quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Desculpem-me, grafiteiros!


Desculpem-me, grafiteiros!


Professor Nazareno*

            
         Às vezes fazemos coisas sem pensar e por isso nos arrependemos amargamente pelas nossas ações. Uma dessas coisas inomináveis que eu fiz foi criticar recentemente e de forma irresponsável a “ARTE” dos grafiteiros nos viadutos de Porto Velho. Pior: disse que aquele excelente trabalho de brilhantismo e galhardia não tinha a veia crítica, reflexiva e não apresentava resquícios de inteligência. Santo Deus, quanta tolice! O trabalho de vocês está muito acima da arte e do reconhecimento. Um Nobel, deveria ser o prêmio para quem criou aquelas divinas aquarelas. As Academias sueca e norueguesa deveriam mandar emissários a Porto Velho só para premiar tão belo trabalho artístico. Provavelmente eles vão criar mais um prêmio anual ou então substituir o de Literatura somente para agraciar vocês de forma mais justa. Aquela obra-prima será eternizada.
            Cada desenho é uma história à parte. É uma lição de vida. Uma aula. É um ensinamento para esta e para as futuras gerações. Cada criação de vocês nos remete à História, à reflexão, à criticidade, à filosofia, ao bom senso. Vocês são artistas de verdade, não aquelas porcarias que vemos nos livros de História. Rembrandt, Da Vinci, Van Gogh, Michelangelo e tantos outros ficaram na poeira diante de suas belas telas. Hoje eles sentiriam vergonha se vissem suas criações. A história da arte agora se divide em duas: antes dos viadutos de Porto Velho e depois deles. O Renascimento deveria começar agora: a partir desse insubstituível trabalho de criatividade e veia artística. Olhando cada desenho, nossos olhos se enchem de lágrimas. Já testemunhei pessoas chorando de emoção diante de algumas telas. Turista agora é o que não faltará por aqui.
Os próprios viadutos de Porto Velho também deviam ser citados como obra de engenharia. Deveriam também ser reconhecidos internacionalmente e receber uma espécie de Oscar da Engenharia e da Arquitetura. Acabaram para sempre com os engarrafamentos e embelezaram a cidade. Aquilo ali só pode ter sido trabalho de um Jaime Lerner ou de um Pereira Passos. Gostaria de saber qual foi a cabeça que os criou. Construídos em tempo recorde e sem usar um centavo a mais do que o previsto, as obras colocaram a “capital dos destemidos pioneiros” como uma das mais importantes metrópoles do mundo. Eles são iluminados, versáteis, práticos, limpos e de extrema utilidade para os usuários. E vocês viram tudo isso. Gênios que são! E captaram cada detalhe em seus “pincéis”. Não há como não se orgulhar de ser porto-velhense, mano!
Quero também pedir desculpas à banda da “música da coberta”. Sucesso nacional e de grande reconhecimento internacional, ela com sua agenda sempre lotada, em breve desbancará os Beatles, Abba e Bee Gees. Essa banda de Porto Velho é um primor. Só não vê (e ouve) quem não quer. Mas tenho uma pequena crítica ao trabalho  de vocês: por que não desenharam também a foto dos vários políticos daqui? Prefeitos, governadores, deputados, senadores e vereadores por exemplo? Eles é que são os heróis de verdade desse inteligente povo. Não fosse o pouco tempo de vocês, gostaria de ter algumas dessas obras pintadas em minha humilde casa. Toda aula minha a partir de agora lembrará os viadutos de Porto Velho. Será que daria para retirar alguns daqueles desenhos para serem mostrados no Louvre de Paris e no Metropolitan de Nova Iorque? Mas sem aquela montanha de lixo, pois os apreciadores estrangeiros são mais exigentes.




*É Professor em Porto Velho.

2 comentários:

Luciano Oliveira disse...

Professor, o seu pedido de desculpas não está sendo muito aceito pela classe artística. O preconceito ainda está escancarado em seus escritos. Gostaria de lembrá-lo que a Arte é uma área de conhecimento e deve ser respeitada como tal. Pelo que sabemos, a sua formação não é nessa área. Logo, entendemos a ingenuidade de sua "crítica".

Paola Foroni disse...

Perdeu a oportunidade de ficar "calado". Aquele outro texto já foi desrespeitoso o suficiente. Agora vc nos mostra que a idade nem sempre traz maturidade.