quarta-feira, 30 de agosto de 2023

O “lendário” rio das Dragas

O “lendário” rio das Dragas

 

Professor Nazareno*

 

            O rio Madeira banha Porto Velho, a currutela fedida, capital de Roraima. Nasce na cordilheira dos Andes e é totalmente formado pelas águas dos rios Madre de Dios do Peru e do rio Beni em território da Bolívia. O décimo oitavo maior rio do mundo recebe este nome já em terras brasileiras depois que recebe o rio Mamoré na localidade de Vila Murtinho no município de Nova Mamoré. Mas o majestoso rio Madeira já se acabou. Está praticamente extinto. Seu nome era rio das Madeiras por causa da grande quantidade de troncos de árvores que as suas águas derrubavam nas margens e depois carregavam. Até o final do século passado era possível ver troncos e mais troncos descerem boiando rio abaixo até a confluência com o outro gigante, o rio Amazonas. Hoje, não existem mais árvores em seu leito morto. O velho Madeira não é nem sombra do que fora tempos atrás.

            O outrora lendário rio não nasce mais nos Andes. Nasce a partir da hidrelétrica de Santo Antônio. Sua força gigantesca foi domada pela ambição do homem. É exatamente na hidrelétrica de Jirau que o Madeira morre. Já morto e totalmente esgotado chega a Porto Velho onde, domado e sem forças, depende da mão humana para continuar a sua triste saga em direção a sua foz. Repiquetes, enchentes e vazantes não dependem mais da natureza. Jirau e Santo Antônio mataram o maior símbolo de Rondônia e sequer seus habitantes têm hoje acesso a uma conta de energia mais barata. O estupro à natureza e a morte do rio foram em vão. Só beneficiou a quem é de fora do Estado. Mas o tiro de misericórdia mesmo no velho Madeira está sendo dado pelo garimpo ilegal em suas já contaminadas águas. O IBAMA diz que contou, num voo, mais de 400 dragas de garimpo.

            O sobrevoo foi apenas entre Porto Velho e o distrito de Nazaré no baixo Madeira. Mas deu para ver o triste massacre ambiental que o velho Madeira está sofrendo. Só em Rondônia, devem existir pelo menos umas mil dessas dragas jogando mercúrio todo dia em suas águas. E há espaço tranquilamente para mais umas quatro mil dragas ou até mais. Enquanto os órgãos de defesa do meio ambiente não fiscalizarem de fato nem proibirem esse garimpo criminoso, o número de dragas só vai aumentar. E quem sofre com esse absurdo é a natureza, o rio e consequentemente todos os habitantes expostos ao mortífero metal. A inoperância dos incontáveis órgãos públicos, que dizem defender o meio ambiente em plena região amazônica, é uma constante. A fumaça das criminosas queimadas invade ano após ano os céus da região. Nosso céu é sempre azul é uma mentira.

            E nem parece que a esquerda, Lula e o PT ganharam as últimas eleições. Na bolsonarista Rondônia da extrema-direita o que se vê é a destruição pura e simples do que ainda resta da natureza. Por isso, o rio Madeira, hoje “rio das Dragas”, padece sem chances de voltar a ser o que sempre foi com a sua exuberância. Nunca antes na História deste Estado se viu tanto abandono e tanta desgraça como agora. A cada ano que passa, os políticos daqui se superam em tantas maldades. Até os portadores de deficiência física sofrem. Rondônia hoje vive às moscas e totalmente isolada do resto do mundo. Até as empresas aéreas do país fugiram daqui como o diabo foge da cruz. E o pesadelo parece não ter mais fim, já que a classe política está “se lixando” para o caos. E a capital da isolada província padece com tanto horror. Hoje está sem hospital de pronto-socorro, sem esgotos, sem aeroporto, sem água potável, sem porto, sem rodoviária e agora sem seu rio.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

domingo, 27 de agosto de 2023

Deviam fechar nosso aeroporto

Deviam fechar nosso aeroporto

 

Professor Nazareno*

 

            Por incrível que pareça, a velha e podre cidade de Porto Velho, capital de Roraima, tem um aeroporto. Só que pela frágil infraestrutura do lugar está mais para um campo de pouso velho, muito obsoleto e bem acabado. O acanhado Jorge Teixeira de Oliveira tem a pomposa alcunha de internacional, mas não faz sequer um voo para Guayaramerín na Bolívia. E a partir de agora também quase não fará mais voos para muitas outras cidades do Brasil. Aquelas mais ricas, civilizadas e desenvolvidas. Mesmo para Rio Branco, Manaus ou Cuiabá, capitais mais próximas, não haverá muitas possiblidades de se ir em um “asa dura” saindo daqui. As principais companhias aéreas do país, provavelmente diante da pouca procura em seus voos, simplesmente tiraram Rondônia do mapa do Brasil e isolaram ainda mais a já isolada, distante, quente, atrasada e insalubre capital karipuna.

