E Bozo decreta o
AI-6
Professor
Nazareno*
E eis que ainda brincando de ser presidente
da República pelo segundo ano consecutivo e diante da atual situação de
pandemia do Coronavírus em que se encontra o nosso circo maior, o senhor Jair Messias
Bolsonaro, para colocar ordem no decadente e bagunçado galinheiro verde e amarelo,
decreta o Ato Institucional número 6. Reunido estrategicamente com os seus três
filhos mais velhos, ouvindo o Conselho de Picadeiro e o “intelectual” Olavo de Carvalho, o excelentíssimo senhor presidente
desta República de Bananas toma uma de suas mais duras e arriscadas decisões:
assinar o presente Ato para tentar colocar um pouco de ordem nas arquibancadas,
no picadeiro, nos camarotes, na entrada e na saída deste triste estabelecimento
circense. Embasado por algum apoio que ainda tem da enorme plateia ignorante, o
mandatário aposta o seu futuro nessa ação.
O Comando Supremo da República de
Bananas, composto obviamente pelos três filhos do presidente, por Olavo de
Carvalho, por alguns dos atuais ministros de Estado, por meia dúzia de
militares saudosistas e pelos parentes de alguns torturadores que atuaram
durante a última Ditadura Militar, delega por meio deste AI-6 plenos poderes ao
atual mandatário da nação para, dentre outras besteiras, fazer frente à
Covid-19 e garantir em primeiro lugar os empregos, os lucros, a circulação de
dinheiro e por fim, se houver necessidade e condições, salvar algumas vidas
humanas. Por isso, a partir de agora fica proibida a quarentena e o isolamento
social em todo o território nacional. Por questões de entendimento, os nomes
Coronavírus ou Covid-19 ficam proibidos nas dependências deste puteiro. “Gripezinha” é o nome mais adequado a
partir de agora.
Imbuído de total força e plenos poderes
pelo atual Ato, o “palhaço-presidente”
determina que a partir de agora todas as decisões desse “cabaré sem a madame” devem passar pelo seu crivo. Toda e qualquer
notícia sobre a tal gripezinha deve ser lida pelo egrégio Conselho Supremo das
Bananas antes de ser divulgada na mídia. O presente Ato Institucional suspende
por tempo indeterminado todas as ações do Congresso Nacional e também do
Supremo Tribunal Federal, “órgãos
totalmente desprezíveis e inúteis na atual conjuntura que vivemos”,
enfatizou o palhaço-mor. Todos os Estados e municípios devem ser administrados
através de decretos-leis e levando sempre em consideração a vontade maior do
Conselho Supremo bananeiro. Os governadores e os prefeitos com ideias opostas
ao poder central serão todos demitidos por meio deste Ato.
Reuniões com fins políticos estão
todas proibidas, também está suspenso o direito ao habeas corpus por razões ideológicas
e a censura passa a ser instrumento do Estado. O “palhaço-presidente”
da República de Bananas terá poderes para destituir sumariamente qualquer
funcionário público, incluindo políticos oficialmente eleitos e juízes, se eles
forem subversivos ou não cooperativos com o regime (de terror) agora instalado.
Com o presente Ato, a bandeira do país jamais será vermelha e a corrupção será
coisa do passado. E todos ali acreditaram nestas mágicas palavras de
mentirinha. Terminada a reunião, todos se recolheram aos seus aposentos. Os
militares vestiram seus pijamas e os “meninos”
do Conselho Supremo saíram para pegar seus brinquedos e participar de outras diversões.
“Amanhã a gente brinca de outra coisa,
vão todos dormir agora”, disse sério
o palhaço-mor enquanto STF e Congresso Nacional nos governam.
*Foi Professor em Porto Velho.
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