sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Prefeito Major Guapindaia

Prefeito Major Guapindaia

 

Professor Nazareno*

 

            O Major Fernando Guapindaia de Souza Brejense foi o primeiro superintendente (prefeito) da cidade de Porto Velho entre os já distantes anos de 1915 e 1916. Nomeado pelo então governador do Amazonas, Jônatas de Freitas Pedrosa, esse maranhense de nascimento abriu em definitivo as portas para o desenvolvimento e o progresso na capital dos “destemidos pioneiros”. O Major Guapindaia criou muitas ruas, plantou árvores, saneou parte da cidade, trouxe água encanada para os moradores e também inovou em práticas municipais. Além de ter sido o primeiro administrador, foi sem dúvida nenhuma um dos melhores prefeitos que a capital de Roraima já teve. No entanto, apesar do seu incansável trabalho pela cidade, há algumas poucas críticas que foram feitas a sua administração. Isso talvez fruto da incompreensão que já havia aqui naqueles idos tempos.

            Assim que o competente militar tomou posse, as chuvas intermitentes castigavam o recém-instalado município. Era o longínquo mês de janeiro de 1915. As águas putrefatas e fedorentas insistiam em alagar as humildes residências da época. Os bairros distantes da periferia eram os mais afetados. Ali, onde seria a futura Avenida Jorge Teixeira, hoje BR-319, era um caos. No encontro dessa rua com a Sete de Setembro, as águas podres contaminavam a todos. As poucas casas que já havia no local eram alagadas e os pobres moradores perdiam tudo. Móveis, carroças, restos de alimentos e algumas pequenas plantações era tudo arrastado pela forte correnteza que se formava. Havia também alagamentos por toda a extensão do que viria ser a futura capital de um Estado. Onde é hoje o encontro das Avenidas Rio Madeira e Rio de Janeiro o caos era geral. Só aguaceiro!

Ninguém conseguia conter a lagoa que se formava ali. Um igarapé de águas sujas cortava todo o entorno da cidade inundando tudo. O Major Guapindaia até que pretendia fazer rede de esgotos mais extensas, que naquela época chegavam a apenas 2,4 por cento de toda a cidade. Porém, as verbas que o Rio de Janeiro, a capital Federal, dispunha eram poucas. E Manaus praticamente não mandava muitos recursos para melhorar toda a administração municipal. Entre os anos de 1915 e 1916, Porto Velho sofria horrores com as águas da chuva. A cidade praticamente não tinha lugar adequado e definitivo para estacionar as carroças que vinham do interior. Havia duas ou três ruas, mas eram todas tortas e cheias de mato e lixo. Flores, não havia em lugar nenhum daquele sombrio município. Não havia praças, nem recantos de lazer. O porto era um barranco sujo no rio.

A cidade não tinha arborização, não tinha caminhos bons para as carroças transitarem e a violência já era uma constante. Mas apesar desses “pequenos problemas”, o Major Guapindaia era um homem muito amado por todos daqui. A mídia da época lhe adulava e não permitia que lhe fizessem nenhuma crítica e todos os “bons homens”, uma espécie de vereadores de então, assim como as demais autoridades locais, lhe agradeciam por ter sido nomeado para o município. “Esse bom homem foi um enviado de Deus”, costumavam dizer. Ele tinha o apoio de cem por cento desses “vereadores” e detinha uns 85% de aceitação do povo. Até aumentava o IPTU. E todos desconfiavam naquele tempo que o velho major queria mesmo era ser governador e até se eleger senador de uma futura província que poderia ser criada por aqui. “Com tanta aceitação, mesmo que não faça nada de proveitoso na cidade, ele ainda será eleito”, afirmavam todos os seus puxa-sacos.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Uma retrospectiva venturosa

Uma retrospectiva venturosa

 

Professor Nazareno*

 

            O ano de 2023 ficará marcado para sempre nos corações e mentes dos cidadãos rondonienses. Foi talvez o melhor ano para quem mora por aqui, principalmente em Porto Velho, a capital do Estado. Só coisas boas aconteceram. A felicidade é visível no rosto de cada pessoa. Uma espécie de paraíso com coelhinhos saltitantes e borboletas azuis é a impressão que se tem quando se fala de Rondônia e de sua gente. Na área da política, por exemplo, os bons representantes do povo se esmeraram em trabalhar pela sociedade. No início do ainda corrente ano, quando alguém da prefeitura municipal da capital, imbuído de más intenções e tristes presságios tentou aumentar o valor do IPTU, o perfeito e os seus amigos vereadores prontamente intervieram e não permitiram jamais que nós pagássemos nenhum aumento. O povo venceu por causa de sua consciente classe política.

        Mas se engana quem pensa que por causa desse pequeno incidente o prefeito não quis mais trabalhar pelo povo. Pelo contrário! A prefeitura logo transformou as ruas de Porto Velho num imenso canteiro de obras. Asfalto, arborização e ampliação da rede de esgotos foi o que mais se viu por estas bandas. De menos de 2,4% de saneamento básico no início de 2023, a capital das “sentinelas avançadas” pulou para quase três por cento de ruas e casas com esgotos no final do ano. O aeroporto da cidade foi o que mais trouxe alegrias para os rondonienses durante o ano que encerra. Os políticos daqui, como sempre, sensíveis ao sofrimento da população por causa da diminuição da oferta de voos, lutaram de forma hercúlea para resolver o impasse. Hoje, antes mesmo de se encerrar o ano, o “aeroporto internacional” de Porto Velho já está operando no máximo de sua capacidade.

