terça-feira, 4 de setembro de 2018

O “mito” de mãos atadas


O “mito” de mãos atadas


Professor Nazareno*

            
             À medida que avança a campanha eleitoral no Brasil, tem-se cada vez mais uma certeza macabra: Jair Bolsonaro, o candidato reacionário da extrema direita, pode disputar o segundo turno com outro concorrente. Chamado de “mito” pelos mais fanáticos seguidores, ele continua disparando a sua metralhadora verbal à cata dos votos daqueles eleitores mais incautos, despolitizados, tolos e sem leitura de mundo. Assim como outros déspotas, como o Collor e o próprio Lula, todos equivocadamente também chamados de mito e de salvadores da pátria, Bolsonaro encarna o que de mais estranho, antidemocrático e ultrapassado existe na política moderna. E pelas suas absurdas declarações, o que se vê é um candidato cujas propostas políticas semeiam o ódio, o medo, a vingança e a divisão cada vez mais acentuada entre os cidadãos brasileiros.
            O insólito crescimento nas pesquisas, no entanto, não mostra nenhum mérito do ex-militar da extrema direita. Ele cresceu e apareceu por causa da maneira fracassada de se fazer política neste país. Crise, inflação e caos social fizeram-no ganhar terreno e se projetar na cabeça dos eleitores como mais um dos nossos muitos “salvadores da pátria”. O caótico governo de Michel Temer foi o combustível que adubou e deu fôlego à campanha mais reacionária da nossa História recente. A roubalheira do PT e do presidiário Lula também contribuíram para esse falso “fenômeno eleitoral”. Há muito tempo que o Estado brasileiro é ineficiente e injusto para com os seus cidadãos. E como no Brasil da “Nova República” de Sarney e em países derrotados em guerras criou-se o terreno fértil para se pregar ideias mirabolantes. Eis, de novo, a “tábua da salvação”.
            Mas eleito, o “mito” pouco pode fazer. E suas promessas não passarão disso: só promessas mesmo. O atual sistema presidencialista engessa e inviabiliza toda e qualquer pretensão do chefe do Executivo e a Constituição está repleta de cláusulas pétreas. Além disso, existe o Congresso Nacional onde, se o presidente eleito não tiver maioria, pode ter parte de suas propostas vetadas. Isso sem falar no Ministério Público e no Poder Judiciário, que estão cada vez mais atuantes e fiscalizadores. Bolsonaro esquece que o Brasil é signatário de várias convenções e de tratados internacionais e por isso não pode deixar de cumprir o que foi acordado. Porém a maioria de seus ingênuos eleitores não entende nada disto e assim alimenta vãs esperanças de que o seu “herói” será o todo poderoso que tudo pode. Alguém viu, por exemplo, algum marajá que o Collor caçou?
            Mulheres, quilombolas, negros, índios, presidiários, homossexuais e algumas minorias podem até votar no “mito”, mas primeiro deveriam se informar melhor sobre as funções de um presidente da República num sistema presidencialista e democrático. “Ninguém vai deixar de votar em Bolsonaro a essa altura”, comentou nas redes sociais um professor de Filosofia do Amazonas. E continuou: “ele é apenas um amplificador do preconceito e uma autoimagem de muitos brasileiros. É racista, homofóbico, misógino, sádico e subletrado. E muitos brasileiros têm um Bolsonaro perto de si”, ironizou. Porém é bom que se diga: quase não há candidatos em quem se possa confiar. É tudo mais do mesmo. Para presidente e também para governador dos Estados o que se observa é a mesma desgraça sendo repetida. “Mas o senhor Jair Messias Bolsonaro não é um mito, é só um espelho da ignorância brasileira”, concluiu o professor amazonense.




*É Professor em Porto Velho. (http://blogdotionaza.blogspot.com/)

Um comentário:

Caio Neiva disse...

Argumentações cheias de acusações "achísticas", seria o mesmo que dizer que o Senhor semeia ódio a cidade de Porto Velho por meio dos seus textos, basta um pouco de interpretação de texto para saber que não, entendo como críticas a conjectura político-social-urbanística da cidade, mas o outro, esse sim, dissemina ódio, medo... O maior problema do Bolsonaro, é basicamente ele não falar o politiquês de uma forma asséptica, como todo bom "intelequituau" gosta.