quinta-feira, 8 de junho de 2023

Marcha para o Satanás


 

Marcha para o Satanás

 

Professor Nazareno*

 

            Existe já há algum tempo a Marcha para Jesus. Milhões de cristãos evangélicos saem às ruas das principais cidades do Brasil quase sempre no dia de Corpus Christi para prestar homenagens ao, segundo eles, “único filho de Deus”. Porém, hoje deveria existir também uma outra marcha levando-se em consideração o que a maioria das pessoas que se acham religiosas dizem e fazem no seu cotidiano. Seria a Marcha para Satanás. Esta deveria ser também bem representativa, uma vez que o “Anjo do Mal” igualmente tem muito poder. O Cão nunca foi derrotado por Deus e até hoje tem se mostrado um inimigo à altura do Todo Poderoso. Além do mais, as pessoas de um modo geral não seguem o Capeta diretamente, mas costumam fazer tudo o que dele deriva. O nosso Salvador é sinônimo do bem e das coisas boas, enquanto o Tinhoso representa tudo o que é do mal.

            A História nos ensina que Jesus Cristo certamente não teve muito apego ao dinheiro. Coisa que muitos dos seus seguidores não o fazem. Dinheiro só pode ser coisa do Cramunhão mesmo. Foi Cristo que expulsou os vendilhões do templo e censurou abertamente a ambição desmedida daqueles que diziam seguir os seus passos. Jeová nunca deu importância para o dinheiro ou a riqueza, já os seus seguidores não conseguem viver sem o vil metal. Aliás, foi o Filho das Trevas que sempre esteve ligado à ambição, à usura e à exploração. Judas, por exemplo, traiu o Santíssimo por 30 dinheiros, dizem as escrituras. Na política, o Messias não pode estar ligado à direita ou à extrema-direita, posições ideológicas que defendem o capitalismo e a exploração do homem pelo homem. Por isso, entende-se que o Rei dos Reis só podia militar num desses partidos de esquerda.

            O Filho de Deus era de esquerda, com toda a certeza. Ele repartia o pão, amava a todos sem se importar com suas origens, cor, raça, gênero ou posição social e combatia, nas suas ações, a elite da época e os poderosos de Roma. Por causa disso, o Senhor das Trevas o perseguia sem dó. Duvido que a esquerda tenha crucificado e matado a Jesus. Quem fez isso foram os ricos e poderosos a mando do Império Romano. Fazer uma marcha dessas é algo justo, mas de certa maneira não representa os ideais de muitos que dela participam. As pessoas hoje geralmente são violentas, injustas, ambiciosas, más, mentirosas, hipócritas e creem só no dinheiro e na riqueza. E tudo isso é coisa do Capiroto. Por isso, a “Marcha para o Satanás” também tinha que acontecer todos os anos. Seria algo até representativo. E quem tramaria um golpe de Estado: Jesus Cristo ou o Lúcifer?

            E quem tentaria tomar as terras dos povos originários? E quem deixaria esses mesmos povos, como os yanomamis, morrerem à mingua sem a mínima proteção do Poder Público? Jesus Cristo certamente não pregaria o ódio entre os irmãos e nem incentivaria a compra de armas pela população. Tremo só de pensar que o Altíssimo divulgasse mentiras e fake news. Óbvio que o unigênito de Deus jamais destruiria o meio ambiente em busca de ouro e de outros metais preciosos. O respeito à natureza seria uma de suas ações mais fortes. E nunca tentaria implantar uma monstruosa ditadura para governar o seu povo. O Nazareno é democrático, podem ter certeza disso. Nada de golpes de Estado, de censura, torturas e nem de perseguições e mortes a seus oponentes. Por isso, é fácil entender por que o Redentor pode não estar sendo representado nesta marcha. A hipocrisia criou uma coisa, mas segue outra. Os gays são representados na marcha deles?

 

 


*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 4 de junho de 2023

Porto Velho, capital de Roraima

Porto Velho, capital de Roraima

 

Professor Nazareno*

 

            Raríssimas pessoas no Brasil sabem que Porto Velho é a capital de Rondônia. Já a capital de Roraima é, claro, Boa Vista. São duas cidades do mesmo tamanho, sem nenhuma importância na realidade nacional ou mesmo regional e que contam hoje cada uma com pouco mais de 400 mil habitantes segundo as últimas contagens do IBGE. Ambas as cidades são como favelas imundas: feias, desarrumadas, sujas, fedorentas, sem água tratada, sem mobilidade urbana, sem esgoto, sem arborização e sem áreas de lazer. Estão atualmente, segundo o ITB, Instituto Trata Brasil, nas últimas colocações em qualidade de vida dentre as 27 capitais brasileiras. A confusão se faz, provavelmente, por que as duas capitais incorporaram ultimamente aos seus já pobres e miseráveis cidadãos, milhares de imigrantes venezuelanos que pedem esmolas em seus raros sinais de trânsito.

            Apesar de ter poucos moradores, as duas sinistras cidades têm na área da política algo muito estranho. São cidades dominadas pela extrema-direita reacionária, apesar da visível miséria e da pobreza extrema que se observam em suas imundas e sujas ruas e avenidas. Boa Vista eu não conheço, mas tenho a certeza de que a vista por lá também não é muito boa. Já Porto Velho é o meu reduto. Tenho a infelicidade suprema de morar nesta “filial do inferno” há mais de quarenta anos. E, via de regra, nestas quatro décadas nada mudou por aqui. Porto Velho, Boa Vista, Macapá e Rio Branco são lugares que não deviam sequer existir como cidades de tão sujas, feias e desorganizadas que são. Muito menos como capitais de Estados. São lugares ermos que mais se parecem com “currutelas fedidas” sem eira e nem beira. Mas são capitais e por isso devem ser entendidas como tal.

