nacional estão os veterinários iletrados que passam vermífugos e também o remédio ideal para se fazer a assepsia nos direitos adquiridos pelo ignorante gado. E todos inevitavelmente serão conduzidos para o mesmo abate. Independente de esse gado seguir o jumento, o marreco ou nenhum dos dois. Todos estão perdidos diante da catástrofe. Ninguém se entende. Nem governantes nem governados. O comércio abre num dia, mas fecha no outro. O distanciamento social é incentivado num dia e logo a seguir é desestimulado. A quarentena e o contato social entre a mansa boiada diminuem assustadoramente a cada dia. Todo o curral está nitidamente sem comando. O deboche, o escárnio, o pouco caso e a falta de respeito com os familiares dos cidadãos mortos pela letal doença mostram a que nível de caos já chegou a política neste sinistro curral.
Eis o resumo da ópera: um líder que não sabe o que fazer diante da pandemia e por isso insulta e desrespeita publicamente os seus cidadãos. Pior: a esmola de apenas 600 reais (uns 100 dólares no câmbio atual) dada pelo Estado serve como isca para atrair e infectar ainda mais depressa as multidões desesperadas. “No curral está tudo sob controle, só não se sabe de quem”. E o mundo civilizado já percebeu o caos. Os Estados Unidos advertiram que diante da terrível situação daqui, pode suspender a qualquer momento os voos entre os dois países. A União Europeia pede a volta imediata de seus cidadãos que estão no Brasil. Já vi muita gente dizendo que foi iludida pelo jumento-mor. Não se sabe se foi pelas “inúmeras” obras e projetos que ele indicou nos 27 anos como deputado federal ou se foi pelos discursos que fez nos debates de que participou durante a sua campanha. E a Covid-19 nos fará viver o inferno. Mas, e daí?




*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

O gado está dividido


O gado está dividido

Professor Nazareno*

             Como na historinha contada por George Orwell, havia um enorme curral repleto de bovinos alienados que eram dominados por um jumento e seus familiares. O curral era moderno e próspero, tinha certo reconhecimento internacional, produzia muitas commodities e de tempos em tempos era governado por um animal escolhido entre a boiada ignorante. O problema é que nunca fora escolhido um animal que governasse bem aquele lugar. Os escândalos de corrupção e roubalheiras sempre foram rotina. E quando recentemente a “toupeira que estocava ventos” governou aquele gado, os escândalos de corrupção explodiram quase sem controle. Por isso, todos os ratos, porcos e tucanos se reuniram e resolveram dar um golpe na infeliz toupeira. Motivos não havia, mas o gado foi convencido e prontamente deu apoio às intenções golpistas.
              Só que com o golpe, os problemas do curral não foram resolvidos. O animal escolhido para comandar os ruminantes era tão ladrão quanto todos os outros governantes anteriores. Os escândalos não paravam, a roubalheira aumentava consideravelmente e ninguém fazia nada para “estancar a sangria”. Por isso, crescia a popularidade de certo asno, que apesar de ser burro, falava pelos cotovelos. Esse dito jumento era oriundo de um antigo regime militar comandado por gorilas e que já havia comandado o curral durante 21 anos. O jumento não tinha estudos, não conhecia direitos humanos, não falava outra língua, não respeitava protocolos, mas “sabia falar tudo o que o gado gostava de ouvir”. Uma espécie de jumento incendiário, que pregava o fim da corrupção, o renascer de outra nação e de dias melhores para o gado estúpido.
            Com as eleições já marcadas, o jegue em ascensão liderava todas as pesquisas de opinião. O gado orgulhosamente saía às ruas em apoio ao seu líder. Os tucanos estavam preocupados, pois ajudaram no golpe de 2016 e nada irão levar se o asno for eleito. Na pressa para assumir o poder junto com os filhos, o jumento agiu rápido durante a campanha. Pediu ajuda ao marreco, que era juiz. O palmípede conduziu um processo fraudulento e sem provas reais, prendeu certo molusco e com a aliança da mídia elitista demonizou a esquerda abrindo assim caminho para a eleição do estúpido jerico que já no poder, recompensou devidamente o marreco com altos cargos no staff. O ambicioso marreco esteve cotado para assumir, inclusive, uma vaga nos tribunais superiores do curral. Mas o marreco se rebelou com certas atitudes do asno-presidente.
      Por isso, o pato-de-braço-curto, muito aborrecido, mas com boa aceitação popular, deixou o poder. Disse que o jumento quer proteger os próprios filhos de uma investigação da Polícia Federal, subordinada ao marreco. O curral vive uma feroz pandemia de Coronavírus e o jumento nada faz além de criar constantes crises no governo. Debocha da pandemia, faz piadas e não governa para sanar os problemas do curral. Diz abertamente que por causa da quarentena vai faltar capim para o gado num futuro bem próximo. O gado, no entanto, se dividiu na crise entre o jumento e o marreco. Muitos não sabem a quem apoiar nesta “arenga de comadres”. O fato é que enquanto existir algum capim, o gado fica quieto, mas muito dividido. E sofrendo bastante por causa da Covid-19. O curral parece amaldiçoado, pois nada dá certo. O gado ali é como lombriga, se sair da merda, morre. E como pôde até adorar um burrico?



*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Bolsonaro não deve sair


Bolsonaro não deve sair

Professor Nazareno*

            Engana-se redondamente quem diz por aí que as pessoas que criticam o Bozo são de esquerda. Mesmo já tendo votado no PT e no Lula algumas vezes, minha posição política nunca foi bem definida. Além de professor, sou também jornalista e tenho o dever de mostrar e criticar a atuação de qualquer governo no poder, seja ele progressista ou mesmo reacionário. Mas com absoluta certeza, no Jair Bolsonaro eu não votei nem jamais votaria. A “extrema-direita da terra plana” além de burra, também nunca me foi confiável. Entendo que “todo ser humano devia se envergonhar do governo que tem” e com essa gente no poder não é diferente. Porém, percebe-se hoje que, com menos de dois anos de mandato, a esquerda e até a direita já querem o impeachment do “Mito”. Eu sou contrário a essa possibilidade. O Bozo tem que continuar presidente até 2022.
            Apesar de ser um cidadão totalmente desequilibrado, tanto politicamente como  emocionalmente, Jair Bolsonaro foi eleito de forma democrática. Foram 57 milhões de eleitores que o colocaram no Planalto. Mas não é só por isso, não. Se ele for expulso do cargo, perde a graça. Em 2016, “por nada” a elite deu um golpe na Dilma Rousseff. Uma das maiores bobagens que foi feita. Era para tê-la deixado sangrar até o fim. Sem governabilidade, o PT e seus ladrões seriam varridos para sempre da História política deste país por incompetência. Hoje, a Dilma virou uma “deusa”, já que quase ninguém sabe o real motivo de ela ter sido tirada do poder. Deixassem-na “estocando vento” e roubando a Petrobrás até o fim de seu mandato. O “Mito”, com as suas imbecilidades hilárias, deve continuar fazendo a “festa” e a alegria dos jornalistas. E da oposição, né?
            Não tem coisa mais divertida do que ver Jair Bolsonaro dando opiniões sobre as coisas do dia a dia. Sua estupidez, ignorância e desconhecimento da realidade divertem a todos. Ele saindo, perde-se essa possiblidade de rir das tolices do infeliz. Além do mais, existe algo mais engraçado do que ver seu “gado” dando palpites nas redes sociais? Tiram-no do poder e acaba-se a brincadeira. E é isso que o miserável quer. Depois dessa pandemia, o país entrará numa recessão feroz. E então ele se livra do abacaxi que estar por vir. O país ficará ingovernável por um bom tempo. Com tudo acontecendo normalmente, ele já não conseguia governar bem, imagine-se agora. Por isso, ele provoca os poderes constituídos. Ataca o Supremo, ataca o Congresso e depois pede desculpas. Ele quer sair, pois não sabe governar nem um galinheiro. É uma farsa.
            A democracia brasileira tem 35 anos e já está consolidada. Nossas instituições são fortes, apesar de grande parte de nosso eleitorado ainda ser tosco, medíocre e imbecil. Além do mais, a conjuntura política internacional não permitirá nenhuma aventura por aqui. As Forças Armadas devem defender o Estado e não nenhum governo irresponsável, ridículo e de “mentirinha” como esse que aí está. E já que o “Mito” não pode governar a sua maneira, acha melhor sair de fininho. Mas se isso acontecer, como fica a briga dele com a Rede Globo, com o Congresso Nacional e com os políticos que ele chama de canalhas e corruptos? Como ridicularizar ainda mais a direita de João Dória, Wilson Witzel e Ronaldo Caiado se ele não for mais o nosso líder? Na briga do Bozo com essa gente, eu torço é pela briga. Bolsonaro além de medíocre, é folclórico e deve continuar “brincando de governar” até sua derrota final em 2022. E sangrar até lá.



*Foi Professor em Porto Velho.

terça-feira, 21 de abril de 2020

E Bozo decreta o AI-6


E Bozo decreta o AI-6

Professor Nazareno*

            E eis que ainda brincando de ser presidente da República pelo segundo ano consecutivo e diante da atual situação de pandemia do Coronavírus em que se encontra o nosso circo maior, o senhor Jair Messias Bolsonaro, para colocar ordem no decadente  e bagunçado galinheiro verde e amarelo, decreta o Ato Institucional número 6. Reunido estrategicamente com os seus três filhos mais velhos, ouvindo o Conselho de Picadeiro e o “intelectual” Olavo de Carvalho, o excelentíssimo senhor presidente desta República de Bananas toma uma de suas mais duras e arriscadas decisões: assinar o presente Ato para tentar colocar um pouco de ordem nas arquibancadas, no picadeiro, nos camarotes, na entrada e na saída deste triste estabelecimento circense. Embasado por algum apoio que ainda tem da enorme plateia ignorante, o mandatário aposta o seu futuro nessa ação.
            O Comando Supremo da República de Bananas, composto obviamente pelos três filhos do presidente, por Olavo de Carvalho, por alguns dos atuais ministros de Estado, por meia dúzia de militares saudosistas e pelos parentes de alguns torturadores que atuaram durante a última Ditadura Militar, delega por meio deste AI-6 plenos poderes ao atual mandatário da nação para, dentre outras besteiras, fazer frente à Covid-19 e garantir em primeiro lugar os empregos, os lucros, a circulação de dinheiro e por fim, se houver necessidade e condições, salvar algumas vidas humanas. Por isso, a partir de agora fica proibida a quarentena e o isolamento social em todo o território nacional. Por questões de entendimento, os nomes Coronavírus ou Covid-19 ficam proibidos nas dependências deste puteiro. “Gripezinha” é o nome mais adequado a partir de agora.
            Imbuído de total força e plenos poderes pelo atual Ato, o “palhaço-presidente” determina que a partir de agora todas as decisões desse “cabaré sem a madame” devem passar pelo seu crivo. Toda e qualquer notícia sobre a tal gripezinha deve ser lida pelo egrégio Conselho Supremo das Bananas antes de ser divulgada na mídia. O presente Ato Institucional suspende por tempo indeterminado todas as ações do Congresso Nacional e também do Supremo Tribunal Federal, “órgãos totalmente desprezíveis e inúteis na atual conjuntura que vivemos”, enfatizou o palhaço-mor. Todos os Estados e municípios devem ser administrados através de decretos-leis e levando sempre em consideração a vontade maior do Conselho Supremo bananeiro. Os governadores e os prefeitos com ideias opostas ao poder central serão todos demitidos por meio deste Ato.
            Reuniões com fins políticos estão todas proibidas, também está suspenso o direito ao habeas corpus por razões ideológicas e a censura passa a ser instrumento do Estado. O “palhaço-presidente” da República de Bananas terá poderes para destituir sumariamente qualquer funcionário público, incluindo políticos oficialmente eleitos e juízes, se eles forem subversivos ou não cooperativos com o regime (de terror) agora instalado. Com o presente Ato, a bandeira do país jamais será vermelha e a corrupção será coisa do passado. E todos ali acreditaram nestas mágicas palavras de mentirinha. Terminada a reunião, todos se recolheram aos seus aposentos. Os militares vestiram seus pijamas e os “meninos” do Conselho Supremo saíram para pegar seus brinquedos e participar de outras diversões. “Amanhã a gente brinca de outra coisa, vão todos dormir agora”, disse sério o palhaço-mor enquanto STF e Congresso Nacional nos governam.



