As
muitas lições de Bolsonaro
Professor
Nazareno*
Jair
Messias Bolsonaro foi varrido do cenário político do Brasil. Espera-se que por
um bom tempo. Para mais de 60 milhões de eleitores e também para muitos outros
milhões de cidadãos, a certeza que se tem é que nunca mais essa assombração
maligna volte a atormentar o nosso país, embora o bolsonarismo ainda continue
por certo tempo entre nós. Pelos próximos quatro anos, o pensamento ridículo,
retrógrado e anacrônico da extrema-direita e dos reacionários, no entanto,
permanecerá entre as ações dos muitos políticos eleitos nestas eleições de
2022. Mas se fizerem muitas bobagens na próxima administração, Lula, o PT e as
esquerdas permitirão a volta em 2026 do “miliciano genocida” ao poder.
Porém se engana quem afirma que o “Mito” não ensinou, com a sua maneira
pouco usual de agir, várias lições para o meio político e para a política em
geral.
A
melhor lição que Jair Bolsonaro deu ao Brasil e aos políticos é que se pode
governar sem roubar muito. E faça-se justiça: nos quatro anos do governo que
ora se finda, os casos de corrupção existiram, mas foram muito poucos se
comparados a outros governos. Ficou mais do que provado que é possível governar
um país, um estado ou uma cidade sem roubar um único centavo dos contribuintes.
Falam que se Bolsonaro e seu governo roubaram ou se envolveram em casos
escabrosos de corrupção, essa prática foi bem menor do que se pôde verificar em
outras administrações anteriores. Outra grande contribuição que o “Mito”
deu aos políticos foi com relação ao que um político fala em público. Bolsonaro
não poupava ninguém quando abria a boca. Sem filtro, ele insultou mulheres,
negros, gays, chefes de estado estrangeiros. Por tudo isso, pagou um preço
alto.
Duvido
que nos próximos vinte ou quarenta anos ou até mais tempo, apareça no Brasil um
candidato sequer a vereador que seja grosso e mal-educado com os outros e que
seja descortês com o seu futuro eleitor. Bolsonaro agia à vontade quando tinha
um microfone a sua frente. Muitos falam que ele apenas despertou e “tirou do
armário” muitos homofóbicos, racistas, misóginos, preconceituosos,
devastadores do meio ambiente e outras pessoas que usam o desrespeito às
minorias como forma de vida. Mas a lição ficou. “Quem fala o que quer, ouve
o que não quer” e por tabela, numa democracia pode até perder a reeleição.
Outra: jamais negue a ciência, mesmo que você não acredite nela. E durante uma
pandemia, como a que ainda estamos vivendo, siga as orientações de
especialistas. Nada de desdenhar de ninguém nem de prescrever remédio sem ser
médico.
É
bom também não criar crises institucionais sem nenhuma necessidade. Deve-se
entender de uma vez por todas que numa democracia como a nossa o poder é sempre
dividido entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Enaltecer as Forças Armadas
e os militares também é desnecessário. O poder militar em toda democracia é
formado sempre por instituições de estado e nunca de governo. Outra lição: é
bom investir em Educação de qualidade e não intervir no ensino das escolas.
Paulo Freire é estudado no mundo inteiro, menos no Brasil. Por isso, o educador
devia ter sido citado como bom exemplo. Fato: nunca diga que a terra é plana. É
bom também fazer sempre com todos os países amigos a política da boa
vizinhança. Qual a necessidade, por exemplo, de se criticar governos com os
quais o Brasil sempre manteve boas relações? As lições que o “Bozo”
deixa para os futuros políticos são muitas. Basta não as seguir se quiser ter
algum sucesso.
*Foi Professor em Porto
Velho.
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