            Quase ninguém no restante do Brasil viaja para essas cidades. Os preços das passagens aéreas são os mais caros que há. Seus acanhados aeroportos mais se parecem com aqueles precários campos de pouso de meados do século passado. Recebem diariamente um ou dois voos regulares e só. Nenhuma dessas arriscadas aglomerações urbanas tem um só atrativo turístico que justifique a aventura de alguém se deslocar para cá. Nesse perdido submundo de atrasos e dificuldades até a hora local está mais atrasada em relação ao restante do país com exceção de Macapá no isolado e distante Amapá. Deve ser por isso que confundir Rondônia com Roraima deve ser a coisa mais normal do mundo para quem tem a sorte e o deleite de morar em lugares mais desenvolvidos e civilizados. Muitas cidades do mundo, há três ou quatro séculos, eram menos patógenas.

            Acre, Rondônia, Roraima e Amapá são tão distantes da realidade de um morador de São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre, por exemplo, que mais se parecem com nomes daquelas províncias distantes do Nepal ou da Nigéria. Porto Velho, a capital de Roraima, nasceu a partir de um rio, o Madeira, mas já lhe deu as costas faz tempo. Até na sua principal avenida, a Sete de Setembro, os carros e as pessoas só saem em vez de chegarem. Antes era bem arborizada e tinha até mão dupla. Já a lendária praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré foi esquecida há tempos e o porto do Cai N’Água, que originou a cidade, é hoje um lugar podre, sujo, violento e insalubre, talvez em homenagem à cidade horrorosa que o rodeia. Os barcos de turismo foram abandonados e hoje pegam seus poucos visitantes no barranco íngreme e escorregadio que sobrou. Até as “andorinhas cagonas” nos abandonaram. Não parece, mas isso aqui já foi administrado pela esquerda.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Anseios patéticos da sociedade

Anseios patéticos da sociedade

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil está dividido politicamente. Metade da população é da direita e da extrema-direita. A outra metade é da esquerda e eleitora do PT, PSOL e de partidos socialistas. Os primeiros geralmente são anticomunistas, militaristas, conservadores ferrenhos e defensores de Deus, da família e da pátria. Podem até não serem mais da TFP, mas defendem com unhas e dentes o famoso tripé Tradição, Família e Propriedade. São evangélicos na sua maioria, porém há também muitos judeus, católicos e talvez até muçulmanos entre eles. Já os esquerdistas em sua maioria defendem o comunismo, a reforma agrária e os direitos humanos. Uns querem um Estado mínimo sem muitas interferências na vida do cidadão comum. Entendem que o trabalho é o principal caminho para o acúmulo de capital, enquanto os outros defendem um Estado grande e paternalista.

            Ambos os grupos lutam ou já lutaram desesperadamente para vencer na vida, ou seja, para ganhar dinheiro sem, no entanto, demonstrar muita preocupação como isto iria acontecer. Difícil não encontrar hoje um sujeito que não queira ver seu filho ser futuramente um médico, juiz ou funcionário público, já que muita gente ainda acredita, como na música “Ouro de Tolo” de Raul Seixas, que é um médico, padre ou policial que ainda contribuem para o nosso belo quadro social. Médico, juiz e mesmo alguns militares hoje no Brasil ganham dinheiro como ninguém. Salários astronômicos e totalmente distante da combalida realidade nacional. Fato este que num passado recente fez um candidato a presidente se eleger com o mote de “caçador de marajás”. Fila do osso, aceso a programas sociais e a outras esmolas oficias não fazem parte da “dolce vita” dessa gente.

            Morar em condomínio fechado, bem longe dos pobres, famintos e miseráveis, ter um bom plano de saúde para não ter que sofrer nas filas dos “açougues” da vida e colocar os filhos para estudar em escolas particulares livrando-se do péssimo sistema de Educação pública do país, são apostas das classes média e também de outros indivíduos que estão na fila dos privilegiados. Morar em casa própria e ter um carro novo também são prêmios bastante disputados pelos emergentes nacionais. Possuindo esse “patrimônio”, já se pode fazer doações para os moradores da vila Miséria, por exemplo, sem nenhuma dor de consciência. Não só para o lixão de Porto Velho, mas também para toda e qualquer favela espalhada pelas cidades do país. Assim, o Brasil da “Casa Grande & Senzala” se perpetua a olhos vistos para a felicidade geral de todos: pobres, ricos e também os de classe média.

            Assim, o objetivo maior de muita gente é vencer na vida ganhando rios de dinheiro sem se importar com a péssima qualidade de vida dos habitantes da nação como um todo. Somos um país muito rico, mas com pessoas muito pobres. A lorota de que se precisa trabalhar muito para vencer na vida, deixa muita gente escrava do dinheiro, da riqueza. É muito comum hoje ver algumas pessoas ao chegar à velhice se lamentando dos bons momentos que perderam por que estavam presas ao trabalho durante toda a vida útil que tiveram. Ser feliz devia ser o primeiro mandamento na vida de qualquer pessoa. Em muitos casos, a busca pela felicidade foi transformada na busca por dinheiro. O dinheiro, já faz tempo, virou Deus para muitos. “E da vida não se leva nada, somente a vida que se leva”. Todo patrimônio que se conseguiu juntar com tantos sacrifícios fica para a briga dos outros. Diga a um rico que viver bem é ele servir, dar, repartir, amar e compreender...