            Foi durante 2023 que a lendária e histórica praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré teve o seu apogeu. Juntamente com o moderníssimo porto rampeando lá na beira do rio Madeira, só trazem alegrias e comodidades para o povo ribeirinho. Nossa gente merecia uma praça e um moderno porto de primeiro mundo como aqueles. Na área da administração estadual, os esforços para a recuperação da BR-319 são visíveis. Agora, sim! Rondônia enfrentará um desenvolvimento nunca visto antes. Tudo são flores nas terras de Rondon. Por isso, uma bandeira de Israel foi colocada no CPA só para mostrar a importância que este Estado tem frente à realidade mundial. E agora, com a BR-319 recuperada e o rio Madeira cheio de dragas de garimpos, Rondônia vai desbancar até Mataraca na Paraíba. Somos, com orgulho, mais de 60% de eleitores somente da direita.

        Com tantas coisas boas acontecendo em Rondônia, é compreensível que até a mídia local tenha tido reflexos. E dos bons! Imparcial, dinâmica, independente e muito inteligente, o jornalismo rondoniense devia ter ganhado muitos prêmios em 2023. Prêmio Esso, Prêmio Pulitzer, Prêmio Jabuti de reportagem, Prêmio Cláudio Abramo, dentre tantos outros, deveriam ter sido distribuídos aos “jornalistas” daqui, onde se preza a informação sem nenhum tipo de censura. E até a “inteligência” da polícia rondoniense se destacou neste ano. Foi no lacônico incêndio da Estátua da Liberdade da Havan. “Os incendiários foram só dois sujeitos em uma moto”.  Foi em 2023 que os ex-governadores voltaram a receber os seus proventos vitalícios, o rio Madeira começou a morrer, a UNIR continuou sem restaurante e sem hospital universitários e a Banda do Vai Quem Quer desfilou sem sujar a cidade. Nem alagação houve em Porto Velho. Deviam congelar 2023.

 

 

                        *Foi Professor em Porto Velho.           

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

FLU: aposentados e humilhados

FLU: aposentados e humilhados

 

Professor Nazareno*


            O Fluminense do Rio de Janeiro protagonizou mais uma triste vergonha para o já falido futebol brasileiro. Perdeu de quatro a zero para o Manchester City da Inglaterra pela última decisão do Campeonato Mundial de Clubes da FIFA, edição de 2023. Jogando praticamente com um time reserva, já que seus principais jogadores estão lesionados, o poderoso time inglês aplicou uma solene goleada nos tricolores cariocas que vai ficar marcada para sempre na história do futebol. Se o norueguês Haaland, os belgas Jérémy Doku e Kevin De Bruyne tivessem atuado na partida, a goleada teria sido, com certeza, muito mais expressiva e humilhante. Uns seis ou oito a zero. O fraco time do Brasil apenas olhou os habilidosos atletas do time inglês jogarem. Não criou, não marcou, não fez gol, não atacou e nem se defendeu. Foram dois gols no primeiro e dois gols no segundo tempo.

            Com vários jogadores do elenco já passando da idade de se aposentar do futebol, o Fluminense fez igual a tantos outros times do país que também protagonizaram outras vergonhas na disputa deste campeonato como o Grêmio de Porto Alegre, o Flamengo do Rio de Janeiro e o Palmeiras de São Paulo. Todos eles derrotados recentemente pelo imponente futebol jogado na Europa, que está desbancando há tempos o fraco futebol praticado no Brasil. Já virou rotina um jogador jovem e revelado em clubes brasileiros, como o Endrick do Palmeiras, por exemplo, ir jogar na Europa e depois de muito tempo, já bem velho e acabado, voltar para atuar no futebol do Brasil como se fosse um salvador da pátria. É o caso de Marcelo com 35 anos e de Felipe Melo com 40 anos, ambos do Flu. Eles já jogaram muito bem, mas quando eram jovens. Hoje deviam era estar aposentados.

            Para se ter uma ideia, Fábio, o bom goleiro do Fluminense, tem 43 anos. E o time carioca tem uma série de outros jogadores já desgastados pelo tempo. Enquanto isso, os times europeus desfilam jovens com 17, 18 anos em campo. Não há o que se discutir: um jovem na flor da idade tem muito mais fôlego e preparo físico para fazer belas jogadas e belos gols do que cidadãos que já passaram dos trinta anos. Por isso, o argentino Julián Álvarez, de apenas 23 anos, meteu logo dois gols nos brasileiros. Teve um gol contra e outro de Foden, também de 23 anos. E esse Manchester City nem é o melhor time da Inglaterra na atualidade. Nem da Inglaterra nem da Europa, que tem hoje verdadeiras academias de futebol como o Bayern de Munique, O PSG de Paris, o Barcelona e o Real Madrid da Espanha. O técnico do time da Inglaterra é Pep Guardiola, o melhor do mundo.

            Já o técnico do time brasileiro é um tal de Fernando Diniz, que também treina a fraca seleção do Brasil. Aliás, é muito difícil o time canarinho ir para a próxima Copa do Mundo de 2026. Nas eliminatórias está no sexto lugar. E talvez só vai se classificar por que são sete vagas num grupo de dez equipes. Perdeu para a Colômbia, perdeu para o Uruguai, perdeu para a Argentina e empatou em casa com a Venezuela. É um milagre quando a seleção do Brasil ganha da Bolívia ou do Paraguai. Já o jogo pelo mundial de Clubes estava até enfadonho de se assistir. Só um time jogava, atacava, dava espetáculo e fazia gols. O outro só se defendia e dava chutões. O Manchester City deu um passeio no Fluminense, cujos jogadores ficavam apenas olhando como os europeus jogam o bom futebol. Mas não é só o Fluminense do Rio que é ruim. Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Vasco e muitos outros não são nem fichinha perto dos ricos e poderosos times europeus.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Vivendo numa cidade burra

Vivendo numa cidade burra

 

Professor Nazareno*

 

            Cidade inteligente é uma cidade capaz de integrar todas as suas partes e trabalhar de maneira colaborativa na busca de um objetivo comum. É também um ecossistema urbano inovador caracterizado pelo uso generalizado de tecnologias na gestão de seus recursos e infraestrutura. Uma cidade inteligente é, afinal de contas, um lugar onde as pessoas têm acesso a uma excelente mobilidade urbana, ecossistemas organizados, meio ambiente preservado, recantos de lazer de excelência, inovações tecnológicas usadas para o bem comum, dentre outras qualidades. No mundo, já há cidades muito próximas desse paraíso descrito. Viena na Áustria, Singapura, Genebra, Londres, Barcelona, Copenhague na Dinamarca, dentre outras. Curitiba no Paraná é a cidade brasileira mais próxima desse conceito. Já Porto Velho é uma cidade burra em todos os sentidos. Vejamos a realidade:

            A péssima infraestrutura da capital dos rondonienses se parece com as cidades medievais ou aquelas cidades da África subsaariana. Nada por aqui funciona direito. Sem rede de esgotos nem água tratada, os 460 mil moradores se viram como podem. Muitos cavam poços rasos ao lado de fossas imundas para abastecer suas casas com o precioso líquido. Porto Velho não tem planejamento urbano nenhum. E não é uma cidade jovem como Londrina ou Maringá no Paraná. Desde o longínquo ano de 1914 que entra prefeito e sai prefeito e as necessidades mais básicas do lugar não são resolvidas. Além de não ter esgotos, a cidade burra também não tem nenhuma mobilidade urbana. É como se não existissem por aqui arquitetos. Não existem praças, ruas e canteiros de flores, nem boas passarelas de pedestres. Não tem rodoviária ou aeroporto, e nem um bom porto rampeado.

            Até a rodoviária nova que estão construindo demostra a burrice que reina na cidade. Ela fica bem ao lado de um igarapé podre, fedorento e imundo. Deve ser uma espécie de cartão de boas-vindas para quem chega à “capital do lodaçal”. Coletivos? Não funcionam. Nem é bom falar no novo hospital de pronto-socorro, o “Built to Suit”. E os 21 vereadores? Todos eles estão do lado do prefeito, que se orgulha de ter construído a rua Santos Dumont. Só que a mesma, apesar de ter só um quilômetro de extensão é toda torta, não tem canteiro nem arborização e não resolveu absolutamente nada no já caótico trânsito da cidade. Pior são as passarelas que construíram na BR-364, que corta a cidade. Em vez de fazerem passarelas inteiras para dar mais segurança aos pedestres, construíram meias-passarelas. E até devem construir outras nas Avenidas Jorge Teixeira e Imigrantes.

O sujeito, que certamente vai ser assaltado quando resolver passar por essas meias-passarelas, tem que cruzar duas ruas marginais movimentadíssimas. O perigo de ser atropelado vai continuar ainda maior na cidade burra. Vejam a conhecida e histórica Praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, um dos símbolos da capital das sentinelas avançadas”. Abandonada, esquecida, cheia de mato, urubus e lixo está lá na beira do rio Madeira sem que a população tenha acesso a ela. A cada ano que passa, a cidade burra fica ainda pior para os seus moradores. Fica, assim, cada vez mais burra. Por isso, hoje detém o pior IDH dentre as capitais brasileiras. Se essa cidade burra fosse uma mulher, todos os seus administradores já tinham sido enquadrados na lei Maria da Penha. A cidade é burra, mas os seus moradores são “inteligentes”, pois mais de 60% deles são da direita ou da extrema-direita reacionárias, apesar de morarem na sujeira, no lodo, e no abandono.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Mataraca, a Dubai paraibana

Mataraca, a Dubai paraibana

 

Professor Nazareno*

 

Com pouco mais de 8 mil habitantes, Mataraca é uma dessas cidadezinhas “sem eira nem beira” perdida nos cafundós do Brasil. Situada no litoral norte da Paraíba, o esmo e atrasado lugar está a 104 quilômetros de Natal no Rio Grande do Norte e a apenas 96 quilômetros de João Pessoa, a também pobre capital da Paraíba. Vivendo praticamente do bolsa-família e de outras benesses oficiais, o projeto de cidade recebeu esta semana uma notícia que pode mudar para sempre a sua rotina miserável e sem futuro: falaram nas mídias que um grupo de empresários chineses vai transformar aquele distante rincão esquecido em uma Dubai, a famosa cidade dos Emirados Árabes. O grupo chinês Brasil CRT teria dito que vai investir nada mais nada menos do que nove trilhões de reais para construir um porto na região e dessa forma, alavancar o progresso naquele fim de mundo.

