Deus está no
João Paulo II
Professor
Nazareno*
Para muitas
pessoas, Deus simplesmente não existe. É uma criação dos homens, que diante do
desconhecimento das coisas que os cercam, inventaram um ser invisível e muito
poderoso que tudo pode, tudo sabe e em todo lugar está presente. Além de ter o
domínio absoluto sobre todas as ações antrópicas, Ele é uma espécie de juiz que
vai julgar a todos num dia incerto e não sabido. Além de Deus, os homens teriam
inventado também seus representantes e até um forte opositor: satanás. Seus
criadores achavam que, temendo um ser superior, poderoso e indestrutível, o
homem frearia sua arrogância e sua maldade na Terra. Mas existindo ou não,
tendo sido criado pelo homem ou não, o fato é que muitas pessoas afirmam que já
O viram e dizem ter provas irrefutáveis de sua existência. Muitos até dizem que
Ele frequenta o hospital João Paulo II de Porto Velho.
Quando alguém tem a suprema
infelicidade de procurar ajuda médica no referido logradouro público é comum
ouvir de seus amigos e familiares: “Deus
te acompanhe”. Ou então o já famoso e infalível “Deus estará contigo”. E assim o pobre infeliz, na companhia do Todo
Poderoso e já meio desenganado, é colocado no chão frio numa maca improvisada
num dos corredores sujos e infectados daquele “hospital” à espera da morte certa ou então de um médico que passará
dias ou até semanas para atendê-lo. Sob uma forte goteira e o mau cheiro de
carne humana apodrecida, o sujeito se sente feliz e tranquilo, pois “Deus está ali com ele”. E Deus é muito
bom mesmo, já que deu aos homens públicos de Rondônia a capacidade ímpar de ter
criado um hospital “tão bom” quanto
este. Não fosse Ele com sua infinita bondade, todos morreriam no meio da rua.
Deus deve viver dentro do João Paulo
II de Porto Velho, pois este hospital é quase indestrutível e parece que durará
para sempre. Jerônimo Santana, Osvaldo Piana, Valdir Raupp,
José Bianco, dois mandatos de Ivo Cassol, o do Império da Roça,
dois mandatos de Confúcio Moura, um médico, e um mandato do bolsonarista
Marcos Rocha. Ou seja, “Açougue”
7 X 0 Governadores. E seriam nove. Em 2022, recomeçará a “boa, abençoada e divina”
campanha eleitoral para presidente, governador, senador, deputados estaduais e
deputados federais. Deus, óbvio, estará junto com todos eles abençoando as
promessas, que serão, como sempre, transformadas em votos. Sem Deus e sem o
João Paulo muitas autoridades não sobrevivem: “e o açougue será substituído”.
“O
próximo ano, portanto, será a arrancada final daquilo ali”. Todos dirão isso
nas promessas de palanque. O “oceano de
autoridades”, que geralmente têm bons planos de saúde e ótimo atendimento
médico, finalmente vai dar andamento à papelada para iniciar os trabalhos de
construção de um novo hospital de pronto socorro para Porto Velho e para
Rondônia. E se tudo der certo, daqui a quatro, cinco anos ou até um pouquinho
mais, teremos um hospital público de onde até Deus vai se orgulhar. Mas o velho
João Paulo II continuará matando. Assim como a falta de esgoto e água tratada
da capital. Entra prefeito e sai prefeito e a cidade continua fedida, suja e
imunda. Mas nas campanhas eleitorais, as promessas se renovam. E como satanás é
o protetor maior de Porto Velho, não custava nada que Deus, por vontade
própria, cedesse seu lugar e desse ao diabo a prioridade de administrar e
cuidar do hospital. Talvez as coisas melhorassem!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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