segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O legado de Greta Thunberg


O legado de Greta Thunberg


Professor Nazareno*


O Brasil vive hoje momentos muito difíceis. Nossa democracia corre riscos e parece que estamos voltando à Idade Média em muitas áreas, principalmente na política. Voltaire nos ensinou que é possível não concordar com uma única palavra do que se diz, mas que é importante respeitar o direito de qualquer pessoa se expressar. Isso foi dito lá pelo final do século XVIII em plena Revolução Francesa e as sociedades mais civilizadas vêm repetindo esse mantra com o passar dos anos. De um modo geral, os brasileiros desconhecem minimamente essas regras e qualquer outra ação civilizatória. E isso se tornou patente com a ativista sueca Greta Thunberg. A jovem escandinava de apenas 16 anos, que sofre da Síndrome de Asperger, encampou a defesa do meio ambiente e de certa maneira vem atormentado os líderes mundiais por causa do clima.
Em vez de se discordar com argumentos das ideias defendidas por ela, muitos marmanjos se especializaram em tecer comentários maldosos e infames contra a menina. Falam, sem muitas provas, que ela está sendo financiada por George Soros, megainvestidor húngaro-americano e um dos homens mais ricos do mundo. Afirmam maldosamente que ela além de ser da esquerda está por trás de interesses escusos. Bastaram apenas cinco minutos de um discurso na ONU na Cúpula de Ação Climática no mês passado para que ela virasse alvo de uma cruel campanha difamatória no mundo inteiro. Pior, nenhuma dessas acusações se sustenta, já que todas são baseadas em desinformação e fofocas. No Brasil, até o filho do presidente Jair Bolsonaro e candidato a embaixador do Brasil nos EUA, Eduardo Bolsonaro, também entrou nesta “jogada”.
Além disso, em Natal no Rio Grande do Norte, um “jornalista” bolsonarista absurdamente disse ao vivo que “ela precisa de sexo para parar com este histerismo”. Infelizmente, os ataques à ativista se multiplicam no mundo inteiro como se o que ela está defendendo prejudica a sociedade, o planeta, a civilização. Greta Eleonora Ernman Thunberg é uma criança ainda e além de falar o inglês fluentemente sabe o que está fazendo. Em Rondônia a fumaça deste ano só diminuiu por causa da ação, embora tardia, de alguns órgãos de defesa do meio ambiente, que só agiram depois da pressão da França e de outros países da União Europeia. A “Cúpula do Clima na ONU” serviu de pressão para que se respeitassem mais a sofrida Rondônia. Com a sua fala, Greta Thunberg contribuiu para a diminuição das doenças provocadas pela fumaça por aqui.
Nunca vi nenhum adulto defender o meio ambiente com a tenacidade e o vigor desta garota escandinava. De vilão do clima com as queimadas todos os anos, o incendiário Estado de Rondônia deveria agradecer a ela pelo fim da fumaceira. Ao lado de outro ícone, o brasileiro cacique Raoni, a “jovem viking” já foi indicada para receber o Prêmio Nobel da Paz deste ano, que será anunciado em outubro próximo. Duvido que Wilson Witzel, o polêmico governador do Rio de Janeiro ou outro bolsonarista qualquer, fosse indicado a tal honraria. Bolsonaro e seu governo medíocre não ganharia prêmio nenhum com sua política chinfrim e estúpida. Os “bolsomínios” vão ter que engolir a Greta Thunberg e as suas ideias por muito tempo ainda. E se tudo o que esta ilustre ativista está defendendo for mentira, falácia, ilusão, exagero, tudo já valeu a pena, pois quem não gostaria de viver sem queimadas e sem a fumaceira de Rondônia?





*É Professor em Porto Velho.

domingo, 29 de setembro de 2019

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Lula Livre? Nunca! Jamais!


Lula Livre? Nunca! Jamais!