A Paraíba, assim como Rondônia, Acre, Amazonas e tantas outras províncias do Brasil, são lugares rústicos, atrasados, paupérrimos e quase sem nenhuma perspectiva de futuro. Sempre deram prejuízos à federação e praticamente vivem por causa de outros Estados que têm melhores produções agrícola e industrial. Não fosse o FPE, Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal, não sobreviveriam por muito tempo. O Estado da Paraíba, por exemplo, não sobreviveria se não fosse a orla marítima com as suas boas praias de água quente. Só isso! E sempre se caracterizou como um dos maiores exportadores de gente à procura de emprego no Rio de Janeiro e em São Paulo. A notícia alvissareira de elevar a humilde Mataraca à condição de uma Dubai atiçou os ânimos e por isso, muitos já contam como “favas contadas” a criação de 600 mil novos empregos.

Mas há indagações que precisam de respostas bem mais realistas. Nove trilhões de reais é mais do que o PIB do Brasil e pelo menos umas 450 vezes o diminuto PIB da Paraíba. Por que a China estaria disposta a investir tanto dinheiro assim em outro país? E quem iria morar nessa nova metrópole no litoral norte de um Estado tão carente e distante? Quem iria trabalhar nesse novo paraíso na terra? Há notícias de que uma cidade de pelo menos uns 250 mil habitantes seria construída ali e que receberia pelo menos um milhão de turistas todos os anos. Será que os pobres, ordeiros, honestos e humildes habitantes mataraquenses aprenderiam a falar Inglês e/ou Mandarim em tempo recorde? Se toda esta fantasia for mesmo verdade, o que os chineses viram escondido naquelas terras que os paraibanos e os brasileiros não viram? Urânio, ouro, diamantes ou qualquer outra riqueza?

O que diabos esses chineses estão sabendo que nós não sabemos? Construir só um simples porto de águas profundas? Será que não é um “Migué” dessa turma “Ching Ling” nos paraíbas? A Nova Mataraca (a metrópole fictícia desses chineses continuaria com este nome esquisito?) teria uma variedade de infraestruturas incríveis, incluindo muitas residências modernas, centros comerciais, serviços de primeiro mundo, áreas de lazer, instituições de ensino, estádios de futebol, edifícios arrojados, shoppings centers, metrô e indústrias de ponta. É mole? Ou seja, Mataraca vai desbancar João Pessoa e Campina Grande em quase tudo. Já pensou os paraibanos andando de metrô? Treze, Campinense e Botafogo iriam agora mandar os seus jogos em Mataraca, que contaria, óbvio, com um moderno aeroporto internacional. O Castro Pinto e o João Suassuna vão diminuir seus voos? Uma dúvida: essa nova cidade terá saneamento básico e menos pedintes pelas ruas?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Terrorismo chegou ao lodaçal?

Terrorismo chegou ao lodaçal?

 

Professor Nazareno*

 

            Porto Velho, a arrasada e destruída capital de Roraima, amanheceu nesta quinta-feira, 14 de dezembro de 2023, com uma notícia que estremeceu as bases conservadoras da cidade mais suja e imunda do Brasil. A Estátua da Liberdade de uma das lojas Havan foi incendiada durante a madrugada por dois homens encapuzados em uma moto. Terrorismo na capital das “sentinelas avançadas”? Será que já avançamos a esse ponto? Muitos munícipes, ainda incrédulos, acreditam que foi apenas um curto-circuito o maior responsável pelo sinistro. A tristeza em Porto Velho é visível no rosto de cada pessoa. Guardadas as devidas proporções, é como se a torre Eiffel de Paris tivesse virado cinzas, o Cristo Redentor do Rio de Janeiro caísse do morro do Corcovado e até a própria Estátua da Liberdade de Nova York, a original, tivesse afundado no Atlântico após uma tragédia.

Se ficar comprovado que foi mesmo um ato terrorista, Porto Velho entrará para a História como uma daquelas cidades, onde cenas de terroristas encapuzados correm o mundo inteiro. Mas como assim, terroristas na capital do lodaçal? A capital karipuna é uma das cidades mais insalubres e sebosas do mundo. Aqui não há saneamento básico, mobilidade urbana, arborização, nem água tratada. Não tem também esquerdistas na política. Com raras exceções, quase todo mundo daqui é da direita ou da extrema-direita. Em todas as eleições, no entanto, sempre aparecem alguns candidatos que dizem ser progressistas, mas no fundo todos eles são conservadores. Como pode num ambiente hipócrita, inóspito e insalubre desses aparecer uma organização terrorista para atormentar ainda mais a vida dos infelizes moradores? A “inteligência” da nossa polícia descobrirá!

