Não sou
candidato!
Professor
Nazareno*
Fiquei surpreso
e ao mesmo tempo muito puto quando minha filha me informou que eu seria
candidato ao governo de Rondônia nas próximas eleições, pois o meu nome
aparecia em uma pesquisa de opinião com 0,93 por cento das intenções de voto.
Sob o registro no TER/RO com o
número 02923/2018, estava lá o nome Prof.
Nazareno no meio de outros possíveis candidatos. Óbvio que não sou eu.
Ou é uma brincadeira de muito mau gosto ou se trata realmente de alguém com o
meu nome, o que seria algo absolutamente normal. Não teria coragem para tanto.
Ser candidato a um cargo político e ainda por cima num Estado lascado e
atrasado como Rondônia seria algo que eu não desejaria nem para o meu pior
inimigo. Por isso, tranquilizo os dois ou três leitores que tenho e lhes
asseguro que ainda não perdi a cabeça para estar fazendo essas loucuras.
Tenho até
participado da política, mas não gosto dela a ponto de me submeter a
humilhações deste tipo. E vou logo avisando que se qualquer um cidadão ou
eleitor idiota ou filho da puta se meter a votar em mim, eu não responderei
pelos meus atos e o excomungo para sempre da minha vida. Como administrador, eu
sou um zero à esquerda e mal consigo me administrar. Se tivesse que participar
“dessa coisa horrorosa” certamente eu
o faria em um lugar civilizado e com eleitores conscientes, jamais escolheria “isso aqui”. Talvez em algum Estado mais
desenvolvido do sul do país ou até mesmo na civilizada Europa eu admitisse sair
candidato a algo. Esse fim de mundo jamais seria governado por mim. Tenho quase
60 anos e pelo que sei, ainda não perdi a razão nem a cabeça. Tranquilizem-se:
não sou e nem quero ser candidato a nada.
As razões
por que eu jamais me candidataria são óbvias: eu detesto Rondônia e também a
sua podre e imunda capital e não vejo a hora de sair daqui. Quero morar num
lugar mais civilizado e limpo. Além do mais, só estando louco ou mal
intencionado para participar do jogo sujo que é a política. Não quero ser
presidente, governador, deputado ou senador. Que graça tem hoje participar da
política e não poder roubar nada ou ficar rico ilicitamente? O Ministério
Público, a Polícia Federal, parte do Poder Judiciário e outras “palmatórias do mundo” estão muito
atuantes e poderiam estragar tudo. Só entro nesse jogo se for para enriquecer
com o dinheiro público. Caso contrário, nem pensar. Nunca fui filiado a partido
político nenhum, odeio a mentira e quero distância de gente simplória e sem
leitura de mundo. Como eu pediria voto na periferia de Porto Velho?
O fato é que
a política no Brasil nunca me encantou. Como participar de tudo isso se não sou
evangélico? Como mentir que vou ajudar os pobres e miseráveis se não sou
filantropo? Como, enfim, me dedicar de corpo e alma a algo tão rentável e
lucrativo se não gosto de dinheiro? Tenho medo de ficar rico e muito pior: de
ficar famoso. Por tudo isso, peço encarecidamente às pessoas de bom senso que
se o nome que aparece nesta pesquisa maluca realmente for o meu, não votem em mim. O que eu faria
como governador certamente não agradaria a ninguém. Se o diabo ajudasse e eu
fosse eleito, trabalharia para a extinção completa de Rondônia, que só prejuízo
dá ao Brasil. Mandaria implodir as três Caixas d’Água de Porto Velho e
destruiria também o Espaço Alternativo. As hidrelétricas do Madeira seriam
desmontadas. E quem ama essas tolices que só existem aqui não gostaria que isso
acontecesse. Então, esqueçam-me, por favor!
*É Professor em Porto Velho.
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