terça-feira, 21 de abril de 2020

E Bozo decreta o AI-6


E Bozo decreta o AI-6

Professor Nazareno*

            E eis que ainda brincando de ser presidente da República pelo segundo ano consecutivo e diante da atual situação de pandemia do Coronavírus em que se encontra o nosso circo maior, o senhor Jair Messias Bolsonaro, para colocar ordem no decadente  e bagunçado galinheiro verde e amarelo, decreta o Ato Institucional número 6. Reunido estrategicamente com os seus três filhos mais velhos, ouvindo o Conselho de Picadeiro e o “intelectual” Olavo de Carvalho, o excelentíssimo senhor presidente desta República de Bananas toma uma de suas mais duras e arriscadas decisões: assinar o presente Ato para tentar colocar um pouco de ordem nas arquibancadas, no picadeiro, nos camarotes, na entrada e na saída deste triste estabelecimento circense. Embasado por algum apoio que ainda tem da enorme plateia ignorante, o mandatário aposta o seu futuro nessa ação.
            O Comando Supremo da República de Bananas, composto obviamente pelos três filhos do presidente, por Olavo de Carvalho, por alguns dos atuais ministros de Estado, por meia dúzia de militares saudosistas e pelos parentes de alguns torturadores que atuaram durante a última Ditadura Militar, delega por meio deste AI-6 plenos poderes ao atual mandatário da nação para, dentre outras besteiras, fazer frente à Covid-19 e garantir em primeiro lugar os empregos, os lucros, a circulação de dinheiro e por fim, se houver necessidade e condições, salvar algumas vidas humanas. Por isso, a partir de agora fica proibida a quarentena e o isolamento social em todo o território nacional. Por questões de entendimento, os nomes Coronavírus ou Covid-19 ficam proibidos nas dependências deste puteiro. “Gripezinha” é o nome mais adequado a partir de agora.
            Imbuído de total força e plenos poderes pelo atual Ato, o “palhaço-presidente” determina que a partir de agora todas as decisões desse “cabaré sem a madame” devem passar pelo seu crivo. Toda e qualquer notícia sobre a tal gripezinha deve ser lida pelo egrégio Conselho Supremo das Bananas antes de ser divulgada na mídia. O presente Ato Institucional suspende por tempo indeterminado todas as ações do Congresso Nacional e também do Supremo Tribunal Federal, “órgãos totalmente desprezíveis e inúteis na atual conjuntura que vivemos”, enfatizou o palhaço-mor. Todos os Estados e municípios devem ser administrados através de decretos-leis e levando sempre em consideração a vontade maior do Conselho Supremo bananeiro. Os governadores e os prefeitos com ideias opostas ao poder central serão todos demitidos por meio deste Ato.
            Reuniões com fins políticos estão todas proibidas, também está suspenso o direito ao habeas corpus por razões ideológicas e a censura passa a ser instrumento do Estado. O “palhaço-presidente” da República de Bananas terá poderes para destituir sumariamente qualquer funcionário público, incluindo políticos oficialmente eleitos e juízes, se eles forem subversivos ou não cooperativos com o regime (de terror) agora instalado. Com o presente Ato, a bandeira do país jamais será vermelha e a corrupção será coisa do passado. E todos ali acreditaram nestas mágicas palavras de mentirinha. Terminada a reunião, todos se recolheram aos seus aposentos. Os militares vestiram seus pijamas e os “meninos” do Conselho Supremo saíram para pegar seus brinquedos e participar de outras diversões. “Amanhã a gente brinca de outra coisa, vão todos dormir agora”, disse sério o palhaço-mor enquanto STF e Congresso Nacional nos governam.



*Foi Professor em Porto Velho.

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