Desafio aos
candidatos
Professor
Nazareno*
Como de costume,
nestas eleições são muitos os candidatos. Só para presidente da República são
mais de uma dúzia deles. Em Rondônia tem outra penca querendo ser governador do
Estado. Para senador, deputado federal e deputado estadual os números se
multiplicam exponencialmente. Todos prometendo aquilo que sabem que jamais
poderão cumprir. São, portanto, mentirosos e enganadores da boa fé do idiota
eleitor. Porém, eles não se preocupam em fazer isso: faz parte do jogo político
e todos, eleitores e candidatos, já se acostumaram à hipocrisia que movimenta
as campanhas. Terminadas as eleições, recolhem-se aos seus afazeres e aos trancos
e barrancos o país, os Estados e muitas vezes os municípios continuam a sua
rotina de colapso e de desrespeito ao povo. Os cidadãos que pagam impostos
seguem tendo negados seus direitos mais elementares.
Mas no jovem,
atrasado e subdesenvolvido Estado de Rondônia, por exemplo, não há a menor
necessidade de se fazer tantas promessas inatingíveis. Três realizações, isso
mesmo, apenas três fatos poderiam ser resolvidos sem a necessidade de se mentir
tanto para os simplórios eleitores. Com isso, metade dos problemas estaria
sanada e a “Latrina do Brasil”
poderia ter dias melhores. A fumaça absurda que todos os anos atormenta os
moradores do Estado. O calvário do “açougue”
João Paulo Segundo e o saneamento básico da pior capital do Brasil para se
viver. Claro que há inúmeros outros problemas a serem resolvidos como melhoria
na qualidade da educação pública, combate à corrupção e melhoria das estradas
para escoamento da produção. Só que o sujeito que resolver estes três entraves,
jamais deixará de ganhar eleições neste Estado.
Em tempos de
preservação do meio ambiente, o governador que resolvesse definitivamente a
terrível questão das queimadas nesta parte da Amazônia, ganharia notoriedade
internacional. Todos os anos nesta época é um horror morar nas cidades de
Rondônia. A fumaça insuportável provoca mortes, fecha aeroportos e lota os
precários hospitais da região. Será que nenhum dos candidatos vê este calvário
que todos nós, inclusive eles mesmos, sofrem? Estrutura há de sobra no aparelho
do Estado para enfrentar o caos. Com inúmeros órgãos responsáveis pela
preservação ambiental esta hecatombe amazônica anual poderia ter um fim sem
muito esforço. Outro problema é o “açougue”
João Paulo Segundo da capital. Será que os candidatos acham bonita sua
existência? O “campo de extermínio de
pobres” sempre manchou a imagem do Estado.
Quase nenhum dos
candidatos, quase nenhuma autoridade daqui parece já ter precisado dos serviços
do velho “açougue”. Deve ser por isso
que fazem pouco caso dele. O terceiro problema a ser resolvido seria fazer
saneamento básico nas cidades rondonienses principalmente na capital Porto
Velho. Ver a “cidade da fedentina”
figurar todos os anos como o pior lugar do Brasil para se viver parece que não
faz nenhuma vergonha aos políticos, mesmo aqueles que são filhos da terra. Por
isso, espero que o professor Alecks Palitot e a ativista social Luciana
Oliveira, se eleitos, comecem a pensar nesta possibilidade. Seria muito bom
também que outros candidatos, que se orgulham de serem filhos da terra, começassem
a se movimentar neste sentido. Todos temos esses direitos e não é pedir demais
a quem tem o poder de saná-los. Candidato bom não promete, faz: fim das
queimadas, mais atenção à saúde e saneamento básico.
*É
Professor em Porto Velho.
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