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 27 de maio de 2023

BR-319, o fim da Amazônia

BR-319, o fim da Amazônia

 

Professor Nazareno*

 

A BR-319, também chamada por alguns de Rodovia Álvaro Maia, tem menos de 900 quilômetros e deveria ligar as cidades de Porto Velho em Rondônia e Manaus, capital do Amazonas. Na verdade, ela liga Porto Velho ao paraná do Careiro da Várzea, município amazonense próximo ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões, onde começa o rio Amazonas. A uns 25 quilômetros da capital amazonense, o Careiro não tem ponte para fazer a ligação com Manaus. Essa estrada já foi asfaltada e a ligação de ônibus entre as duas capitais demorava pouco mais de 10 horas. Isso no final da década de 1970 e início de 1980 do século passado. Hoje está abandonada e tomada em grande parte pela imponente floresta amazônica. Porém, já há algum tempo vozes delirantes e adeptas da total destruição ambiental clamam pela sua volta. Falam: ela será sinônimo de progresso.

O delírio dos destruidores da Amazônia é tanto que além de “trazer o progresso”, fala-se também que tirará Manaus do isolamento. Tudo mentira e enganação. Manaus não quer sair do isolamento em que se encontra. Se quisesse, não teriam gasto mais de um bilhão e trezentos milhões de reais para fazer uma ponte no rio Negro em vez do rio Amazonas para, de fato, ligar à fatídica estrada que aí sim, tiraria os amazonenses desse isolamento. Além do mais, bastava ter preservado um caminho que já existia e estava devidamente asfaltado. Ou seja, os amazonenses não só não preservaram a BR-319 como algum tempo depois construíram uma enorme ponte ligando Manaus ao Cacau Pirera, uma simpática e bonita vilazinha do outro lado do rio Negro sem nenhuma importância estratégica. Hoje não basta construir só a estrada. Têm que construir também outra ponte.

Essa bisonha rodovia, se construída, destruirá completamente a Amazônia. É o tiro de misericórdia que falta para a hecatombe da maior floresta tropical do mundo. Madeireiros, garimpeiros, grileiros, invasores de terra e outros afins saberão o que fazer com a floresta ainda em pé. E ligar Porto Velho a Manaus é uma sandice total. As duas cidades não têm importância nenhuma para a já decadente realidade nacional. Destruir a Amazônia não vai trazer nenhum progresso. Essa mesma cantilena foi dita quando ligaram Cuiabá a Porto Velho. E na verdade, já temos o péssimo exemplo: a abertura da BR-364 deu ao mundo Rondônia, um dos maiores exemplos de destruição ambiental de que se tem notícia. E que progresso maravilhoso é esse que temos por aqui? Árvores em pé trazem mais dinheiro do que derrubadas. Precisamos preservar o nosso meio ambiente.

Há um bom tempo que o Brasil é o maior vilão da devastação ambiental no planeta. E não podemos piorar ainda mais essa imagem que o mundo civilizado e desenvolvido tem de nós. Por isso, o governo do PT e a ministra Marina Silva não podem compactuar com os devastadores da natureza. Se isto acontecer, todo o trabalho feito para salvar os yanomamis, por exemplo, poderá ter sido em vão. As ongs e ambientalistas precisam denunciar ao mundo mais esse ataque vil à já combalida Amazônia. Destruir o que resta desse precioso, importante e único bioma mundial só para algumas pessoas esnobes poderem ir de carro de uma cidade à outra é uma estupidez sem tamanho. A ligação fluvial que sempre existiu resolve todo o “intercâmbio” entre os dois lugares. Então, a única necessidade de asfaltar a BR-319 é invadir e devastar o coração da floresta. Já a inútil “ponte do suicídio” daqui vai continuar ligando a cidade ao projeto Joana Darc.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

A Praça do Baú Barateiro

A Praça do Baú Barateiro

 

Professor Nazareno*

 

            Na verdade, Praça Marechal Rondon. Fica em Porto Velho, bem no centro da capital de Roraima. E é uma homenagem mais do que justa ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. O eminente sertanista mato-grossense é talvez a figura mais importante para a consolidação da atual unidade da federação, que antes era chamada de Território Federal do Guaporé, depois Território de Rondônia e finalmente, a partir de 1982, Estado de Rondônia. A referida praça é um deslumbre só. Limpa, organizada, asseada, com muitas flores nos seus belos canteiros, rampas de acesso para cadeirantes, modernas paradas de ônibus e várias outras inovações que enaltecem a sua infraestrutura arrojada e inovadora. É conhecida por mais de 90 por cento dos moradores daqui como Praça do Baú. Talvez em homenagem a uma loja de eletrodomésticos que existia bem ao seu lado.

            A Praça do Baú “bota no bolso” algumas das mais famosas praças nas cidades da Europa. A Trafalgar Square de Londres sequer chega aos seus pés. O requinte da praça de Porto Velho desbanca até a Praça Vermelha de Moscou e a de São Marcos em Veneza/Itália, assim como a Place de La Concorde de Paris, a Piazza Navona em Roma e a Marienplatz de Munique na Alemanha. A prefeitura da cidade sempre investiu o que pôde para embelezar aquele logradouro público. O busto do velho marechal que tem ali é um ícone, um verdadeiro Deus e por isso sempre foi reverenciado pelos mais autênticos porto-velhenses e rondonienses. Não há um morador da cidade que não se ajoelhe diante dele. Talvez agradecendo “in memoriam” pelos bons préstimos feitos pelo nosso mais famoso bandeirante. Essa praça devia ser reconhecida como patrimônio da Humanidade.