*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Pandemia desgovernada


Pandemia desgovernada


Professor Nazareno*



            A pandemia do Coronavírus avança quase sem controle em vários países do mundo causando sérios estragos por onde passa. Nos Estados Unidos, neste dia 20 de abril de 2020, o número de mortos já ultrapassa as 40 mil pessoas com quase 800 mil infectados. Na Europa, onde a praga já dá tênues sinais de diminuir, os números também impressionam. São mais de cem mil mortos no velho continente com um número absurdo de mais de um milhão de infectados. Com exceção da Alemanha e de um ou outro país, a Covid-19 colocou em xeque o “excelente” sistema de Saúde de várias nações. Espanha, França, Reino Unido e Itália, desolados, contam os seus mortos e veem seus hospitais entrarem em colapso total. Nos Estados Unidos o caos é ainda maior. Já no Brasil, a pandemia começa a crescer e também de maneira descontrolada.
            O detalhe é que nesses países ricos, desenvolvidos e civilizados existe uma visível liderança política no meio deste pandemônio. Os líderes assumiram seu lugar e são, em alguns casos, a esperança de suas sofridas populações. As brigas políticas arrefeceram e todos parecem lutar, unidos, para defender suas nações de um inimigo comum: o Coronavírus. No Brasil, infelizmente as brigas políticas aumentaram e no meio de uma guerra feroz quase ninguém se entende.  O presidente do país, de forma infantil e contra o que recomendam as autoridades sanitárias e a OMS, “rebosteia” todo dia nas redes sociais e incita seus seguidores a romper o isolamento social e a quarentena. O desinformado mandatário do Brasil compra briga com o Congresso Nacional, com os governadores e com o STF. Afirma que todos “conspiram” contra ele.
            A doença já matou quase três mil pessoas entre nós e o número de infectados não para de crescer. Hoje já são quarenta mil portadores do terrível vírus. O nosso precário sistema de Saúde já deu sinais de esgotamento total. Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo não têm mais vagas em suas escassas e precárias UTI’s. Nestas cidades os hospitais já estão lotados. E a pandemia ainda está bem longe do seu pico, que será daqui a um ou dois meses. Por ciúmes da popularidade de seu subordinado e por total falta de conhecimento da realidade, o presidente demitiu o seu ministro da Saúde, que estava com quase 80% de aceitação popular. Bolsonaro não lidera nada e toda vez que fala alguma coisa contribui para dividir ainda mais os brasileiros. O problema daqui não é só o vírus, mas também a estupidez do presidente despreparado.
            Decididamente isto não é hora para essas quimeras, essas tolices atemporais. Nossos políticos e autoridades de um modo geral demonstram não ter a menor qualificação para comandar o país. Principalmente numa hora de crise como esta que se vive agora. Bolsonaro é inapto para o cargo que ocupa. Mas a maioria dos políticos do país também o é. O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, claro, têm suas falhas. E são muitas. Mas não é hora para se discutir estas coisas. A “desgraça” do nosso presidente poderia ter tomado as rédeas da situação desde o começo da pandemia. Unido aos governadores, às autoridades sanitárias e a outros poderes, o “Mito” poderia buscar as melhores soluções para enfrentar o caos. E só depois de passada a tempestade é que se procurava superar as divergências. Fato: o povo brasileiro não merece o presidente, o STF e o Congresso Nacional que tem. O Brasil e a Covid-19 sem governo.




