Uma facada no Brasil
Professor
Nazareno*
O covarde ataque
contra a vida do presidenciável Jair Bolsonaro durante atos de campanha eleitoral em Minas Gerais mostra ao
mundo a verdadeira face do Brasil: incivilidade, violência, selvageria, ódio,
vingança, desejos homicidas e acima de tudo intolerância às posições políticas
divergentes. A facada durante o trágico atentado político atingiu não apenas o
candidato do PSL, chamado por muitos de “mito”,
mas principalmente acertou a já fragilizada imagem do Brasil no mundo
civilizado. Jair Bolsonaro nem nenhum outro ser humano merecia sofrer algo tão
bárbaro e medieval como esse ataque abominável. Ideias se combatem com outras
ideias. Argumentos se contestam com outros argumentos. Posições políticas contrárias
se enfrentam com outras posições políticas, nunca com tiros, facadas ou
violência gratuita e premeditada.
Eu
particularmente nunca concordei e nem concordo com a maioria das posições
políticas assumidas pelo candidato Bolsonaro. Não só as ideias do ex-militar,
mas de muitos outros candidatos que estão nesta disputa. Entendo que a solução
para o Brasil não passa pela violência nem pelo acirramento do ódio entre as
pessoas. No campo das ideias e dos argumentos tenho as minhas convicções que
são totalmente divergentes das dele e de todos os seus apoiadores e
simpatizantes. Nenhum atentado vai destruir ideias e substituí-las por outras.
Só a dialética, o debate saudável e a discussão podem levar a um consenso. Os
problemas da democracia têm que ser resolvidos sempre com mais democracia. Essa
estupidez inexplicável coloca o nosso país ao lado das atrasadas repúblicas bananeiras
e também das nações terceiro-mundistas da África subsaariana.
Essa agressão
infame não foi somente contra um candidato à Presidência da República. Foi
contra a civilidade e também contra qualquer ser humano que deseja a paz e a
tolerância entre os cidadãos. E tomara que a barbárie tenha sido apenas mais um
atentando político e não, como muitos já estão afirmando nas redes sociais, que
se trata de uma encenação sórdida para arrebatar mais votos, admiração e apoio
ao ex-militar da extrema direita. “Atentado
sem sangue?” é a frase dos opositores que mais se vê na internet. A
campanha política tem que ser tranquila. São os projetos que precisam ser
discutidos e não as pessoas ou suas atitudes. Nada de querer metralhar
militantes do PT ou de qualquer outro partido. Essa postura lamentável provoca infelizmente
mais ódio entre o povo. O Brasil vive hoje dias de muita tensão desde o fatídico
golpe de 2016.
O voto de Jair
Bolsonaro na ocasião do golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff do PT foi
uma incitação grosseira à violência e à tortura. Pouca gente se esqueceu
daquele triste episódio. O ódio e a insensatez, que não justificam facadas,
cresceram e infelizmente culminaram nesta incivilidade. Nada de dar porrada em pessoas.
Nada de “bandido bom é bandido morto”,
de pena de morte, de diminuição da maioridade penal, de ataques a homossexuais,
quilombolas e outras minorias, nada de desrespeitos aos direitos humanos nem de
perseguição a ninguém. Tomara que Jair Bolsonaro saia logo dessa com muito mais
saúde e disposição para poder entender que suas posições políticas estão
equivocadas, ultrapassadas e que por isso merecem ser repensadas e mudadas para
o bem do Brasil e de todos nós. Saúde longa ao “mito”. O nosso país não precisa de violência nem de radicalismos
para ter futuro. Precisa de paz.
*É
Professor em Porto Velho.
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