O “mito” de mãos atadas
Professor
Nazareno*
À medida que
avança a campanha eleitoral no Brasil, tem-se cada vez mais uma certeza
macabra: Jair Bolsonaro, o candidato reacionário da extrema direita, pode
disputar o segundo turno com outro concorrente. Chamado de “mito” pelos mais fanáticos seguidores, ele
continua disparando a sua metralhadora verbal à cata dos votos daqueles
eleitores mais incautos, despolitizados, tolos e sem leitura de mundo. Assim
como outros déspotas, como o Collor e o próprio Lula, todos equivocadamente
também chamados de mito e de salvadores da pátria, Bolsonaro encarna o que de
mais estranho, antidemocrático e ultrapassado existe na política moderna. E
pelas suas absurdas declarações, o que se vê é um candidato cujas propostas
políticas semeiam o ódio, o medo, a vingança e a divisão cada vez mais
acentuada entre os cidadãos brasileiros.
O insólito crescimento nas
pesquisas, no entanto, não mostra nenhum mérito do ex-militar da extrema
direita. Ele cresceu e apareceu por causa da maneira fracassada de se fazer
política neste país. Crise, inflação e caos social fizeram-no ganhar terreno e
se projetar na cabeça dos eleitores como mais um dos nossos muitos “salvadores da pátria”. O caótico governo
de Michel Temer foi o combustível que adubou e deu fôlego à campanha mais
reacionária da nossa História recente. A roubalheira do PT e do presidiário
Lula também contribuíram para esse falso “fenômeno
eleitoral”. Há muito tempo que o Estado brasileiro é ineficiente e injusto
para com os seus cidadãos. E como no Brasil da “Nova República” de Sarney e em países derrotados em guerras criou-se
o terreno fértil para se pregar ideias mirabolantes. Eis, de novo, a “tábua da salvação”.
Mas eleito, o “mito” pouco pode fazer. E suas promessas não passarão disso: só promessas
mesmo. O atual sistema presidencialista engessa e inviabiliza toda e qualquer
pretensão do chefe do Executivo e a Constituição está repleta de cláusulas
pétreas. Além disso, existe o Congresso Nacional onde, se o presidente eleito
não tiver maioria, pode ter parte de suas propostas vetadas. Isso sem falar no
Ministério Público e no Poder Judiciário, que estão cada vez mais atuantes e
fiscalizadores. Bolsonaro esquece que o Brasil é signatário de várias
convenções e de tratados internacionais e por isso não pode deixar de cumprir o
que foi acordado. Porém a maioria de seus ingênuos eleitores não entende nada
disto e assim alimenta vãs esperanças de que o seu “herói” será o todo poderoso que tudo pode. Alguém viu, por exemplo,
algum marajá que o Collor caçou?
Mulheres, quilombolas, negros,
índios, presidiários, homossexuais e algumas minorias podem até votar no “mito”, mas primeiro deveriam se informar
melhor sobre as funções de um presidente da República num sistema
presidencialista e democrático. “Ninguém
vai deixar de votar em Bolsonaro a essa altura”, comentou nas redes sociais
um professor de Filosofia do Amazonas. E continuou: “ele é apenas um amplificador do preconceito e uma autoimagem de muitos
brasileiros. É racista, homofóbico, misógino, sádico e subletrado. E muitos
brasileiros têm um Bolsonaro perto de si”, ironizou. Porém é bom que se
diga: quase não há candidatos em quem se possa confiar. É tudo mais do mesmo.
Para presidente e também para governador dos Estados o que se observa é a mesma
desgraça sendo repetida. “Mas o senhor
Jair Messias Bolsonaro não é um mito, é só um espelho da ignorância brasileira”,
concluiu o professor amazonense.
*É
Professor em Porto Velho. (http://blogdotionaza.blogspot.com/)
Um comentário:
Argumentações cheias de acusações "achísticas", seria o mesmo que dizer que o Senhor semeia ódio a cidade de Porto Velho por meio dos seus textos, basta um pouco de interpretação de texto para saber que não, entendo como críticas a conjectura político-social-urbanística da cidade, mas o outro, esse sim, dissemina ódio, medo... O maior problema do Bolsonaro, é basicamente ele não falar o politiquês de uma forma asséptica, como todo bom "intelequituau" gosta.
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