O político que
eu quero
Professor
Nazareno*
Avolumam-se as
convenções partidárias que indicarão os candidatos às próximas eleições.
Aumenta também entre os simplórios a falsa crença de que “a partir de agora tudo vai mudar no Brasil”. Nada vai mudar, pois
os eleitores são os mesmos, as condições são as mesmas, a promessas são as
mesmas e até os candidatos na maioria dos casos serão os mesmos. Haverá, claro,
alguma mudança no varejo. Mas tudo ficará do mesmo jeito: quem tem recursos
continuará mandando e quem não tem, continuará obedecendo. Mais de oitenta por
cento dos eleitores brasileiros não têm leitura de mundo nem informações
suficientes para escolher corretamente o seu candidato. Muitos votam a troco de
migalhas sem se importar com as consequências de seu ato. A compra de votos, o
dinheiro e as maracutaias como sempre darão o tom de quem vai ser eleito.
Mas há bons candidatos. O difícil,
no entanto, é identificá-los. O problema é que todos eles, sem exceção, são
vinculados um determinado partido. E qual dos partidos políticos hoje no Brasil
tem demonstrado honestidade? E como na bisonha campanha da Globo, “o Brasil que eu quero”, é preciso também
saber escolher “o candidato que eu quero”.
O eleitorado brasileiro de um modo geral pertence a um curral. No bom sentido
da palavra mesmo, uma vez que quase todo eleitor é um jumento. Para se ter uma
ideia, lideram a corrida presidencial hoje no Brasil, pela ordem, um
presidiário, um psicopata, um fanfarrão mentiroso e um ditador de opereta. Não
há nada de novo na arena política. E pior: muitos eleitores brigam pelos seus
escolhidos. O país está dividido na política, onde todos se acusam. Ganhará,
como sempre, o menos ruim. E assim, todos perdem.
O bom candidato será sempre aquele
que se identifica com o politicamente correto. Defende direitos humanos,
defende a democracia e procura inovar nas suas ações. Vê o Estado laico como
uma premissa e sempre que pode se distancia dos grupos formados somente para
ganhar as eleições. Em Rondônia, por exemplo, quase não há novidades no front.
Candidatos inescrupulosos, canalhas, ladrões, corruptos, mentirosos e
incompetentes em sua grande maioria são as únicas opções de que dispomos para
votar. Porto Velho, sua suja e imunda capital, continua com o seu triste
destino de ser uma cidade porca e fedorenta onde não há saneamento básico nem
água tratada. Saúde e Educação de qualidade são aspirações que nunca saem do
papel. Só mesmo em épocas de eleições como agora. E quem vai implantar ensino
integral nas escolas do Estado?
Qual dos atuais políticos candidatos
vai resolver o vergonhoso problema do “açougue”
João Paulo Segundo? O desprezo pelo nosso “campo
de extermínio de pobres” ceifa vidas inocentes todo dia. Quando será
duplicada a BR-364? Quando será iluminada a ponte do rio Madeira? Quando
teremos uma capital decente? O Brasil é a periferia do mundo. Rondônia é a
periferia do Brasil. Porto Velho é a periferia de Rondônia. De periferia em
periferia, a vida segue o seu triste compasso do engodo e da enganação. O
curral continuará sendo dominado pelos mais ricos e endinheirados. O atraso, a
estupidez e o subdesenvolvimento serão política de Estado para que as elites
continuem mandando no rebanho atrasado e ignorante. Com pequenas alterações, a
nossa suja política seguirá seu curso normalmente e a décima potência econômica
continuará sendo uma periferia fétida, atrasada e imunda como uma África
Subsaariana.
*É
Professor em Porto Velho.
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