Arroche mais,
Energisa!
Professor
Nazareno*
Com um largo
sorriso estampado no rosto, eu vejo de camarote agora em Porto Velho e em todo
o Estado de Roraima algumas pessoas reclamarem do preço mensal em suas contas
de luz. De um modo geral, os rondonienses merecem mais este castigo em suas
vidas. Acomodados e entreguistas, a maioria dos cidadãos deste Estado pedia todos os dias a privatização da antiga Ceron. Por burrice, maldade ou estupidez
mesmo não ouviam os clamores dos coitados dos sindicalistas e dos funcionários
de que esta privatização absurda elevaria sobremaneira os preços das tarifas.
Não deu outra: apesar de termos várias hidrelétricas por aqui, pagamos uma das
mais altas tarifas de energia elétrica do Brasil. Capitalistas e “bolsomínios” de carteirinha, muitos
imbecis e idiotas imploravam não só pela privatização, mas também pela venda
total daquela empresa.
A Energisa nada mais é do que uma
singela amostra do Capitalismo em terras karipunas. Para ela, lucros e
privilégios. Para os otários dos consumidores “pau no lombo” e tarifas exorbitantes. Além de possuir muitas
hidrelétricas, Rondônia é o Estado campeão brasileiro de queimadas. Ninguém no
país incendeia mais a Amazônia do que os rondonienses. Não só tocam fogo na
mata, como parece que têm uma vocação nata para destruir o meio ambiente. O
Estado foi “colonizado” por sulistas
e por isso o “fogo” sempre foi um
dado cultural por aqui, “cultural e até
econômico”, como confirmou recentemente um político. Rondônia é filha
direta das queimadas e da devastação, por isso conviver com a fumaça é algo
normal. Construir hidrelétricas para beneficiar forâneos é outra coisa
corriqueira. Índios querendo energia elétrica é surreal.
Arroche mais, Energisa! Não tenha
piedade de nenhum consumidor. Faça com que todos entendam que Rondônia sempre
foi a “latrina do Brasil”, uma “terra de ninguém”. Não ligue para os
políticos. “Cão que muito ladra não morde”.
Muitos deles são aproveitadores que só querem aparecer agora, já que estamos
próximos de eleições. Por que eles não se manifestaram na época da
privatização? Por que não impediram a “doação”
da concessionária? Onde eles estavam? E por que só agora se dizem “indignados”? Isso lembra o falido Beron
e a sua triste sina. Se a ligação for clandestina, corte! Atrasou? SPC nele! Não
tem contador na residência? Coloque imediatamente um! Tem “gato” no medidor? Chame a polícia e mande prender o ladrão. Só tem
energia elétrica em casa quem pode. Não pode pagar? Que use velas e porongas!
Uma pena que só
privatizaram até agora a Ceron. Deviam ter feito isso com tudo o que existe por
aqui. Privatizem a ponte escura, o espaço alternativo, os viadutos sem
serventia, as ruas esburacadas, os hospitais públicos (o “açougue” e o HB), todas as escolas, o aeroporto, o porto, a UNIR, a
cidade e o Estado. Privatizem o rio Madeira e o pouco que ainda resta da
floresta amazônica. Para andar pelas ruas de Porto Velho, cada cidadão deveria
pagar uma quantia a alguém. Nada de escola gratuita ou hospital que atende sem
cobrar. O atual deputado federal e ex-prefeito de Porto Velho, Dr. Mauro Nazif,
disse recentemente: “Vá embora de
Rondônia, Energisa!”. Concordo com ele. Vá embora, mas, por favor, mande
outra concessionária de energia mais radical ainda para ver se esses
rondonienses folgados aprendem a valorizar o que é seu. “Quando tudo for privado, seremos privados de tudo”. Quanto será que
vale um Estado como Rondônia?
*É
Professor em Porto Velho.
Um comentário:
A maioria pediu seu castigo. E agora reclamam do açoite.
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