Povo escolhido,
povo infeliz
Professor
Nazareno*
Terminada a Copa do Mundo de 2018 com mais um melancólico e abençoado fracasso do Brasil, eis que começa outra encenação em terras tupiniquins: as eleições. Em ambas, o combustível em comum que as alimenta é o povo. Sempre ele, o povo, carente de pão e circo, que contribui para que estes lamentáveis fatos aconteçam. E é em nome dele que se comentem as mais absurdas mentiras e enganações. A sociedade brasileira continua a mesma de séculos atrás. Estamos muito pior do que na época da escravidão e até, em alguns aspectos, vivemos antes da Idade Média. E sem nenhuma previsão de avançarmos em direção a uma sociedade mais justa e moderna. Pelo menos se depender da classe política e de pelo menos uns 80% dos eleitores que participarão do próximo pleito para escolher os novos deputados, senadores e o presidente do país.
Praticamente sem rumo e
sem nenhuma perspectiva de melhoras, a multidão caminha bovinamente para o seu
matadouro particular: serão mais quatro anos de desolações e angústias. Pior:
ele mesmo será o seu carrasco, pois vai escolher como sempre faz em todas as
eleições os piores candidatos para lhe governar. São quase 150 milhões de
eleitores, dos quais se acredita que pelo menos uns 120 milhões não sabem votar
nem escolher corretamente seus governantes. Isso é quase o dobro da população da
França inteira e uma vez e meia a população de toda a Alemanha. São analfabetos
políticos, sem leitura de mundo, despolitizados e semianalfabetos. Pessoas
pobres e iletradas na sua maioria, mas que vão decidir o futuro de um país
inteiro como o Brasil. E os políticos, como uma raça de víboras e aranhas
caranguejeiras, se aproveitam disso.
Em Rondônia não é
diferente do resto do país. Candidatos ambiciosos que na maioria só representam
seus grupos políticos entram na corrida para ganhar as eleições e aumentar
ainda mais a desigualdade social e a exploração dos pobres e miseráveis. Se a
Justiça proíbe suas candidaturas, colocam filhos, esposas e parentes para
continuar o feudo. E geralmente depois de eleitos, nada fazem por aqueles que,
pela ignorância, os elegeram. Eles brigam entre si para poder disputar cada
eleição. Basta ver a última convenção do MDB por aqui. Como pode um Estado tão
rico como Rondônia ter um hospital como o João Paulo Segundo, por exemplo? Como
pode ter uma capital tão mal administrada, suja e inabitável como Porto Velho?
Como pode ainda ter gente pobre se é um dos maiores produtores agropecuários do
país e com uma ínfima população?
Engana-se, no entanto,
quem acha que existem brigas ideológicas entre os políticos. Brigar por
ideologia e por política deve ser coisa só da “gentalha”. O PT, que sempre acusou o MDB de golpista, está coligado
com o partido do impopular Michel Temer e de sua turma em pelo menos quatro
Estados. Mais de 30 por cento do atual Congresso Nacional pertence à bancada
BBB, boi, bala e bíblia. Eles defendem com unhas e dentes somente os seus
interesses e na maioria dos casos “não estão
nem aí” para os idiotas que brigaram e mataram por eles e os elegeram. O
eleitor comum, aquele que decide de fato a eleição por ser a maioria, não sabe
de nada disto. Não lê, não se informa, não se interessa por política, nem sabe
por que votou neste ou naquele candidato. Com as eleições, o Brasil não vai
mudar em absolutamente nada. Somos jumentos que continuaremos zurrando dentro
dos currais que criaram para nos dominar.
*É
Professor em Porto Velho.
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