            Porém, dentre os tantos encantos e atrações existentes ali, o que mais chama a atenção dos turistas e visitantes é a fonte iluminada. Um espelho d’água que mais se parece com a Fontana di Trevi de Roma. Dificilmente uma pessoa que por ali passe não pare para fazer uma self com toda a sua família. Água transparente e limpa jorrando diariamente para o regalo dos atônitos transeuntes. Eu mesmo já joguei várias moedas dentro dela pedindo a Deus que realize os meus desejos mais íntimos. Não sei se pedindo ao Todo Poderoso ou mesmo ao velho marechal que nomeia aquele verdadeiro paraíso na Terra. Mas Porto Velho tem inúmeras outras praças que merecem destaque. A Jonathas Pedrosa, por exemplo, é uma espécie de oásis no meio de um inóspito deserto. Limpa, confortável, arborizada, ventilada, bem segura e cheia de bancos macios e aconchegantes.

             Outra praça que certamente também chamaria a atenção dos muitos turistas que visitam Porto Velho é a da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que dispensa quaisquer comentários de tão bela, assediada e procurada que é. A Aluízio Ferreira também merece destaque por sua praticidade e deleite. E por que não falar também da famosíssima Praça das Três Caixas d’Água? Já ouvi dizer que “As Três Marias” foram uma criação de ninguém menos do que Auguste Rodin, escultor francês. A nossa prefeitura também não poupou dinheiro para resgatar aquele histórico logradouro público para o prazer dos porto-velhenses. Lá, foram instalados painéis e outros atrativos que merecem ser considerados até como patrimônio de todos os humanos. Dessa forma, pagar IPTU em Porto Velho é algo que compensa e muito. Os vereadores da cidade, experientes e muito criativos, não se estressam de trabalhar pelo bem do povo daqui. Vamos à Praça do Baú?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

E Jesus Cristo vai voltar!

E Jesus Cristo vai voltar!

 

Professor Nazareno*

 

            Não somente para alguns cristãos, mas para toda a humanidade, a volta de Jesus Cristo à Terra será, enfim, uma das grandes certezas dessa época moderna em que vivemos. A data ainda não é certa, mas está cada vez mais próxima. E por isso, todos os mais de oito bilhões de habitantes do mundo estão muito ansiosos e, claro, se preparando para receber o Messias com toda a pompa possível. Mudanças para isso precisam ser efetivadas por todos os países e sociedades. A paz reinará entre todos e assim a Rússia de Vladimir Putin encerrará a guerra que travou covardemente contra a Ucrânia e selará uma paz duradoura. A China não mais reivindicará Taiwan como uma de suas províncias. Por causa da vinda do “Filho de Deus”, as guerras deixarão de existir entre os homens por um bom tempo. Cristãos, muçulmanos e judeus viverão em harmonia total lá pela terra santa.

            No Brasil as coisas também mudarão e para melhor. Bolsonaristas evangélicos saudarão petistas mais radicais todos os dias. A paz entre os que têm posições políticas antagônicas será uma rotina diária. “A paz de Cristo esteja sempre com você, irmão petista”, dirá com muita alegria e sinceridade o eleitor do Bozo. Jair Bolsonaro pedirá desculpas a todas as famílias de brasileiros mortos pela Covid-19. O “Mito” dirá que o que aconteceu em Manaus durante a pandemia, por exemplo, foi um erro premeditado do seu governo tentando acertar. “As joias da Arábia Saudita e as rachadinhas no Brasil serão coisas do passado a partir de agora, talkei?”, falará com seriedade o ex-presidente do Brasil. E acrescentaria convicto: “ainda em 2023 vamos descobrir quem mandou matar a vereadora Marielle Franco”. Todos vão se esforçar para receber o Cristo em paz.

            De agora em diante, os petistas não querem mais ver pessoas sendo pobres no Brasil. Acreditam todos eles que com Jesus vivendo entre nós, ninguém pode permanecer para sempre na miséria só para poder votar nas esquerdas. Os ricos da elite endinheirada vão distribuir, sem maiores problemas, parte de seus patrimônios para todas as pessoas pobres do Brasil sem cobrar nada por isso. Igrejas evangélicas não cobrarão mais dízimos de seus fiéis. Será tudo de graça. Nada de pastor “tomando” o dinheiro nem os bens de seus frequentadores. A Igreja católica finalmente vai utilizar todo o ouro, riqueza e joias que possui e ratear tudo entre os pobres e necessitados. Com Jesus na parada, donos de supermercados e das grandes indústrias financiarão hospitais públicos só para poder atender todos dignamente. Nada de garimpo ilegal nem de devastação do meio ambiente.

            Em Rondônia as pessoas também não veem a hora de Cristo voltar. Já pensou uma Porto Velho limpa, sem catinga nas ruas, com mobilidade urbana, com IPTU quase de graça, com ampla arborização e com água tratada e esgotos para todos os moradores? Sim, pois caprichando no visual da cidade, pode até ser que Jesus queira dar uma voltinha por aqui. Nada é impossível. Imaginem o Eterno lá na zona leste da cidade... Eu mesmo faria um abaixo-assinado só para trazê-lo à “capital das sentinelas avançadas”. A sorte é que o “Todo Poderoso” não adoece nunca. Já pensou se ele tivesse que ir ao “açougue” João Paulo Segundo? Em Porto Velho, Jesus certamente gostaria de saber como se faz para administrar uma cidade inteira sem ter nenhuma oposição. Nem dos vereadores nem da imprensa. Jesus vai voltar, sim! Pobres e ricos se confraternizando. Amigos e inimigos dando as mãos. E políticos não mais roubando. Com Jeová, Satanás não reinará mais aqui.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

terça-feira, 16 de maio de 2023

A corrupção nossa de cada dia

A corrupção nossa de cada dia

 

