Rondônia
sacaneia São Paulo
Professor
Nazareno*
São Paulo é a locomotiva do Brasil.
Maior centro comercial e financeiro da América Latina com mais de 20 milhões de
habitantes em sua área metropolitana, a “Terra
da garoa” é reconhecida no mundo inteiro como uma das Mecas do consumo
mundial. Sua gente, vinda de todas as partes do planeta, caracteriza-a como uma
das cidades mais cosmopolitas da Terra. São Paulo é indústria, é comércio, é
agronegócio, é produção, é turismo, é dinheiro, é futebol, é PIB, é qualidade
de vida. Já Rondônia não é NADA. Não tem PIB, não tem IDH, não tem turismo, não
tem futebol. É um lixo que existe apenas por um acaso da política. Sampa está
estrategicamente situada no Sudeste brasileiro com acesso ao mar e Rondônia se
situa entre o Cerrado e a Amazônia. Os dois lugares, no entanto, tiveram um
insólito encontro nestes tristes dias de verão de 2019.
Rondônia arde sob o irresponsável
fogo do agronegócio. A floresta amazônica, que faz parte do território
rondoniense, está sendo incendiada num ritmo jamais visto. Para a alegria do “capitão Motosserra” e também das
autoridades em geral, que têm incentivado a destruição completa do ecossistema
amazônico, a única produção visível do jovem e sinistro Estado tem sido a
fumaça tóxica das queimadas. E segundo meteorologistas renomados, esse vapor chegou
à capital bandeirante causando muitos transtornos para os paulistas: choveu água
escura e contaminada. Numa tarde de agosto de 2019, o dia virou noite em São
Paulo. Pouco depois das três da tarde, os coitados dos habitantes daquela
cidade foram castigados por uma chuva de fuligem misturada a uma poluição
jamais vista ali. “Rondônia não pode nos
castigar assim”, reclamavam todos.
Além da fumaça
tóxica de suas criminosas queimadas, Rondônia não tem absolutamente nada a
oferecer nem ao Brasil nem à progressista São Paulo. A parte de Cerrado no
Estado já virou fazenda faz tempo e o quinhão de floresta amazônica diminui a
cada dia sem que as autoridades façam algo para deter o avanço “do boi e do capim”. Com isso, sofrem
todos. E o mundo repercute negativamente a devastação sem controle e a iminente
extinção do importante bioma. Por ironia, esses incêndios têm sido até bons
para os rondonienses, pois os mesmos nunca se destacaram em nada mesmo e
somente dessa maneira surreal podem ser notados pelo Brasil que funciona e
também pelo resto do mundo. Além do Tambaqui assado, da farinha de mandioca e
das balinhas de cupuaçu, que outras coisas se produzem aqui que tenham tanta
importância assim?
Como São Paulo
tem muito dinheiro, os paulistas deveriam comprar Rondônia. Assim, não haveria
mais tantas queimadas e os coitados poderiam respirar um ar mais puro e limpo.
Já pensou os esforçados paulistas organizando Expovel, Semana Santa e Arraial
Flor do Maracujá em datas corretas? Por isso, Rondônia devia ser extinta ou
passar a pertencer a São Paulo imediatamente. O inútil Teatro das Artes teria,
enfim, espetáculos de verdade e o futebol contaria com times de primeira como
Santos, Palmeiras, Corinthians e São Paulo. O rio Madeira está secando mais ano
após ano. O perigo seria os paulistas colocarem oxigênio na fumaça que os
rondonienses respiram. Podia matar todos. Devíamos sair às ruas para protestar
contra as queimadas e solicitar a anexação deste atrasado Estado a São Paulo, só
coisas boas nos aconteceriam, pois seriam extintas também a Unir, a Assembleia
Legislativa e as Câmaras de Vereadores.
É
Professor em Porto Velho.
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