A implosão dos
viadutos
Professor Nazareno*
Porto Velho é
uma das piores cidades do Brasil para se viver. Isto é fato. Desde muito tempo
o Instituto Trata Brasil mostra esta capital como sendo a pior do país em
saneamento básico e água tratada. O lixo esparramado no meio das ruas, a falta
de praças, de recantos de lazer e de jardins floridos completam o cenário
dantesco da capital de Rondônia. E como se não bastasse esse “inferno na terra”, aqui falta também
mobilidade urbana. Isso mesmo: uma cidade de pouco mais de 500 mil habitantes
não consegue dar a seus moradores tranquilidade para se locomover. A capital há
muito tempo já não tem linhas regulares e eficientes de coletivos para
transportar seus cidadãos. Alguns ônibus velhos, sujos, atrasados e
enferrujados circulam aleatoriamente pelas ruas e bairros. Culpa dos próprios habitantes
e também da infame classe política.
Para piorar
ainda mais esse contexto de terra arrasada que é Porto Velho, a classe política
local, incentivada por pessoas simplórias e ignorantes, resolveu construir
vários viadutos. Só que iniciaram e pararam por mais de dez anos. Muito tempo
depois, deram continuidade às obras e agora, em plena época de eleições, começaram
a ser inauguradas. Os trambolhos malditos infernizaram a nossa vida e tudo
ficou por isso mesmo. Pior: o elevado da BR 364 com a Avenida Campos Sales, que
teve sua inauguração questionada pela PRE, Procuradoria Regional Eleitoral, bateu
todos os recordes de estupidez, falta de bom senso e também de mobilidade urbana.
Além de estar projetada ao contrário, a polêmica obra piorou a locomoção dos
moradores de pelo menos dois dos bairros da zona sul desta capital: o
Tucumanzal e o São João Batista.
É bem capaz que os projetistas do “elefante branco” tenham raciocinado que
nestes bairros só residem pessoas pobres. Quem mora na zona sul da cidade e tem
parentes nos bairros citados ou vice-versa só perde com este arremedo de
viaduto. Não há como visitar seus familiares sem gastar mais tempo e gasolina. O
jeito agora é ir a pé mesmo. O itinerário aumentou em mais de 100 por cento
para os infelizes. O “viaduto”
infernizará suas vidas para sempre. A volta que se dará para chegar ao
Tucumanzal é absurda. E para quem mora no bairro em frente, o São João Batista,
o caos ficou ainda pior. Se quiser ir ao “açougue”
João Paulo Segundo, deve fazer o contorno pelo antigo Trevo do Roque. Já pensou
numa emergência? Têm que IMPLODIR aquilo ali. Traria mais tranquilidade,
economia, conforto e mobilidade para os moradores das adjacências.
E pensar que tudo isto poderia ter sido
evitado. A zona sul de Porto Velho tem mais de 100 mil habitantes e apenas uma
entrada e uma saída. Por isso que existe tanto congestionamento. Era só ter
criado uma ou duas novas ruas ligando o centro da cidade direto à Avenida
Jatuarana sem passar pela Campos Sales ou pela BR 364, ali perto da Escola João
Bento da Costa. Parece que não há bons arquitetos por aqui. Ou então a classe
política não iria aceitar, pois construir viadutos deve ter verbas maiores. O
governador Daniel Pereira deveria comprar toneladas de dinamites para implodir
não só esses viadutos imprestáveis, mas também a ponte escura e inútil do rio
Madeira e várias outras obras desnecessárias que só pioraram a já caótica vida
dos nossos moradores. Eu implodiria as Três Caixas d’Água. Rondônia tem que
começar de novo. Com novos políticos e administradores. E um novo povo. Será
que vão mudar tudo nestas eleições?
*É Professor em Porto Velho.
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