Professor Nazareno*

            O STF decidiu apoiar a tese de que algumas sentenças da Lava Jato podem ser anuladas por apresentarem irregularidades. Isso pode até beneficiar o ex-presidente Lula, preso em Curitiba e acusado de vários crimes de corrupção. Lula livre é um pandemônio que assusta grande parte do atual governo brasileiro. O maldito molusco goza de um prestígio ainda grande no cenário político do país. Com a queda de popularidade de Jair Bolsonaro, o medo da volta da esquerda ao poder cresce cada vez mais em todos os cenários. Não há o que discutir: mesmo tendo sido julgado pela Lava Jato e pelo juiz Sérgio Moro de forma errada, Lula não está preso por acaso. Seu governo criou o Mensalão e o Petrolão e, de um modo geral, aparelhou o Estado para roubar. O “sapo barbudo” pode até não ter roubado, mas permitiu que todos roubassem.
            Óbvio que é uma injustiça dizer que só o PT destruiu o país. Isto por que foram “somente” 13 anos dos petistas no poder. Muito antes, o Brasil já estava sendo saqueado pelas elites desde Cabral. Foram 502 anos de roubo e saques incluindo aí a Ditadura Militar entre os anos de 1964 e 1985. Lula e sua turma apenas deram prosseguimento à destruição sistemática das nossas riquezas. Líderes petistas, muitos deles hoje condenados e presos, não se contiveram quando viram a dinheirama que a oitava economia do mundo produzia. Apesar de terem prometido livrar o país da pobreza secular, meteram a mão sem dó nem piedade no patrimônio nacional. Destruíram a Petrobras e aparelharam as instituições para dilapidá-las em seguida. Lula fez muito mal ao país e por isso não deveria ser solto nunca mais. Tem que pagar por todo o mal feito.
            Eu já votei no Lula, no PT e na Dilma, confesso meio envergonhado. Fui, assim como todos aqueles que votaram neles, também enganado. Mas convenhamos: por que só o Lula está preso? E o Paulo Maluf? E o Michel Temer? E o Aécio Neves? E o Fabrício Queiroz? E todos os que erraram com o Brasil? Convenhamos também que a corrupção deve ser combatida sempre dentro da legislação e não de forma igualmente criminosa como fizeram o Moro e o Deltan Dallagnol. O PT não fez nada de bom para o nosso país. Engana-se quem defende o contrário. Claro que no varejo fez uma coisa boa aqui outra acolá. Assim como todos os governos antecessores, também não investiu nada na Educação e muito menos tirou o pobre da miséria: apenas apresentou o infeliz ao consumo. Só isso. Comer, viajar de avião e fazer uma faculdade enganou a todos.
            Já os governos que sucederam o PT também não mostraram ainda a que vieram. Michel Temer foi um desastre incomum. Com quase zero de popularidade e depois do golpe dado na Dilma Rousseff, o emedebista já foi preso por duas vezes, mas logo saiu da cadeia, pois não ameaçava ninguém. O “Mito” é uma vergonha só: ainda não desceu do palanque e sua popularidade cai a cada dia. Desastrado, arrogante, submisso aos EUA, admirador de algumas ditaduras como a de Pinochet no Chile, sem nenhum conhecimento ou leitura de mundo e seguidor de um torturador como o coronel Ustra, o Bozo é só decepção. De Davos ao discurso na ONU, o mundo tem pena de nós e já percebeu o quanto muitos brasileiros estão sofrendo com este governo atemporal e anacrônico. É cada ministro pior do que o outro. Hoje é difícil dizer qual governo foi o pior: se o ladrão e corrupto do Lula e do PT ou o fascista de Bolsonaro. Pobre Brasil!



