Quero morrer de
Covid-19
Professor
Nazareno*
A pandemia do Coronavírus é a
estrela do momento. Há mais de cem anos, desde a Gripe Espanhola passando pela
cólera, pela varíola, pelo sarampo e até pela meningite, nenhum artista, atleta
ou chefe de Estado esteve tão em evidência no mundo quanto ela. Nada faz mais
sucesso hoje em dia do que o Covid-19 com a sua velocidade de contágio e o perigo
ameaçador de matar o maior número de pessoas. E no mundo inteiro. Acredita-se
que hoje mais de 90 por cento da humanidade só fala nessa “coisa”. Muito mais popular do que Jesus Cristo, Gandhi, Maomé ou
mesmo a Coca-Cola, está até ganhando do Osama Bim Laden logo depois do 11 de
setembro de 2001. Ninguém sabe onde estão os perigosos terroristas muçulmanos
que atormentaram o mundo “civilizado”
com os seus homens-bomba que tanto medo impuseram aos seres humanos.
Apesar dos recursos modernos, da
medicina avançada e da tecnologia de ponta, a cruel pandemia caminha sem
controle em quase todos os países do mundo. Quase dois milhões de infectados e
pelo menos 122 mil mortes até o dia de hoje. Nos Estados Unidos, o presidente
Donald Trump, antes reticente em relação à praga, já declarou que a pandemia
está fora de controle em todo o território americano. A Europa está destroçada.
Os hospitais não dão mais conta de tantas internações e tantos doentes. Os
mortos se acumulam, os cemitérios estão lotados e já faltam caixões. Quem manda
no mundo no momento é o Coronavírus. O porta-aviões Theodore Roosevelt, a joia
das Forças Armadas dos Estados Unidos, foi colocado fora de combate pelo vírus
assassino. Na França, o porta-aviões Charles de Gaulle tem quase toda sua
tripulação infectada.
Morrer de Coronavírus nas atuais
circunstâncias é até chique nestes tempos sombrios. Se o sujeito adoecer vai
para um hospital “especial” e será
tratado por médicos também “especiais”.
Ninguém devia querer morrer de malária, de dengue, de disenteria, de curuba ou
de qualquer outra doença de pobre ou de rondoniense. Mesmo de ataque cardíaco,
que é doença de rico. Morrer de câncer? Nem pensar. De Covid-19 o sujeito não
só morre como também já vira logo uma estatística do governo. E não é para
menos. A doença causada pelo Coronavírus, por exemplo, já fez no Brasil em
apenas um mês mais vítimas do que o sarampo, a H1N1 e a dengue, juntas, em todo
o ano de 2019. Um dia de Coronavírus no Brasil, hoje, mata mais do que a média
diária de acidentes de trânsito ou a média de assassinatos. Nada supera a terrível
pandemia.
E se continuar
assim com esta fúria crescente de mortes, em um ano teremos uma carnificina no
país: pelo menos uns cem mil óbitos ou mais. A “gripezinha” avança sem dó nem piedade. Incentivadas pela
irresponsabilidade do presidente do país, as pessoas de um modo geral não “dão bola” para o perigo. Manaus, Rio de
Janeiro, São Paulo e Fortaleza estão atualmente à beira do caos com o colapso
dos seus respectivos sistema de saúde. Sem distanciamento social e sem a
quarentena obrigatória, que muitos criticam ferozmente por razões políticas ou
por desconhecimento da realidade, o Brasil infelizmente vai virar uma terra
arrasada em poucos dias. Em Rondônia, apesar de duas mortes já catalogadas e com
42 infectados no Estado, a situação do Covid-19 ainda está sob controle apesar
de o “açougue” continuar matando por
outras enfermidades. Morrer em Rondônia e ainda por cima de uma doença comum: ninguém
merece tanta desgraça.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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