*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Esquerda amaldiçoada!

Esquerda amaldiçoada!

Professor Nazareno*

            Apesar de já ter votado algumas vezes em candidatos da esquerda, eu não gosto muito dessa preferência política no Brasil. Prefiro pessoas da direita e da extrema-direita. Não consigo entender como a classe dirigente do país tem de conviver com políticos com pensamentos tão decadentes, errados e ultrapassados. O nosso presidente Jair Messias Bolsonaro é um líder da extrema-direita que está ensinando aos brasileiros como se governa de fato um país com uma sociedade tão complexa como a nossa. O “Mito” com a sua enorme capacidade de liderança tem ensinado ao mundo como se governa uma nação tendo os maiores índices de popularidade. Durante a propalada crise da Covid-19, Bolsonaro tem mostrado de maneira enfática à comunidade científica internacional como se deve agir nestas horas. Suas sábias palavras emocionam a todos.
Uma gripezinha à toa, que foi inventada pela esquerda daqui e também pelos comunistas internacionais, não pode de maneira nenhuma parar as atividades econômicas do Brasil”, diz o líder do Planalto. A Rede Globo do Brasil, segundo muitos dos seguidores de Bolsonaro, “é uma porta-voz do comunismo internacional que só serve para pregar o pânico e o terror entre as famílias de bem do nosso país”. De acordo com este raciocínio intelectualizado, o governador de São Paulo João Dória também comunga com essas mesmas ideias comunistas. Outros governadores como o Wilson Witzel do Rio de Janeiro e Ronaldo Caiado de Goiás seguem a mesma “cartilha vermelha” dos governadores e prefeitos do Nordeste. Até o atual ministro da Saúde, Luiz Henrique Madetta, demonstra ser um comunista atuante. Por isso, será demitido.
Quase todos os membros do atual governo do Brasil têm a certeza de que foram os esquerdistas e a China que inventaram esse negócio de Covid-19 só para atrapalhar o governo de Jair Bolsonaro. “Antes disso, tudo estava dando certo”, afirmam convictos. O Brasil, segundo alguns bolsomínions, tinha o respeito das maiores potências econômicas da atualidade e o governo Bolsonaro era aclamado na ONU e em todos os organismos internacionais. Existe entre eles uma crença de que a OMS, Organização Mundial da Saúde, é um órgão comandado por um comunista que não entende absolutamente nada sobre doenças e epidemias. “Tudo aquilo ali é um complô dos comunistas para semear o pânico e o terror”, acreditam os eloquentes seguidores de Jair Bolsonaro. E completam: “não duvidem de nada. Essa esquerda é capaz de tudo”.
Segundo um raciocínio “normal” entre os integrantes do “staff brasileiro”, a esquerda e os comunistas, para perseguirem um governo que estava dando certo, criaram esta “falsa doença” e com isso conseguiram adiar as Olimpíadas de Tóquio, pararam os principais campeonatos de futebol do mundo, paralisaram economias fortes com as da Europa e mesmo a dos Estados Unidos e semearam o caos e o terror. Pior: sabem que já existe um remédio que combate essa “gripezinha fajuta” e não o usam somente para causar mais terror ainda na população. “A Cloroquina é um santo remédio”. O próprio “Mito” já teria afirmado que “embora não haja provas, todo mundo sabe que foi a Cloroquina que ressuscitou Jesus Cristo”. E como a economia  não pode parar, o ideal seria que o próximo ministro da Saúde acabasse com essa quarentena e botasse todos de volta ao batente. “Morrerão mais alguns, mas é normal”.