*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Geografia: uma aula inútil



Geografia: uma aula inútil

Professor Nazareno*

            De um modo geral, a população de Rondônia é composta em sua maioria por gente parva, sem leitura de mundo, desinformada e por isso mesmo presa fácil das armadilhas criadas pela mídia televisiva e também pelos políticos. Na semana passada, por exemplo, muitos foram ao êxtase por que uma jornalista local ao apresentar o Jornal Nacional da rede Globo disse que Rondônia não era Roraima. A vibração foi colossal. “Uma aula de Geografia para o Brasil e para o mundo”, gritavam às lágrimas os mais eufóricos. Telões instalados no único Shopping Center da capital e em vários outras localidades deram um aspecto de final de Copa do Mundo. Esse tema é tão importante que vai mudar a sofrida realidade desse povo tolo. Ninguém percebeu que essa “jogada” da Globo foi somente para alavancar sua audiência que cai vertiginosamente a cada dia.
            Além do mais, quase ninguém no Brasil aprendeu esta “aula” nem vai aprender tão cedo. Hoje mesmo, ainda se continua confundindo Rondônia com Roraima não por desconhecimento da Geografia, mas pela pouca ou nenhuma importância que estas duas províncias atrasadas e subdesenvolvidas representam para o país. Rondônia e Roraima são como duas irmãs siamesas que sobrevivem na miséria econômica e social. Fincadas em plena Amazônia, uma faz fronteira com a Venezuela e a outra com a Bolívia. O histórico das duas, no entanto, se parece muito: alguns sulistas gostam de dizer que “colonizaram” estes dois pedaços esquecidos do Brasil. A imigração é uma constante nos dois longínquos territórios que foram recentemente transformados em Estado. Uma sofre por causa da invasão dos venezuelanos, a outra padece com imigrantes bolivianos.
            Roraima tem Romero Jucá, mas Rondônia não fica atrás e também tem os seus “líderes”. Em ambas as unidades da federação existem políticos ladrões e desonestos e geralmente são eles que “dão as cartas”. Em Rondônia vive-se atualmente outra crise. Assim como lá em Roraima. Os dois rincões vivem só de ciclos. Embora Roraima esteja situada no hemisfério norte da terra, o atraso, a corrupção, o subdesenvolvimento e a miséria fazem parte da realidade de sua sofrida e minúscula população. Em Rondônia essa triste realidade não é nada diferente. Os dois povos são devastadores contumazes da natureza. No final do século passado, por exemplo, o mundo ficou assombrado com os incêndios florestais em Roraima. Agora, o medo é em Rondônia com a agressão à Amazônia. Porto Velho sofre com as queimadas e tem hoje quase 10 mil focos de calor.
            Não se sabe quem sofre mais: se um rondoniense quando é confundido com um roraimense ou o contrário. Nunca se viu um paulista ser confundido com um carioca. Duvido que alguém confunda os Estados Unidos com a Europa. Isso porque são lugares desenvolvidos, ricos, civilizados e têm grande importância para o mundo. Rondônia e Roraima são o suprassumo da merda, lugares ermos, periferias do mundo. O PIB de Roraima é 0,2% do PIB brasileiro. Rondônia tem também um PIB inexpressivo: 0,6 do PIB nacional. Já IDH inexiste em ambas as províncias, que deveriam voltar à condição de território federal ou serem devolvidas respectivamente a Nicolás Maduro e a Evo Morales. Se Boa Vista nada tem de bom a oferecer aos seus visitantes, Porto Velho é a capital brasileira dos estupros. Em ambas, saneamento básico e água tratada é um luxo quase inexistente. Então, parabéns à Globo: disse ao Brasil que “essas coisas” existem.

           

*É Professor em Porto Velho.

sábado, 21 de setembro de 2019

Ana Lídia é Roraima!


Ana Lídia é Roraima!

