Quando falham os
governantes
Professor
Nazareno*
À medida que se
aproximam as eleições, cresce uma certeza ainda mais incômoda entre os
eleitores brasileiros: o segundo turno será decidido de novo entre os dois
polos ideológicos da opinião pública nacional. Pelo menos é o que indicam até
agora as pesquisas. Só que dessa vez teremos a presença não mais da direita
conservadora com o PSDB, mas da extrema-direita reacionária representada pelo
Bolsonaro. É para muitos o pior cenário para o país, pois a divisão se
acentuará ainda mais e a futura governabilidade ficará comprometida. O grupo
que chegar ao poder poderá sofrer boicote nas suas pretensões de governar. Por
isso, até agora nenhum candidato desponta como alternativa viável neste cenário
de intrigas e divisões. Não há o fiel da balança que tenha grande experiência
administrativa para resolver o caos.
O brasileiro só fala em crise.
Povo na sua maioria preguiçoso, indolente, falso, subletrado, sem nenhuma
leitura de mundo e também chegado às mamatas oficiais, o cidadão comum deste
país reclama de tudo. Em período de eleições como agora ele se esmera na arte
de pedir. Não pode ver um candidato que vai logo dizendo quais são as suas
necessidades. E dificilmente se pensa na coletividade, nos problemas que
atingem a todos. “Candidato bom é aquele
que resolve os meus problemas primeiro”, pensa-se de forma egoísta. Assim,
a eleição deste ou daquele candidato em nada vai contribuir para resolver os
inúmeros problemas socais do país. De novo, o grupo que governará a nação pelos
próximos quatro anos buscará apenas meios para se perpetuar no poder. Para
muitos, a estratégia é somente de poder e não de governo.
A perigosa ascensão da
extrema-direita neste pleito, no entanto, é apenas fruto da incompetência e do
fracasso dos sucessivos governos de direita e de esquerda, embora esta tenha
governado apenas 13 anos enquanto aquela governou o resto do tempo. No Brasil
infelizmente os 518 anos de História para nada serviram. Temos uma das piores
desigualdades sociais do mundo e os nossos maiores problemas são desemprego,
educação de péssima qualidade, saúde pública em frangalhos, corrupção endêmica
na sociedade, falta de infraestrutura em portos, aeroportos e estradas,
violência alarmante, caos social. Enquanto isso, os candidatos discutem
ideologia de gênero, novos tipos de família e outras tolices mais. E muitos
eleitores estão aborrecidos porque o Jean Wyllys ou o Alexandre Frota pode ser
o novo ministro da Educação.
Antes das eleições, o que se
ouve dos eleitores é "vou anular o meu voto! Não vou votar em
ninguém! Vou votar em branco! Nas eleições a gente dá o troco!”. Tudo
falácia, rompança, mentira, pois mal chegam as campanhas políticas e estão
todos lá torcendo pelos seus candidatos e brigando por eles. Olhando o que
dizem as pesquisas, dá até medo em saber quem são os cidadãos que serão eleitos
em Rondônia e no Brasil. “Me engana que
eu gosto”. Tudo mais do mesmo. Nos próximos quatro anos continuará a mesma “merda de sempre” se depender dessas
eleições. Dá para acreditar nesses brasileiros? Os governantes falham, mas o
eleitor falha mais ainda ao colocá-los para nos governar. Muitos vão escolher o
candidato que defenderá a sua família como se ele, o eleitor, não pudesse fazer
isso. E como de costume, quase ninguém se lembrou da educação quando escolheu o
seu preferido. Brasil: quando todos falham, vem o abismo.
*É
Professor em Porto Velho.
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