sábado, 28 de julho de 2018

O político que eu quero

O político que eu quero


Professor Nazareno*

            Avolumam-se as convenções partidárias que indicarão os candidatos às próximas eleições. Aumenta também entre os simplórios a falsa crença de que “a partir de agora tudo vai mudar no Brasil”. Nada vai mudar, pois os eleitores são os mesmos, as condições são as mesmas, a promessas são as mesmas e até os candidatos na maioria dos casos serão os mesmos. Haverá, claro, alguma mudança no varejo. Mas tudo ficará do mesmo jeito: quem tem recursos continuará mandando e quem não tem, continuará obedecendo. Mais de oitenta por cento dos eleitores brasileiros não têm leitura de mundo nem informações suficientes para escolher corretamente o seu candidato. Muitos votam a troco de migalhas sem se importar com as consequências de seu ato. A compra de votos, o dinheiro e as maracutaias como sempre darão o tom de quem vai ser eleito.
            Mas há bons candidatos. O difícil, no entanto, é identificá-los. O problema é que todos eles, sem exceção, são vinculados um determinado partido. E qual dos partidos políticos hoje no Brasil tem demonstrado honestidade? E como na bisonha campanha da Globo, “o Brasil que eu quero”, é preciso também saber escolher “o candidato que eu quero”. O eleitorado brasileiro de um modo geral pertence a um curral. No bom sentido da palavra mesmo, uma vez que quase todo eleitor é um jumento. Para se ter uma ideia, lideram a corrida presidencial hoje no Brasil, pela ordem, um presidiário, um psicopata, um fanfarrão mentiroso e um ditador de opereta. Não há nada de novo na arena política. E pior: muitos eleitores brigam pelos seus escolhidos. O país está dividido na política, onde todos se acusam. Ganhará, como sempre, o menos ruim. E assim, todos perdem.
            O bom candidato será sempre aquele que se identifica com o politicamente correto. Defende direitos humanos, defende a democracia e procura inovar nas suas ações. Vê o Estado laico como uma premissa e sempre que pode se distancia dos grupos formados somente para ganhar as eleições. Em Rondônia, por exemplo, quase não há novidades no front. Candidatos inescrupulosos, canalhas, ladrões, corruptos, mentirosos e incompetentes em sua grande maioria são as únicas opções de que dispomos para votar. Porto Velho, sua suja e imunda capital, continua com o seu triste destino de ser uma cidade porca e fedorenta onde não há saneamento básico nem água tratada. Saúde e Educação de qualidade são aspirações que nunca saem do papel. Só mesmo em épocas de eleições como agora. E quem vai implantar ensino integral nas escolas do Estado?
            Qual dos atuais políticos candidatos vai resolver o vergonhoso problema do “açougue” João Paulo Segundo? O desprezo pelo nosso “campo de extermínio de pobres” ceifa vidas inocentes todo dia. Quando será duplicada a BR-364? Quando será iluminada a ponte do rio Madeira? Quando teremos uma capital decente? O Brasil é a periferia do mundo. Rondônia é a periferia do Brasil. Porto Velho é a periferia de Rondônia. De periferia em periferia, a vida segue o seu triste compasso do engodo e da enganação. O curral continuará sendo dominado pelos mais ricos e endinheirados. O atraso, a estupidez e o subdesenvolvimento serão política de Estado para que as elites continuem mandando no rebanho atrasado e ignorante. Com pequenas alterações, a nossa suja política seguirá seu curso normalmente e a décima potência econômica continuará sendo uma periferia fétida, atrasada e imunda como uma África Subsaariana.




*É Professor em Porto Velho.

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