Muita gente sabe que o “Véi da Havan” se envolveu “de graça” no mundo sujo da política durante os quatro anos do governo passado. Foi, infelizmente, uma figura folclórica que pode ter atormentado a vida de muita gente da esquerda. Pode ter com isso semeado discórdias entre pessoas que não tinham a mesma posição política dele. Ele tem todo o direito de se manifestar politicamente, mas como comerciante comprou briga sem necessidade com praticamente metade de seus possíveis clientes. Sei de pessoas que por discordarem da posição política dele não pisam os pés em nenhuma de suas lojas. E muitos não são nem esquerdistas. Trabalhador, arrojado, empreendedor nato, o “Véi da Havan” poderia ter ficado quieto e assim aumentado suas vendas tanto para bolsonaristas como para esquerdistas. Enquanto metade do mundo chora, a outra metade vende lenços.

Porto Velho é uma espécie de esfíncter anal, com todo o respeito a essa parte do corpo humano, mas se foi terrorismo, nada justificaria ações absurdas como essa, mesmo que aqui não tenha um porto rampeado no rio Madeira, não tenha aeroporto decente, uma vez que as companhias aéreas há tempos boicotam o lugar. Aqui não há limpeza urbana, a classe política é inoperante e corrupta, não existem recantos de lazer, não há boas universidades, o sistema de saúde é precário e conta só com o “açougue” João Paulo II, que se parece um campo de extermínio de pobres. Não tem anel viário, as passarelas na BR-364, que corta a cidade, são curtas demais, as passagens aéreas são as mais caras do Brasil, paga-se um IPTU caríssimo e se convive diariamente com lixo e carniça e por tudo isso, a população da cidade só diminui. Mas não foi terror! Porto Velho nem para isso se presta. Foi vandalismo! E agora, como os porto-velhenses vão se divertir aos domingos?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Porto Velho, a menos visitada


Porto Velho, a menos visitada

 

Professor Nazareno*

 

            No Brasil, Porto Velho, a insólita, fedorenta, suja e podre capital de Roraima, é o destino turístico menos visitado. Foi o que disseram a plataforma Booking e o site oficial da Decolar em recente pesquisa. Até aí, nenhuma novidade. Todos que têm o desprazer e a tristeza de morar nesta descuidada e mal administrada cidade sabem da veracidade destes terríveis fatos. Ninguém em sã consciência teria coragem de vir hoje a Porto Velho para visitá-la ou mesmo fazer turismo, coisa que o lugar não tem nem nunca teve. Visitar o que por aqui? A cachoeira de Santo Antônio e o velho presídio que havia lá? As corredeiras do Teotônio que no verão exibiam suas lindas quedas d’água e todo tipo de pescaria? As velhas locomotivas da histórica EFMM que estão apodrecendo no meio do mato? Ou a beira do rio, onde as pessoas foram impossibilitadas de ir curtir o pôr do sol?

            Porto Velho nasceu a partir do rio Madeira, mas já lhe abandonou faz tempos. O turista acidental poderia ver o porto rampeado que não funciona e como os ribeirinhos fazem para descer ou subir o barranco íngreme e escorregadio quando vão viajar para o interior do município. Deve ser por isso que Porto Velho diminui a cada dia que passa. Há uns dez anos, a população superava fácil os 540 mil habitantes e hoje não passa de 460 mil moradores, segundo o IBGE. Só vem para esta “curva de rio” quem tem parentes aqui ou quem passou em algum concurso público. Até os habitantes das cidades do interior do Estado evitam viajar para a sua capital. Aqui não tem futebol, nunca teve um hospital de pronto-socorro, embora o governo estadual tenta construir um tal de “Built to Suit” que mal saiu do papel. Nem rodoviária decente a capital tem para seus passageiros.

            Porto Velho é uma nojeira só. É, com certeza, a cidade mais sebosa do Brasil. E depois de oito anos administrando o lugar, o atual prefeito disse que a questão do saneamento básico só virá com recursos internacionais, como se algum país ou mesmo uma empresa multinacional tivesse a coragem de jogar dinheiro nesse fim de mundo insalubre e distante. Resumindo: com menos de três por cento de saneamento básico e menos de 35 por cento de água encanada, a capital dos “destemidos pioneiros” não passa de uma reles currutela fedida. Com esses vergonhosos números, Porto Velho se parece com uma cidade medieval. Nem flores tem nas ruas daqui. Nem flores e nem árvores. A administração municipal arrancou todas as que tinha na avenida Tiradentes e não pôs nada no lugar. Ruas inteiras como a Jatuarana, por exemplo, não têm uma só árvore. Só asfalto.