Professor Nazareno*

 

            O Brasil é um dos países mais corruptos do mundo. A ONG Transparência Internacional divulgou as estatísticas de sua última avaliação (2022) e o resultado mais uma vez foi muito desanimador para nós: das 180 nações pesquisadas, nosso país ficou na incômoda posição de número 96. Desde Cabral até os dias de hoje, o que se observa é uma roubalheira sem controle em nosso meio. Nossos “descobridores” eram especialistas em trocar com os nativos espelhos, miçangas e quinquilharias por ouro, diamante, prata e outros metais preciosos. Essa prática corrupta continuou até os dias atuais e certamente evoluiu com o passar do tempo. Governantes, todos eles, desde o Brasil Colônia passando pelo Império e pela República desenvolveram técnicas cada vez mais sofisticadas de dilapidar o patrimônio do país para enriquecimento próprio. Pior: quase sem ter punições.

            Mas é um engano achar que são só o governo com os políticos que roubam a nação. O professor Leandro Karnal disse que “não existe um governo honesto com uma sociedade corrupta. Nem uma sociedade honesta com um governo corrupto”. Se o governo rouba e é corrupto, é porque o conjunto da sociedade também rouba. Óbvio que há muitas exceções a essa regra. A roubalheira sempre foi “normal” por aqui desde que nós nos entendemos por gente. O atual governo do PT, por exemplo, que já está no seu terceiro mandato, quase perde as últimas eleições porque o mote principal de seus adversários políticos sempre foi o roubo aos cofres públicos. O Mensalão, o Petrolão, a Operação Lava Jato, o Triplex do Guarujá, o sítio de Atibaia, a compra da refinaria de Pasadena nos EUA são marcas registradas de muitos políticos ligados ao PT e à esquerda.

            Mas o eleitor do Brasil viu a necessidade de reeleger Lula para poder se livrar do fascismo que caminhava a passos largos em nossa sociedade. Ou seja, seguindo esse raciocínio absurdo, trocou-se um fascista por um corrupto. Bom seria que tivesse sido só o fascismo mesmo. Mas e as joias das Arábias? E a prática de “rachadinhas” nos gabinetes? E o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, pastor evangélico, que trocava verbas por favores no Bolsolão do MEC? Toda unanimidade pode até ser burra, mas 100 por cento dos governos brasileiros em todos os tempos, sempre estiveram envolvidos em roubo, corrupção, desvios de dinheiro público e desmandos. Dizer que na época da Ditadura Militar não houve corrupção é acreditar em duendes de jardim e em outras fantasias. Só que os militares censuravam qualquer notícia que mostrasse essa corrupção.

            Quase todos nós somos corruptos, pois muitas vezes elegemos candidatos que roubam descaradamente o dinheiro público como o recente caso de um pai e filha, eleitos depois que foram flagrados contando dinheiro sujo em sacos de lixo. A mídia muitas vezes também colabora com a patifaria. Há casos escabrosos em que ela recebe dinheiro público para censurar quaisquer notícias “ruins” que envolvam esse ou aquele político de plantão. A corrupção é uma praga quase invencível em nosso país. Está no futebol, nas Igrejas, na mídia, nas escolas, nas artes, nos três poderes, nas repartições públicas e em todos os lugares que envolva dinheiro. Não é à toa que apesar de sermos uma potência econômica, temos um dos piores IDH’s do mundo. A corrupção é da esquerda, da direita e do centro. Ela envolve os pobres e principalmente os mais ricos. Porém, estranhamente beneficia estes em detrimento daqueles. Aqui, quem rouba mais é herói e sempre é eleito.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 13 de maio de 2023

E nosso futebol foi à lona...

E nosso futebol foi à lona...

 

Professor Nazareno*

 

            Há um velho e conhecido ditado popular que diz que política, religião e futebol não se discutem. Ledo engano. Discutem-se, sim! Não se misturam. A política e a religião há muito tempo já vinham sendo contaminadas pelos desmandos, roubalheiras e pela corrupção. Agora é a vez do futebol. Há mais de vinte anos sem ganhar um Copa do Mundo, o “esporte das multidões” enfrenta no Brasil uma decadência jamais vista. Como se não bastassem os resultados pífios da nossa fraquíssima seleção nacional e o jejum de times nacionais ganhando o mundial de clubes, eis que agora mais um escândalo de consequências inimagináveis assola o já fracassado futebol brasileiro. Máfias de apostas combinam jogos de vários campeonatos e aliciam jogadores para manipular os resultados de várias partidas. Tudo acertado antes dos jogos para enriquecer apostadores bandidos.

            Vários jogadores são suspeitos de participar desse esquema fraudulento. Atletas do Santos, Fluminense, Goiás e Athletico Paranaense, todos times da série A, estão sendo acusados e vários deles já foram até demitidos. Há fortes suspeitas de que em outras divisões nacionais e também nos campeonatos estaduais essa prática delituosa tem sido uma constante. A pá de cal no nosso falido futebol poderá vir se a FIFA intervir na questão. O Brasil poderia ser suspenso por vários anos de qualquer competição internacional da modalidade. O problema é que na FIFA a corrupção também já andou de braçadas. Adeus à Copa do Mundo, Copa América, Conmebol Libertadores, Sul-Americana. Punidos pela vexatória situação, não poderíamos nem participar de amistosos internacionais. O futebol é um jogo e como tal não está isento de maracutaias como essa.

