O “Mito” em Porto Fumaça
Professor
Nazareno*
Depois de irresponsavelmente
perder o dinheiro que Noruega e Alemanha mandavam para ajudar na preservação da
Amazônia, Jair Bolsonaro resolve provar para o mundo que os brasileiros sabem
muito bem preservar a maior floresta equatorial do mundo. Por isso, decidiu vir
a Porto Velho em Roraima a fim de provar suas muitas teorias sobre os boatos,
fofocas e mentiras que se fala sobre o desmatamento na região. Inicialmente, o
avião presidencial teve muitos problemas para aterrissar no “aeroporto internacional” da cidade. A
densa e criminosa fumaça não só fechou o campo de pouso local como também
praticamente está inviabilizando o trânsito nas principais ruas e avenidas da
imunda cidade. “Os rondonienses deviam
parar de fumar um pouquinho só para diminuir esta fumaceira”, disse o
presidente em meio a uma forte crise de tosse.
Efusivamente
aplaudido pelos fãs e eleitores porto-velhenses e rondonienses, certamente
aqueles mais intelectualizados e inteligentes, que foram receber seu herói
nacional, o popular mandatário da nação quase não podia falar que era
interrompido por aplausos e mais aplausos. Do aeroporto ao centro da cidade,
multidões eufóricas gritavam slogans cívicos e muitos, emocionados, chegavam a
desmaiar de tanta alegria. “Em termos de
meio ambiente e preservação da natureza, o Brasil tem muito a ensinar ao mundo”,
disse o “Mito” no início de seu
acalorado discurso. “Além do mais, nós
não precisamos do dinheiro desses países atrasados e subdesenvolvidos que tentam
impor suas vontades sobre nós” completou o líder em meio a outra violenta
crise de tosse. Disse depois que tinha visitado esses países e lá não
encontrara uma só árvore plantada.
Sem enxergar
quase ninguém a sua frente devido à densa fumaça, Jair Bolsonaro emocionava a
todos os presentes toda vez que abria a boca para dizer algo. “Rondônia é um exemplo para o mundo em termos
de respeito à natureza e ao ecossistema”, falava para delírio dos
apaixonados seguidores. Disse que o mundo civilizado devia imitar esta cidade
em termos de educação infantil. “Vejam o
belo exemplo do prefeito Hildon Chaves e das autoridades em geral no tocante à
educação das crianças e jovens ribeirinhos e da zona rural do município”. Só não peço votos antecipadamente para ele por
que o mesmo infelizmente não é do nosso partido, as eleições ainda serão no
próximo ano e ele já está reeleito, completou para delírio dos presentes. “Vejam o nosso governador. Exemplo de homem
ligado ao meio ambiente e à preservação ambiental”.
O presidente
também falou que Rondônia é lugar de muita sorte com os governantes que tem.
Após visitar o “açougue” João Paulo
Segundo, teria cochichado a um assessor que a mídia local nunca mais falou
sobre as mentirosas fofocas envolvendo aquele belo logradouro público. “Acho que esta minha tosse crônica e anormal seria
resolvida aqui neste hospital de referência”, comentou para a preocupação
dos seus asseclas mais chegados. Se não morasse em Brasília, o “meigo” presidente jurou que moraria em
Porto Velho, Roraima. “Amei o clima de
Alpes suíços do lugar. Nunca vi uma cidade mais arborizada do que essa. Põe
Berlim e Oslo no bolso”, disse convicto. O “Mito” deu a entender que voltará em breve a “este lugar paradisíaco”. Talvez agora na Expovel ou então no final
do ano durante o Arraial Flor do Maracujá. Após tossir muito e com os olhos já
avermelhados, deixou-nos e voltou para limpar seus pulmões.
*É
Professor em Porto Velho.
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