            Porto Velho não tem nada para se ver. Só sujeira e monturo mesmo. Por isso, é a pior cidade turística do país. Quem quer ver a rua torta, que dizem ser um “marco” na cidade? Marco de quê? Além de torta, essa rua não tem um canteiro central nem uma só árvore em toda a sua extensão. Um turista doido pagaria a passagem aérea mais cara do país só para ver as ridículas “passarelas do atraso” no Espaço Alternativo? Até a “nova” rodoviária da cidade está sendo construída enviesada e fica ao lado de um igarapé podre e cheio de lixo. Nem bons ônibus urbanos há por aqui. Temos uma das piores mobilidades do mundo. A ponte do suicídio não serve para nada e até a única universidade pública do Estado, a UNIR, não tem hospital nem restaurante universitário. Os raros defensores de Porto Velho já estão morando fora faz tempo. Não resistiram ao lodaçal e à carniça. Hoje muitos devem ter vergonha de dizer que nasceram aqui. Natal: quem pode viaja para fora.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.


sábado, 9 de dezembro de 2023

Acre, Essequibo, Gaza e Ucrânia

Acre, Essequibo, Gaza e Ucrânia

 

Professor Nazareno*

 

            Depois que a pandemia da Covid-19 diminuiu, o mundo começou a virar de cabeça para baixo. Em várias regiões do planeta, as guerras de anexações de territórios voltaram à tona. Primeiro foi a Rússia de Vladimir Putin que invadiu a Ucrânia e desencadeou uma guerra sem precedentes lá no Leste europeu. Depois veio o caos na Faixa de Gaza quando membros do Hamas, grupo que controla parte da Palestina, assassinou covardemente mais de 1400 pessoas em Israel. A reação do Estado judeu foi avassaladora. Até agora mais de 17 mil palestinos já foram mortos pelos israelenses, que decidiram praticamente tomar e anexar aquele enclave muçulmano. E como se não bastassem esses absurdos, eis que de uma hora para outra, o ditador venezuelano Nicolás Maduro resolveu anexar ao seu país a região de Essequibo pertencente à vizinha Guiana.

            Se essa moda de anexar partes de outros países pegar, daqui a pouco a Bolívia vai também querer reivindicar o Acre, que antes pertencera aos bolivianos e fora cedida ao Brasil pelo Tratado de Petrópolis. Em troca do Acre, o Brasil construiu a Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Mas dizem algumas más línguas que o nosso país teria trocado com os bolivianos o nosso charmoso Estado vizinho por um cavalo. Se isso fosse mesmo verdade, a questão seria fácil de ser resolvida com a Bolívia: ela nos devolveria um cavalo e nós entregaríamos o Acre para eles. E ainda poderíamos dar Rondônia como gorjeta. O Brasil se livraria de Rondônia e do Acre de uma vez só. O problema é saber se os bolivianos, exigentes como são, aceitariam ficar com essas duas “porcarias”, pois os dois Estados brasileiros só dão prejuízos ao país. Pertencendo à Bolívia, talvez eles melhorassem mais.

            Com essa história maluca de anexar mais de 70 por cento do país vizinho, Nicolás Maduro pode estar cavando a sua própria cova. A Guiana foi colônia do Reino Unido até 1966 e tem laços muito fortes com os Estados Unidos, que têm interesse no petróleo recém-descoberto em Essequibo. E até agora quem ousou enfrentar as grandes potências mundiais se deu mal. Leopoldo Galtieri, ditador da Argentina no início da década de 1980, tentou tomar as ilhas Malvinas da Inglaterra e foi humilhado. Saddam Hussein do Iraque invadiu o Kuwait e depois também foi escorraçado. Todos foram derrotados e tiveram que abandonar o poder. Parece que os venezuelanos e o seu projeto de ditador não sabem como funciona a História. Lula, o “amiguinho” de Maduro, não pode e nem vai fazer absolutamente nada para deter a ambição do seu protegido. Somos um anão diplomático.

            O nosso presidente foi um desastre só quando se meteu na atual guerra da Rússia contra a Ucrânia. Falou só tolices e ninguém lhe deu bolas. Em Israel e na Faixa de Gaza foi até pior: os cidadãos brasileiros foram praticamente os últimos a deixarem a área em guerra. Isso sem falar no embaixador de Israel no Brasil, que fez reuniões com Bolsonaro e praticamente “bagunçou” a relação entre os dois países e não teve nenhuma represália por parte do Planalto. Em política externa somos um zero à esquerda. Se a Venezuela invadir mesmo a Guiana mostrará ao mundo o quanto tem respeito pelo Brasil, que insiste em negociar o possível conflito. Aliás, o Maduro já está procurando o Putin da Rússia possivelmente para pedir apoio para as suas loucuras. E o Brasil que se cuide: Manaus e Boa Vista, por exemplo, estão a pouco tempo de voo dos poderosos caças venezuelanos Sukhoi-30. Já Porto Velho pode ficar tranquilo. Ninguém destrói o que já está destruído.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

A Palestina sem anjos

A Palestina sem anjos

 

Professor Nazareno*

 

            Durante a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas estavam assassinando os judeus, o mundo inteiro praticamente se calou diante daquela infame carnificina. Hitler e seus asseclas mataram mais de seis milhões de hebreus no Holocausto. Vários campos de extermínio em massa foram criados pelos alemães com o objetivo único de exterminar o maior número possível de pessoas. O Gueto de Varsóvia, os campos de concentração de Treblinka, Auschwitz-Birkenau, Sobibor, Dachau e tantos outros mostraram ao mundo o horror nazista. Tempos macabros, cruéis e terríveis que muita gente acreditava que não voltariam mais a assustar a Humanidade. Ledo engano! Esses tempos não só voltaram como também mostraram uma força ainda maior do que nos tempos do Nazismo. Estamos falando da Faixa de Gaza em Israel. O algoz de hoje são os judeus. Os palestinos, vítimas.