            Até gosto um pouco do verdadeiro futebol. Hoje já consigo assistir aos dois tempos de algumas partidas. Não desconfiava de nada, mas agora ficarei atento. Por não dar total credibilidade a muitos praticantes desse esporte, sempre torci contra a seleção brasileira nas Copas do Mundo. O futebol jogado hoje só se presta a uma demanda mercantilista, infelizmente. Já pensou se grandes times nacionais como o Flamengo, Corinthians e Palmeiras, por exemplo, fossem rebaixados no campeonato brasileiro? E se o Real Ariquemes, Genus de Porto Velho e União de Cacoal disputassem a série A desse mesmo campeonato? Não é sonho muito menos algo difícil de acontecer. Basta a máfia amaldiçoada decidir e esse absurdo se tornaria uma realidade. O futebol brasileiro perdeu totalmente a pouca credibilidade que tinha. Os torcedores continuarão sendo enganados?

            Antes de vestir a camisa de seu time de coração e sair urrando feito um abestado pelas ruas, procure saber como andam as apostas fora de campo. Um pênalti marcado, um cartão amarelo, uma falta, uma expulsão, um gol perdido. Tudo isso pode ser fake, pois já fora devidamente combinado antes com alguns jogadores para acontecer durante a partida. Quem diria que a violência das torcidas organizadas seria “fichinha” diante do que estava para acontecer no falido futebol brasileiro? No atual campeonato nacional, o Flamengo já chegou à zona de rebaixamento e o Botafogo do Rio de Janeiro é o líder da competição. E quem nos garante que isso é verdadeiro? Será que essa maldita máfia não “mexeu nos pauzinhos” e combinou tudo? O Brasil é o país do fracasso generalizado. Na religião, os donos das maiores seitas se juntaram à política e deram com os burros n’água. Na política tiramos um fascista e olha o que nós reelegemos. Só faltava mesmo o futebol.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Turismo no lixo e na lama

Turismo no lixo e na lama

 

Professor Nazareno*

 

            A podre e imunda Porto Velho, capital de Roraima, não tem nada que possa atrair turistas. Nenhum recanto da suja cidade apresenta as mínimas condições para ser denominado como um bom ponto turístico. Mas deveria ser diferente, pois além de ficar às margens do lendário rio Madeira, a insólita capital é um dos marcos iniciais da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, conhecida no mundo inteiro. Só que os aproximadamente 360 quilômetros da histórica ferrovia sequer existem. Todos os trilhos praticamente foram destruídos, arrancados e transformados em estacas para proteger a frente de muitas casas espalhadas pela cidade. As velhas locomotivas apodreceram no meio do mato e hoje nada restou a não ser ferrugem, sujeira e insetos. A “MÃE” de Porto Velho virou pó. A cidade nasceu a partir do Madeira e também da EFMM, mas estranhamente virou-lhes as costas.

            Aqui não existe absolutamente nada para encantar quem quer que seja. No porto rampeado do rio Madeira, feito pela Santo Antônio Energia, o abandono sempre foi muito visível. A maior parte do tempo fica fechado e impróprio para atracar as embarcações que fazem o trajeto para Manaus. Quem chega da área ribeirinha, por exemplo, geralmente tem que subir um barranco liso e escorregadio. Sem área livre para atracar, os barcos encostam na margem íngreme e depois “seja o que Deus quiser”. Ali não há espaço suficiente para quem quiser visitar o velho Madeira. No que era a antiga praça da EFMM, a prefeitura de Porto Velho não conseguiu dar andamento às obras de recuperação, que não têm data certa para ser terminada e muito menos para ser inaugurada. Tudo fechado e somente os ratos e urubus podem entrar naquele lugar cheio de mato e insetos perigosos.

            Por isso, não há ambiente nenhum para o turista visitar o rio e muito menos tentar contemplar o pôr do sol. Muita gente tola daqui diz que é um dos mais belos espetáculos da natureza ver o poente na floresta tendo as águas do rio Madeira como destaque. Pode até ser, mas com os pés enfiados na lama e respirando a catinga do lixo e dos restos de peixe de um mercado que fica ali perto, não há beleza que resista à carniça e ao descaso. O passeio de barcos também sofre com o total abandono. Como tudo está fechado e praticamente proibido para os poucos “turistas”, foram improvisadas precárias escadas de madeiras em meio à lama e à imundície. Os passeios de barco pelo rio Madeira são antigos e até já fazem parte da rotina “sem turismo” de Porto Velho. Mas parece que além de não terem um incentivo público, todo tipo de dificuldades foi posto por ali. Uma pena!

            A rigor, turismo por estas bandas só os barquinhos mesmo, apesar de todas estas dificuldades e da vontade de algumas pessoas em acabar com a atividade. Em Viena, Áustria, no rio Danúbio, é comum os barcos fazerem passeios como esses de Porto Velho. Só que lá é tudo muito limpo e asseado. A “capital dos destemidos pioneiros” não tem turismo de qualidade nenhuma. Quem teria coragem suficiente de gastar dinheiro para visitar a mais imunda dentre as capitais do Brasil? Quem se arriscaria a colocar o pé na lama podre para ver algo? Turismo aqui só se for as valas fedorentas que correm a céu aberto no meio das ruas. Na cidade do IPTU caro, não há nada que chame a atenção. A não ser a ponte escura do suicídio, o Espaço Alternativo sem banheiros, os viadutos tortos e íngremes, a “aprazível” zona leste, as toneladas de lixo espalhadas pelas poucas praças e os urubus comendo carniça pelas calçadas. Mas um dia vamos ter uma rodoviária nova!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

O comunismo é do bem!

