Txai Suruí,
governadora!
Professor
Nazareno*
Eu já disse para
que ela não entrasse na sórdida política dos brancos. Mas se quiser entrar,
terá muito mais coisas a apresentar aos seus eleitores do que todos os
candidatos concorrentes juntos. Txai Suruí, a jovem e encantadora indígena
nascida em Rondônia, elevou o nome de seu povo, os paiter-suruí de Cacoal, ao
grau máximo que uma comunidade pode ter: discursou em inglês para quase 200
chefes de Estado na COP26, a conferência do clima da ONU em Glasgow na Escócia
e foi aplaudida de pé por todo o mundo civilizado e desenvolvido. Para
desespero dos reacionários e bolsonaristas, a jovem índia “botou no bolso” de uma só tacada o presidente do Brasil, o
governador de Rondônia e os prefeitos de Cacoal e de Porto Velho. Ameaçada de
morte, xingada, agredida, destratada e enxovalhada na internet ela, sensata, “deu de ombros”.
Nunca, em momento algum da história
da humanidade, o desconhecido nome de Rondônia e também do povo suruí chegou
tão alto como agora com esta jovem e bela indígena. Hildon Chaves, por exemplo,
o atual prefeito de Porto Velho, tem o costume de andar o mundo inteiro. Porém,
nunca levou nem elevou o nome de Porto Velho para nenhum lugar aonde viajou.
Hong Kong, Miami, Barcelona e inúmeras outras cidades do mundo jamais ouviram
uma só palavra do alcaide porto-velhense. Suas andanças sequer serviram para
nos trazer experiências de lugares mais civilizados. Nem sei se o “viajado” Dr. Hildon consegue se
expressar em inglês, como fez a reluzente indígena de Cacoal. Qual a autoridade
de Rondônia que tem a importância de ser convidada para discursar para líderes
mundiais numa conferência das Nações Unidas? Nenhuma delas.
E que
importância têm para o mundo essas mesmas autoridades rondonienses? Todas são iguais
ao apagado e desconhecido governador do Estado, o bolsonarista coronel Marcos
Rocha. Aliás, Rocha estava também com toda sua comitiva na citada conferência,
mas parece que foi solenemente ignorado, ao contrário de Txai Suruí e de suas
sábias palavras. Será que se a jovem índia fosse prefeita de Porto Velho, a
cidade estaria na triste situação em que se encontra? Além de não ter água
tratada, saneamento básico, arborização e esgotos, a capital de Rondônia é o
centro do desmatamento e das queimadas na região amazônica em todo verão. Tudo
ao contrário do que prega Txai Suruí em seu discurso e ações. Defender seu
povo, seus ancestrais, as florestas, as árvores, os animais e a natureza faz
parte da vida desta jovem já reconhecida no mundo.
Se ela está a anos-luz em
importância à frente dos políticos tradicionais de Rondônia, de Porto Velho e
de Cacoal, nem é bom comparar Wailela Txai Suruí com Jair Bolsonaro, o apagado,
desconhecido, odiado e inútil presidente do Brasil. Muito diferente da indígena,
o presidente dos brasileiros é uma espécie de aborto da natureza que para nada
serve a não ser incentivar o desmatamento, envenenar a terra com agrotóxicos, perseguir e ameaçar os povos
indígenas e manchar cada vez mais o nome do Brasil no exterior. Mas tomara que
a bela índia não entre na política para aprender a mentir e pedir votos em
troca de nada como fazem os nossos representantes. Sendo governadora de
Rondônia, será que ela deixaria o seu povo morrer à míngua como está
acontecendo com os pobres e miseráveis que vão para o hospital João Paulo II de
Porto Velho? Destruir a floresta e devastar o meio ambiente não estão no seu
rico vocabulário.
*Foi
Professor em Porto Velho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário