O
Brasil da escuridão eterna
Professor
Nazareno*
Falou-se
erroneamente que a manhã do dia 15 de agosto de 2023 pode entrar para a
História do Brasil por causa de um simples apagãozinho elétrico que atingiu 25
estados e o DF. Só Roraima escapou do caos. Quanta desfaçatez! Quanta tolice!
Quanta mentira! O Brasil sempre viveu na escuridão e quase todas as coisas
sempre funcionaram como se estivéssemos na mais absoluta normalidade. Na
política, por exemplo, sempre estivemos nas trevas. Entre 1964 e 1985 o país
foi mergulhado numa cruel e assassina Ditadura Militar que cerceou direitos civis,
matou oposicionistas, torturou, censurou, cassou e exilou cidadãos, mas até
hoje ainda há muitas pessoas que enaltecem aqueles dias escuros e sombrios e,
vez por outra, vão às portas dos quartéis clamarem por outra intervenção
militar. Muitos brasileiros parecem ficar satisfeitos quando a escuridão lhes
bate à porta.
No
governo anterior, houve muitos ensaios para que o país voltasse às trevas onde
sempre viveu. Por isso, esse apagão de agora pode estar ligado a questões
políticas ainda não resolvidas. O próprio ministro das Minas e Energia não
descartou essa hipótese e já acionou a Polícia Federal para que faça
investigações nesse sentido. Porém, tudo indica que esse apagão, assim como
todos os inúmeros outros que já nos atingiram, é apenas fruto da incompetência
que sempre nos rondou como nação. A classe política de Rondônia e também a do
Brasil inteiro sempre colocou toda a população do país na pior das escuridões e
ninguém jamais tomou qualquer providência para resolver nada. Nosso país é o
segundo maior produtor de alimentos do mundo e por aqui há mais de 30 milhões
de pessoas passando fome e na mais absoluta miséria. Mas o agronegócio é até
endeusado.
Esse
apagão de 2023 quase não foi sentido. Em Porto Velho não faltou nem água, já
que apenas 30 por cento da cidade é abastecida com o precioso líquido. Na hora
em que faltou energia, todo mundo já tinha enchido suas caixas. No trânsito
também não houve nada que já não fosse sentido no dia a dia por aqui: caos,
bagunça e motoristas apressados avançando tranquilamente o sinal vermelho.
Escuridão mesmo em Rondônia é a incompetência da classe política que há anos
rouba o Erário e nada dá em troca para os pobres pagadores de impostos. Aliás,
sempre faltou energia em Porto Velho e também nas outras cidades do Estado.
Desde a antiga Ceron que já estamos acostumados a viver no breu. A ponte do
suicídio foi construída sem iluminação. Os viadutos tortos e íngremes da capital
também não têm claridade. A escuridão por aqui sempre foi uma coisa normal.
Com
a Energisa no lugar da Ceron, as coisas não melhoraram praticamente em nada.
Por isso muita gente daqui não vê a hora de essa empresa ser privatizada para o
bem de todos. Temos duas grandes hidrelétricas no rio Madeira, além de Samuel
no rio Jamari, mas sempre tivemos e ainda temos apagões em Porto Velho, isso
sem falar no alto preço que pagamos pela energia que nós mesmos produzimos às
custas da nossa combalida natureza. É vergonhoso um país que tem o sol em média
doze horas por dia por todo o seu território ainda ter problemas com falta de
energia. A classe política principalmente precisa trabalhar com seriedade para
poder tirar esse país da escuridão social, política e econômica em que sempre
viveu. A Ceron deveria ser reestatizada e a Eletrobras não poderia ter sido
vendida pelo Bolsonaro. Porém, muitos dos porto-velhenses não viram essa falta
de energia. Para eles apagão só podia ter acontecido à noite e não durante o
dia.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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