O comunismo é do bem!

 

Professor Nazareno*

 

            Nas últimas eleições no Brasil, Lula, o PT e as esquerdas derrotaram nas urnas a direita, a extrema-direita e o bolsonarismo. Se é que este último termo designe algo que exista na prática. Por isso, a corrente político-ideológica que ganhou legalmente o poder deveria implantar de uma vez por todas o regime comunista em terras brasileiras. Comunismo ou socialismo seria uma boa para todos nós cidadãos brasileiros. O comunismo é um regime político do bem e certamente sempre foi guiado pelas mãos divinas, se é que Deus existe mesmo. Há muitos relatos que mostram que Jesus Cristo, por exemplo, pensava como comunista e foi morto não por defender a igualdade entre os povos, mas porque enfrentou um regime político muito poderoso na época. Um império, o romano, tinha muito poder e riqueza e por isso não perdoava quem ousasse lhe enfrentar.

            Duvido que Cristo, em sua infinita bondade, defendesse uma “fila do osso” num Estado que é um dos recordistas em produção de proteína animal como é o Mato Grosso. Difícil entender que “o filho de Deus” não se preocupasse com moradores de rua ou mesmo com mães de família correndo atrás de um carro do lixo para conseguir “pescar” suas refeições. Cristo sempre quis que cada ser humano não passasse fome e que todo mundo dispusesse de comida farta. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos em todo o planeta, mas ainda hoje temos mais de 33 milhões de pessoas famintas vivendo abaixo da linha da pobreza. Aqui, Jesus certamente distribuiria toda a comida produzida para saciar a fome dos pobres e miseráveis. E somente um regime comunista de verdade faria isto. O capitalismo, sob o qual vivemos, só produz a desigualdade social e a miséria.

            Já disse e repito: Cuba, Nicarágua, Venezuela, União Soviética, China, Coreia do Norte, dentre tantos outros países, não são nações comunistas. Nunca foram. São apenas ditaduras ferozes, de partido único e com uma elite privilegiada que fica encastelada à força no poder mandando nas demais pessoas. Isso não é comunismo nem socialismo. Comunismo de verdade não admite pessoas passando fome e necessidade diante de tanta produção de comida. Comunismo de verdade não admite desigualdade social, escravidão, nem a exploração do homem pelo próprio homem. Um regime comunista não permitiria o genocídio de povos tradicionais como vergonhosamente aconteceu com os Yanomamis aqui no Brasil. Jamais deixaria a ciência de lado. E não pregaria o negacionismo. Não permitiria também a devastação da natureza e o roubo total dos recursos naturais da nação.

            Lula e o PT deveriam limitar o lucro das grandes empresas e das indústrias. Deveria também proibir a exportação de gêneros alimentícios enquanto a fome estivesse entre nossos cidadãos mais desafortunados. E nada de privatizar o que foi construído com dinheiro público. Tudo estatal e bem fiscalizado para funcionar como é na maioria dos países da Europa ocidental. Pode até ter grandes redes de supermercados, mas com a contrapartida social e com lucro limitado. Bancos, todos estatais. Salário mínimo de pelo menos cinco ou seis mil reais. Mobilidade urbana em todas as grandes cidades do país e o sistema de Saúde funcionando como nos países de primeiro mundo. Riquezas de sobra para isso o Brasil tem. Porém nenhum presidente tentou até hoje o comunismo. Todos eles, sem exceção, sempre trabalharam para levar mais dinheiro para a elite rica que os financia. Collor, Dilma, Lula, FHC, Temer e Bolsonaro só fizeram o que os ricos ditaram.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 7 de maio de 2023

Governantes e governados

Governantes e governados

 

Professor Nazareno*

 

Aqueles que são capazes de fazer alguém acreditar em absurdos são capazes também de fazer esse alguém cometer as maiores barbaridades”. É uma frase que permeia a humanidade já há vários séculos. Foi assim no Nazismo, no Fascismo, nas ditaduras, no comunismo e até na vida real. Hitler, um austríaco de ascendência germânica, por exemplo, levou pacatos cidadãos a cometerem as piores barbaridades contra seus irmãos durante o III Reich na Alemanha nazista. Campos de extermínios, perseguições, execução de cidadãos, todo tipo de violação e brutalidades. Mal o Brasil acordou do pesadelo bolsonarista, não há como não fazer comparações pertinentes. Não só durante a pandemia do coronavírus, mas principalmente durante os quatro últimos anos do governo anterior o que se viu foi um total desrespeito aos direitos humanos pelo país.

A segunda grande guerra terminou de maneira trágica com mais de 60 milhões de mortos e muita destruição. O governo Bolsonaro não chegou a tanto, mas deixou algumas lições que precisam de muita reflexão. Uma delas é que nenhum governo, seja ele de direita, de esquerda ou de qualquer outra linha filosófica, política ou ideológica, não pode ter a adoração de ninguém. Um governo, qualquer governo, é eleito para trabalhar em benefício dos cidadãos. Tem que ter oposição, apoiadores, críticos e defensores. Faz parte do jogo democrático. No Brasil esse tal jogo democrático parece que não funciona desse jeito. O dia 08 de janeiro de 2023 demonstrou na prática o que pessoas “cegas” por um falso líder são capazes de fazer. Radicais, muitos dos quais bem de vida, invadiram as sedes dos poderes em Brasília, quebraram tudo e complicaram para sempre as suas vidas.

