Em busca da
Covid-19
Professor
Nazareno*
A pandemia de Covid-19 ainda não
acabou. A desenvolvida e civilizada Europa está enfrentando mais uma onda
devastadora do vírus e hoje já é de novo o epicentro da doença. Os números de
mortos e infectados só aumentam no velho continente. Com a chegada do inverno,
e consequentemente muito frio, a tendência é que haja um aumento considerável
de casos. A Áustria decretou recentemente um novo lockdown e a partir de
fevereiro próximo deve tornar obrigatória a vacinação de todos os seus
cidadãos. Os casos se multiplicam também na vizinha Alemanha, que segundo a
chanceler Ângela Merckel, “estão fugindo
do controle das autoridades”. O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse
melancolicamente que até o fim do inverno “os
alemães estarão vacinados, curados ou até mortos”. O caos só aumenta em
outros países do continente.
O negacionismo tosco e as baixas
taxas de vacinados em alguns países europeus podem estar por trás dessa nova e devastadora
onda lá na Europa. “Agora é a pandemia
dos não vacinados”, afirmam muitos cientistas. Com exceção de Portugal e
Espanha, que têm uma taxa de quase 90 por cento de totalmente vacinados, a
maioria das nações europeias ainda “patina”
com taxas entre 60 e 70 por cento de seus cidadãos completamente imunizados.
Essas taxas, no entanto, são até superiores às que se verificam no Brasil no
momento, mesmo com uma adesão quase total dos nossos cidadãos à vacinação. A
pandemia pode estar ainda muito longe do fim e muitas autoridades do país estão
tomando medidas que vão de encontro ao que recomenda a ciência e a própria OMS.
Precaução: “é preciso ter muita cautela
antes de liberar tudo”.
O público sem limites praticamente
já liberado para os jogos de futebol, as festas de fim de ano, as muitas
aglomerações, a liberação de missas e cultos religiosos, a desobrigação do uso
de máscaras nas ruas, a proximidade da campanha eleitoral com comícios e mais
ajuntamentos e a possível realização do Carnaval em fevereiro de 2022 podem
turbinar e muito a presença do vírus entre nós a partir dos próximos meses. E
pior: o número de doentes e mortos pode aumentar, pois haverá novos infectados
e possivelmente novas variantes podem surgir e colocar todo o custoso processo
de vacinação a perder. Em Rondônia, que tem registrado significativo aumento da
doença, o número diário de óbitos está aumentando consideravelmente entre os
não vacinados. Por isso, é preciso ter cuidado. As pessoas estão brincando, porém
o vírus está atento.
Infelizmente as pessoas
que morreram ultimamente em Rondônia, a maioria delas não tinha tomado nenhuma
vacina ou simplesmente não tinha completado o esquema vacinal como a segunda
dose ou a dose de reforço. É triste, mas o que mais se tem observado em Porto
Velho, e em muitas outras cidades do país, são pessoas agindo como se nunca
tivesse havido a Covid-19. Parece que o Brasil nem perdeu até agora mais de 613
mil pessoas vítimas desta lastimável pandemia. A irresponsabilidade dos
governantes e também da grande maioria da população pode fazer tudo voltar à
estaca zero. Algo bom: a Banda do Vai Quem Quer de Porto Velho fez a sua
primeira coisa louvável na vida: não vai desfilar em 2022 por causa da
pandemia. Assim como muitos outros blocos de Carnaval daqui. E em várias outras
cidades do país já suspenderam a folia. Parece que em meio a tanto caos, agonia
e mortes, ainda há uma tênue esperança.
*Foi
Professor em Porto Velho
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