Professor Nazareno*

O mundo pode se acabar hoje. Não estou mais preocupado com nada. Aceito de coração o que vier de agora por diante: Roraima finalmente apareceu em destaque no Jornal Nacional da Rede Globo. E em grande estilo. Por isso, estou muito feliz e radiante. A jornalista Ana Lídia Moura apresentou o maior noticiário do Brasil ao lado de um dos maiores ícones do jornalismo nacional: um rapaz lá do Espírito Santo. Em Porto Velho, capital de Roraima, e em todos os recantes do Estado não se falava em outra coisa neste sábado, 21 de setembro. “O nosso Estado é destaque nacional” gritavam eufóricos os habitantes como que comemorando uma conquista de Copa do Mundo da seleção nacional de futebol. “Vocês viram a competência da consagrada jornalista?”. “Vocês viram como ela se saiu bem?”, falavam todos muito emocionados.
Não há como discordar. Maríndia Lídia Daibes é uma jornalista competente e arrojada. Deu conta do seu recado na bancada do principal jornal televisivo do país e de quebra patrocinou um show à parte com sua aveludada e linda voz. Mostrou caráter, bom profissionalismo, leitura de mundo e muito conhecimento naquilo que faz. Se a partir de hoje, a brilhante jornalista roraimense fosse escalada para apresentar o Jornal Nacional diariamente, ninguém sentiria falta de mais ninguém naquela “bancada de ouro”. Com toda a certeza, Lídia Moura é um exemplo para as novas gerações que se aventurarem nos caminhos da notícia e do jornalismo. Além do mais, a TV Rondônia, afiliada da Rede Globo, é uma emissora de televisão de alto estilo. Já deveria ter ganhado várias comendas na área do jornalismo. Prêmios Pulitzer e Esso, por exemplo.
Maríndia, no entanto, se superou no final do JN: convidou todos os brasileiros a conhecer Roraima. Falou sobre as belezas naturais do Estado, mas se esqueceu de dizer que aos poucos tudo está sendo destruído pela ganância dos mesmos brasileiros que ela convidou. O rio Madeira, por exemplo, foi estuprado por hidrelétricas em seu leito e hoje não é nem a sombra do que fora anos atrás. Em suas águas já não existem mais as madeiras boiando que lhe deram o nome e o preço da energia elétrica que se paga por aqui é o “olho da cara”. Ou seja, doamos a nossa preciosa natureza para os outros em troca de nada. Outra beleza natural, a floresta amazônica, está sendo minuciosamente destruída ano após ano para dar lugar às pastagens. Rondônia é uma potência agropecuária, mas à custa das queimadas e da triste devastação ambiental sem controle.
A competente e bonita jornalista orgulhou a todos nós nascidos aqui, é verdade. Mas ainda acho que ela deveria ter falado para todos os brasileiros sobre a existência de um determinado “açougue” na zona sul da capital e que as autoridades de Roraima preferem fazer suntuosos “palácios de mármore” a construir um hospital decente para os pobres. Ela poderia também ter comentado sobre a sujeira, a carniça, o lixo e a fedentina das ruas da castigada cidade bem como da falta de água tratada e de saneamento básico para os porto-velhenses. Falar sobre a roubalheira e os escândalos na política local nem precisava, pois ninguém lhe teria prestado muita atenção, já que isto é uma mania nacional a que todos já se acostumaram tranquilamente. Além das rotineiras queimadas, de muita fumaça no verão, da falta de cultura, de uma ponte escura e da carne produzida à custa da natureza, Roraima tem talentos de sobra para encantar o país.



*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Arroche mais, Energisa!


Arroche mais, Energisa!


Professor Nazareno*

            Com um largo sorriso estampado no rosto, eu vejo de camarote agora em Porto Velho e em todo o Estado de Roraima algumas pessoas reclamarem do preço mensal em suas contas de luz. De um modo geral, os rondonienses merecem mais este castigo em suas vidas. Acomodados e entreguistas, a maioria dos cidadãos deste Estado pedia todos os dias a privatização da antiga Ceron. Por burrice, maldade ou estupidez mesmo não ouviam os clamores dos coitados dos sindicalistas e dos funcionários de que esta privatização absurda elevaria sobremaneira os preços das tarifas. Não deu outra: apesar de termos várias hidrelétricas por aqui, pagamos uma das mais altas tarifas de energia elétrica do Brasil. Capitalistas e “bolsomínios” de carteirinha, muitos imbecis e idiotas imploravam não só pela privatização, mas também pela venda total daquela empresa.
            A Energisa nada mais é do que uma singela amostra do Capitalismo em terras karipunas. Para ela, lucros e privilégios. Para os otários dos consumidores “pau no lombo” e tarifas exorbitantes. Além de possuir muitas hidrelétricas, Rondônia é o Estado campeão brasileiro de queimadas. Ninguém no país incendeia mais a Amazônia do que os rondonienses. Não só tocam fogo na mata, como parece que têm uma vocação nata para destruir o meio ambiente. O Estado foi “colonizado” por sulistas e por isso o “fogo” sempre foi um dado cultural por aqui, “cultural e até econômico”, como confirmou recentemente um político. Rondônia é filha direta das queimadas e da devastação, por isso conviver com a fumaça é algo normal. Construir hidrelétricas para beneficiar forâneos é outra coisa corriqueira. Índios querendo energia elétrica é surreal.
            Arroche mais, Energisa! Não tenha piedade de nenhum consumidor. Faça com que todos entendam que Rondônia sempre foi a “latrina do Brasil”, uma “terra de ninguém”. Não ligue para os políticos. “Cão que muito ladra não morde”. Muitos deles são aproveitadores que só querem aparecer agora, já que estamos próximos de eleições. Por que eles não se manifestaram na época da privatização? Por que não impediram a “doação” da concessionária? Onde eles estavam? E por que só agora se dizem “indignados”? Isso lembra o falido Beron e a sua triste sina. Se a ligação for clandestina, corte! Atrasou? SPC nele! Não tem contador na residência? Coloque imediatamente um! Tem “gato” no medidor? Chame a polícia e mande prender o ladrão. Só tem energia elétrica em casa quem pode. Não pode pagar? Que use velas e porongas!
Uma pena que só privatizaram até agora a Ceron. Deviam ter feito isso com tudo o que existe por aqui. Privatizem a ponte escura, o espaço alternativo, os viadutos sem serventia, as ruas esburacadas, os hospitais públicos (o “açougue” e o HB), todas as escolas, o aeroporto, o porto, a UNIR, a cidade e o Estado. Privatizem o rio Madeira e o pouco que ainda resta da floresta amazônica. Para andar pelas ruas de Porto Velho, cada cidadão deveria pagar uma quantia a alguém. Nada de escola gratuita ou hospital que atende sem cobrar. O atual deputado federal e ex-prefeito de Porto Velho, Dr. Mauro Nazif, disse recentemente: “Vá embora de Rondônia, Energisa!”. Concordo com ele. Vá embora, mas, por favor, mande outra concessionária de energia mais radical ainda para ver se esses rondonienses folgados aprendem a valorizar o que é seu. “Quando tudo for privado, seremos privados de tudo”. Quanto será que vale um Estado como Rondônia?