            A única coisa que o povo judeu aprendeu com os nazistas foram os métodos de exterminar inocentes. O que Israel faz hoje com os palestinos é muito pior do que aquilo que os nazistas fizeram com eles, os judeus. Nem Hitler bombardeou guetos. Só que na Segunda Guerra, entre os algozes havia anjos que salvavam gente. E hoje toda a Palestina está desprovida desses anjos salvadores. Irena Sendler, por exemplo, foi o “Anjo de Varsóvia”. Essa assistente social polonesa foi uma ativista dos direitos humanos durante aqueles tempos sombrios, tendo contribuído para salvar mais de 2.500 vidas ao conseguir que várias famílias escondessem filhos de judeus no seio do seu lar e levava alimentos, roupas e medicamentos às pessoas confinadas ao gueto, com risco da própria vida. Indicada algumas vezes, Irena deveria ter ganhado o Nobel da Paz. Mas ela foi esquecida.

            Para matar o maior número possível de judeus inocentes em seus campos da morte, Hitler mandava cortar a água, os combustíveis, medicamentos, comida e também proibia a entrada de qualquer alimento nesses guetos. Seu desejo abjeto era exterminar todos dessa religião. Assim, os judeus eram proibidos de sair daquele lugar amaldiçoado. Famílias inteiras eram confinadas numa mesma casa. Outro anjo muito reconhecido foi Oskar Schindler. Industrial alemão, filiado ao partido Nazista, Schindler salvou da morte certa mais de 1.200 judeus que ele empregava em suas fábricas de esmalte e munições. Teve até um anjo do Brasil: Aracy M. de Carvalho Guimarães Rosa. Esposa do famoso escritor. E os pastores franceses André Trocmé, Edouard Theis, diretor de uma escola e o Roger Darcissac. Todos eles salvaram muitos judeus das mãos dos nazistas assassinos.

Outro anjo bom: Nicholas Winton, que salvou 669 crianças judias dos horrores do Holocausto. O “Schindler britânico” conseguiu resgatar crianças que seriam levadas aos campos de concentração, porém, jamais se considerou um herói. A relação de anjos que salvaram judeus da morte é muito grande. Mas na Palestina ocupada pelos judeus não há anjos nem querubins. Ninguém se arrisca a salvar da morte nenhum palestino. Por isso, Israel “desce a lenha”. Os judeus hoje estraçalham crianças inocentes, matam mulheres, matam recém-nascidos, velhos e destroem casas e famílias inteiras. Até agora são quase seis mil criancinhas mortas pelas bombas assassinas dos judeus. E o mundo inteiro aplaude esse outro Holocausto. Dizem que Israel tem todo o direto de se defender. Não interessa como.  Estados Unidos e Europa fornecem até armas para os judeus fazerem o serviço sujo. Os militantes do Hamas, que são chamados de terroristas, mataram covardemente 1400 israelenses só que os judeus mataram até agora dez vezes mais gente. E também com requintes de crueldade. Nazistas de ontem, são os judeus de hoje?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 2 de dezembro de 2023

Parabéns, Ministra Marina Silva!

Parabéns, Ministra Marina Silva!

 

                            Professor Nazareno*                       

 

            Muita gente não sabe, mas a acreana Marina Silva é a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima no atual governo. Já exerceu este cargo anteriormente e durante aquele seu desastrado mandato, a Amazônia ardeu sob o fogo como nunca. Agora, sabiamente, ela barra qualquer iniciativa no sentido de se reconstruir a assassina, desnecessária e antiambiental BR-319 que ligaria Porto Velho em Rondônia ao Careiro da Várzea no Amazonas. Diferente de Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, ela não quer saber de “passar a boiada”. O mundo vive hoje dias terríveis com relação à depredação da natureza e a Amazônia tem tido uma visibilidade muito grande. De vilão do clima mundial, o Brasil hoje se apresenta como a salvação da Humanidade e nossa Amazônia com sua ainda rica e exuberante floresta não pode vacilar.

            Marina Silva tem experiência de sobra, pois viveu muito tempo como seringueira nas florestas do Acre e sabe mais do que ninguém que se reativarem essa rodovia, será o fim de toda a Amazônia. Abrir esta estrada para que as pessoas possam passear de carro entre Porto Velho e o Careiro não faz nenhum sentido. A BR pode até beneficiar dois ou três gatos pingados que ainda resistem e moram no entorno da velha estrada, mas o prejuízo ambiental que advirá será incalculável para um número muito grande de pessoas. A própria região amazônica vive hoje dias de Nordeste: rios secos, falta de água, calor intenso, umidade baixa. A BR-319 atrairá milhares de desmatadores, grileiros, posseiros e de tantas outras pessoas para derrubar o que ainda resta da mata. Com isso, as mudanças climáticas vão piorar consideravelmente e todos nós pagaremos pela ambição de poucos.