Fala-se que o ser humano é o único animal que precisa de um líder para poder viver. Diferentes dos animais irracionais, que nunca escolhem um idiota para comandar o bando, os humanos se esmeram nessa tarefa. Assim, falsos líderes aparecem em todas as eleições para conquistar “corações e mentes” dos muitos idiotizados eleitores. Promessas e mais promessas são feitas e a maioria sempre acredita nas lorotas. Em Rondônia tivemos o coronel Jorge Teixeira, um governador fantoche a serviço da Ditadura Militar em terras karipunas. Sem nunca ter tido um voto sequer do povo daqui o velho coronel gaúcho é ainda hoje um verdadeiro Deus para muitos rondonienses. Já em Porto Velho, tivemos muitos prefeitos. Todos eles de fora. Nenhum nascido aqui. E nenhum deles nada fez de bom para a cidade, que não tem saneamento básico nem esgoto.

Se Rondônia e o Brasil são duas porcarias em termos de qualidade de vida e de boas administrações públicas, Porto Velho é a síntese do caos, apesar de ter mais de um século de existência. Nas eleições de 2024 para prefeito haverá uns doze ou quinze candidatos, mas a cidade continuará certamente pelos próximos quatro anos ainda sem água tratada, sem mobilidade urbana, sem arborização, violenta, suja, empobrecida, sem saneamento básico e sem tantas outras benfeitorias vindas do poder público. E o próximo mandatário deve também ter a maioria absoluta do apoio da câmara de vereadores e também deverá dar mimos à mídia para que não lhe critique. Nesse ritmo alucinante de imbecilização coletiva, os brasileiros já elegeram Lula por três vezes e deram a Bolsonaro quase 60 milhões de votos. Por isso, a Ditadura Militar teve amplo apoio do povo, que já elegeu tranqueiras como Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Fenando Collor e Jair Bolsonaro.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho

quinta-feira, 27 de abril de 2023

A Amazônia é do Brasil?

A Amazônia é do Brasil?

 

Professor Nazareno*

 

            Sim e não. A área total da Amazônia é superior a 7,5 milhões de quilômetros quadrados dos quais mais de cinco milhões pertencem ao Brasil. Dessa forma, o nosso país divide a região com vários outros países vizinhos como o Peru, Colômbia, Bolívia, Guianas e Venezuela. Óbvio que a pergunta do título questiona sobre a soberania total do Brasil ou dos países citados na cobiçada e rica região. E não resta a menor dúvida de que o Brasil detém a total soberania apenas em sua parte. E o mundo inteiro assim reconhece. Da mesma forma que a Ucrânia sempre deteve a total soberania sobre a península da Crimeia. Muito antes de 1991, a região sempre fez parte da Ucrânia. A Carta das Nações reconhece não só os direitos do Brasil sobre a sua parte da Amazônia como também os direitos dos ucranianos sobre aquela península, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014.

            O presidente Lula, infelizmente, parece que não vê dessa forma. Disse em recente entrevista dada na Espanha que não cabe a ele decidir de quem é a Crimeia. Ora, a Crimeia sempre foi da Ucrânia e ponto final. Assim como grande parte da região amazônica é do Brasil. Dissimulado, Lula tergiversa quando dá declarações sobre a atual guerra que os russos desencadearam quando unilateralmente invadiram a Ucrânia em fevereiro do ano passado. Se, por exemplo, uma potência estrangeria invadir a Amazônia e tomá-la à força, como fez a Rússia com a Ucrânia, será que o nosso presidente teria a desfaçatez de dizer a mesma coisa? A fala de Lula caminha na contramão do mundo quando ele dá estas declarações absurdas e erradas sobre a política internacional. Bolsonaro com sua tosca política externa tornou o Brasil um pária e Lula parece que quer seguir o mesmo caminho.

            Apesar de ter figurado por mais de cinco décadas como uma das dez maiores potências econômicas mundiais, o Brasil sempre foi um desastre quando tenta se envolver nos problemas planetários. Uma autoridade de Israel já disse certa vez que o nosso país é um anão diplomático. Ou seja, não apita nada na conjuntura internacional. E Lula sabe disso muito bem. O ex-presidente da França Charles de Gaulle já teria dito que “o Brasil não é um país sério”. Não consigo entender porque ele quer tentar resolver um problema para o qual não foi eleito. E pior: se meter numa questão já tomando partido. Bolsonaro parece que não gostava da Ucrânia, só da Rússia do seu amigo Putin. Lula dá a entender a mesma coisa. A Rússia invadiu e tomou a Crimeia da Ucrânia e só Belarus, Venezuela e Coreia do Norte dizem que a península pertence aos russos. E o Lula diz que não sabe.

            Os nossos problemas estão aqui dentro. Precisamos resolver urgentemente a monstruosa desigualdade social que sempre nos atormentou. Precisamos debelar a inflação. A questão fiscal nunca foi resolvida. O problema do aumento dos combustíveis tem que entrar em pauta. A violência crescente nas cidades e também no campo precisa diminuir. A falta de mobilidade urbana nas grandes cidades tem que ser atacada. O Brasil precisa punir exemplarmente os responsáveis pela tentativa de golpe do 08 de janeiro.  Nosso país precisa melhorar a infraestrutura para exportar melhor a sua enorme produção de commodities e acima de tudo, precisamos “desbolsonarizar” a política interna. A guerra na distante Ucrânia não pode ser um assunto que um presidente do nosso país queira “meter o bedelho”. Lula certamente não gostaria que alguém dissesse não saber que o Brasil não tem soberania nenhuma sobre a Amazônia. Pare de falar tolices, homem!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.