            O aeroporto de Porto Velho devia ser fechado, já que não tem muita serventia para os seus raros e sofredores usuários. Localizado muito próximo ao centro da cidade, quase todos os voos têm necessariamente que sobrevoar o centro da capital. Pior é o Espaço Alternativo que é muito colado ao seu entorno. Num acidente de grandes proporções, por exemplo, qualquer ação de socorro às vítimas ficaria prejudicada por conta de uma pista de caminhada que permitiram que existisse muito próxima da área de pouso e decolagens. O aeroporto da “capital dos destemidos pioneiros” tinha que ser retirado dali e construído num local mais distante e mais seguro para todos. E o triste detalhe é que ainda tiveram o descaramento de privatizá-lo como se aquilo fosse algo que desse lucro para quem quer que seja. Hoje, os voos saindo da malfadada cidade e chegando a ela são muito escassos.

            Apesar do nome, Porto Velho também não tem porto. Há na beira do rio Madeira apenas um barranco sujo, fedido, cheio de lixo, escorregadio e insalubre onde muitos dos passageiros conseguem subir e descer sem se quebrarem todos. O porto rampeado que a Santo Antônio Energia deu à cidade só vive fechado e quase não tem uso operacional. É uma espécie de elefante branco que hoje praticamente para nada serve. A rodoviária é outra novela. Fala-se que uma nova está sendo construída ali na Avenida Jorge Teixeira e que será inaugurada somente durante as próximas eleições. Ônibus e barcos é a sina dos habitantes porto-velhenses que se meterem a viajar para fora do Estado. Férias só devem ser tiradas por aqui mesmo na quentura e na sujeira da cidade esquecida. Com pouca ou nenhuma qualidade de vida, quase ninguém se arrisca a visitar a cidade latrina do Brasil.

            A classe política local, incompetente e inoperante, nada fez nem fará para resolver o caos. Dessa forma, vamos continuar isolados do resto do país e também do mundo civilizado por muito tempo ainda. Para se ter uma ideia, Manaus recentemente aumentou em mais dois voos por semana que ligam a capital amazonense ao Rio de Janeiro. Visando trazer mais turistas da Europa para visitar a capital manauara, no Estado vizinho houve até uma diminuição de ICMS para incentivar as companhias aéreas. A Verde disse que em Rondônia havia muitos processos judiciais contra a empresa e por isso diminuiu seus voos. Ou seja, os processos só acontecem por falta de cumprimento de regras por parte dessas mesmas empresas aéreas. Assim, Rondônia voltou ao tempo do Segundo Ciclo da Borracha, quando para se ir à capital do país, tinha-se que ir primeiro a Manaus de barco e de lá para o Rio de Janeiro. O bom é que somos obrigados a desfrutar as belezas daqui.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A fumaça voltou, apesar do PT

A fumaça voltou, apesar do PT

 

Professor Nazareno*

 

            A vitória de Lula e do PT nas últimas eleições presidenciais deu uma tênue esperança aos defensores do meio ambiente de que a questão ambiental na Amazônia seria resolvida de uma vez por todas. As ações do atual governo com relação aos yanomamis aumentou ainda mais esse otimismo. Mas tudo não passou de “fogo de palha”. E há mais de 70 anos é assim. Em todo verão a ladainha é a mesma: cortinas de fumaça fecham aeroportos, entopem os hospitais com crianças e velhos e o caos se instala. A Amazônia arde de forma inclemente trazendo ainda mais preocupações para o planeta inteiro com relação às devastações na maior floresta equatorial do mundo. Em todos os governos, sejam eles democráticos ou ditaduras, de direita, de esquerda ou até da extrema-direita, no verão amazônico o fogo e a fumaça se repetem e trazem problemas na região.