            Já disse várias vezes e repito: os amazonenses não querem sair do isolamento em que sempre se encontraram. Se quisessem, não teriam deixado a rodovia BR-319 se acabar. Além do mais, não teriam gastado um bilhão e meio de reais para ligar Manaus ao simpático distrito de Cacau Pireira do outro lado do rio Negro. Teriam feito essa ponte para ligar Manaus à BR-319 passando pelo Careiro da Várzea e de lá a ligação com Porto Velho e o restante do Brasil estaria garantida. A propósito, nem Porto Velho muito menos Manaus têm importância alguma no cenário nacional. São duas cidades sujas, imundas, violentas, bregas e que sempre viveram da destruição do meio ambiente, assim como muitas outras cidades do Brasil. São redutos periféricos e famintos da extrema-direita reacionária onde quem tem um pouco mais de dinheiro só explora os pobres e miseráveis.

            Mas sabemos que a Ministra Marina Silva não resistirá por muito tempo. Ela é muito fraca em todos os sentidos. E o Lula, assim como o Bolsonaro e tantos outros, que sempre estiveram a serviço da direita e da extrema-direita reacionárias e devastadoras da natureza, que financiam o “ogronegócio” e querem destruir o meio ambiente somente em proveito próprio, vai entender os apelos “populares” para a reconstrução da fatídica rodovia. Com essa gente abjeta, que devasta e destrói tudo, o mundo já era! E tudo é só uma questão de tempo para o apocalipse total. Veja o caso de Rondônia: a destruição da BR-364 a partir da década de 1960 do século passado foi um dos maiores desastres ambientais da história recente do homem. E o que se ganhou em troca? Apenas isso: essa merda de lugar. A 319 será o fim da Amazônia e das cheias dos rios, dos peixes, da chuva, da fartura, da vida boa e da natureza preservada. Hoje, a Marina Silva ainda é a salvação.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Fuja de Porto Velho, mano!

Fuja de Porto Velho, mano!

 

Professor Nazareno*

 

            Finalmente, depois de mais de dez anos ganhando dinheiro dos rondonienses e de ter estuprado e destruído o que de mais bonito nós tínhamos de natureza, a Santo Antônio Energia fez uma coisa boa para os porto-velhenses. Instalou, só para cumprir uma lei federal, várias placas de advertência nas partes mais baixas da cidade explicando que os moradores devem fugir imediatamente do lugar. A desculpa inicial foi que esta ação se referia a algum possível problema de rompimento da barragem situada a apenas sete quilômetros do centro da “capital das sentinelas avançadas”. Antes, a Santo Antônio tinha doado um porto rampeado para a capital, mas a incompetência, o pouco caso e a inoperância das autoridades fizeram com que aquele “trambolho imprestável” fosse abandonado e hoje está enferrujando na beira do rio. Mas o que significam essas placas?

            Espera-se que essa recomendação não tenha sido mais um “presente de grego” para os habitantes daqui como está sendo o porto lá no rio Madeira. Essa ação, embora tardia, pode ser um aviso para todos os moradores da cidade: fujam de Porto Velho enquanto é tempo, amigos! A cidade, suja e imunda, não oferece absolutamente nada de bom para os seus moradores. Sair daqui, por exemplo, é a única solução para se assistir à artista Roberta Miranda. Se você conseguiu chegar a esta incivilizada cidade, mesmo sem ter opções de passagens aéreas, fuja daqui enquanto é tempo. Não! A barragem construída no rio Madeira não romperá tão facilmente assim. O problema são outras questões. Aqui todos sabem que não tem um só hospital de pronto-socorro. O governo do Estado até que tentou construir um. Seria o HEURO, “Built to Suit”, mas já virou até um “beiju de caco”.

            Não há o que falar da Santo Antônio Energia. Essa empresa é uma verdadeira “mãe” para todos os porto-velhenses e rondonienses, inclusive aqueles “de coração”. Por causa dela, aqui se paga uma das mais “baratas” taxas de energia elétrica do país. Além do mais, a enchente histórica de 2014, que quase acaba com o pouco que restava de Porto Velho, não teve nenhuma participação dela. Assim como essa seca histórica de 2023. A Santo Antônio Energia e Porto Velho são duas entidades como “carne e unha”. Uma vive para beneficiar a outra. E como a capital de Rondônia hoje vive dias de “Faixa de Gaza”, não custava nada alertar à tola população de um perigo iminente. Não há nada mais insalubre do que viver nessa “currutela fedida” que tem menos de três por cento de saneamento básico e só 35% de água tratada. Precisamos sair desse inferno rapidamente!

            Obrigado, Santo Antônio Energia, pelo aviso e pelas placas salvadoras! Vocês foram supimpas, competentes! Foram até melhores do que a Enel Brasil de São Paulo, que deixou, até agora, os paulistanos à míngua depois de um forte temporal na capital paulista. E como em Rondônia e em Porto Velho não há temporais... Se por acaso romper a barragem do rio Madeira, a Santo Antônio Energia evacuará na população afetada em tempo recorde. Sim, pois no Brasil geralmente as empresas e os empresários sempre evacuam “nas pessoas” em vez de evacuar “as pessoas”. Porém, não mande os miseráveis atingidos para o aeroporto da cidade. Pode ser que por lá não haja voos nem passagens disponíveis para se sair deste purgatório na terra. A Santo Antônio foi, por isso, a primeira empresa a alertar os toscos habitantes daqui, pois eles insistem em viver “acomodados” nas terras karipunas. E se essa barragem rebentar mesmo? Seríamos arrastados para onde?

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.