Muito cedo para
comemorar
Professor
Nazareno*
Existe um ditado
popular em alguns países da África que diz para não se xingar a mãe do
crocodilo antes de se atravessar o rio. Com a seleção do Brasil nesta 22ª Copa
do Mundo de futebol no Catar parece estar acontecendo a mesmo coisa. Estamos de
um lado de um rio infestado de crocodilos e precisamos chegar à outra margem e
não estamos levando em conta o perigo que corremos. Nas oitavas de final do
torneio, o Brasil “arrasou” o
fraquíssimo time da Coreia do Sul por 4 X 1 e incendiou de euforia e esperança
os fanáticos torcedores brasileiros. “Esse
é um dos melhores times desta Copa, se não for o melhor”, gritam uns. “O hexa agora é apenas uma questão de tempo”,
gritam outros. O que quase ninguém vê é que até agora a nossa seleção só
enfrentou “galinhas mortas”. O que
representa no futebol times como Coreia do Sul, Suíça e mesmo Sérvia?
Pior ainda é o time de Camarões, mas
que derrotou o escrete canarinho por 1 X 0 jogando pela última rodada da fase
de grupos. Por muito pouco não ficamos em segundo lugar no grupo. Aí a coisa se
complicaria com os próximos adversários. E não adianta dizer que o Brasil perdeu
por que jogou com o time reserva. Isso não existe para a História. Na Copa do
Mundo do Catar o Brasil perdeu para Camarões e ponto final. Passadas as
oitavas, enfrentaremos a Croácia, uma antiga freguesa do Brasil em copas do
mundo. Apesar de ter sido a vice-campeã na Copa da Rússia, o time de Luka
Modric e companhia não oferece mais nenhuma resistência. Os croatas passaram de
fase ao ganhar do também fraco Japão somente nos pênaltis após um ridículo
empate de 1 X 1. Como se vê, só a partir da semifinal é que o Brasil será de
fato testado por quem sabe jogar futebol.
Se passarmos pela Croácia, deveremos
enfrentar o vencedor de Holanda e Argentina, dois times muito fortes para
testar a nossa frágil capacidade de vencer obstáculos de verdade. E se
continuarmos com essa sorte e vencermos, teremos então na final outro time de
futebol verdadeiro: França de Mbappé, Inglaterra de Kane, Espanha ou até mesmo
Portugal de Cristiano Ronaldo. Isso, claro, se não tiver nenhuma zebra pelo
meio do caminho desses fortes adversários. Ou seja, dá-se a entender que a FIFA
“organizou” tudo direitinho para que
o Brasil avançasse sem problemas até o final do torneio. Mesmo com esta
possível ajuda, o time de Neymar e companhia pouco tem brilhado até agora nesta
copa. Foram 4 jogos com uma derrota e três vitórias, sendo uma por apenas um
gol. O time de Adenor Bachi não convenceu muita gente com este futebol.
Muitos dos jogadores da seleção nacional não têm dado bons exemplos. Alguns deles, na
companhia de Ronaldo, o Fenômeno, não se acanharam e foram a uma churrascaria
em Doha para saborear “bifes de ouro,
que custou nove mil reais. Alegres e felizes, filmaram tudo e publicaram nas
redes sociais, que foram vistas também por grande parte dos mais de 33 milhões
de famintos que o Brasil tem hoje. O dinheiro é deles, foi ganho honestamente e
eles fazem o que quiser, gastam com o que quiser e onde quiser, mas
definitivamente a ostentação, a prepotência e o deboche de alguns desses atletas
não combinam com a triste e dura realidade da maioria dos brasileiros, que
acompanham e dão ibope a seus ídolos. Até agora, o Brasil e a sua seleção não
ganharam nada nesta Copa. Deviam treinar mais, vencer todos os adversários que
têm pela frente, serem mais humildes, ostentar menos e nos trazer o hexa. Ainda
é cedo para tanta euforia.
*Foi
Professor em Porto Velho.
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