Camarões castiga
a arrogância
Professor
Nazareno*
O Brasil perdeu
por 1 X 0 para a fraca seleção de Camarões pela terceira rodada do grupo G da
Copa do Mundo do Catar. Mesmo assim, conseguiu se classificar para as oitavas
de final do torneio quando jogará contra a Coreia do Sul, que venceu Portugal
pelo placar de 2 X 1. Com duas vitórias magras contra a Sérvia e a Suíça nas
primeiras duas rodadas do grupo, os pentacampeões somaram apenas os 6 pontos e
ficaram à frente dos suíços só no saldo de gols. Foi a segunda maior alegria
dos brasileiros em pouco mais de um mês, quando no dia 30 de outubro passado,
Jair Bolsonaro foi solenemente derrotado no segundo turno das eleições
presidenciais do Brasil. O jogo foi muito ruim de se ver do começo ao fim e se
não fosse o total domínio da frágil seleção africana sobre os arrogantes
pentacampeões do mundo, poucas pessoas aguentariam ver os dois tempos.
O placar mais justo da partida
deveria ter sido uns três ou quatro a zero para os africanos. O valente e
destemido time de Camarões perdeu um gol atrás do outro enquanto os arrogantes
jogadores do Brasil apenas observavam seus adversários criarem jogadas. Porém,
alguns fanáticos e tolos torcedores brasileiros podem argumentar que o seu time
jogou apenas com os reservas. Tolice, pois todos os jogadores presentes àquela
partida são titulares absolutos em seus times. Mesmo assim, a opção de escalar
qualquer jogador é de estrita responsabilidade do técnico. Ademais, com exceção
dos três jogadores lesionados nas partidas anteriores, o banco de reservas do
Brasil estava repleto dos atletas que atuaram como titulares contra a Sérvia e
a Suíça. Parece até que o senhor Adenor Bachi, que diz ser técnico de futebol,
queria era mesmo perder a partida para os Camarões.
O Brasil pode até ganhar esta Copa
do Mundo, mas a rigor nada jogou até agora que convencesse o mais fanático dos
torcedores de que vai trazer a taça. O time é ruim demais. E nesta partida deu
o atestado de sua ruindade extrema. Não tem esquema tático definido, não tem
entrosamento, não ataca com habilidade, não tem domínio, não toca a bola e nem
se defende. Comparar esses “pipoqueiros”
com a seleção de 1970, por exemplo, seria um acinte, um deboche mesmo. Pior:
são raros os torcedores que sabem pronunciar o nome de qualquer um desses jogadores
ao ver a imagem dele na televisão. “É
cada sujeito desconhecido que sequer se sabe o time ou o país em que ele está
jogando”, afirmam muitos brasileiros quando há uma substituição. E quando o
time de Camarões ia para o ataque, era um desespero total. Aí o sofrimento tomava
conta de todos.
Porém, é bom que se diga: apesar
de ser ruim e muito fraco, o time do Brasil tem muita sorte também. Só está
pegando até agora “galinha morta”
nesta Copa. Jogará contra a Coreia do Sul nas oitavas de final e se conseguir o
milagre de vencer, pegará nas quartas o vencedor do jogo Croácia e Japão. Jogo
duro só mesmo na semifinal, Argentina ou talvez a Holanda, e na partida final.
Isso se chegar até lá jogando esse futebolzinho de quinta. Assim como na
política não é mais o país da extrema-direita reacionária e do fascismo, o
Brasil há muito tempo deixou de ser também o país do futebol. Só se for agora o
país do futebol ruim, do futebol do vexame, da vergonha, da falta de criação e
com jogadores arrogantes. Só falta os torcedores mais fanáticos se juntarem aos
evangélicos, aos caminhoneiros, ao “gado”,
aos militares da reserva e todos irem para as ruas, bloquear as estradas e
exigir que a FIFA anule a vitória de Camarões. A empáfia perdeu. De novo.
*Foi Professor em Porto Velho.
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