Isso sem que haja qualquer combate efetivo aos incendiários. Jair Bolsonaro foi acusado de não ter muitas preocupações com o meio ambiente. O que foi uma verdade absoluta. Falou-se até que no ano de 2019, início do seu desastrado governo, os incêndios na Amazônia alarmaram o mundo. Outra verdade. Mas com o governo petista tudo iria ser resolvido. Mas não foi! Porto Velho, por exemplo, amanheceu esta semana coberta de fumaça e de fuligem num ambiente em que as temperaturas dispararam. Em alguns pontos da cidade os termômetros chegaram perto dos 40 graus à sombra com sensação térmica de quase 45 graus. Os atuais incêndios no Havaí e no Canadá e o forte calor na Europa parecem fichinha diante de tanta quentura na “capital dos destemidos pioneiros”. Isso sem falar que não chove por aqui há quase três meses. Sujeira, lixo, carniça e muito calor.

Vivendo tranquilamente com os seus luxuosos aparelhos de ar condicionado e em casas devidamente climatizadas, a classe política local está pouco se lixando para o meio ambiente e para o sofrimento do povo que vota neles em todas as eleições. Para completar a desgraça, o rio Madeira está repleto de balsas de garimpeiros, que jogam mercúrio no já contaminado curso de água. Durante um recente voo de reconhecimento, o IBAMA teria contado mais de 400 balsas no velho Madeira. O superintendente regional do órgão em Rondônia disse em entrevista que os garimpeiros desrespeitam o poder público e que medidas serão tomadas em breve.  Já com relação aos incendiários da floresta, até agora nenhum pio. Só que toda essa fumaça denuncia o marasmo do Estado para salvar o que ainda nos resta de florestas e de cobertura vegetal. Só falta mesmo chover merda por aqui!

O PT não resolve o problema da fumaça porque nunca teve competência para fazê-lo. Em todos os três governos petistas os incêndios nessa região sempre foram uma constante. É que esse partido parece ser apenas mais um lacaio nas mãos do establishment e da elite reacionária do país. Assim como foi Bolsonaro e todos os outros ex-presidentes. Logo, logo, poderemos ver alguns petistas já comendo nas mãos do agronegócio. Certamente o atual governo esquerdista vai ceder às pressões e vai liberar o asfalto da BR-319 decretando dessa forma o fim imediato de toda a rica floresta amazônica. E provavelmente será no governo do PT que vão explorar petróleo na sensível região da foz do rio Amazonas. Porém, a fumaça anual na Amazônia já tem um fim previsto: quando não existir mais nenhuma árvore, não haverá mais fogo nem fumaça. Vamos nos livrar da fuligem e vamos ganhar um deserto com uns 60 graus. Com IBAMA, Bozo, PT e tudo.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sábado, 19 de agosto de 2023

Bolsonaro aumentou a gasolina

Bolsonaro aumentou a gasolina

 

Professor Nazareno*

           

Durante os quatro anos em que esteve à frente da Presidência da República o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro só fez o mal para o Brasil e para todos os brasileiros. No comando da nação, ele não soube administrar corretamente a pandemia do coronavírus que, em grande parte por culpa do político, matou mais de 700 mil cidadãos. O “Mito” dos brasileiros foi uma desgraça só. E o pior é que a sua influência maligna continua até hoje infernizando a vida de todos nós. Dono de mais de 58 milhões de votos nas eleições presidenciais, quase que ele fatura a disputa. Perdeu por muito pouco. Porém, no primeiro turno seu partido fez “cabelo, barba e bigode” e derrotou o PT e as esquerdas. Bolsonaro elegeu vários senadores, governadores, deputados estaduais e federais. Hoje, a maioria eleita nos legislativos nacional e locais praticamente está nas mãos dele e de seus amigos.

Apesar de estar acossado pelo Judiciário no caso do roubo das joias sauditas do patrimônio nacional, ele ainda continua aprontando das suas. Há fortes indícios de que o Bozo é o maior responsável pelo recente aumento nos combustíveis. Na semana passada os derivados do petróleo tiveram um aumento vergonhoso, indecente, injusto e infame de quase dez por cento. O litro de gasolina no posto onde eu abasteço aqui em Porto Velho custava 6,09 reais e logo pulou para quase 6,70 reais. Tudo isso provavelmente por causa de sua forte influência na Petrobras e também ainda em alguns círculos de poder. Claro que Lula e o PT jamais permitiriam que houvesse qualquer tipo de aumento que pudesse comprometer o nosso precário orçamento. Óbvio que dez por cento é um roubo explícito que não tem nenhuma desculpa aceitável. O Jair Bolsonaro é um mal que deve ser evitado.

