quinta-feira, 5 de julho de 2018

A implosão dos viadutos



A implosão dos viadutos


Professor Nazareno*


Porto Velho é uma das piores cidades do Brasil para se viver. Isto é fato. Desde muito tempo o Instituto Trata Brasil mostra esta capital como sendo a pior do país em saneamento básico e água tratada. O lixo esparramado no meio das ruas, a falta de praças, de recantos de lazer e de jardins floridos completam o cenário dantesco da capital de Rondônia. E como se não bastasse esse “inferno na terra”, aqui falta também mobilidade urbana. Isso mesmo: uma cidade de pouco mais de 500 mil habitantes não consegue dar a seus moradores tranquilidade para se locomover. A capital há muito tempo já não tem linhas regulares e eficientes de coletivos para transportar seus cidadãos. Alguns ônibus velhos, sujos, atrasados e enferrujados circulam aleatoriamente pelas ruas e bairros. Culpa dos próprios habitantes e também da infame classe política.
Para piorar ainda mais esse contexto de terra arrasada que é Porto Velho, a classe política local, incentivada por pessoas simplórias e ignorantes, resolveu construir vários viadutos. Só que iniciaram e pararam por mais de dez anos. Muito tempo depois, deram continuidade às obras e agora, em plena época de eleições, começaram a ser inauguradas. Os trambolhos malditos infernizaram a nossa vida e tudo ficou por isso mesmo. Pior: o elevado da BR 364 com a Avenida Campos Sales, que teve sua inauguração questionada pela PRE, Procuradoria Regional Eleitoral, bateu todos os recordes de estupidez, falta de bom senso e também de mobilidade urbana. Além de estar projetada ao contrário, a polêmica obra piorou a locomoção dos moradores de pelo menos dois dos bairros da zona sul desta capital: o Tucumanzal e o São João Batista.
É bem capaz que os projetistas do “elefante branco” tenham raciocinado que nestes bairros só residem pessoas pobres. Quem mora na zona sul da cidade e tem parentes nos bairros citados ou vice-versa só perde com este arremedo de viaduto. Não há como visitar seus familiares sem gastar mais tempo e gasolina. O jeito agora é ir a pé mesmo. O itinerário aumentou em mais de 100 por cento para os infelizes. O “viaduto” infernizará suas vidas para sempre. A volta que se dará para chegar ao Tucumanzal é absurda. E para quem mora no bairro em frente, o São João Batista, o caos ficou ainda pior. Se quiser ir ao “açougue” João Paulo Segundo, deve fazer o contorno pelo antigo Trevo do Roque. Já pensou numa emergência? Têm que IMPLODIR aquilo ali. Traria mais tranquilidade, economia, conforto e mobilidade para os moradores das adjacências.
E pensar que tudo isto poderia ter sido evitado. A zona sul de Porto Velho tem mais de 100 mil habitantes e apenas uma entrada e uma saída. Por isso que existe tanto congestionamento. Era só ter criado uma ou duas novas ruas ligando o centro da cidade direto à Avenida Jatuarana sem passar pela Campos Sales ou pela BR 364, ali perto da Escola João Bento da Costa. Parece que não há bons arquitetos por aqui. Ou então a classe política não iria aceitar, pois construir viadutos deve ter verbas maiores. O governador Daniel Pereira deveria comprar toneladas de dinamites para implodir não só esses viadutos imprestáveis, mas também a ponte escura e inútil do rio Madeira e várias outras obras desnecessárias que só pioraram a já caótica vida dos nossos moradores. Eu implodiria as Três Caixas d’Água. Rondônia tem que começar de novo. Com novos políticos e administradores. E um novo povo. Será que vão mudar tudo nestas eleições?




*É Professor em Porto Velho.

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