*É Professor em Porto Velho.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Novos tempos bolsonáricos


Novos tempos bolsonáricos


Professor Nazareno*

            Na semana passada tive que dar uma surra na minha esposa, a Francisca. A mesma dormiu demais e pela manhã não me fez os ovos mexidos como eu exijo todos os dias. Tive que ir à escola sem comer uma das coisas de que mais gosto. Disse-lhe que se isto acontecesse de novo, eu não a perdoaria. Quieta e calada, depois de umas tapas e uns puxões de cabelo, ela me obedeceu e depois me pediu muitas desculpas. A função da mulher é servir ao homem e ponto final. Felizmente, ela entendeu qual o verdadeiro papel da mulher nestes novos tempos em que estamos vivendo. Na escola, só inicio as aulas depois de ler a Bíblia e cantar o hino nacional. Os meninos entram na sala todos em fila depois de eu obrigá-los diariamente a prestar continências a mim ou a qualquer outra autoridade que esteja presente. Deus, a Pátria e os valores morais são ensinados.
            Esse negócio de politicamente correto é coisa já ultrapassada. Direitos humanos não existem mais e os presidiários têm que aprender a respeitar os cidadãos de bem que trabalham. Prisão perpétua e pena de morte serão a partir de agora analisadas juridicamente e poderão fazer parte do nosso Código Penal. A censura não voltará, mas todos os programas de televisão, propagandas, anúncios, músicas e filmes nacionais serão devidamente analisados por uma equipe do governo para se observar se o conteúdo abordado não está ferindo os valores da família e da pátria. O Estado não será mais laico. A religião que prevalecerá em todos os ambientes será a cristã. O ateísmo, por ser uma coisa demoníaca e totalmente anormal, não será mais tolerado. Família será composta agora só por homem e mulher. Nada de família homoafetiva ou outro tipo.
            O Nazismo foi de esquerda, a terra é plana, homem veste azul e mulher veste rosa, Cristo foi visto em cima de uma goiabeira, princípios democráticos não resolvem problemas de país nenhum, os Beatles não sabiam nada de música, todo bandido tem que ser morto pela polícia, Olavo de Carvalho é um intelectual, a NASA não distingue uma fogueira de acampamento de um incêndio qualquer, os dados do IBGE não são confiáveis, ideologia de gênero é coisa do capeta, Pinochet foi um herói chileno, o coronel Brilhante Ustra prestou relevantes serviços ao Brasil, a mídia só pode divulgar o que interessa aos governos de plantão e Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil nunca foram bons cantores. Essas verdades indiscutíveis precisam ser ensinadas às novas gerações. Fake News não podem ser criminalizadas e toda democracia é relativa.
            Respeitar o meio ambiente, só em último caso. Esse negócio de que a Amazônia e o cerrado estão sendo devastados pelas queimadas é lorota que espalham por aí só para prejudicar o governo e macular a imagem do Brasil lá fora. É preciso produzir alimentos cada vez mais. Onde já se viu índios com direitos? Os selvagens só terão terras demarcadas se nelas produzirem alguma coisa como milho, soja, arroz ou outras commodities. Os garimpos devem continuar existindo. De onde se tirou a ideia de que poluem os rios, a mata e a natureza? E como o trabalho dignifica o homem, toda criança deve ser ensinada a “pegar no batente” logo cedo para ir se acostumando. Justiça com as próprias mãos diminuirá a violência e sempre deve ser incentivada pelas autoridades. Mulheres, negros, homossexuais e todas as minorias devem se adaptar aos princípios e às regras da maioria. Assim, o Brasil entrará para o rol das nações civilizadas do mundo.