Além do mais, pode-se ter a certeza de que foi o ex-presidente também o maior responsável pelo recente corte absurdo dos voos que as companhias aéreas do país determinaram para Porto Velho e para Rondônia. Bolsonaro sabidamente nunca gostou de coisas muito judicializadas e certamente pode ter usado a sua influência para causar prejuízos para os rondonienses, que lhe apoiam incondicionalmente. Por culpa única e exclusiva de Bolsonaro, Rondônia ficou totalmente isolada do resto do país. E quem garante que o recente apagão que aconteceu no Brasil não foi também uma obra sua? Sim, pois ele irresponsavelmente privatizou a Eletrobras no ano de 2022. E para apagar o país inteiro, basta ter algum conhecimento de redes elétricas e subir com um alicate num poste qualquer que a desgraça está feita. E provavelmente foi o que aconteceu. Tudo virou breu.

Insatisfeito com o uso da Cloroquina para combater um vírus na última pandemia, ele possivelmente lutou e convenceu a todos pela aprovação de um tratamento com a ozonoterapia, um procedimento que não tem nenhuma comprovação científica e que já provoca muita preocupação nos médicos e cientistas. Esse Bolsonaro é um caso sério que precisa ser estudado. Fora da presidência, ele chegou a elogiar publicamente o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Disse que a ditadura no país vizinho tem mais eleições do que no Brasil. “O conceito de democracia é relativo”, falou. Dissimulado, o Bozo acusou a Ucrânia de também ser culpada pela guerra contra a Rússia se esquecendo de que foi a Rússia o país invasor. Alexandre de Moraes deveria mandar prender imediatamente esse malfeitor. Ele é uma péssima influência para o Brasil. Se não for preso já, antes do final do ano a gasolina estará a mais de 10 reais e ainda teremos que enfrentar vários apagões.

 


*Foi Professor em Porto Velho.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O Brasil da escuridão eterna

O Brasil da escuridão eterna

 

Professor Nazareno*

 

            Falou-se erroneamente que a manhã do dia 15 de agosto de 2023 pode entrar para a História do Brasil por causa de um simples apagãozinho elétrico que atingiu 25 estados e o DF. Só Roraima escapou do caos. Quanta desfaçatez! Quanta tolice! Quanta mentira! O Brasil sempre viveu na escuridão e quase todas as coisas sempre funcionaram como se estivéssemos na mais absoluta normalidade. Na política, por exemplo, sempre estivemos nas trevas. Entre 1964 e 1985 o país foi mergulhado numa cruel e assassina Ditadura Militar que cerceou direitos civis, matou oposicionistas, torturou, censurou, cassou e exilou cidadãos, mas até hoje ainda há muitas pessoas que enaltecem aqueles dias escuros e sombrios e, vez por outra, vão às portas dos quartéis clamarem por outra intervenção militar. Muitos brasileiros parecem ficar satisfeitos quando a escuridão lhes bate à porta.

            No governo anterior, houve muitos ensaios para que o país voltasse às trevas onde sempre viveu. Por isso, esse apagão de agora pode estar ligado a questões políticas ainda não resolvidas. O próprio ministro das Minas e Energia não descartou essa hipótese e já acionou a Polícia Federal para que faça investigações nesse sentido. Porém, tudo indica que esse apagão, assim como todos os inúmeros outros que já nos atingiram, é apenas fruto da incompetência que sempre nos rondou como nação. A classe política de Rondônia e também a do Brasil inteiro sempre colocou toda a população do país na pior das escuridões e ninguém jamais tomou qualquer providência para resolver nada. Nosso país é o segundo maior produtor de alimentos do mundo e por aqui há mais de 30 milhões de pessoas passando fome e na mais absoluta miséria. Mas o agronegócio é até endeusado.