*Foi Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Quero morrer de Covid-19


Quero morrer de Covid-19


Professor Nazareno*

            A pandemia do Coronavírus é a estrela do momento. Há mais de cem anos, desde a Gripe Espanhola passando pela cólera, pela varíola, pelo sarampo e até pela meningite, nenhum artista, atleta ou chefe de Estado esteve tão em evidência no mundo quanto ela. Nada faz mais sucesso hoje em dia do que o Covid-19 com a sua velocidade de contágio e o perigo ameaçador de matar o maior número de pessoas. E no mundo inteiro. Acredita-se que hoje mais de 90 por cento da humanidade só fala nessa “coisa”. Muito mais popular do que Jesus Cristo, Gandhi, Maomé ou mesmo a Coca-Cola, está até ganhando do Osama Bim Laden logo depois do 11 de setembro de 2001. Ninguém sabe onde estão os perigosos terroristas muçulmanos que atormentaram o mundo “civilizado” com os seus homens-bomba que tanto medo impuseram aos seres humanos.
            Apesar dos recursos modernos, da medicina avançada e da tecnologia de ponta, a cruel pandemia caminha sem controle em quase todos os países do mundo. Quase dois milhões de infectados e pelo menos 122 mil mortes até o dia de hoje. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, antes reticente em relação à praga, já declarou que a pandemia está fora de controle em todo o território americano. A Europa está destroçada. Os hospitais não dão mais conta de tantas internações e tantos doentes. Os mortos se acumulam, os cemitérios estão lotados e já faltam caixões. Quem manda no mundo no momento é o Coronavírus. O porta-aviões Theodore Roosevelt, a joia das Forças Armadas dos Estados Unidos, foi colocado fora de combate pelo vírus assassino. Na França, o porta-aviões Charles de Gaulle tem quase toda sua tripulação infectada.
            Morrer de Coronavírus nas atuais circunstâncias é até chique nestes tempos sombrios. Se o sujeito adoecer vai para um hospital “especial” e será tratado por médicos também “especiais”. Ninguém devia querer morrer de malária, de dengue, de disenteria, de curuba ou de qualquer outra doença de pobre ou de rondoniense. Mesmo de ataque cardíaco, que é doença de rico. Morrer de câncer? Nem pensar. De Covid-19 o sujeito não só morre como também já vira logo uma estatística do governo. E não é para menos. A doença causada pelo Coronavírus, por exemplo, já fez no Brasil em apenas um mês mais vítimas do que o sarampo, a H1N1 e a dengue, juntas, em todo o ano de 2019. Um dia de Coronavírus no Brasil, hoje, mata mais do que a média diária de acidentes de trânsito ou a média de assassinatos. Nada supera a terrível pandemia.  
E se continuar assim com esta fúria crescente de mortes, em um ano teremos uma carnificina no país: pelo menos uns cem mil óbitos ou mais. A “gripezinha” avança sem dó nem piedade. Incentivadas pela irresponsabilidade do presidente do país, as pessoas de um modo geral não “dão bola” para o perigo. Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza estão atualmente à beira do caos com o colapso dos seus respectivos sistema de saúde. Sem distanciamento social e sem a quarentena obrigatória, que muitos criticam ferozmente por razões políticas ou por desconhecimento da realidade, o Brasil infelizmente vai virar uma terra arrasada em poucos dias. Em Rondônia, apesar de duas mortes já catalogadas e com 42 infectados no Estado, a situação do Covid-19 ainda está sob controle apesar de o “açougue” continuar matando por outras enfermidades. Morrer em Rondônia e ainda por cima de uma doença comum: ninguém merece tanta desgraça.