*É Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Previsões já confirmadas


Previsões já confirmadas

Professor Nazareno

            Não sou cartomante nem adivinho e nem faço previsões de absolutamente nada. Mas óbvio que também não sou nenhum idiota como falam algumas pessoas. Apenas escrevo textos e neles faço comentários que acabam se confirmando depois. Quando o senhor Jair Bolsonaro foi eleito presidente, eu disse que não só a nossa democracia corria perigo como também a imagem do Brasil seria prejudicada se ele confirmasse na prática o que dissera durante a campanha eleitoral bem como durante toda a sua vida. O obscurantismo, a censura e a diminuição de direitos conquistados a duras penas pela sociedade brasileira são práticas que se veem diariamente sendo levadas a cabo pelo atual governo. Tudo de ruim que sempre existiu na política brasileira vem se repetindo normalmente no cotidiano da população. O país hoje insiste em entrar na Idade Média.
            A censura já ameaçou voltar recentemente em várias ocasiões no Brasil como na Bienal do Livro no Rio de Janeiro e também na área da Educação em São Paulo com o recolhimento de livros didáticos. Além disso, um dos filhos do “Mito” afirmou que “O Brasil não crescerá por vias democráticas”. Em alguns setores, por exemplo, a censura e o obscurantismo são mais visíveis: por causa da questão financeira, alguns sites de notícias não têm coragem de peitar determinados órgãos do Estado. Só noticiam aquilo que agrada ao “patrão”. Vergonha máxima: em tempos de liberdade de expressão, nenhuma publicação ou matéria que desagrade ao poder vigente. Voltaire deve se retorcer no túmulo. Se não houver uma tomada de consciência, as coisas infelizmente só vão piorar. Triste saber que muitos “jornalistas” já se renderam ao poder do vil metal.
Neste fim de mundo, quando o prefeito Hildon Chaves foi eleito, eu alertei para que ele tivesse muito cuidado com o seu vice, mesmo que este “fosse um boi”. Não deu outra: pouco tempo depois, por causa do já esquecido escândalo da JBS, houve o rompimento dos dois e o vice-prefeito da capital fez o mesmo que todos os outros vice-prefeitos que lhe antecederam: nada. Eu disse também que jamais o Dr. Hildon amaria, beijaria e acariciaria uma cidade tão detonada quanto esta. E quando todos falavam mal do Mauro Nazif, eu previ que o “lento mandatário” daria a volta por cima em muito pouco tempo. O mesmo não só se elegeu deputado federal como hoje “ameaça” voltar a administrar a cidade mais suja e imunda do Brasil: Porto Velho, a eterna capital de Roraima. Como desgraça pouca é meio de vida, é bem possível que este pesadelo volte.
Em Porto Velho, o infortúnio continua e por isso o abandonado “açougue” João Paulo Segundo prossegue com a sua sina de ser apenas um “campo de extermínio de pobres”. Palácios de mármore são anunciados sem nenhuma cerimônia, como um Centro de Convenções, e nada da construção do “velho açougue” prosperar. Outra vez disse que as hidrelétricas do rio Madeira encareceriam a energia elétrica em Rondônia. Fui criticado na época e quase açoitado em praça pública. E aí está a Energisa “presenteando” os otários todo mês. Juro que “eu acho é pouco”. O teatro foi feito para nada. Está jogado às traças. Não há espetáculo. Devia ser implodido. Igual ao ginásio Cláudio Coutinho, onde não tem jogos há tempos. Os viadutos continuam sem nenhuma serventia e a ponte se eternizará escura. Só não previ que a França e outros países da União Europeia contribuiriam para o fim da fumaça em Rondônia. Será que sou burro?



*É Professor em Porto Velho.