Agora torcerei
pelo Brasil
Professor
Nazareno*
Confesso que até
agora durante esta Copa do Mundo de futebol, eu ainda não tinha entrado no
clima de torcedor. Daqueles que apaixonadamente assistem a todos os jogos,
principalmente os do Brasil. Torci pela Alemanha, pela Argentina, pela Croácia
e até pelo México. Não deu certo nenhuma vez. Com exceção dos croatas, todos
perderam e já voltaram para casa. Mudei de ideia: rendi-me em definitivo ao
time canarinho. Fui picado pela mosca azul depois de ver o segundo tempo do
último jogo do Brasil contra os mexicanos. O nosso time não é uma equipe apenas.
É uma academia daquelas invencíveis. Equipe assim só aparece de 50 em 50 anos
no mundo do futebol. Nem sei dizer o nome dos nossos jogadores, mas vejo que o
país se apaixonou por eles incondicionalmente. O time uniu o país e num passe
de mágica botou a ordem no caos.
Pensei até em
torcer pela Bélgica na próxima sexta-feira pelas quartas de final. Mas me
faltaram razões coerentes para fazer isto. Em primeiro lugar porque “brasileiro que ama de verdade o seu país”
não pode torcer por time estrangeiro. Depois, a Bélgica é um país deplorável.
Deve ser igual à Suíça ou à Dinamarca. Países horríveis de se viver.
Praticamente não têm nenhuma qualidade de vida e o povo é muito frio. Não
entendo como um ser humano consegue morar em lugares como esses. O Reino da
Bélgica é menor do que o nosso Estado de Alagoas e tem uma população superior
da 10 milhões de pessoas. No país falam-se três línguas e suas cidades sediam
várias instituições internacionais. Pior: seus poliglotas jogadores são
conhecidos como “os diabos vermelhos”.
Os belgas devem ter um dos piores sistemas de educação do mundo.
Além do mais, o
time da Bélgica é muito ruim. Praticamente chegou “na marra” a esta fase da Copa do Mundo. Sem nenhuma habilidade no
futebol e com uma seleção que mais se parece uma espécie de “pega na rua”, não se percebe nenhum
atleta que se destaque na equipe. O Brasil vai dar um passeio neles. Acho que
três ou quatro gols ainda é pouco para nós. E é muito bom, pois a cada jogo que
ganhamos, os nossos problemas diminuem consideravelmente. Na hora das partidas,
por exemplo, quase não se veem pacientes nas UPAS ou nos hospitais públicos à
procura de médicos. Roubos, assassinatos e violência comum, coisas tão comuns
nas cidades belgas, não se verificam também nestas horas. Corrupção é uma
palavra que não se houve falar em dias de jogos. Tenho até pena do povo da
Bélgica que deve ter uma roubalheira altíssima por lá.
Se o Brasil
ganhar esta Copa, o que é um fato quase certo, muita coisa vai deslanchar em
terras tupiniquins. Duvido que os políticos queiram roubar mais o Erário. Até
as muitas obras paradas do país terão prosseguimento. Se houve operação da
Polícia Federal nestes tempos, a mídia não noticiou nada. Até os viadutos
imprestáveis de Porto Velho foram inaugurados durante os jogos. A seleção
brasileira tem o poder de deixar quase todo o povo daqui feliz e rindo à toa
com os seus poucos dentes. Professores “esclarecidos”
gritam a todos os pulmões para seus alunos: “o Brasil é uma potência, mano! Ninguém segura este país!”
Jornalistas eufóricos escrevem textos patrióticos. Todos, da direita e da
esquerda, se confraternizam alegres. Cada gol de Neymar ou de Philippe Coutinho
o país explode e mergulha no “patriotismo
de ocasião”. Desculpem-me outros povos e países: vou me vestir de amarelo e
gritar feito louco: "Brasil, hexa!".
*É
Professor em Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário