Admirável GADO
bolsonarista
Professor
Nazareno*
O presidente
Jair Bolsonaro disse que não interveio nas questões do Enem/2021. Nem ele nem o
seu ministro da Educação e nem nenhum outro funcionário do governo. Eles
juraram que jamais tiveram acesso às provas. Poucas pessoas acreditaram em mais
essa lorota. Óbvio que eles viram todas as questões, a prova maior é que o
mesmo disse que “agora o Enem tem a cara
do governo”. Porém, o “Bozo” e
seu ministro passaram batido: talvez por não terem entendido, deixaram passar
uma questão que fazia uma severa crítica ao atual governo e a todos os seus
seguidores, o gado. Trata-se da
música “Admirável Gado Novo” de Zé Ramalho, que faz uma crítica feroz ao
comportamento do brasileiro comum que segue, anestesiado e sem questionar, tudo
aquilo que os seus governantes determinam. Por isso que os eleitores do Bolsonaro
são chamados de gado.
Zé Ramalho fez a sua música
baseando-se na distopia de Aldous Huxley, famoso escritor inglês, que escreveu
o livro “Admirável Mundo Novo” em
1931 onde criticava a passividade dos cidadãos num futuro próximo em que haverá
por parte dos governantes uma tecnologia reprodutiva, manipulação psicológica e
condicionamento clássico que se combinam para mudar a sociedade. Assim como
Bolsonaro e sua trupe estão tentando fazer com o Brasil. Só que para o azar
dele e de seus seguidores, nem todo brasileiro é gado. Deve ter alguns que pensam! O presidente “passou batido” e permitiu a questão na
prova por que certamente não a entendeu. Nem ele nem o gado jamais entenderiam o que é distopia. Não sabem quem foi Aldous
Huxley e talvez nunca tenham lido um livro sequer do autor. A crítica de Zé
Ramalho foi certeira: escancara a passividade humana.
Ao permitir a questão na prova,
Bolsonaro demonstrou burrice total. Aliás, quase todos os ditadores são burros
mesmo. Os ditadores e também os aspirantes a ditador como ele. Durante a cruel Ditadura
Militar, por exemplo, os censores deixaram que a música “Cálice” de Chico Buarque fosse gravada sem nenhum problema. Os
milicos ignorantes, estúpidos e semianalfabetos viram apenas a palavra escrita.
Eles não perceberam o som da pronúncia “Cale-se”.
Afasta de mim este “Cálice”, pai. Ou
seja, Chico estava claramente dizendo: “afasta
de mim esta censura”! E pior: uma censura regada a sangue. “De vinho tinto de sangue”. Nem os
militares, nem o Bolsonaro, nem o seu gado
escuta Chico Buarque ou qualquer outro “artista
de esquerda”. Devem escutar apenas hinos militares, Amado Batista, Zezé de
Camargo, Sérgio Reis ou mesmo Funk.
Infelizmente a maioria dos cidadãos
brasileiros não tem nenhuma escolaridade, pois não lhes deram uma educação de
qualidade e libertadora. É um povo totalmente ignorante, desprovido de leitura
de mundo e compreensão da realidade. Basta um bolsa-família, um auxílio Brasil
ou outra migalha qualquer que todos aderem de pronto ao governo de plantão. Tem
sido assim desde o Brasil colônia passando pelos governos de direita, esquerda
e agora de extrema-direita. Os militares sabiam disto, a elite do país sabe
disto e Lula e o PT também. Por isso, nenhum governante dá uma educação de
primeira a seu povo como nos países civilizados e desenvolvidos do mundo. O gado de Bolsonaro quebra um pouco esta
regra, pois muitos são até esclarecidos, porém nada de errado veem no seu “Mito” e em seu governo de cunho
fascista. Para muitos não há inflação, não há censura, não há genocídio do
povo. O gado entoa: “Bozo”, nosso herói!
*Foi
Professor em Porto Velho.
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