*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Vírus ateu ou agnóstico!

Vírus ateu ou agnóstico!
Professor Nazareno*
            Com relação ao Coronavírus ou Covid-19 só uma certeza se pode ter: trata-se de um vírus ateu ou agnóstico, uma vez que despreza todas as “comemorações religiosas” dos humanos e, indiferente a qualquer situação de fé ou crença, infecta a todos os que tiverem contato com ele. Da Terra Santa aos confins da Ásia, da Oceania e das Américas o ser microscópico não tomou conhecimento de religião nem de nada. No Vaticano sequer respeitou as palavras “santas” do papa Francisco. Se não houver quarentena e distância desse perigoso ser, o contágio é quase certo. Padres, pastores, bispos, papa, califas, sultões, aiatolás, rabinos e tantos outros religiosos mundo afora são vistos usando máscaras para evitar o contato. Cristianismo, Islamismo e Judaísmo fecharam ou isolaram suas igrejas, mesquitas e sinagogas. Esse vírus não segue religião.
            No Brasil e também no mundo inteiro, de certa forma deu um xeque-mate nos religiosos. Os pastores evangélicos do nosso país, conhecidos pela sua “capacidade de curar doenças” dos fiéis e dos seus seguidores, foram desmascarados publicamente pela agressividade do Coronavírus, que não respeitou nenhum deles. A Santa Sé e o atual papa de plantão também foram a nocaute. Missas celebradas pelo mundo somente para as fotografias dos fiéis coladas nos bancos de igrejas totalmente vazias. Não fosse a televisão, a internet e as redes sociais os religiosos seriam como São João Batista pregando no deserto. Missa de ramos, sem ramos. E também sem ninguém presente. Procissões, missas e cultos, que antes juntavam milhares e até milhões de pessoas, são feitas hoje pelas ruas e avenidas vazias de muitas cidades igualmente vazias. Um tédio.
Sem a presença de pessoas, a religião perde todo o sentido. Não há para quem se pregar. Nem para quem se anunciar a “verdade”. Religião é a religação do Criador com a criatura. E sem criatura, não se religa. Mas o vírus não quer saber de nada disto. Daí a pergunta: de onde surgiu este ser apocalíptico e sinistro que teima em mudar a realidade do mundo e da fé? É uma criação de Deus ou é a própria natureza dando uma resposta ao homem pelas agressões sofridas durante tanto tempo? A enchente histórica do rio Madeira há seis anos, os incêndios na Austrália no ano passado, a devastação da Amazônia e do Cerrado nas últimas décadas, o grito dos oceanos inundados de plásticos e poluídos com outras sujeiras, a extinção de várias espécies e o aparecimento de muitas doenças “já erradicadas” não seriam sinais de algo errado? E ninguém percebeu isto?
O fato é que com religião ou sem ela, com fé, crença, Bíblia, Alcorão, rezas, Torá, orações ou também sem isso, o vírus chegou e indiferente a tudo, tomou conta do mundo todo. Muitos acreditam que só a pesquisa, o conhecimento e a ciência é que podem deter ou diminuir esta terrível ameaça que paira sobre nós. Alguns, nem nisso creem: a “coisa” chegou, infectou, fez todo o seu ciclo natural e cairá fora quando achar necessário e sem a interferência humana. Já outros dizem que será o próprio vírus, que tendo dó e piedade da pequenez humana, ele mesmo dará uma trégua a esse sofrimento. Hoje no Brasil já temos quase mil mortes e pelo menos uns 20 mil infectados. O mundo tem, de acordo com estatísticas otimistas, 1,6 milhão de infectados e mais de cem mil mortes. E os números só aumentam. O pico mundial da hecatombe ainda não chegou e muitos óbitos ainda serão contabilizados. E nem precisa rezar ou orar: esse vírus é ateu.