            Esse apagão de 2023 quase não foi sentido. Em Porto Velho não faltou nem água, já que apenas 30 por cento da cidade é abastecida com o precioso líquido. Na hora em que faltou energia, todo mundo já tinha enchido suas caixas. No trânsito também não houve nada que já não fosse sentido no dia a dia por aqui: caos, bagunça e motoristas apressados avançando tranquilamente o sinal vermelho. Escuridão mesmo em Rondônia é a incompetência da classe política que há anos rouba o Erário e nada dá em troca para os pobres pagadores de impostos. Aliás, sempre faltou energia em Porto Velho e também nas outras cidades do Estado. Desde a antiga Ceron que já estamos acostumados a viver no breu. A ponte do suicídio foi construída sem iluminação. Os viadutos tortos e íngremes da capital também não têm claridade. A escuridão por aqui sempre foi uma coisa normal.

            Com a Energisa no lugar da Ceron, as coisas não melhoraram praticamente em nada. Por isso muita gente daqui não vê a hora de essa empresa ser privatizada para o bem de todos. Temos duas grandes hidrelétricas no rio Madeira, além de Samuel no rio Jamari, mas sempre tivemos e ainda temos apagões em Porto Velho, isso sem falar no alto preço que pagamos pela energia que nós mesmos produzimos às custas da nossa combalida natureza. É vergonhoso um país que tem o sol em média doze horas por dia por todo o seu território ainda ter problemas com falta de energia. A classe política principalmente precisa trabalhar com seriedade para poder tirar esse país da escuridão social, política e econômica em que sempre viveu. A Ceron deveria ser reestatizada e a Eletrobras não poderia ter sido vendida pelo Bolsonaro. Porém, muitos dos porto-velhenses não viram essa falta de energia. Para eles apagão só podia ter acontecido à noite e não durante o dia.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Bolsonaristas aperreados!

Bolsonaristas aperreados!

 

Professor Nazareno*

 

            Jair Bolsonaro é uma dessas desgraças da política que só acontecem no Brasil a cada 30 anos. A primeira foi Getúlio Vargas em 1930. A segunda foi Jânio Quadros no início da década de 1960. A terceira foi Fernando Collor em 1989 e a última foi o genocida em 2018. E o país espera que seja mesmo a última das grandes tragédias que enfeitiçam o tolo eleitor nacional. Infelizmente só teremos essa certeza lá pelo final da década de 2040. A rigor nenhum desses quatro patetas fez alguma coisa que impressionasse quem quer que seja. Montados num estranho apoio popular, ao assumirem a Presidência da República prometendo mudar radicalmente a política nacional, nenhum deles fez aquilo que prometeu aos seus “inebriados” eleitores e encantados apoiadores. Pelo contrário, só trouxeram vergonha, fracassos, decepções e em alguns casos contas a pagar com a Justiça.

            Getúlio se matou com um tiro no peito. Jânio, mesmo sem largar a política, morreu velho e gagá. Collor de Melo, apesar de ainda ser senador da República, está para ser preso, pois já foi condenado pelo STF a oito anos de cadeia e Jair Bolsonaro, acuado e já esquecido por grande parte de seus devotos e radicais seguidores, está inelegível por enquanto e caminha célere para a prisão para pagar por seus maus feitos enquanto era o chefe da nação. Os crimes que Bolsonaro e seus asseclas cometeram são inúmeros. Pode até não ser condenado por corrupção, apesar de ter chefiado um governo repleto de roubalheiras. A péssima condução do país em plena pandemia do coronavírus com a morte de mais de 700 mil brasileiros não sairá tão cedo dos corações e mentes dos nossos cidadãos. O insistente negacionismo e a recusa em trazer vacinas depõem contra o “Mito”.

            Mas não foi somente isso de ruindade. Bolsonaro permitiu e até incentivou a devastação da Amazônia, deixou o garimpo assassino ir às terras indígenas e foi o maior responsável pelo genocídio dos Yanomamis em Roraima. Pior: durante os quatro longos anos em que esteve à frente do Brasil, os países desenvolvidos e civilizados do mundo praticamente romperam suas relações com o nosso país. Noruega e Alemanha deixaram de contribuir para o Fundo Amazônia e só voltaram a cooperar depois que Lula foi eleito e assumiu o poder. Bolsonaro e sua turma de aloprados atentaram várias vezes contra a nossa democracia e só não deu um golpe por que a conjuntura política internacional não permitiu. Derrotado, o aprendiz de ditador não reconheceu o resultado das urnas e jogou milhares de seguidores na frente dos quarteis para pedir uma patética intervenção militar.

