Apagões no Cu do
Mundo
Professor
Nazareno*
Porto Velho, a
eterna capital de Roraima, é um cu de mundo atrasado e subdesenvolvido
sem eira nem beira, com todo o respeito, claro, ao esfíncter anal. É uma
currutela fedida, mal administrada e muito suja. É em outras palavras o
suprassumo da merda. Está, como sempre acontece todos os anos nesta época,
mergulhada mais uma vez em uma fumaça tóxica das criminosas queimadas da
floresta amazônica sem que as autoridades, os inúmeros órgãos de defesa do meio
ambiente, nem a população faça algo para diminuir o caos. Menos de cinquenta
metros é a visibilidade que se tem nas principais avenidas da cidade. Os
precários hospitais locais estão cheios de crianças e velhos principalmente,
que padecem de doenças respiratórias e outros males causados pela insensatez do
agronegócio e também pela incompetência dos órgãos públicos.
Como se não bastasse esse cenário de
terra arrasada, lúgubre, dantesco, surreal e aterrador, eis que agora começaram
a acontecer apagões em vários bairros da sitiada capital. A Energisa, que
substituiu a antiga Ceron, Centrais Elétricas de Rondônia e se diz responsável
pelo abastecimento da “Porto Príncipe
brasileira” ainda não disse a que veio. Os apagões são quase diários e a
população que se vire. Isso depois que a “empresa”
recebeu da Aneel mais de 25 por cento de aumento nas contas dos otários consumidores
rondonienses. A classe política, como sempre, nada fez para diminuir o prejuízo
dos pacatos pagadores de impostos. No começo, alguns deputados até que
iniciaram um estardalhaço “só para inglês
ver”, depois a coisa minguou estranhamente e apesar dos malditos apagões,
pagamos uma das mais altas contas de energia do país.
Com três grandes hidrelétricas em
seu devastado território, energia elétrica deveria ser um produto fácil, de
grande oferta e por isso mesmo ter preços razoáveis. A situação em Porto Velho
é tão catastrófica que até muitos alunos da rede municipal de ensino estão sem
aulas há quase dois anos por falta de competência e de transporte escolar sem
que ninguém, nenhuma autoridade se responsabilize por mais este desastre com a
educação pública. Fosse num país sério, o prefeito, muitos vereadores e várias
autoridades já estariam presos respondendo por este crime hediondo contra o
futuro deste lugar. Mas que futuro tem este cu de mundo esquecido e mal
administrado? Qual autoridade estaria preocupada com o destino de um dos piores
estados da federação em qualidade de vida? Basta prometer Expovel, Flor do
Maracujá e Banda de carnaval.
Porém o rondoniense comum já está
acostumado a desgraças. Respirar fumaça, viver na lama e na poeira, não ter
nenhum IDH, não ter saneamento básico, arborização e água tratada é galho fraco
para um povo que em sua maioria é acomodado, indolente, entreguista, devastador
do meio ambiente e com pouquíssimo resquício de cultura. Parece que tudo de
ruim é permitido nestas terras de Rondon. O governo do “Mito”, que teve aceitação unânime por aqui, deveria fazer uma nova
reforma administrativa no país e excluir Rondônia do mapa. Nunca entendi por
que isso aqui virou um Estado e pior, Porto Velho ser a sua capital. Este tosco
lugar deveria ser extinto ou entregue aos bolivianos para ver se tinha mais
sorte. Se os porto-velhenses fossem mais inteligentes, politizados e
organizados, deveriam sair às ruas para exigir a imediata privatização dessa
Energisa, só assim ela funcionaria melhor e nos livraria desses terríveis
apagões.
*É
Professor em Porto Velho.
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