*Foi Professor em Porto Velho.



terça-feira, 7 de abril de 2020

E o Bozo só relincha


E o Bozo só relincha

Professor Nazareno*

        Diante da crise provocada pela pandemia do Coronavírus, o Brasil está percebendo aos poucos que não tem um presidente da República. Não tem um líder de fato até agora para comandar o país nestes momentos de extrema dificuldade. Nos países ricos e desenvolvidos essa liderança é assumida normalmente por seus presidentes e primeiros-ministros sem nenhum problema. Na Alemanha, Angela Merckel comanda as ações. Na França é o jovem presidente Emmanuel Macron que dita todas as regras, na Espanha Pedro Sánchez está à frente das ações e na Itália o primeiro-ministro Giuseppe Conte é quem lidera os italianos. Até nos Estados Unidos, Donald Trump já se rendeu à dura realidade da pandemia e procura, a seu jeito, levar seus compatriotas à vitória. No Brasil, o “Mito” relincha e só espalha ódio e intrigas aqui.
        Sem entender absolutamente nada sobre essa terrível pandemia e também sobre outros assuntos, o presidente Jair Bolsonaro já brigou com os governadores, com o Congresso Nacional, com o STF, com a OMS, com a ciência. Perde apoio a cada dia e se desmoraliza perante a opinião pública nacional. Guiado só pelas redes sociais e pelo “gabinete do ódio” comandado por seus filhos e pelo “intelectual de araque” Olavo de Carvalho, o “Mito” é um fracasso sem precedentes na história recente desse país. Ignorado, isolado e desmoralizado pelas evidências, o Bozo é ridicularizado todo santo dia nas mídias nacional e internacional. Virou chacota e não comanda hoje nem o seu próprio governo. Incapaz de demitir o seu ministro da Saúde, o “fraco líder” do Brasil deveria renunciar ao mandato e deixar as autoridades de verdade comandarem o caos.
       Para desespero do “incapaz e inapto presidente” e também contra a sua vontade, o ministro Mandetta continuará, por enquanto, comandando as ações contra a pandemia. Com ciúmes e inveja da eficiência do seu ministro da Saúde, Bolsonaro estava disposto a demiti-lo, mas os militares, toda a área técnica do governo, parlamentares, opinião pública e ministros do Supremo impuseram suas vontades ao Bozo. Hoje, para o Brasil e os brasileiros, Jair Messias Bolsonaro é uma espécie de rainha da Inglaterra e não manda mais em nada. Está desacreditado, “sua caneta está sem tinta” e sua posição está cada vez mais ridicularizada. O “líder de opereta” dos 57 milhões de eleitores continuará, no entanto, divertindo os tolos com a sua rompança e seu discurso genocida, ultrapassado e incoerente. Sequer conseguiu emplacar o amigo Osmar “Terra Plana”.
      Bolsonaro continua sendo infelizmente o presidente do Brasil, mas quem manda de fato a partir de agora é o vice Hamilton Mourão, a ciência, a lógica e o ministro Luiz Henrique Mandetta. A quarentena e o isolamento dos brasileiros para tentar deter ou amenizar o vírus vão continuar, sim. As recomendações da OMS, dos epidemiologistas, dos cientistas em geral e de parte da mídia nacional devem balizar o enfrentamento da crise. E o comércio, para desespero dos bolsomínions, não vai abrir sem critérios. O “Mito” virou uma espécie de bobo da corte sem nenhum prestígio e levado na galhofa por muita gente, inclusive muitos de seus eleitores e seguidores de primeira hora. Se ele tivesse competência e boa vontade estaria liderando o país e seu povo nestas horas tão difíceis. Eu, por exemplo, já teria me arrependido se tivesse votado nessa desgraça, nesse estrupício. Ele agora se contentará apenas em relinchar de tristeza. E de vergonha.



*Foi Professor em Porto Velho.