            Mas antes disso, o destrambelhado mandatário fugiu desesperado para os Estados Unidos e provavelmente tramou a invasão de Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Agora terá que prestar contas com a Justiça. Os terroristas do 8 de janeiro estão presos e devem pegar pelo menos 30 anos de cadeia. Hoje não se vê mais nenhum “patriota” na frente dos quarteis. Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro está no xilindró. Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça do Bozo, também está preso em Brasília, assim como o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Se algum deles “der com a língua nos dentes”, as coisas podem se complicar ainda mais para o quarto pateta da nossa política. Não há a menor dúvida de que ele atentou contra a democracia nacional e por isso deve pagar um preço alto. Enquanto isso, muitos dos bolsonaristas estão inquietos. O Brasil e Rondônia já aderem “convictos” a Lula: ponte em Guajará e BR-364 duplicada.

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Porto Velho também sem aviões


 

Porto Velho também sem aviões

 

Professor Nazareno*

 

            Não é novidade para ninguém que Porto Velho, a insólita capital de Roraima, é uma das piores cidades do mundo para se viver. Na dura e triste realidade do Brasil, a “capital dos destemidos pioneiros” fica nos últimos lugares em qualidade de vida. A novidade agora é que duas das três companhias aéreas do país simplesmente diminuíram seus já escassos voos para esta abandonada e longínqua cidade. A GOL e a Azul, de forma talvez equivocada, alegaram que devido aos muitos processos que estão enfrentando na Justiça local, foram quase que obrigadas a reduzir suas rotas para Rondônia. Claro que não foi isso. O problema é que não há procura. Rondônia só tem pessoas pobres e não há passageiros suficientes para viajar e provavelmente elas não estão faturando o que gostariam. Se houvesse muita procura por passagens elas dariam um jeito para continuar.

            Em Porto Velho hoje praticamente não há mais ligação aérea direta com Manaus ou com Rio Branco no Acre. E não há quase nenhuma procura para a compra de passagens aéreas. O mercado local certamente dá muitos prejuízos para essas companhias. Além do mais, o preço do querosene de aviação foi aumentado em mais de 120 por cento no último governo da extrema-direita. O atual governo até já conseguiu diminuir em mais de 30 por cento. Mesmo assim, quase ninguém quer vir para um lugar que nada tem a oferecer aos turistas e visitantes. Além de ser um verdadeiro inferno de tão quente, Porto Velho não tem qualidade de vida, não tem teatros, futebol, não tem água tratada nem esgotos ou saneamento básico. Morar aqui é como viver no inferno. Só vem para cá quem tem negócios ou algum familiar que ainda teima em residir aqui. É muita precariedade, mano!

            Para ir a Manaus, por exemplo, muitas pessoas preferem os barcos-recreio pelo rio Madeira. Demora cinco dias, mas a bordo tem comida farta e o sujeito vai dormindo tranquilo numa rede. Isso é que é conforto! Já viajar de avião é um sofrimento só. Eles não servem comida a bordo e o sujeito tem que perder pelo menos uma noite de sono. Diferente da Varig, Vasp ou Transbrasil, que serviam verdadeiros banquetes aos seus passageiros, LATAM, GOL e Azul servem batatinhas desidratadas com meio copo de água. Viajar de avião hoje é passar fome na certa. Ou então comprar um pão de queijo nos aeroportos por mais de 50 reais. Isso sem falar que o maldito pão de queijo, de gosto ruim, amarga mais do que cabacinha e às vezes está impregnado de sal. Nos barcos que vão a Manicoré e a Manaus se come peixe, farinha puba, arroz, feijão e outras guloseimas.

            Achar que os políticos estão preocupados com essa caótica situação é outra balela. Político só viaja de graça nesses aviões. Todos eles recebem por mês várias e várias passagens aéreas pagas com o nosso dinheiro. Vereadores, deputados, governadores, senadores e outras autoridades vão querer perder esse privilégio? Ninguém quer resolver o problema, eis a questão. Os poucos usuários de Rondônia e também de outros lugares pobres e atrasados que se virem. Querem ir a Rio Branco? Vão de busão. Tanto a Azul como a GOL e a LATAM ou qualquer outra companhia aérea colocariam vários voos diários saindo de Porto Velho até para o inferno se houvesse alta procura por passagens. Essa é a realidade nua e crua que ninguém quer admitir. Dizer que os passageiros de Rondônia serão punidos só por que buscaram a Justiça para ter os seus direitos garantidos é uma infâmia acintosa, covarde, absurda e vil que em nada ajuda a solucionar o impasse.

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.