Testando a
democracia
Professor
Nazareno*
A jovem
democracia brasileira tem menos de 40 anos. Na verdade, há 34 anos, no dia 15
de março de 1985, com a doença de Tancredo Neves, o vice-presidente José Sarney,
eleito pelo Colégio Eleitoral, inicia o seu mandato. Ela é muito jovem, é
verdade, mas nunca na história deste país vivemos tanto tempo assim sob esse
regime que Segundo Winston Churchill, “é
a pior forma de governo, exceto todas as outras”. E hoje com a eleição de
Jair Bolsonaro e seus filhos, a nossa democracia, “conquistada há pouco tempo e a muito custo” nunca esteve tão
ameaçada. Desde muito antes da campanha eleitoral que levou essa gente ao
poder, que a nossa tranquilidade política sofre ameaças. Quando não é o
presidente com suas frases ameaçadoras, são os seus filhos que afrontam sem
maiores problemas o nosso estado democrático de direito.
Por causa da
roubalheira dos governos de esquerda, o “embuste
de presidente” ganha as eleições com mais de 57 milhões de votos e assume o
poder demonstrando pouco ou nenhum apego à democracia. Bolsonaro foi machista,
homofóbico, misógino e preconceituoso com índios e negros. Ele, para delírio de
muitos de seus eleitores, atacou praticamente todas as minorias e também a
nossa democracia. Pior: durante o golpe dado na Dilma Rousseff em 2016, o “Mito” teceu elogios ao coronel Brilhante
Ustra, um torturador reconhecido pela nossa Justiça. Em pleno século vinte e um,
Jair Bolsonaro faz questão de caminhar na contramão do pensamento que domina as
mais civilizadas e modernas democracias do mundo. Ele praticamente já entrou em
rota de colisão com vários líderes e governos como o da França na recente
questão ambiental.
Os filhos do
atual presidente do Brasil são muito piores do que os filhos do Lula. Estes já
estão esquecidos enquanto aqueles incomodam com ameaças. E as declarações
absurdas são constantes. Outro dia, Carlos Bolsonaro, vereador na cidade do Rio
de Janeiro, disse que sob uma democracia, as mudanças para o país são quase
impossíveis. Agora, foi a vez de Eduardo Bolsonaro, eleito democraticamente o
deputado federal mais bem votado do Brasil em todos os tempos, afirmar
aleatoriamente que “se a oposição tiver
importunando demais, poderia ser decretado um novo AI -5 para enfrentar a
situação”. Muito estranho ele falar isso num momento de total calmaria no
país. Eduardo fora indicado pelo próprio pai para ser embaixador do Brasil nos Estados
Unidos e agora é líder do PSL, o partido pelo qual todos os Bolsonaros foram
eleitos.
Das duas uma: ou
eles, pela imbecilidade que têm, estão testando a nossa democracia de maneira
irresponsável ou estão criando factoides para encobrir coisas muito mais
graves. As provas do assassinato da vereadora Marielle Franco, por exemplo,
chegam cada vez mais perto dos gabinetes e também da casa dos bolsonaros.
Afinal um deles, o Flávio, foi eleito senador no mesmo Estado onde a Marielle
seria também candidata ao Senado. Além do mais, o caso Queiroz, o PC Farias do
Bolsonaro, não para de atormentar a vida deles. A democracia do Brasil, apesar
de jovem, é forte e vai resistir a tudo. As reações foram unânimes e Eduardo,
que já pediu desculpas, agora corre o risco de ser cassado. Não é possível que
tantas pessoas sejam também fascistas e antidemocráticas. Se forem, devem
entender que uma mentalidade não se muda assim do nada. Afinal, o remédio para
os males da democracia será sempre mais democracia.
*É
Professor em Porto Velho.
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