quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Admirável GADO bolsonarista

Admirável GADO bolsonarista

 

Professor Nazareno*

 

            O presidente Jair Bolsonaro disse que não interveio nas questões do Enem/2021. Nem ele nem o seu ministro da Educação e nem nenhum outro funcionário do governo. Eles juraram que jamais tiveram acesso às provas. Poucas pessoas acreditaram em mais essa lorota. Óbvio que eles viram todas as questões, a prova maior é que o mesmo disse que “agora o Enem tem a cara do governo”. Porém, o “Bozo” e seu ministro passaram batido: talvez por não terem entendido, deixaram passar uma questão que fazia uma severa crítica ao atual governo e a todos os seus seguidores, o gado. Trata-se da música “Admirável Gado Novo” de Zé Ramalho, que faz uma crítica feroz ao comportamento do brasileiro comum que segue, anestesiado e sem questionar, tudo aquilo que os seus governantes determinam. Por isso que os eleitores do Bolsonaro são chamados de gado.

            Zé Ramalho fez a sua música baseando-se na distopia de Aldous Huxley, famoso escritor inglês, que escreveu o livro “Admirável Mundo Novo” em 1931 onde criticava a passividade dos cidadãos num futuro próximo em que haverá por parte dos governantes uma tecnologia reprodutiva, manipulação psicológica e condicionamento clássico que se combinam para mudar a sociedade. Assim como Bolsonaro e sua trupe estão tentando fazer com o Brasil. Só que para o azar dele e de seus seguidores, nem todo brasileiro é gado. Deve ter alguns que pensam! O presidente “passou batido” e permitiu a questão na prova por que certamente não a entendeu. Nem ele nem o gado jamais entenderiam o que é distopia. Não sabem quem foi Aldous Huxley e talvez nunca tenham lido um livro sequer do autor. A crítica de Zé Ramalho foi certeira: escancara a passividade humana.

            Ao permitir a questão na prova, Bolsonaro demonstrou burrice total. Aliás, quase todos os ditadores são burros mesmo. Os ditadores e também os aspirantes a ditador como ele. Durante a cruel Ditadura Militar, por exemplo, os censores deixaram que a música “Cálice” de Chico Buarque fosse gravada sem nenhum problema. Os milicos ignorantes, estúpidos e semianalfabetos viram apenas a palavra escrita. Eles não perceberam o som da pronúncia “Cale-se”. Afasta de mim este “Cálice”, pai. Ou seja, Chico estava claramente dizendo: “afasta de mim esta censura”! E pior: uma censura regada a sangue. “De vinho tinto de sangue”. Nem os militares, nem o Bolsonaro, nem o seu gado escuta Chico Buarque ou qualquer outro “artista de esquerda”. Devem escutar apenas hinos militares, Amado Batista, Zezé de Camargo, Sérgio Reis ou mesmo Funk.

            Infelizmente a maioria dos cidadãos brasileiros não tem nenhuma escolaridade, pois não lhes deram uma educação de qualidade e libertadora. É um povo totalmente ignorante,  desprovido de leitura de mundo e compreensão da realidade. Basta um bolsa-família, um auxílio Brasil ou outra migalha qualquer que todos aderem de pronto ao governo de plantão. Tem sido assim desde o Brasil colônia passando pelos governos de direita, esquerda e agora de extrema-direita. Os militares sabiam disto, a elite do país sabe disto e Lula e o PT também. Por isso, nenhum governante dá uma educação de primeira a seu povo como nos países civilizados e desenvolvidos do mundo. O gado de Bolsonaro quebra um pouco esta regra, pois muitos são até esclarecidos, porém nada de errado veem no seu “Mito” e em seu governo de cunho fascista. Para muitos não há inflação, não há censura, não há genocídio do povo. O gado entoa: “Bozo”, nosso herói!

 

 

 

*Foi Professor em Porto Velho.

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